terça-feira, 10 de agosto de 2010

OPERAÇÃO PRATO

Uyrangê Bolivar Soares Nogueira de Hollanda Lima. Este é o nome do primeiro oficial de nossas forças armadas a vir a público falar sobre as atividades de pesquisas ufológicas desenvolvidas secretamente no Brasil. Com nome de guerra Hollanda, hoje coronel reformado da Força Aérea Brasileira (FAB) já falecido, foi ele quem comandou a famosa e polêmica Operação Prato, realizada na Amazônia entre setembro e dezembro de 1977. Foi ele quem estruturou, organizou e colheu os espantosos resultados desse que foi o único projeto do gênero de que se têm notícias em nosso país. A Operação Prato foi criada pela FAB devido aos fenômenos alarmantes que envolviam ataques de estranhos objetos aéreos em civis, na Amazônia. Segue a entrevista completa realizada pela Revista UFO com o coronel Hollanda:

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REVISTA UFO - Coronel, o senhor é o primeiro militar a vir a público e admitir tudo o que pretende nesta entrevista. Quais são as razões para isso?

HOLLANDA - Em 1977, quando ocorreram as coisas que vou descrever, fui muito procurado por ufólogos e pela Imprensa para fazer alguma declaração a respeito. Mas não podia falar na época, porque tinha uma obrigação militar. Eu havia cumprido uma missão e não podia revelar qual era. Minha fidelidade era apenas para com meu comandante. Mas depois de quatro meses de estudos e pesquisas, a Aeronáutica interrompeu a Operação Prato. O comandante tinha ficado satisfeito com os resultados e não me competia julgar, na época, se isso era certo ou errado.

REVISTA UFO - Então o senhor evitou falar sobre a Operação Prato esse tempo todo?

HOLLANDA - Eu não podia falar. E também não tinha vontade. Conversei com vários ufólogos, entre eles o general Uchôa, e fui procurado até por pessoas dos EUA, inclusive Bob Pratt. Minha posição como militar colocaria o Ministério da Aeronáutica numa situação difícil de se explicar, e além disso havia punições para quem tratasse desse assunto sem autorização. Eu não tinha permissão nem do meu comandante, quanto menos do ministro. E o que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). Mesmo assim, após o encerramento da Operação Prato, pesquisei e mantive contato com ufólogos de vários países e nunca falei nada a respeito.

REVISTA UFO - O senhor se reformou da FAB em 1992. Não passou pela sua cabeça conversar com ufólogos antes e relatar tais fatos?

HOLLANDA - Eu apenas conversava com eles, sem entrar em detalhes. Conversei muito com Bob Pratt quando ele veio ao Brasil, com dona Irene Granchi, com Rafael Sempere Durá, e outros. Mas nunca disse que queria falar à televisão ou coisa assim. Pediram-me que escrevesse um livro, mas nunca me interessei. Hoje penso diferente: acho que já deve ser dita alguma coisa sobre a Operação Prato. Esse assunto deve ser propalado e explicado, pois vou fazer 60 anos daqui a pouco. De repente posso morrer, e aí história se acaba.

REVISTA UFO - Por ter procurado a Revista UFO para dar estas declarações, quer dizer que confia que ela vá fazer um trabalho sério de divulgação sobre o que o senhor está falando?

HOLLANDA - Há muitos anos, em 1987 ou 1988, estive conversando com você (dirigindo-se a Gevaerd) e não pude autorizar a publicação de nada sobre o que falamos em sua revista. Mesmo assim você o fez, por achar que o assunto não poderia ficar escondido. Eu estava na ativa e não podia dar nenhuma declaração formal. O que saiu publicado foi sem permissão, o que nos causou um pouco de complicação à época. Mas precisava ser dito. Alguns anos depois, eu já estava na reserva e a coisa tinha mudado. Já podia fazer declarações sem problemas. E por saber de sua seriedade, da Revista UFO e de seus demais membros, hoje sinto mais tranqüilidade para falar sem correr o risco disso virar sensacionalismo. Não creio que esta revista vá dar tal conotação a essa matéria apenas para aumentar suas vendas.

REVISTA UFO - Obrigado pela confiança, coronel. Mas como é que tudo começou? Qual foi o estopim inicial de seu interesse por Ufologia? Foi anterior à Operação Prato?

HOLLANDA - 1952 eu tinha 12 anos e estava na janela de minha casa, em Belém, quando apareceram uns objetos muito grandes que me chamaram a atenção. Havia uma luz imensa sobre a cidade. No dia seguinte a história estava publicada no jornal. A matéria dizia que aquilo tinha parado sobre uma federação de escoteiros, durante um campeonato de natação, e todo mundo viu. Foi aí que surgiu meu interesse por essas coisas, bem antes de ser militar e muito antes da Operação Prato. Sempre acreditei em vida extraterrena e na possibilidade de "eles" terem a curiosidade de nos observar. Somos um planeta com vida inteligente que deve suscitar o interesse de extraterrenos.

REVISTA UFO - O senhor chegou a engajar na Aeronáutica por causa de seu interesse pela vida fora da Terra?

HOLLANDA - Não. Sempre tive uma paixão muito grande pela aviação e pela vida militar. Como aviador da FAB, cheguei a ser chefe do Serviço de Intendência, no qual tinha muitas atribuições. Minha função era dar suporte administrativo e financeiro para ações do comando ao qual servia. Também fui chefe de operações do Serviço de Informações do meu comando. Era uma tarefa ligada à segurança do Estado, combate aos movimentos subversivos durante a efervescência após a Revolução de 64. Combatíamos as ações de terroristas e de partidos comunistas que tentavam se infiltrar no país.

REVISTA UFO - Consta em seu currículo também uma função bastante interessante, como chefe do Serviço de Operações Especiais de Selva. O senhor deve ter um monte de experiências para contar...

HOLLANDA - Sim. A FAB tinha um projeto de fazer um "colar de fronteiras". Era idéia de um brigadeiro inteligentíssimo chamado Camarão (Editor: João Camarão Teles Ribeiro), que tinha muito conhecimento da Amazônia. Ele queria formar pontos-chave por todas as fronteiras, construir campos de pouso de 200 em 200 km ao lado de missões religiosas protestantes ou católicas, e assentar lá agrupamentos que dessem assistência aos índios. A FAB daria suporte a tudo isso. Eu trabalhei nessa operação como pára-quedista, pois tinha bastante adaptabilidade a esse tipo de atividade.

REVISTA UFO - O senhor efetuou então muitas missões na selva. E apareciam muitos índios?

HOLLANDA - Eram muitas tribos indígenas, com muitos de abrindo áreas na mata para construção de campos. Alguns eram aculturados, outros não. Mas, a gente sempre trabalhava em algumas missões em contato com eles. Nessa época, as ações do Parasar sempre estavam coadjuvando (Editor:Pára-quedismo e Salvamento, do termo em inglês Parachute Search and Rescue). Eu era um pára-quedista responsável por ações de busca e salvamento na selva.

REVISTA UFO - Durante essa época, o senhor tomou conhecimento de algum tipo de descoberta relacionada à Arqueologia ou alguma observação, feita por militares na Amazônia, ligada a esse tipo de programa?

HOLLANDA - Sim, alguns colegas tiveram experiências do gênero, principalmente um amigo meu, que relatou que estava sobrevoando a selva e ficou surpreso ao ver uma formação piramidal coberta pela vegetação, no meio do nada. Parece que ali tinha existido algum núcleo de uma civilização muito antiga e que fora abandonada, tendo a selva tomado conta de tudo. Mas havia uma formação piramidal nítida, com ângulos perfeitos no Amazonas. Só não posso precisar exatamente onde. Mas, se não me engano, foi na região do Rio Jaguari. Isso me foi relatado pelo coronel Valério.

REVISTA UFO - Coronel, agora que sabemos bastante sobre sua atividade na FAB, vamos falar de Ufologia. Qual foi Sua Primeira Participação na pesquisa ufológica oficial dentro da Aeronáutica? Foi a Operação Prato ou já havia alguma coisa antes disso?

HOLLANDA - Não, de minha parte não. Minha atividade era somente a segurança do Estado e as coisas que envolviam o comprometimento da segurança nacional. Não tinha nada a ver com UFOs ou ETs. Mas eu já tinha conhecimento de alguns casos acontecendo na Amazônia.

REVISTA UFO - Esses casos atraiam, de alguma maneira, interesse ou preocupação por parte das Forças Armadas, no sentido de que fossem uma ameaça externa à soberania nacional?

HOLLANDA - Não eram vistos como ameaça externa. Os UFOs eram encarados mais como um fenômeno duvidoso. Alguns oficiais - talvez até a maioria deles - viam os UFOs como uma coisa improvável e faziam muita gozação a respeito. Faziam tanta brincadeira que acho que foi sorte essa Operação Prato sair. Acho que só aconteceu mesmo porque o comandante do Primeiro Comar (Editor: brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira), na época, tinha muito interesse nisso e acreditava em UFOs. Se não.....

REVISTA UFO - Como surgiu a idéia da Operação Prato? Foi um projeto seu, do comandante do Primeiro Comar ou uma coisa do Governo?

HOLLANDA - Eu não estava em Belém nessa época. Embora estivesse servindo na cidade, fazia um curso em Brasília. Mas quando retomei, apresentei-me ao chefe da Segunda Seção do Comar (Editor: Coronel Camilo Ferraz de Barros) e ele me perguntou se eu acreditava em discos voadores. Foi meio de surpresa. Eu nem sabia que estava ocorrendo uma pesquisa sobre o assunto. Quando respondi que sim, ele falou "...então você está encarregado deste caso", e me deu uma pasta com o material. Era o início da operação, da qual eu ficaria encarregado, embora nem nome ainda tivesse.

REVISTA UFO - De onde veio a idéia de a operação se chamar Prato?

HOLLANDA - Essa idéia foi minha. Dei esse nome porque o Brasil é o único país no mundo que chama UFO de disco voador. Em francês é soucoupe volante, que significa pires. Os portugueses o chamam de prato voador. Na Espanha é platillo volador, e platillo é prato também. Enfim, até em russo se fala prato, nunca disco, como se faz no Brasil! E como nas Forças Armadas a gente nomeia algumas operações com uma espécie de código, esse caso não podia ser exceção, ainda que não pudesse ser identificado o objetivo da operação. Por exemplo, não poderíamos chamá-la de Operação Disco Voador. Por isso, ficou Operação Prato.

REVISTA UFO - Se o senhor recebeu uma pasta de seu chefe, então quer dizer que já havia em andamento alguma investigação a respeito?

HOLLANDA - Sim, quando eu cheguei de Brasília já havia agentes sendo enviados para investigar as ocorrências de UFOs, porque essa coisa já estava acontecendo há muito tempo na região de Colares, que é uma ilha pertencente ao município de Vigia, no litoral do Pará. O prefeito da cidade mandou um oficio para o comandante do Comar avisando que os UFOs estavam incomodando muito os pescadores. Alguns deles não conseguiam mais exercer sua atividade, pois os objetos sobrevoavam suas embarcações. Às vezes, alguns até mergulhavam ao lado delas, nos rios e mares. E a população local passava a noite em claro. As pessoas acendiam fogueiras e soltavam fogos para tentar afugentar os invasores. Foi o pavor que fez com que o prefeito se dirigisse ao comando do Comar pedindo providências, e o brigadeiro mandou que eu fosse investigar as ocorrências.

REVISTA UFO - Em algum momento houve a participação ou instrução de Brasília para que a situação fosse averiguada?

HOLLANDA - Na época, não participava das discussões. Era apenas um capitão e recebia ordens, somente. Eu não fiz parte desse trâmite e não sei como as decisões foram tomadas ao certo. Mas, pelo pouco que sei, a decisão foi do comando do Comar. Se houve envolvimento de Brasília, eu não tomei conhecimento.

REVISTA UFO - Como é que o senhor estruturou a Operação Prato? Quantas divisões, quantas pessoas, quantas missões etc? Enfim, como o senhor organizou todas as tarefas?

HOLLANDA - Bem, nós éramos uma equipe. Eu era o chefe dela. E tínhamos cinco agentes, todos sargentos, que trabalhavam na segunda seção do Comar. Além disso, tínhamos informantes aos montes, gente nos locais de aparição das luzes, em campo, que nos ajudava. Às vezes eu dividia a equipe em duas ou três posições de observação diferentes na mata. Claro que ficávamos constantemente em contato uns com os outros, através de rádio.

REVISTA UFO - Qual era o objetivo imediato da Operação Prato? Observar discos voadores, fotografá-los e contatá-los?

HOLLANDA - Olha, eu queria mesmo é tirar à prova essa coisa toda. Queria botar isso às claras. Porque todo mundo falava nas luzes e objetos e até os apelidaram com nomes populares, tais como Chupa-chupa. E a FAB precisava saber o que estava realmente acontecendo, já que isso se dava no espaço aéreo brasileiro. Era nossa a responsabilidade de averiguar. Mas no início da Operação Prato, eu queria mesmo era uma confirmação do que estava acontecendo.

REVISTA UFO - O que motivou a população local a chamar as luzes de Chupa-chupa?

HOLLANDA - Havia uma série de relatos de pessoas que tinham sido atingidas por um raio de luz. Todas julgavam que o efeito sugava-lhes o sangue. E realmente verificamos alguns casos e descobrimos que várias delas, principalmente mulheres, tinham estranhas marcas em seus seios esquerdos, como se fossem dois furos de agulha em torno de uma mancha marrom. Parecia queimadura de iodo. Então as pessoas tinham o sangue sugado, em pequena quantidade, por aquelas luzes. Por isso passaram a apelidá-los de Chupa-chupa. Era sempre a mesma coisa: uma luz vinha do nada e seguia alguém, geralmente uma mulher, que era atingida no seio esquerdo. Às vezes eram homens que ficavam com marcas nos braços e nas pemas. Na verdade, a cada dez casos, eram mais ou menos oito mulheres e dois homens.

REVISTA UFO - E vocês documentaram as marcas verificadas nas pessoas?

HOLLANDA - Sim, foi tudo visto e analisado por médicos, que às vezes iam conosco aos locais. Sinceramente, eu entrei nessa como advogado do diabo. Queria mesmo era desmistificar essa estória e dizer ao meu comandante que essa coisa não existia, que era alucinação coletiva, sei lá. Achava que alguma coisa estava sendo vista, mas que não era extraterrestre.

REVISTA UFO - O senhor imaginava que fosse o que, então, que estava sendo visto e até atacando as pessoas?

HOLLANDA - Não sei bem. Talvez a plumagem de uma coruja refletindo a luz da lua ou alguma outra coisa dessa natureza. Até acreditava em extraterrestres, mas não que as pessoas os estivessem vendo. E eu fui para lá verificar se era realmente isso. Passei pelo menos dois meses respondendo ao meu comandante, quando voltava das missões, que nada havíamos descoberto. Eram os primeiros dois meses da Operação Prato, nos quais nada vi que pudesse mudar minha opinião. Às vezes passava uma semana no mato e voltava apenas no domingo, para conviver um pouquinho com a família. A cada retorno, meu comandante perguntava: "Viu alguma coisa?" E eu sempre respondia: "Vi luzes estranhas, ao longe, mas nada extraterrestre". De fato, víamos luzes que piscavam, que passavam à baixa altitude, mas nunca nada de muito estranha.

REVISTA UFO - Isso era durante a noite. E o que acontecia durante o dia? Vocês tinham alguma outra atividade incorporada à Operação Prato?

HOLLANDA - Sim, tínhamos outras coisas a fazer, que eram parte dos objetivos da operação. Fazíamos entrevistas com pessoas que tiveram experiências, preparávamos os locais para passar a noite e buscávamos lugares "quentes" para fazer vigílias. Quando descobríamos que algo aparecera em tal lugar, para lá nos deslocávamos. Fazíamos um levantamento da situação, e sempre cadastrávamos os nomes dos envolvidos em um formulário próprio.

REVISTA UFO - Que procedimento ou metodologia era utilizado na colela de informações?

HOLLANDA - Sempre colocávamos o nome da pessoa que teve a experiência, o local onde ocorreu, horário etc. Fazíamos uma descrição de cada fato ocorrido na mesma localidade. Assim, se acontecessem três casos numa noite, a gente ouvia três testemunhas. Algumas das descrições eram comuns, outras mais estranhas. Às vezes recebíamos relatos de coisas que não podíamos comprovar a autenticidade, como desmaterialização de paredes inteiras ou de telhados, por exemplo.

REVISTA UFO - Como assim? O senhor tem algum caso para ilustrar esse tipo de ocorrência?

HOLLANDA - Sim. A primeira senhora que entrevistei em Colares, por exemplo, disse-me coisas absurdas. Tínhamos saído de helicóptero de Belém só para ouvirmos uma mulher que tinha sido atacada pelo Chupa-chupa. Vi que ela tinha realmente uma marca no seio esquerdo. Era marrom, como se fosse uma queimadura, e tinha dois pontos de perfuração. Quando conversamos, relatou-me que estava sentada numa rede fazendo uma criança dormir quando, de repente, o ambiente começou a mudar de temperatura. A senhora achou aquilo esquisito, mas nem imaginava o que iria ocorrer a seguir. Então, deitada na rede, viu que as telhas começaram a ficar avermelhadas, em cor de brasa. Em seguida, ficaram transparentes e ela pôde ver o céu através do telhado. Era como se as telhas tivessem se transformado em vidro. Ela via o céu e até as estrelas.

REVISTA UFO - Histórias bizarras como essa eram muito comuns durante a execução da operação Prato?

HOLLANDA - Muito, e me assustavam bastante, porque nunca tinha ouvido falar nessas coisas. Quando ouvia casos assim, ficava cada vez mais preocupado e curioso. Essa gente parecia ser sincera. Por exemplo, através do buraco que a mulher descreveu ela viu uma luz verde brilhando no céu. A senhora então ficou meio dormente, até que, em seguida, um raio vermelho que saiu do UFO atingiu seu seio esquerdo. Era curioso que na maioria das vezes as pessoas eram atingidas do lado esquerdo. E tem mais: exatamente na hora em que estávamos falando disso, uma menina chegou perto e disse: "Olha, aquilo está passando aqui em cima". Quando saí da casa, vi cruzar a luz que a moça estava apontando, numa velocidade razoável, ainda que o céu estivesse bastante encoberto. Não era muito veloz e piscava a cada segundo, dirigindo-se ao norte. Parecia até um satélite, só que essa luz voltou em nossa direção - e satélites não fazem isso! Logo em seguida, aquilo ficou mais estranho ainda. Mesmo assim, não poderia dizer se era uma nave extraterrestre. Aliás, eu não estava lá para classificar qualquer coisa que surgisse como sendo disco voador.

REVISTA UFO - Vocês utilizavam algum tipo de equipamento de radar que pudesse confirmar ou fazer acompanhamento desses fenômenos?

HOLLANDA - Não. Todos os aeroportos têm radares fixos. Nós não portávamos nada desse tipo.

REVISTA UFO - Os ataques que estavam acontecendo com certa freqüência eram comunicados ao Governo, às autoridades estaduais ou municipais?

HOLLANDA - Sim, claro. Vários médicos da Secretaria de Saúde do Pará foram enviados pelo governo para examinar as pessoas. Eles analisavam o lugar queimado e tomavam depoimentos dos pacientes, mas não faziam mais nada - nem tinham como. Algumas vítimas se recuperavam facilmente. Outras ficavam muito apavoradas. Havia umas que diziam ficar enjoadas, com o corpo dormente por vários dias. Um cidadão uma vez veio me procurar para dizer que próximo à sua casa tinha surgido uma luz, que focou um raio brilhante em sua direção. Ele me relatou ter ficado tão apavorado que correu para dentro da casa, pegou uma arma e apontou para a luz. Aí veio outra ainda mais forte que fez com que ele caísse. O pobre coitado passou uns quinze dias com problemas de locomoção, mas não houve nada mais sério. Ele não foi atingido por nada sólido, como um tiro, por exemplo. Parece que a natureza dessa luz é uma energia muito forte que deixa as pessoas sem movimento. Acredito que as autoridades federais estavam informadas de que esse tipo de ataque a humanos estava acontecendo na região, mas desconheço provas. Eu apenas recebia ordens de meu comandante, mais nada.

REVISTA UFO - Se esses depoimentos foram coletados desde o início da Operação Prato, quando foi que o senhor teve seu primeiro contato frente a frente com UFOS naquela região?

HOLLANDA - Foi bastante significativo. Certa noite, nossa equipe estava pesquisando na Ilha do Mosqueiro, num lugar chamado Baía de Sol (Editor: um balneário conhecido de Belém, bem próximo a Colares), pois havia informações de que lá estavam acontecendo coisas. E como estávamos investigando todo e qualquer indício de ocorrências ufológicas, fixamo-nos no local. Nesse período, os agentes que tinham mais tempo do que eu nessa operação - já que "peguei o bonde andando" -, questionavam-me o tempo todo, após vermos algumas luzinhas, se eu já estava convencido da existência do fenômeno. Como eu ainda estava indeciso, diziam-me: ''Mas capitão, o senhor ainda não acredita?". Eu respondia que não, que precisava de mais provas para crer que aquelas coisas eram discos voadores. Eu não tinha visto, até então, nave alguma. Somente luzes, muitas e variadas. E não estava satisfeito ainda.

REVISTA UFO - Eles deram início à operação antes e tinham visto mais coisas? Mas e aí o que aconteceu?

HOLLANDA - Eles avistaram mais coisas e acreditavam mais do que eu. E me pressionavam: "Como pode você não acreditar?". Um desses agentes era o suboficial Flávio (João Flávio de Freitas Costa, já falecido), que até brincava comigo dizendo que eu era cético enquanto uma dessas coisas não viesse parar em cima de minha cabeça. "Quando isso acontecer e uma nave acender sua luz sobre o senhor, aí eu quero ver", dizia ele, sempre gozando de meu descrédito. E eu retrucava que era isso mesmo: tinha que ser uma nave grande, bem visível, se não, não levaria em conta. E para que fui dizer isso naquela noite? Acabávamos de fazer essas brincadeiras quando, de repente, algo inesperado aconteceu. Apareceu uma luz, vinda do norte, em nossa direção, e se aproximou. Aí ela se deteve por uns instantes, fez um círculo em torno de onde estávamos e depois foi embora. Era impressionante: a prova cabal que eu não podia mais contestar. Eu pedi e ali estava ela! Foi então que levei uma gozada da turma. "E agora?", os soldados me diziam...

REVISTA UFO - Quando foi isso?

HOLLANDA - Em novembro de 1977, logo no início da operação. O objeto tinha uma luz que se parecia com solda de metal, como solda elétrica. Foi curioso, pois quando era menino ouvia muitas histórias de coisas que a gente não conseguia enxergar por possuírem luminosidade muito forte. E foi o que eu vi, junto à minha equipe: uma luz azul, forte, de brilho intenso. Mas não vi a forma do UFO, só a luz que emanava.

REVISTA UFO - Vocês fotografaram esse objeto brilhante?

HOLLANDA - Fotografávamos tudo o que aparecia, mas levamos um "baile" durante uns dois meses com as fotos, pois nelas não saía nada. Sempre tínhamos os objetos bem focalizados, preenchendo todo o quadro da máquina, mas quando revelávamos os negativos, nada aparecia. Pensávamos, às vezes: "Ah, agora vai sair", mas nada... Isso acontecia com freqüência, até que ocorreu um fato inusitado. Eu estava analisando os positivos, muito chateado por não conseguir imprimir as imagens que víamos em nossas missões, quando peguei uma lanterna que usava em operações de selva, e fiz uma experiência. Foi a sorte...

REVISTA UFO - E o que aconteceu?

HOLLANDA - A lanterna tinha uma luz normal e forte numa extremidade e uma capa vermelha na outra, que servia para sinalização de selva. Era de um material semi transparente de plástico, tipo luz traseira de carro. Tirando-se a tal capa vermelha havia um vidro fosco. Eu olhei para aquilo e me lembrei que os médicos examinam as radiografias num aparelho que tem um quadro opaco com luz por trás (Editor: radioscópio). Este equipamento ajuda a fazer contraste de luz e sombra numa chapa de raio X. Assim, tive a idéia de pegar um filme já revelado e contrapô-lo ao vidro fosco da minha lanterna de selva. Foi então que pude ver um ponto que não conseguia enxergar antes! Eu não estava procurando marca ou objeto algum. Procurava uma luz, pois foi isso o que vimos na selva ao batermos as fotos. Só que a tal luz não aparecia, e sim o objeto por trás dela. No caso do rolo que estava analisando, vi um cilindro, que aparecia em todos os demais fotogramas. Ficou claro, então, que não conseguia imprimir a luz do objeto na foto, mas sim a parte sólida dele, talvez por uma questão de comprimento de onda, não sei. Não entendi porque a luz do UFO não impressionava aquele filme, somente a parte sólida. Depois, concluímos que aquele objeto seria uma sonda em forma de cilindro.

REVISTA UFO - Vocês fizeram muitas fotografias de UFOs como essas?

HOLLANDA - E como! Fizemos mais de 500. Eram dezenas de rolos de filmes, uma caixa de papelão cheia deles. Em quase todos os fotogramas havia UFOs ou sondas. E veja você: todos aqueles negativos ficaram na minha frente, por quase dois meses de trabalho, e não conseguíamos nada. Não saía luz alguma nas fotos... Aí, depois do que descobri, fomos olhá-los novamente, e havia imagens fantásticas. Depois foi só mandar ao laboratório do Comar para ampliar e ver lindas sondas e UFOs nas fotografias. Dezenas deles!

REVISTA UFO - Depois de sua descoberta vocês fizeram novas fotos?

HOLLANDA - Sim, com a ajuda de um amigo chamado Milton Mendonça, que já faleceu. Ele era cinegrafista da TV Liberal, de Belém, e conhecia muito sobre fotografia. Pedi sua ajuda porque confiava bastante nele e sabia que, participando da operação conosco, não ia comentar nada com ninguém. Assim, informei o fato ao meu comandante, dizendo-lhe que estava com dificuldades no processo técnico fotográfico, e ele autorizou Milton a entrar no esquema. Ele foi conosco em algumas vigílias e sempre nos auxiliava. Até instruiu-nos a usar filmes especiais, com recursos de infravermelho, ultravioleta, etc. Pedimos, pois, o material para nossos superiores, em Brasília, e eles mandavam filmes ótimos. Com isso, passamos a ter melhores resultados. Conseguimos fotografar, então, objetos grandes e formatos que a gente nem imaginava.

REVISTA UFO - Quanto à forma, qual era o padrão mais comum que esses objetos apresentavam?

HOLLANDA - No início da Operação Prato vimos o que todo mundo falava: sondas e luzes piscando. Inclusive, tinha um padre americano, chamado Alfredo de La Ó, falecido, que nos dava descrições de sondas e objetos nesse formato. Ele era pároco em Colares e falava de uma sonda que tinha visto várias vezes. Segundo Alfredo, ela era mais ou menos do tamanho de um tambor de óleo de 200 litros. Essa sonda apresentava um vôo irregular, não era uma trajetória segura. Voava como se tivesse balançando, e emitia uma luz. Às vezes andava junto a outras, que vinham e iam de um ponto a outro. Um dia, ela, aproximou por cima de nós.

REVISTA UFO - Vocês chegaram a perceber algum tipo de interação entre o que faziam e o comportamento do fenômeno?

HOLLANDA - Essa pergunta é bastante interessante, pois aquilo era uma coisa muito estranha. Eles, seja lá quem fossem, mostravam ter absoluta certeza de onde nós estávamos e o que fazíamos. Parecia que nos procuravam, pois, quando menos esperávamos, lá estavam, bem em cima da gente. Não mais do que um mês depois de passarmos a conviver nos locais de aparições, essas sondas começaram a vir sempre até nós. Às vezes, a gente se deslocava de um lugar para outro e lá iam elas, acompanhado-nos quase o tempo inteiro, como se tivessem conhecimento da nossa movimentação.

REVISTA UFO - Quer dizer então que os UFOs de alguma forma pareciam se "interessar" pelas atividades da Operação Prato?

HOLLANDA - Sabiarn o que estávamos fazendo. Por exemplo, no caso da Baía do Sol, aconteceu algo peculiar. Naquela época já estava terminando o ano letivo e muita gente ficava na praia à noite. Tinha pelo menos umas 100 mil pessoas na orla, naquele fim de semana. No entanto, uma sonda veio para cima de nós, num lugar todo escuro onde não havia mais ninguém. Oras, por que veio ao nosso encontro, na escuridão, se tanta gente estava ali perto, na praia?

REVISTA UFO - Esse foi o primeiro grande acontecimento ufológico envolvendo o senhor?

HOLLANDA - Não digo que tenha sido grande, mas foi bastante significativo. Naquela ocasião voltamos para a base do Comar pela manhã. Foi quando conversei com meu comandante e disse que, pela primeira vez, algo estranho tinha acontecido.

REVISTA UFO - O senhor teve alguma reação física deste acontecimento em seu organismo, algum problema resultante dessa observação?

HOLLANDA - Naquele exato momento não, mas depois notei que todos perdemos um pouco da acuidade visual. Com o tempo, a visão enfraqueceu ainda mais, tanto que passamos a usar óculos. Mas isso ocorreu em razão de outras exposições que também tivemos mais para frente, noutros inúmeros contatos.

REVISTA UFO - Coronel, após um caso como esse, pelo que sabemos, vocês faziam um relatório completo, que era integrado à Operação Prato. Mas vocês também se submetiam a algum tipo de exame médico ?

HOLLANDA - Era feito um relatório do acontecimento, com hora, local, coordenadas geográficas, mapeamento da região etc. Tudo bem descritivo. Mas nunca tivemos que fazer exame médico, mesmo porque nunca tivemos qualquer problema.

REVISTA UFO - Quando seu comandante recebeu a notícia sobre o que aconteceu, como ele reagiu?

HOLLANDA - Ficou mais satisfeito, bastante alegre. Pareceu que sua reação foi de muito agrado.

REVISTA UFO - Esses casos ufológicos foram se repetindo? Do que mais o senhor se lembra para nos contar?

HOLLANDA - Bom, como a Baía do Sol era um local muito favorável para observações de UFOS, passamos a freqüentar a região com bastante regularidade. Tínhamos amigos no Serviço Nacional de Informações (SNI) - que não tem nada a ver com isso - os quais acompanhavam algumas de nossas missões. Os agentes eram nossos conhecidos, tinham curiosidade, por isso iam conosco. Às vezes, saíam notícias a respeito num ou noutro jornal local, fazendo com que muita gente em Belém comentasse sobre esses avistamentos. Minha mulher (Editor: de seu primeiro casamento, já falecida) e meu irmão sabiam das coisas que eu estava fazendo. Mas além desse círculo, ninguém de fora da base do Comar tinha ciência desses pormenores. Mesmo assim, pedia sempre muita reserva à minha esposa e irmão. Tanto que eles nem perguntavam detalhes.

REVISTA UFO - A população de Belém sabia que havia uma operação da FAB na região?

HOLLANDA - Não. Mas sabia que nós, da Aeronáutica, estávamos por lá, atentos a tudo. Algumas pessoas sabiam que existia uma operação, só não sabiam do nome nem dos resultados. Outras sabiam de pequenos detalhes, como o fato de eu ser capitão, ou de fulano ou sicrano ser sargento, mas ninguém sabia dos resultados da missão. Nem bem o que exatamente fazíamos. O que se desconfiava era que a gente estava examinando. Só! No caso dos oficiais do SNI, quando me pediram para ir, eu disse que não tinha problema, mas, que deveriam pedir autorização ao seu chefe (Editor: na época, o chefe do SNI em Belém era o coronel Filemon). E o chefe deles autorizou, porém não como uma missão do serviço de informação. Apenas para sanarem suas curiosidades.

REVISTA UFO - O serviço Nacional de informações chegou a desenvolver algum trabalho ufológico depois disso?

HOLLANDA - Não. Os agentes só queriam ver aquelas coisas voando, junto de nossa equipe. Eles sabiam que estávamos fazendo um trabalho sério em certos locais de vigília. E como confiavam em nossa experiência, seguiam-nos aos pontos mais prováveis de avistamentos de UFOs. Um dia, junto ao Milton Mendonça, chegamos à Baía do Sol, lá pelas 18:00 horas, e montamos nosso equipamento fotográfico. Ficamos então num lugar escuro, reservado, observando o que viria a acontecer. No entanto, por razões pessoais, tive que voltar mais cedo naquela noite, para estar em Belém às 20:00 horas, pois tinha um compromisso. Por volta das 18:30 horas, surgiram três pontos luminosos alinhados muito alto no céu, em grande velocidade. E olha que eu conheço avião para dizer que a velocidade daquilo era bem acima da média. Os pontos estavam voando no sentido oeste-leste. Quando deram 19:00 horas, apareceram mais dois estranhos objetos piscando alinhados, um atrás do outro, no sentido norte-sul.

REVISTA UFO - Qual foi a seqüência com que os fatos se apresentaram?

HOLLANDA - Bem, o pessoal do SNI não chegava. Tínhamos combinado às 18:00 horas. Ficamos aguardando-os para que acompanhassem nossa vigília. Assim, esperei apenas mais um pouco e, quando começamos a desmontar o material, pois não podia mais aguardar. Finalmente chegaram e perguntaram se tinha havido algo. Eu brinquei, dizendo ter marcado às 18:00 horas e eles só apareceram às 19:00 horas, numa referência ao fato de que ali passa UFO quase que de hora em hora. E um deles fez então uma pergunta idiota: "A que horas passa outro?". Respondi que não sabia e que aquilo não era bonde para ter horário. Falei ainda que eles deviam ficar ali a noite inteira, esperando para ver UFOs. Nesse momento, enquanto conversávamos, um deles disse: "Olha aqui em cima, agora. Olha para o alto". Foi aí que o herói brasileiro tremeu nas bases, porque tinha um negócio enorme bem em cima da gente. Era um disco preto, escuro, parado a não mais que 150 metros de altura, exatamente onde estávamos.

REVISTA UFO - Deve ter sido uma experiência fantástica e aterrorizante. O objeto tinha luzes, emitia algum ruído, fez algum movimento?

HOLLANDA - Ficou parado, mas tinha uma luz no meio, indo de amarela para âmbar. E fazia um barulho como o de ar condicionado. Parecia com um ruído de catraca de bicicleta quando se pedala ao contrário. Aquele negócio era grande, com talvez uns 30 metros de diâmetro. Olhamos para aquilo por um bom tempo, até que começou a emitir uma luz amarela muito forte, que clareava o chão, repetindo isso em intervalos curtos mais umas cinco vezes.

REVISTA UFO - Qual foi a reação dos membros do SNI?

HOLLANDA - Não foi só o pessoal do SNI, não. Todo mundo ficou espantado! Eu mesmo nunca tinha visto algo assim, e olha que já estava quase há dois meses nessa operação. Nunca aparecera uma nave desta forma para gente. Foi tão inusitado que nem lembramos de montar novamente a máquina fotográfica, que já estava guardada, pois já íamos embora. Também não dava tempo, pois estava guardada em caixas próprias e demoraria para que fosse retirada, montada e armada. Só nos restava ficar olhando, assustados, para aquela coisa que iluminava tudo com uma luz amarela forte que ora apagava, ora acendia.

REVISTA UFO - Parece que estavam dando uma demonstração a vocês, latejando dessa maneira estranha...

HOLLANDA - É. O UFO fazia isso em intervalos de dois segundos. Apagava, acendia, apagava. Era uma luz progressiva, que não clareava como um flash, mas que crescia e voltava à mesma intensidade. Estávamos até sentindo que alguma coisa podia acontecer, pois estava escuro, era um local bastante isolado e ninguém sabia que a gente estava lá - só nós e "eles" [risos].

REVISTA UFO - Houve alguma ocasião em que outras equipes de diferentes órgãos do Governo participaram junto a vocês?

HOLLANDA - Não. O que eu sei é que houve um vazamento de informações sobre a Operação Prato. Algumas pessoas comentavam sobre a incidência de avistamentos. Creio que o vazamento se deu no Aeroclube de Belém. Teve uma vez em que uma equipe do jomal "O Estado do Pará" foi para o lugar onde a gente estava acampado e, como sabia que estávamos na área, ficou na espreita. Noutra vez eles se enganaram: foram a um ponto onde acharam que estaríamos, mas se deram mal, pois estávamos em outro. Numa dessas aventuras, eles chegaram a ver alguma coisa, porém foi algo tão esquisito que jamais voltaram. Alguns repórteres juraram que nunca mais fariam uma missão dessas. Eles viram uma luz se aproximando à baixa altitude e pegaram o carro para chegar mais perto. A luz se dirigiu até onde estavam e focou um raio em cima deles. pelo que soube, o teto do carro ficou translúcido, como se fosse de vidro. Aí o objeto fez umas evoluções em cima do automóvel, permitindo até que fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em página inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que tomaram, as testemunhas sumiram de carro - parece que alguns tiveram acesso de vômito e se descontrolaram emocionalmente. Quem pode dar informação sobre este fato é o Pinon [Editor: Ubiratan Pinon Frias], que era o piloto do Aeroclube de Belém.

REVISTA UFO - Com todos esses fatos acontecendo e vocês mandando toda hora relatórios para sua chefia, em algum momento perguntou a ela se haveria possibilidade de informar à população sobre as ocorrências e a operação Prato?

HOLLANDA - Não, não foi feita essa pergunta porque a gente já sabia que não era possível que a população viesse a saber dos acontecimentos. Não seria cabível essa dúvida ao meu comando, porque isso era assunto reservado. Minha missão era coletar dados e entregar ao comandante, e isso era tratado com confidencialidade. Tínhamos que documentar, fotografar e filmar os UFOs, se possível, e entregar tudo ao Comar. Daí para frente, o destino que seria dado ao material era responsabilidade dele.

REVISTA UFO - O senhor tem idéia do que era feito desse material?

HOLLANDA - Os relatórios com desenhos, fotos etc eram preparados, classificados, passados ao comandante e arquivados no próprio Comar, numa sala reservada. Depois disso, alguns iam para Brasília, segundo fui informado na época. No entanto, pelo que sei, a reação dos altos escalões era de ceticismo - alguns colegas até brincavam com os fatos.

REVISTA UFO - O senhor teve conhecimento de que a FAB já teria instituído um sistema de pesquisa oficial quase 10 anos antes, em 1969, chamado Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI)?

HOLLANDA - Nessa época, em 1969, eu era tenente na Base Aérea de Belém e foram distribuídos entre nós vários livretos informativos sobre o assunto, pedindo para que os oficiais que se interessassem pelo tema fossem voluntários para preparar relatórios com depoimentos. Foi só. Depois as discussões morreram.

REVISTA UFO - Em algum momento houve participação de militares americanos pedindo informações ou detalhes sobre o trabalho de vocês na operação?

HOLLANDA - Que eu saiba, não. Se isso ocorreu foi em altas esferas e, como já disse, eu era apenas capitão. Não me metia nessas coisas e nem podia saber nada a respeito.

REVISTA UFO - A incidência desse fenômeno na Amazônia, durante a Operação Prato, chegou a ser diária?

HOLLANDA - Sim, era diária e muito ativa. Chegamos a verificar pelo menos nove formas de UFOs. Conseguimos deterrniná-las e classificá- las. Algumas eram sondas, outras naves grandes das quais saíam objetos menores. Filmamos tudo isso, inclusive as naves pequenas voltando ao interior de suas naves-mãe, as maiores. Tudo foi muito bem documentado.

REVISTA UFO - Quais eram os equipamentos que vocês utilizavam para registrar todo esse movimento?

HOLLANDA - Tínhamos máquinas fotográficas Nikon profissionais, com teleobjetivas de 300 a 1000 mm, dessas grandes. Era um terror trabalhar com elas, porque tinham um foco rapidíssimo. Qualquer "bobeada", qualquer movimento em falso, e perdíamos os UFOs. Mas eram equipamentos de primeira. Também tínhamos filmadoras e gravadores, na possibilidade de um ruído ser ouvido ou de alguma coisa que pudesse ser registrada.

REVISTA UFO - Vocês tinham expectativa dessas naves entrarem em contato com vocês, se é que esse não era um dos objetivos da Operação Prato?

HOLLANDA - Estávamos expostos a tudo. Para falar a verdade - e não estou fazendo mistério -, podia acontecer qualquer coisa, no mato, na selva, nas praias, em qualquer lugar. Estávamos em operação militar e, por obrigação, tínhamos que agüentar tudo. O quer que ocorresse teria sido no cumprimento do dever.

REVISTA UFO - Vocês portavam armas nas missões?

HOLLANDA - Não, em nenhum momento. Nunca pensei em levar arma, e nem mesmo por via das dúvidas. Não esperávamos que houvesse necessidade. e por isso, nem pensamos nessa hipótese, mesmo quando estruturávamos a montagem da operação, sua parte logística, de alimentação, transporte, comunicação etc.

REVISTA UFO - Mas houve algum momento dentro da operação em que o senhor teria percebido que esse fenômeno pudesse ser perigoso?

HOLLANDA - Uma vez sim. Foi o aparecimento de algo muito forte, tanto que quando essa coisa aconteceu eu tive medo de que pudesse se dar uma abdução. Só comentei com algumas pessoas, e uma delas, meu amigo Rafael Sempere Durá, chegou a me repreender gravemente por ter me exposto a algo perigoso. "Seu maluco irresponsável. Você tem comandante. Mas sou seu amigo e estou te proibindo de fazer uma coisa dessas", disse, zangadíssimo, quando soube o que aconteceu. O fato foi realmente grave. Durante a Operação Prato, estávamos numa embarcação ancorada à margem do Rio Jari quando uma coisa enorme parou a não mais que 70 metros do barco.

REVISTA UFO - Quais as características dessa ''coisa"?

HOLLANDA - Para responder, tenho que dizer por que nós estávamos lá. Bem, fomos ao local porque tenho um amigo, oficial da FAB na época, o capitão Victor Polonês [Editor: Victor Jamianiaski, descendente de poloneses radicado em Belém], que gostava muito de pescar e freqüentava o local. Um dia, sabendo que a gente estava nessa investigação, contou-me o caso de um rapaz que trabalhava apanhando barro para uma olaria próxima dali. Essa olaria era de Paulo Keuffer, de Belém. O rapaz se chamava Luís e me contou um fato incrível. Disse que certo dia, enquanto colhia barro, viu vestígios de uma paca comendo restos de flores de uma árvore à beira do rio e a acompanhou para caçá-la. Ele voltou à olaria, esvaziou o batelão [Editor-. embarcação de 7 a 9 m com motor de centro], aprontou uma espingarda, voltou ao local, onde armou um acampamento em cima de uma árvore. Pendurou sua rede e ficou com lanterna e espingarda preparadas para a chegada do animal.

REVISTA UFO - E aí, o que aconteceu depois disso?

HOLLANDA - Bom, quando ouviu um barulho, e pensou que era a dita cuja, passou por ele uma luz muito forte que logo depois voltou e parou sobre onde estava. Do centro dessa nave, descrita como sendo similar à cabine de um Boeing 737, abriu-se uma porta ou algo assim e desceu um ser com forma humana. Luís disse-me que não teria visto escada de corda, nem de metal, mas que a entidade tinha descido através de um foco de luz, com os braços abertos. Quando ele se aproximou, e Luís viu que estava correndo perigo, pulou fora e se escondeu numa árvore próxima, mas ficou observando o que se passava. Então o ser chegou com uma luz vermelha na mão - que não era lanterna, mas estava na palma de sua mão -, e examinou a rede deixada na árvore. Como também o lugar onde estava e tudo o mais, mas não procurou Luís nem ficou vasculhando o local. O ser foi direto ao local onde o rapaz tinha se escondido, morrendo de medo. Rapidamente, focou um raio de luz vermelha em sua direção, fazendo-o correr para dentro da vegetação.

REVISTA UFO - O estranho ser percebeu de alguma forma automática onde estava Luís e foi em sua direção. Não parece boa coisa?

HOLLANDA - Pois é. Mas Luís saiu por uma margem do rio, tropeçando em troncos e raízes, com dificuldade de caminhar e tudo mais. Aí o ser voltou para nave e a mesma passou a segui-lo dentro do curso do rio, à baixa velocidade e pouca altitude, talvez à altura da copa das árvores. Luís ia devagar e nem conseguiu pegar o barco que estava mais à frente, como pretendia. Não teve jeito: gritou e atraiu a atenção de algumas pessoas, que vieram a seu encontro. Ao verem aquilo, pularam dentro d'água e ficaram observando à distância, só com os olhos de fora. O que viram foi incrível: a nave parou em cima do batelão, o mesmo ser desceu e examinou todo o barco, exatamente como fez com a rede. Aí ele foi até a nave, a porta se fechou e o UFO disparou para longe. Conversei com Luís no Comar e decidi ir ao local ver a situação. Ao chegarmos lá, eram mais ou menos 19:00 h e estava chovendo razoavelmente. Os agentes foram para dentro da casa do zelador da olaria. Como chefe da equipe, não entrei: permaneci alerta, esperando para ver se alguma coisa acontecia.

REVISTA UFO - E aí, o que aconteceu do lado de fora da olaria, coronel?

HOLLANDA - Olha, veio uma coisa escura, da qual não pude ver a forma. Não sei se era discóide. Sei lá, só se via as luzes daquilo, uma verde intensa e outra vermelha. Estranho era o barulho que esse troço fazia, como ar condicionado, porém bem mais forte. Parecia barulho de turbina, como se houvesse uma coisa girando. Dá pra entender? Isso passou em cima de onde estávamos, mas em tão baixa altitude que não poderia ser um avião. Nenhum piloto faria aquilo, pois estaria morto. Um vôo rasante daqueles já é perigoso demais num dia claro, agora, imagine com chuva e de noite. Aí eu gritei para minha equipe: "Acabei de ver um treco muito estranho aqui". Então entramos no barco e fomos para o tal lugar onde Luís tinha tido o contato. Chegando lá, fomos até a árvore onde ele havia caçado a tal paca. Ficamos todos ali embaixo. Mas com a maré enchendo, a gente estava com a água cada vez mais alta.

REVISTA UFO - O jeito era subir numa árvore, então, e aguardar os acontecimentos...

HOLLANDA - Era, pois a maré foi subindo cada vez mais. Ficamos lá, em cima da árvore, aproximadamente umas dez horas. Quando decidimos ir embora, fomos em direção ao barco, que estava parado na outra margem, e guardamos o equipamento. Quando então que, a mais ou menos uns 2.000 metros, veio cruzando o rio, de norte para o sul, uma luz muito forte, de cor amarela, âmbar como o Sol, porém em baixa altitude. Aquilo estava em cima das árvores e cruzou o rio na mesma posição que a anterior, praticamente onde fica a residência do vigia - ou seja, no local onde eu a tinha visto pela primeira vez.

REVISTA UFO - Emitia o mesmo som de ar condicionado ou era alguma vibração mais intensa?

HOLLANDA - Tinha som, sim. Mas nos concentramos em filmar aquilo. Você pode ver no filme [Editor: que, no entanto, não foi nos mostrado porque o coronel não o possui mais] uma tremedeira ou coisa assim, e uma luz como se fosse de chama. Aparece também o rastro dela refletida no rio. Isso tudo foi bem filmado.

REVISTA UFO - Quando vocês tinham algum documento desse gênero, uma filmagem espetacular como essa, esse material não ia para Brasília?

HOLLANDA - Ainda não. O filme ficava retido lá no Comando Aéreo. Depois é que Brasília solicitava o material. Eu não acho que eles acreditavam muito nessa história, mas alguém lá queria vê-lo.

REVISTA UFO - Brasília achava que era o quê? Meia dúzia de birutas no meio do mato pesquisando?

HOLLANDA - Não sei. Falava-se tanta coisa sobre isso, mas ninguém queria se expor. Talvez alguém pudesse dar crédito para uma coisa dessas, mas tinha colegas lá que eram céticos. Outros ficaram sabendo que os UFOs eram verdadeiros.

REVISTA UFO - Voltando ao UFO que vocês estavam observando lá, às margens daquele rio, tal experiência deve ter sido extraordinária...

HOLLANDA - Bom, foi mesmo. E nós registramos hora, altura, direção, essas coisas todas que tinham que constar no relatório. Enquanto aquilo estava lá, à nossa frente, eu pensava: "Agora mesmo é que não saio daqui. Agora vamos ter que ficar". Mas não tínhamos levado comida, café, água, nada. Não tínhamos levado nada. O que veio a seguir é impressionante.

REVISTA UFO – O senhor estava falando de um contato que teve ao lado de outros membros de sua equipe, próximo a uma olaria em Belém. Enquanto examinava o local onde Luis teve seu avistamento, seus companheiros adentraram a olaria e o senhor permaneceu do lado de fora. O que puderam observar?

HOLLANDA – Bom, como tínhamos que voltar lá para fazer as anotações necessárias (pois marcávamos tudo, desde horário, altura, direção etc), e não havíamos levado nada, nem comida ou tomado café, Luis se propôs a ir até sua casa – casebre à beira do rio – para nos trazer café, bolacha e água. Ele saiu com um barquinho em direção a uma ilhota de uns 15 ou 20 metros de largura, mas muito comprida. Um garoto de uns 9 anos de idade foi com ele. Eles foram remando e desapareceram nessa ilha.

REVISTA UFO – O senhor quer dizer que os dois sumiram em frente ao olhos de todos os outros membros?

HOLLANDA – Isso mesmo. Logo que Luis desapareceu, fiquei em pé, em cima do toldo do barco. Enquanto isso, os agentes comentavam sobre o que estava acontecendo, mas como eu era o chefe, não podia me dar ao luxo de ficar conversando. Tinha que ficar alerta. Foi então que, à minha esquerda, próximo ao início do rio, veio uma luz muito forte (a mesma luz amarela). Enquanto ela se aproximava, fiquei quieto. E como aquela claridade continuou se aproximando, chamei a atenção dos agentes para o fenômeno.

REVISTA UFO – Esses agentes estavam equipados com máquinas fotográficas para registrarem o episódio?

HOLLANDA – Sim. Logo que notaram a presença do objeto, prepararam máquina fotográfica, filmadora, tudo. Aquela coisa veio em nossa direção a uns 200 ou 250 metros de altura. Cruzou por cima da gente e quando chegou perto, na margem do rio, apagou-se. Era uma luz amarela e muito forte, como se fosse um sol, e a gente não via seu formato, somente o clarão. De repente, pudemos notar que objeto tinha uma forma estranha de bola de futebol americano, pontuda e grande (mais ou menos uns 100 m). Um aparelho translúcido, com janelinhas em toda a sua extensão. Porém não pude perceber se havia alguém lá dentro, apesar de ter passado devagar como se fosse de propósito. A filmadora estava acionada e como emitia um ruído, pedi para que o agente que a estava manejando, um japonês, parasse de filmar, porque eu queria tirar algumas dúvidas e não desejava interferência de sons. Então o cinegrafista parou.

REVISTA UFO – Depois que ele desligou a filmadora, puderam-se ouvir barulhos mais nítidos que identificaram aquele fenômeno?

HOLLANDA – O cinegrafista perguntou: "Voce está ouvindo?". Respondi que sim. Era um barulho de catraca, esquisito e oscilante. Depois continuamos filmando e fotografando até que a coisa foi embora, seguindo rumo ao continente. Isso aconteceu entre 11:00 e 11:30 horas, conforme o relatório. Já faz muitos anos, mas, recordo-me do horário. Após esse episódio, comentamos: "Mas que troço esquisito". Por volta de 01:00 ou 01:30 horas, ela voltou, só que não era mais da cor do sol: era de um azul muito forte e acompanhou a margem oposta do rio. Quando chegou perto da ilha, foi em direção a Belém, mas estava muito baixa, passando sobre as copas das árvores.

REVISTA UFO – Essa foi a situação mais complicada da qual foram testemunhas? Qual o avistamento mais extraordinário dentro da Operação Prato?

HOLLANDA – Foi. Aparentemente, a luz se aproximou de Belém, depois voltou em nossa direção. Víamos através das copas das árvores que tinha uma luz lá em cima e que ela havia penetrado a mata.

REVISTA UFO – Vocês chegaram a fazer cálculos da distância em que o UFO permaneceu?

HOLLANDA – Como ele estava a nossa frente, fui até lá por curiosidade e para colher dados exatos para o relatório. Sua distância era de 70 metros. Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho muito forte, podia ser olhado diretamente sem que ardesse as vistas. Não havia nada, apenas aquela luminosidade forte. Um troço incrível. Ficamos parados a observá-lo. Então fiquei com medo, porque estava muito perto, do outro lado do rio, ou seja, a mesma distância de uma trave a outra num campo de futebol. Aquele objeto ficou parado durante uns três minutos. Enquanto isso, olhávamos em silêncio. De repente, a luz se apagou rapidamente e pudemos ver o que estava por trás dela.

REVISTA UFO – E o que era, coronel? Algum objeto diferente?

HOLLANDA – Era novamente a bola de futebol americano em pé, a 100 metros de altura, parada e sem janela alguma. Devia ser o mesmo UFO, só que com o interior apagado. Sei la, alguma coisa desse tipo. Todo mundo ficou com medo. Uma das pessoas ainda perguntou: "E agora? E se esses caras vierem e carregarem a gente, como é que fica?". Tudo era novidade para nós e ninguém sabia o que poderia acontecer daí para frente.

REVISTA UFO – Coronel, o senhor está a par do fato de que esse tipo de ocorrência na Amazônia não é uma coisa comum em outros lugares do mundo? Na sua opinião, por que essas naves insistiam tanto em aparecer nas regiões Norte e Nordeste, principalmente perto da Amazônia, e quais eram os objetivos delas?

HOLLANDA – Não, não sabia que casos como esse eram raros. Sob meu ponto de vista, o qual expus a alguns amigos, passei a me interessar muito mais pelo assunto depois que terminei meu trabalho na Aeronáutica. Para mim, Ufologia é um assunto muito sério. Descartava muita coisa acerca de avistamentos ufológicos, por nunca ter visto nada que pudesse me dar certeza. Depois que vi uma nave, quis entender o fenômeno, e como oficial de operações de selva quis tirar mlnhas próprias conclusões. Mas não podia colocá-las no relatório, porque eram pessoais, resultado de um estudo aprofundado. Tivemos muito contato com tribos indígenas, por isso, preocupávamos-nos em não transmitir a eles doença de espécie alguma, pois os índios não tinham anticorpos, ao contrário de nós. Podíamos passar gripe, sarampo, difteria, tuberculose, enfim...

REVISTA UFO – Seria uma tragédia?

HOLLANDA – Com certeza, porque nós temos controle em nosso corpo. Nosso organismo tem defesas, e o deles não. Daí minha preocupação de que mesmo cumprindo a missão, involuntariamente, tivessemos transmitido doencas aos índios. Felizmente nunca houve um caso desses. Não me lembro de ter prejudicado algum índio dessa maneira. Conclui outra coisa a respeito de por que aqueles seres estariam fazendo isso. Se eu fosse eles e precisasse de um aparecimento aberto, franco, direto, o que teria que fazer? Proteger a mim e a meus companheiros. Mas como? Sabendo o que cada um possui dentro de seu próprio organismo que possa danificar o meu, entende? Essa defesa só poderia ser feita se tivesse uma amostra do nosso sangue e tecidos. Não foi difícil imaginar que eles estivessem fazendo coleta de material genético, para ver o que contínhamos que pudesse danificá-los num contato necessário futuro, certo? Não só sangue, mas também nossas células. Não sei ao certo o que essa luz com alta energia podia fazer, ou se transportava particulas do corpo humano para serem analisadas mais tarde. Hoje ainda não compreendo o tal processo de clonagem. Na época, nâo pensei em nada disso, a não ser que eles estavam coletando material que pudesse prejudicá-los num possível contato próximo.

REVISTA UFO – A população ribeirinha imaginava que a intervenção deles seria uma agressão? Ela chegou a se armar para se defender desse tipo de fenômeno?

HOLLANDA – Claro, eles imaginavam estar sendo atacados por algum ser maldoso, como um vampiro ou um morcego...

REVISTA UFO – Vocês estavam agindo em sigilo absoluto?

HOLLANDA – Não. Os populares pensavam que eram coisas que vinham de fora, de outro planeta. Eles já viam formas estranhas e luzes antes de mim. As naves também, pois demorou muito para eu observá-las.

REVISTA UFO – A população ribeirinha dessas regiões andava armada?

HOLLANDA – Sim, a população que vivia as margens do rio usava foguete, andava armada com espingardas de cartucho e de caça.

REVISTA UFO – Vocês documentaram isso através da Operação Prato?

HOLLANDA – Foi relatado que eles portavam armas. Alguns até atiravam, e eu só dizia para não fazerem isso. O próprio padre falava que não havia motivo para tanto: "Vocês nunca vão fazer nada. Quem tentar Ihes apontar uma arma ficará 15 dias dormente, imobilizado na rede".

REVISTA UFO – Coronel, essa experiência que o senhor acabou de descrever teve alquma influência em sua vida, em sua forma de ver o mundo? Isso aconteceu no final da Operação Prato?

HOLLANDA – A Operação Prato foi até quando a Aeronáutica mandou interrompê-la. Esse relato foi passado ao meu comandante, dizendo tudo a respeito e como foi a coisa. Posteriormente, o filme foi revelado e assistido no auditório do Ouartel Genral por vários oficiais.

REVISTA UFO – Quais foram suas conclusões a este respeito?

HOLLANDA – Não havia dúvidas. Não tínhamos visto a forma do objeto na hora em que se deu o avistamento. Só fomos ver depois da impressão fotográfica. A coisa tinha no alto uma porta aberta, como a de um Boeing. Não havia ser algum dentro do objeto, na fotografia também não aparece nada, exceto um feixe de luz em direção ao barco onde estávamos. Dessa abertura parecia que alguém focava em nossa direção. Na ocasião, a luminosidade era tão forte que nos impedia de ver qualquer forma no interior daquela bola azul enorme.

REVISTA UFO – Com uma declaração desse nível, uma coisa extraordinária como essa, por que o Comar e a Aeronáutica desativaram a Operação Prato em apenas três ou quatro meses de trabalho?

HOLLANDA – Olha, talvez tenha sido por causa da especulação da população. São perguntas que não podem ser respondidas. Quem são, por exemplo, ninguém sabe. Talvez quem esteja mais avançado sejam os americanos, os russos. De onde vem? Não há resposta. O que eles querem? Também não sabemos. São as três questões feitas e que ninguém pode responder – o que desmoralizava a Força Aérea e o Governo Brasileiro.

REVISTA UFO – Mesmo assim, não compensaria a Força Aérea manter o projeto em busca dessas ou de outras respostas? Por que fechá-lo? E como foi que essa ordem chegou?

HOLLANDA – Se eu fosse o comandante, continuaria. Mas eu só obedecia, e a ordem era parar. E assim foi cancelada a operação, quer estivéssemos satisfeitos ou não.

REVISTA UFO – O senhor acatou e bateu continência?

HOLLANDA – Sim, pois já tinha acabado. A conclusão sobre a coleta de material para fazer antídoto, vacina, solução sorológica que inibisse qualquer incidência de moléstia no corpo desses alienígenas, a partir do sangue ou do material colhido do corpo humano, foi exposta quando visitei Rafael Sempere Dura, em São Paulo. Depois de uma longa conversa, mostrei minha opinião. Ele disse que essa era a explicação mais lógica que ouviu a respeito do Chupa-chupa, porque o que se ouvia era falar em agressão, e eu discordava: "Não foi agressão de forma alguma. Foi pesquisa ou coleta de material, como alega Jacques Vallée". Sempere me agradeceu, dizendo: "Foi a explicação mais lógica que eu ouvi até agora".

REVISTA UFO – Depois que a operação foi encerrada, o material que vocês coletaram permaneceu em Brasília ou em Belém?

HOLLANDA – Em Belém. Várias vezes eu tentei escrever um relatório final, pois o original era parcelado, caso a caso. Por exemplo, se numa noite o fenômeno se manifestava três vezes, então tinha que ser feito um relatório. Pelo que eu escrevia, baseado em tudo que via, achava que em Brasília iam me chamar de louco, pois eles não estavam lá para presenciar.

REVISTA UFO – Mesmo depois do encerramento da Operacão Prato o senhor continuou pesquisando, investigando, fazendo suas vigílias? Como é que foi isso? Teve alguma outra experiência interessante?

HOLLANDA – Bem, nunca relatei isso. Estou abrindo exceção para você, Gevaerd, em altíssima confiança, por sua seriedade, porque já estou com 60 anos de idade, daqui a pouco faço 70. Isso se eu chegar lá e não desaparecer antes... Eu estava em casa, tinha recebido uns livros que solicitei a Bob Pratt – o qual me visitou logo no início da Operação Prato.

REVISTA UFO – O que ele queria com o senhor? Qual era o interesse dele? Quais outros ufólogos o procuraram para saber a respeito disso?

HOLLANDA – Conversar comigo. Ele queria saber sobre o que tinha havido, porque ele esteve na liha dos Caranguejos, e eu não sabia da existência desse local nem do que tinha ocorrido por lá. Depois mandei verificar a área. Dentre os ufólogos que me procuraram na época, estão: Max Berezowski, general Uchôa, um ufólogo argentino, cujo nome não recordo, Jacques Vallée e Reginaldo de Athayde. Nunca mais mantive contato com Berezowski, mesmo depois de suas cartas e telefonemas. Não tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, porque minha mulher não concordou em hospedá-lo em casa, Jacques Vallée falou comigo anos depois e me deu até um livro de presente.

REVISTA UFO – O senhor estava autorizado a declarar alguma coisa a esses ufólogos naquela época? Caso tenha falado algo que pudesse comprometê-lo, esses pesquisadores mantiveram suas palavras, respeitando sua posicão perante a FAB?

HOLLANDA – Eu conversava com eles sobre o assunto, eles até viram algumas fotografias. Apenas pedi a eles que respeitassem minha posição, pois não podia divulgar alguma informação, o que compreenderam perfeitamente bem. Continuaram trocando correspondências comigo. Eu era frequentemente consultado sobre alguns casos, inclusive por ufológos internacionais, da Espanha, EUA etc.

REVISTA UFO – Como eles mandavam casos para o senhor analisar e emitir um parecer?

HOLLANDA – Através de Rafael Dura, de Osni Schwarz [Editor: nesse instante Uyrangê volta a falar sobre sua experiência inédita ao receber os livros de Bob Pratt]. Eu lia todos os livros para me aprofundar mais em Ufologia, humanóides, aparecimentos, abduções, outras coisas, e assim pude me munir de mais conhecimentos sobre a temática. Já não tinha mais nada com a Força Aérea, mas continuava interessado pelo assunto. Sempre empilhava meus livros sobre uma estante. Um dia. estava deitado, lendo uma obra que não tinha nada a ver com ufologia, enquanto minha filha, ainda pequena, lia uma revistinha de criança. De repente, os livros se deslocaram como se tivessem sido pegos e a pilha inteira caiu no chão. Ressalto que morava na Vila Militar, bem distante da rodovia, onde não havia trepidação de carro que justificasse a causa de tal circunstância.

REVISTA UFO – Eles estavam empilhados na vertical?

HOLLANDA – Quando eles bateram no chão, claro que a pilha desmontou, mas os livros não se espalharam. Eles vieram empilhados até o chão. Minha filha Daniela assustou-se e perguntou: "Pai, que engraçado... Como é que os livros cairam?". Nessa mesma hora, minha mulher estava no andar de baixo, preparando mamadeira para as crianças, quando algo semelhante aconteceu: a bandeja em que estavam os copos e talheres saiu voando da pia, flutuando por toda a cozinha, e então caiu, sem quebrar um copo sequer, apesar do barulho de louca que ouvi de onde eu estava. No momento em que catava os livros do chão, brinquei com minha filha para que ela não tivesse medo. Coloquei-os no lugar e falei: "Vocês estão querendo que eu leia". Entao abri um livro numa pagina qualquer. Logo em seguida aconteceu o incidente com a bandeja de louças. Pelo barulho pensei que tivesse machucado alguém, cortado talvez.

REVISTA UFO – E o que sua esposa achou disso tudo, coronel?

HOLLANDA – Desci as escadas correndo e, nesse meio tempo, minha esposa vinha subindo com os olhos arregalados, dizendo que não ficaria sozinha, ainda mais diante daquele fenômeno. Perguntei a ela o que havia acontecido: "Não sei. A bandeja saiu voando e foi parar no meio da pia". Eu não entendi muito bem a história. Levei, então, um copo d'água para ela.

REVISTA UFO – E os fenômenos ficaram por isso mesmo?

HOLLANDA – Dois ou três dias depois, eu estava dormindo, por volta da meia-noite. Estava numa espécie de desligamento, mentalização, deitado junto a minha mulher. De repente, adentrou meu quarto um clarão muito forte, seguido por um estalido, iluminando tudo. Assustei-me ao ver um troço tão estranho. Imediatamente, apareceu um ser atrás de mim, abraçando-me. Achei a situação meio esquisita. Além disso, tinha outro ser na minha cabeceira, que media 1,5 m, estava vestido com uma roupa semelhante a de astronauta ou de mergulho.

REVISTA UFO – Um colante? Ou neoprene, aquele material usado na fabricacão de roupas de surfistas?

HOLLANDA – Era muito fofa, não era colada ao corpo. Não cheguei a ver seu rosto, mas era cinza, tinha uma máscara parecida com a de mergulho, o olho nao dava para detalhar. Eu estava muito assustado por causa daquele "bicho" que me abraçava e apertava por trás, sussurrando em meu ouvido em Português: "Calma, não vamos te fazer mal", com uma voz metalizada, como som de transmissões computadorizadas.

REVISTA UFO – E sua esposa?

HOLLANDA – Continuou dormindo, sem saber da presença do "baixinho" que estava em minha cabeceira, apertando-me na cama. Não gostei da sensação e da atitude dele. Logo em seguida, outro estalido e o clarão desapareceu, deixando-me muito assustado.

REVISTA UFO – Houve lapso de tempo?

HOLLANDA – Não me lembro. Fiquei raciocinando se não foi apenas um sonho. Mas o troço era muito esquisito e eu ouvi dois estalidos. Não me recordo se fui beber água. Acho que desci para tomar alguma coisa, whisky, sei lá...

REVISTA UFO – Esse fenômeno voltou a acontecer nos dias seguintes?

HOLLANDA – No outro dia fui para o quartel para hastear a bandeira e bater continência ao som do Hino Nacional. Minha mulher sempre fechava o portão da garagem quando eu saia para trabaIhar, por causa dos cachorros e das crianças. Tinha, nessa época, um Alfa Romeo azul marinho. Quando meti a chave na porta do motorista para abri-la, a porta do outro lado abriu-se sozinha, sem ao menos eu ter tocado no veículo. Ao ver aquilo, minha mulher ficou assustada. Eram muitos fenômenos inexplicáveis que vinham acontecendo. Olhei para meu suposto companheiro e disse, em tom de gozação: "Você não vai andar muito. A viagem é curta".

REVISTA UFO – O senhor sentiu alguma coisa, talvez uma dor de cabeça?

HOLLANDA – Aí eu me sentei no carro, e quando estiquei a mão para fechar a porta, ela o fez sozinha. Minha esposa assustou-se ainda mais. Fui embora, seguindo rumo ao quartel. Ao hastearmos a bandeira, meu braço esquerdo começou a coçar muito. Eu já estava doido para que a cerimônia acabasse, pois não podia tirar a mão da pala para me coçar. Quando olhei para meu braco, ele estava vermelho. Achei aquilo muito esquisito [Editor: até hoje em seu braco apresenta-se a mesma marca avermelhada].

REVISTA UFO – O senhor acha que isso tudo foi consequência do quê?

HOLLANDA – Calma, já chego lá. Meu braço continuou coçando. Por curiosidade, num certo dia. apertei a pele e, ao fazê-lo, apareceu um "troço", como se fosse um pedacinho de plástico.

REVISTA UFO – Já fez algum exame de raio X?

HOLLANDA – Já. No raio X não aparece nada. Mas aperte aqui e sinta. [Editor: ao apertar o local, pude sentir alguma coisa pontuda, que mais parecia uma agulha].

REVISTA UFO – Algum outro componente da equipe apresentou qualquer tipo de marca pelo corpo?

HOLLANDA – Sim, o Flávio. Descobri isso quando todo mundo quis ver o meu ferimento. Ele também possuia a mesma marca na perna esquerda, numa das coxas. Ele acabou falecendo por causa de derrame, em virtude do ferimento na perna. Depois eu conversei com um médico, amigo meu, para o qual mostrei meu braço. Ele me convidou a ir até o hospital para fazer exames. Numa das vezes que fui a São Paulo e conversei com Rafael Sempere Dura, ele pegou uma bússola pequena e pediu permissão para dar uma olhada, colocando o aparelho sobre a minha pele.

REVISTA UFO – Uma evidência física sem precedentes...

HOLLANDA – Os ponteiros da bússola ficaram alterados. Se através de um exame radiológico não se pode ver absolutamente nada, comentei com Rafael que queria mandar abrir a pele. Ele me aconselhou que não o fizesse.

REVISTA UFO – Mudando de assunto, o coronel tem conhecimento de que o Governo Brasileiro continua fuzendo pesquisas ufológicas, seja na Amazônia ou em outro lugar, a respeito desse fenômeno?

HOLLANDA – Pesquisa com determinação, com base em um programa, acredito que não. Pelo menos não tenho qualquer informação a esse respeito. Primeiro, porque estou fora, na reserva. Tenho muito pouco contato, a não ser financeiro, com o Ministério da Aeronáutica. Possuo amigos lá, mas nunca ouvi falar que o órgão tenha ido investigar qualquer tipo de projeto ou eventualidade, como o caso dos F-5.

REVISTA UFO – O senhor acha que deveria haver então um programa de pesquisas mantido pelo Governo?

HOLLANDA – Na minha opinião, parece que sim. Eu mesmo tenho minhas razões pessoais para crer nisso, mas mesmo que não as tivesse, se eu fosse comandante, mandaria.

REVISTA UFO – O que o senhor imagina que foi feito da Operação Prato? Dos documentos? Das fotografias? Existe algum órgão tomando conta desse material todo?

HOLLANDA – Creio que tenha sido arquivado, pois não foi dado muito valor a ele. Não tive conhecimento de qualquer repercussão no Ministério da Aeronáutica. Quanto as fotografias, não foram enviadas as 500 para eles. Seguiram apenas as que constavam no relatório e alguns negativos. A maioria delas ficou conosco, guardada nos arquivos do Comar, e ninguém consegue obter informação a respeito. A seção a qual eu pertencia e onde se encontram arquivados os quatro filmes batidos e as fitas de vídeo. Na época, o Ministério da Aeronáutica iria ficar com apenas um rolo, mas confiscou inclusive os outros três que pertenciam a mim, que foram comprados com meu dinheiro e, assim mesmo, a Aeronáutica nunca os devolveu.

REVISTA UFO – Nunca pensou em guardar um souvenir desse material?

HOLLANDA – Não. Veja bem: já falei que adoro a FAB, ainda mais quando estava lá dentro. Hoje, eu fico de fora, vendo como e que meus companheiros estão se sucedendo, o que estão fazendo para que ela prospere e engrandeça. Sempre tive um respeito muito grande pela Força Aérea e pelo meu serviço. Eu nunca faria isso com ela. Fiquei calado por 20 anos. Durante esse período, fui consultado várias vezes para que escrevesse ou prestasse alguma declaração.

REVISTA UFO – Coronel, recorda-se de que publicamos umas fotografias em 1986 ou 1987 sem sua autorização? Isso trouxe algum problema para o senhor, para sua equipe ou para o Comar? Alguem foi punido por isso?

HOLLANDA – Trouxe, sim, muitos embaraços. Eu fui mandado de Brasilia para investigar por que aquilo tinha sido vazado, como aquela história tinha se tornado pública. Como o carimbo da Aeronáutica estava exposto, já que naquela época eu era o chefe dessa operação, como é que aquilo saiu? De minha mão não foi. Ninguém saiu punido por isso, pois a verdade sobre como as coisas vieram a tona nunca foi descoberta.

REVISTA UFO – O senhor acha que a publicação dessa matéria na íntegra pode causar mais embaraços? E para os militares que permanecem na Aeronáutica, que sabem que existem esses documentos e que a população tem o direito de conhecê-los?

HOLLANDA – Hoje não. Minha missão foi cumprida. Minha carreira se esgotou em 36 anos de trabalho.

REVISTA UFO – O senhor não acha que esses documentos deveriam ser liberados para o público?

HOLLANDA – Isso já é decisão do comando. Se liberarem, irão surgir muitas indagações que o Ministério da Aeronáutica e Governo Brasileiro não estão aptos a responder. Para evitar constrangimentos, não se fala nada. Uma vez eu estava assistindo a um programa do apresentador Flavio Cavalcanti. Num interrogatório sobre isso, um cara perguntou por que os UFOs não pousam no Maracanã para todo mundo ver? Se acontecer um caso desses, um pouso na Esplanada do Planalto, aí não tem jeito. Acredito que num futuro próximo "eles" possam ser até um pouco mais abusados. Do jeito que está, em menos de um ou dois anos, acontecerá um contato claro, aberto para toda a população, que será transmitido pelas televisões do mundo.

Fonte: Revistas UFO números 54 (outubro de 1997) e 55 (novembro de 1997)

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