sexta-feira, 20 de agosto de 2010

URANTIA 56 A 70

DOCUMENTO 56

A UNIDADE UNIVERSAL
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Deus é unidade. A Deidade é universalmente coordenada. O universo dos universos é um imenso mecanismo integrado, que é absolutamente controlado por uma mente infinita. Os domínios físico, intelectual e espiritual da criação universal são divinamente correlacionados. O perfeito e o imperfeito estão verdadeiramente inter-relacionados; e é por isso que a criatura evolucionária finita pode ascender ao Paraíso em obediência ao mandato do Pai Universal: “Sede vós perfeitos, assim como Eu sou perfeito”.

56:0:2 6372 Os diversos níveis da criação estão todos unificados nos planos e na administração dos Arquitetos do Universo-Mestre. Para as mentes circunscritas dos mortais do tempo e do espaço, o universo pode apresentar muitos problemas e situações que, aparentemente, retratem desarmonia e indiquem falta de coordenação efetiva; mas aqueles, dentre nós, que são capazes de observar as tramas mais amplas dos fenômenos universais, e que são mais experientes, nessa arte de detectar a unidade básica subjacente à diversidade criativa, e na arte de descobrir a unicidade divina que se dissemina em todo esse funcionamento de pluralidade, percebem melhor o propósito divino e único, exibido em todas essas manifestações múltiplas da energia universal criadora.

1. A COORDENAÇÃO FÍSICA


56:1:1 6373 A criação física ou material não é infinita, mas é perfeitamente coordenada. Há a força, a energia e o poder, mas são todos unos em origem. Os sete superuniversos são aparentemente duais; o universo central é trino; mas o Paraíso é uno na sua constituição. E o Paraíso é a fonte factual de todos os universos materiais – passados, presentes e futuros. Mas essa derivação cósmica é um evento de eternidade; em nenhum momento – passado, presente ou futuro – nem o espaço, nem o cosmo material saíram da nuclear Ilha de Luz. Como fonte cósmica, o Paraíso funciona precedentemente ao espaço e antes do tempo; portanto as suas derivações poderiam parecer órfãs, de tempo e de espaço, se não emergissem através do Absoluto Inqualificável, o seu depositário último no espaço e o revelador e regulador delas no tempo.

56:1:2 6374 O Absoluto Inqualificável sustenta o universo físico, enquanto o Absoluto da Deidade proporciona um raro supracontrole de toda a realidade material; e ambos os Absolutos são funcionalmente unificados pelo Absoluto Universal. Essa correlação coesiva do universo material é mais bem entendida por todas as personalidades – materiais, moronciais, absonitas ou espirituais –, pela observação da resposta de toda a realidade material autêntica à gravidade centrada no Paraíso inferior.

56:1:3 6381 A unificação gravitacional é universal e invariável; a resposta da energia pura é do mesmo modo universal e inescapável. A energia pura (a força primordial) e o puro espírito pré-respondem totalmente à gravidade. Essas forças primordiais, inerentes aos Absolutos, são pessoalmente controladas pelo Pai Universal; daí o porquê de toda a gravidade centralizar-se na presença pessoal, de pura energia e de puro espírito, do Pai do Paraíso e na sua morada supramaterial.

56:1:4 6382 A energia pura é o ancestral de toda a realidade relativa funcional não espiritual, enquanto o espírito puro é o potencial de supracontrole divino e diretivo de todos os sistemas básicos de energia. E essas realidades, tão diversas quando manifestadas pelo espaço e quando observadas nos movimentos do tempo, estão ambas centradas na pessoa do Pai do Paraíso. Nele elas são unas – devem estar unificadas –, porque Deus é uno. A personalidade do Pai é absolutamente unificada.

56:1:5 6383 Na natureza infinita de Deus, o Pai, não poderia, de nenhuma forma, existir dualidade de realidade, tal como física e espiritual; mas, no instante em que desviamos nosso olhar dos níveis infinitos e da realidade absoluta dos valores pessoais do Pai do Paraíso, observamos a existência dessas duas realidades e reconhecemos que elas respondem absolutamente à Sua presença pessoal; Nele todas as coisas consistem.

56:1:6 6384 No momento em que deixardes para trás o conceito inqualificável da personalidade infinita do Pai do Paraíso, devereis postular a MENTE como a técnica inevitável de unificação das divergências, cada vez mais amplificadas, entre essas manifestações duais da personalidade monotéica original do Criador, a Primeira Fonte e Centro – o EU SOU.

2. A UNIDADE INTELECTUAL


56:2:1 6385 O Pai-Pensamento realiza a expressão espiritual no Filho-Verbo e, por meio do Paraíso, alcança a expansão da realidade nos enormes universos materiais. As expressões espirituais do Filho Eterno estão correlacionadas aos níveis materiais da criação, pelas funções do Espírito Infinito: por meio do seu ministério espírito-responsivo da mente e por meio dos atos físico-diretivos da mente, as realidades espirituais da Deidade e as repercussões materiais da Deidade estão correlacionadas umas às outras.

56:2:2 6386 A mente é O dom funcional do Espírito Infinito e é, portanto, infinita em potencial e universal em outorga. O pensamento primordial do Pai Universal eterniza-se em uma expressão dual: a Ilha do Paraíso e a sua Deidade igual, o Filho Eterno e espiritual. Tal dualidade da realidade eterna torna o Deus da mente, o Espírito Infinito, uma inevitabilidade. A mente é o canal indispensável de comunicação entre as realidades espirituais e materiais. A criatura material evolucionária pode conceber e compreender o espírito que reside nela, apenas pelo ministério da mente.

56:2:3 6387 Essa mente infinita e universal está ministrada, nos universos do tempo e do espaço, como a mente cósmica; e, se bem que se estenda, desde o ministério primitivo dos espíritos ajudantes, até a mente magnífica do dirigente executivo de um universo, ainda assim essa mente cósmica está adequadamente unificada na supervisão dos Sete Espíritos Mestres que, por sua vez, estão coordenados com a Mente Suprema do tempo e do espaço e perfeitamente correlacionados à mente do Espírito Infinito a qual abrange a tudo.

3. A UNIFICAÇÃO ESPIRITUAL


56:3:1 6391 A gravidade da mente universal está centrada na presença pessoal do Espírito Infinito, no Paraíso; a gravidade espiritual universal, do mesmo modo, centra-se na presença pessoal do Filho Eterno, no Paraíso. O Pai Universal é um, mas, para o tempo-espaço, Ele é revelado no fenômeno dual, da pura energia e do puro espírito.

56:3:2 6392 As realidades do espírito, no Paraíso, do mesmo modo são unas, mas, em todas as situações e relações tempo-espaciais, esse espírito único é revelado nos fenômenos duais, das personalidades e emanações espirituais do Filho Eterno e das personalidades e influências espirituais do Espírito Infinito e das suas criações conjuntas; e há ainda um terceiro fenômeno – as fragmentações do puro espírito –, a dádiva, que o Pai faz, dos Ajustadores do Pensamento e de outras entidades espirituais, que são pré-pessoais.

56:3:3 6393 Não importa o nível das atividades no universo em que seja possível encontrar fenômenos espirituais ou contatar seres espirituais, podeis saber que todos são derivados de Deus, que é espírito, pelo ministério do Filho Espírito e do Espírito-Mente Infinito. E esse espírito, que a tudo abrange, funciona como um fenômeno nos mundos evolucionários do tempo, sendo dirigido das sedes centrais dos universos locais. Dessas capitais, dos Filhos Criadores, provêm o Espírito Santo e o Espírito da Verdade, juntamente com a ministração dos espíritos ajudantes da mente, para os níveis mais baixos e evolutivos das mentes materiais.

56:3:4 6394 Conquanto a mente seja mais unificada no nível dos Espíritos Mestres em associação com o Ser Supremo, e conquanto a mente cósmica esteja em subordinação à Mente Absoluta, o ministério do espírito para os mundos em evolução é mais diretamente unificado nas personalidades residentes, nas sedes centrais dos universos locais, e nas pessoas das Ministras Divinas que os presidem e que são, por sua vez, perfeitamente bem correlacionadas com o circuito de gravidade do Filho Eterno no Paraíso, dentro do qual ocorre a unificação final de todas as manifestações espirituais no tempo-espaço.

56:3:5 6395 A existência da criatura perfeccionada pode ser alcançada, sustentada e eternizada, pela fusão da mente autoconsciente com um fragmento do dom do espírito pré-Trinitário de uma das pessoas da Trindade do Paraíso. A mente mortal é uma criação dos Filhos e Filhas do Filho Eterno e do Espírito Infinito e, quando ela se funde com o Ajustador do Pensamento, vindo do Pai, passa a compartilhar do dom espiritual triplo dos reinos evolucionários. Mas essas três expressões espirituais tornam-se perfeitamente unificadas nos finalitores, da mesma forma que elas estavam, na eternidade, unificadas no Universal EU SOU, antes mesmo que ele se tornasse o Pai Universal do Filho Eterno e do Espírito Infinito.

56:3:6 6396 O espírito deve tornar-se sempre tríplice em ultimidade na expressão e, na realização final, unificado na Trindade,. O espírito origina-se de uma fonte por meio de uma expressão tríplice; e, em finalidade, deve alcançar a sua inteira realização, e de fato a alcança naquela unificação divina que é experienciada quando encontra a Deus – unicidade com a divindade – na eternidade, e por meio do ministério da mente cósmica que tem infinita expressão na palavra eterna do pensamento universal do Pai.

4. A UNIFICAÇÃO DA PERSONALIDADE


56:4:1 6397 O Pai Universal é uma personalidade divinamente unificada; e por isso todos os seus filhos ascendentes, que são levados até o Paraíso pelo impulso de retorno dos Ajustadores do Pensamento, os quais saem do Paraíso para residir nos mortais materiais, em obediência ao mandato do Pai, da mesma forma serão personalidades plenamente unificadas antes de chegarem a Havona.

56:4:2 6401 A personalidade esforça-se inerentemente para unificar todas as realidades que a constituem. A personalidade infinita da Primeira Fonte e Centro, o Pai Universal, unifica todos os sete constituintes Absolutos da Infinitude; e a personalidade do homem mortal, sendo um outorgamento direto e exclusivo do Pai Universal, da mesma forma possui o potencial de unificação dos fatores constituintes da criatura mortal. Tal criatividade de unificação da personalidade de toda criatura é uma marca de nascença da sua alta e exclusiva fonte além de ser uma evidência do seu contato ininterrupto com essa mesma fonte, por meio do circuito da personalidade. E é por meio desse circuito que a personalidade da criatura mantém um contato direto e sustentador com o Pai de todas as personalidades, no Paraíso.

56:4:3 6402 Não obstante Deus estar manifestado desde os domínios do Sétuplo, em supremacia e em ultimidade, até Deus, o Absoluto, o circuito da personalidade, centrado no Paraíso e na pessoa de Deus, o Pai, proporciona a completa e perfeita unificação de todas essas diversas expressões da personalidade divina, em tudo o que concerne a todas as personalidades das criaturas, em todos os níveis da existência inteligente e em todos os reinos dos universos perfeitos, dos que se tornaram perfeitos e daqueles em perfeccionamento.

56:4:4 6403 Conquanto Deus seja, nos universos e para os universos, tudo aquilo que descrevemos, no entanto, para vós e para todas as outras criaturas sabedoras de Deus, Ele é um, o vosso Pai e Pai delas. Para a personalidade, Deus não pode ser plural. Deus é Pai para cada uma das suas criaturas e é realmente impossível, para qualquer filho, ter mais do que um Pai.

56:4:5 6404 Seja filosófica, seja cosmicamente e seja com relação aos níveis e locações diferenciais de manifestação, vós podeis, e por força deveis, conceber a função de Deidades plurais e postular a existência de trindades plurais; mas, na experiência da adoração, no contato pessoal adorador de toda personalidade, em todo o universo-mestre, Deus é Um; e essa Deidade unificada e pessoal é o nosso progenitor do Paraíso, Deus, o Pai, o outorgador, o conservador e o Pai de todas as personalidades, desde o homem mortal, nos mundos habitados, até o Filho Eterno na Ilha Central de Luz.

5. A UNIDADE DA DEIDADE


56:5:1 6405 A unicidade, a indivisibilidade da Deidade do Paraíso é existencial e absoluta. Há três personalizações eternas da Deidade – o Pai Universal, o Filho Eterno e o Espírito Infinito –, mas, na Trindade do Paraíso, elas são de fato uma Deidade, indivisa e indivisível.

56:5:2 6406 Do nível Havona-Paraíso original, de realidade existencial, dois níveis subabsolutos diferenciaram-se; e, a partir daí o Pai, o Filho e o Espírito empenharam-se na criação de inúmeros seres congêneres aliados e subordinados pessoais. E ainda que seja inapropriado, nesse contexto, levar em consideração a unificação absonita da deidade, em níveis transcendentais de ultimidade, é factível considerar alguns aspectos da função unificadora das várias personalizações de Deidades, nas quais a divindade é funcionalmente manifesta para os diversos setores da criação e para as diferentes ordens de seres inteligentes.

56:5:3 6407 O funcionamento presente da divindade, nos superuniversos, é ativamente manifesto nas operações dos Criadores Supremos – dos Filhos e dos Espíritos Criadores do universo local, dos Anciães dos Dias do superuniverso e dos Sete Espíritos Mestres do Paraíso. Esses seres constituem os três primeiros níveis de Deus, o Sétuplo, que conduzem internamente ao Pai Universal, e esse inteiro domínio de Deus, o Sétuplo, está coordenando-se no primeiro nível da deidade experiencial, no Ser Supremo em evolução.

56:5:4 6411 No Paraíso e no universo central, a unidade da Deidade é uma existência de fato. Nos universos em evolução, do tempo e do espaço, a unicidade da Deidade é uma realização.

6. A UNIFICAÇÃO DA DEIDADE EVOLUCIONÁRIA


56:6:1 6412 Quando as três pessoas eternas da Deidade funcionam como uma Deidade indivisa, na Trindade do Paraíso, elas alcançam a unidade perfeita; do mesmo modo, quando elas criam, associada ou separadamente, sua progênie do Paraíso exibe a unicidade característica da divindade. E essa divindade de propósito, manifestada pelos Criadores e Governantes Supremos, nos domínios do tempo-espaço, factualiza-se no evento potencial do poder unificador da soberania de supremacia experiencial, que, na presença unitária da energia impessoal do universo, constitui uma tensão de realidade que pode ser resolvida somente por meio da unificação adequada com as realidades experienciais da personalidade da Deidade experiencial.

56:6:2 6413 As realidades da personalidade do Ser Supremo surgem das Deidades do Paraíso e, no mundo-piloto do circuito exterior de Havona, elas unificam-se com as prerrogativas de poder do Supremo Todo-Poderoso, que advêm das divindades Criadoras do grande universo. Deus, o Supremo, como pessoa, existia em Havona antes da criação dos sete superuniversos, mas ele funcionava apenas em níveis espirituais. A evolução do poder de Supremacia do Todo-Poderoso, por meio de diversas sínteses de divindade, nos universos em evolução, factualizou-se em uma nova presença de poder da Deidade, que se coordenou com a pessoa espiritual do Supremo em Havona, por intermédio da Mente Suprema, que, concomitantemente, se transladou do potencial residente na mente infinita do Espírito Infinito, para a mente ativa funcional do Ser Supremo.

56:6:3 6414 As criaturas de mente-material dos mundos evolucionários dos sete superuniversos só podem compreender a unidade da Deidade se ela estiver evoluindo até a síntese, em poder-personalidade, do Ser Supremo. Em qualquer nível de existência, Deus não pode exceder a capacidade conceitual dos seres que vivem nesse nível. O homem mortal deve, por meio do reconhecimento da verdade, pela apreciação da beleza e pela adoração da bondade, evoluir para o reconhecimento de um Deus de amor e então progredir, por intermédio dos níveis ascendentes de deidade, até a compreensão do Supremo. A Deidade, tendo sido assim compreendida, enquanto unificada em poder, pode então ser personalizada em espírito, para a compreensão e a realização da criatura.

56:6:4 6415 Ainda que os mortais ascendentes alcancem a compreensão do poder do Todo-Poderoso, nas capitais dos superuniversos, e a compreensão da personalidade do Supremo, nos circuitos exteriores de Havona, na verdade eles não encontrarão o Ser Supremo como estão destinados a encontrar as Deidades do Paraíso. Mesmo os finalitores, espíritos da sexta etapa, não encontraram o Ser Supremo, nem provavelmente o conseguirão, até que atinjam o status de espíritos da sétima etapa, e até que o Supremo se tenha tornado factualmente funcional, nas atividades dos futuros universos exteriores.

56:6:5 6416 Mas quando os seres ascendentes encontrarem o Pai Universal, no sétimo nível de Deus, o Sétuplo, eles terão logrado alcançar a personalidade da Primeira Pessoa, em todos os níveis da deidade nas relações pessoais com as criaturas do universo.

7. REPERCUSSÕES EVOLUCIONÁRIAS UNIVERSAIS


56:7:1 6421 O avanço firme da evolução, nos universos do tempo-espaço, é acompanhado de revelações sempre crescentes da Deidade, para todas as criaturas inteligentes. O alcançar de um avanço evolucionário elevado em um mundo, sistema, constelação, universo, superuniverso, ou no grande universo, assinala ampliações correspondentes da função da deidade, para essas, e nessas, unidades progressivas da criação. E todo esse enaltecimento local das realizações da divindade é acompanhado por certas repercussões bem definidas de engrandecimento, na manifestação da deidade, para todos os outros setores da criação. Estendendo-se do Paraíso para o exterior, cada novo domínio de evolução, atingido e realizado, constitui uma nova e amplificada revelação da Deidade experiencial, para o universo dos universos.

56:7:2 6422 À medida que os componentes de um universo local são progressivamente estabelecidos em luz e vida, Deus, o Sétuplo, apresenta-se cada vez mais manifestado. A evolução no tempo-espaço começa, em um planeta, com a primeira expressão de Deus, o Sétuplo – a associação entre o Filho Criador e o Espírito Criativo –, no controle. Com o estabelecimento de um sistema em luz, essa ligação Filho-Espírito atinge o auge da sua função; e, quando uma constelação inteira assim se estabelece, a segunda fase de Deus, o Sétuplo, torna-se mais ativa em todo esse reino. A completa evolução administrativa de um universo local é atingida por meio de ministrações novas e mais diretas dos Espíritos Mestres do superuniverso; e, nesse ponto, começa também aquela revelação e a realização sempre em expansão de Deus, o Supremo, que culmina com a compreensão, por parte do ser em ascensão, do Ser Supremo, enquanto passa pelos mundos do sexto circuito de Havona.

56:7:3 6423 O Pai Universal, o Filho Eterno e o Espírito Infinito são manifestações existenciais da deidade para as criaturas inteligentes; e, portanto, não estão similarmente expandidas nas relações de personalidade com as criaturas de mente e de espírito de toda a criação.

56:7:4 6424 Deve ser assinalado que os mortais ascendentes podem experienciar a presença impessoal, de níveis sucessivos da Deidade, muito antes de tornarem-se suficientemente espirituais e adequadamente preparados para atingir o reconhecimento experiencial pessoal dessas Deidades e, como seres pessoais, entrar em contato com elas,.

56:7:5 6425 Cada novo alcance evolucionário, dentro de um setor da criação, tanto quanto cada nova invasão do espaço, por manifestações da divindade, é acompanhado por expansões simultâneas da revelação funcional da Deidade, dentro das unidades então existentes e anteriormente organizadas de toda a criação. Essa nova invasão do trabalho administrativo dos universos, e das suas unidades componentes, nem sempre pode parecer executada exatamente de acordo com a técnica aqui esboçada, porque a prática é enviar grupos avançados de administradores com o fito de preparar o caminho para eras subseqüentes e sucessivas do novo supracontrole administrativo. Mesmo Deus, o Último, antecipa o seu supracontrole transcendental dos universos, durante as etapas ulteriores de um universo local estabelecido em luz e vida.

56:7:6 6426 É fato que, à medida que as criações do tempo e do espaço são progressivamente estabelecidas em status evolucionário, observa-se um novo e mais pleno funcionamento de Deus, o Supremo, concomitantemente com uma correspondente retirada das primeiras três manifestações de Deus, o Sétuplo. Se, e quando, o grande universo tornar-se estabelecido em luz e vida, qual então será a função futura das manifestações Criadoras-Criativas de Deus, o Sétuplo, se Deus, o Supremo, assumir o controle direto dessas criações do tempo e do espaço? Serão, esses organizadores e pioneiros dos universos do tempo e do espaço, liberados para atividades similares no espaço exterior? Não sabemos, mas fazemos muitas especulações sobre essas e outras questões relacionadas.

56:7:7 6431 À medida que as fronteiras experienciais da Deidade são estendidas para fora dos domínios do Absoluto Inqualificável, visualizamos a atividade de Deus, o Sétuplo, durante as épocas evolucionárias anteriores a essas criações do futuro. Não estamos todos de acordo, a respeito do status futuro dos Anciães dos Dias e dos Espíritos Mestres do superuniverso. Tampouco sabemos se o Ser Supremo irá funcionar ali, como o faz nos sete superuniversos. Mas todos nós conjecturamos que os Michaéis, os Filhos Criadores, estão destinados a funcionar nesses universos exteriores. Alguns sustentam que as idades do futuro testemunharão alguma forma mais próxima de união entre os Filhos Criadores e as Ministras Divinas coligadas; é mesmo possível que uma tal união criadora pudesse manifestar alguma expressão nova de identidade de criador-associado de uma natureza última. Mas nós realmente nada sabemos sobre essas possibilidades de um futuro irrevelado.

56:7:8 6432 Sabemos contudo que, nos universos do tempo e do espaço, Deus, o Sétuplo, provê uma aproximação progressiva ao Pai Universal e que essa aproximação evolucionária é experiencialmente unificada em Deus, o Supremo. Poderíamos conjecturar que tal plano devesse prevalecer nos universos exteriores; por outro lado novas ordens de seres, que podem algum dia habitar esses universos, podem ser capazes de se aproximar da Deidade em níveis últimos e por meio de técnicas absonitas. Em resumo, não temos a menor idéia sobre qual técnica de aproximação à deidade pode tornar-se operativa nos universos futuros do espaço exterior.

56:7:9 6433 Entretanto, estimamos que os superuniversos perfeccionados tornar-se-ão, de algum modo, uma parte das carreiras de ascensão ao Paraíso, para aqueles seres que poderão habitar essas criações exteriores. É perfeitamente possível que naquela época futura nós possamos testemunhar seres do espaço exterior aproximando-se de Havona pelos sete superuniversos, administrados por Deus, o Supremo, com a colaboração dos Sete Espíritos Mestres ou sem ela.

8. O UNIFICADOR SUPREMO


56:8:1 6434 O Ser Supremo tem uma tríplice função na experiência do homem mortal: na primeira, é Ele o unificador da divindade tempo-espacial, Deus, o Sétuplo; na segunda, Ele é o máximo da Deidade, que as criaturas finitas podem de fato compreender; na terceira, Ele é o único caminho, que o homem mortal tem, de aproximação à experiência transcendental, de consorciar-se com a mente absonita, com o espírito eterno e a personalidade do Paraíso.

56:8:2 6435 Os finalitores ascendentes, tendo nascido nos universos locais, tendo sido nutridos nos superuniversos e treinados no universo central, abrangem, com as suas experiências pessoais, o potencial pleno de compreensão da divindade tempo-espacial de Deus, o Sétuplo, que se unifica no Supremo. Os finalitores servem sucessivamente nos superuniversos, que não o do seu nascimento, sobrepondo, desse modo, experiência após experiência, até que a plenitude da diversidade sétupla de experiências possíveis da criatura haja sido abrangida. Por meio da ministração dos Ajustadores residentes, os finalitores capacitam-se a encontrar o Pai Universal, mas é por intermédio dessas técnicas de experiência que tais finalitores chegam realmente a conhecer o Ser Supremo; e estão eles destinados ao serviço e à revelação dessa Suprema Deidade nos universos do espaço exterior, e para eles.

56:8:3 6441 Tende em mente que tudo o que Deus, o Pai, e os seus Filhos do Paraíso fazem por nós, temos a oportunidade, em retorno e em espírito, de fazer pelo Ser Supremo emergente e dentro dele. A experiência do amor, da alegria e do serviço no universo é mútua. Deus, o Pai, não necessita que os seus filhos Lhe retribuam tudo o que Ele lhes confere; mas os filhos, por sua vez, outorgam (ou podem outorgar) tudo em retorno aos seus semelhantes e ao Ser Supremo em evolução.

56:8:4 6442 Todos os fenômenos criacionais refletem atividades espírito-criadoras anteriores. Disse Jesus, e é literalmente verdade, que “O Filho faz apenas aquelas coisas que vê o Pai fazer”. No tempo, vós mortais podeis começar a revelação do Supremo para os vossos semelhantes e podeis, cada vez mais, ampliar essa revelação, à medida que ascenderdes em direção ao Paraíso. Na eternidade, vos poderá ser permitido fazer revelações crescentes desse Deus das criaturas evolucionárias, em níveis supremos – até à ultimidade –, como finalitores da sétima etapa.

9. A UNIDADE DO ABSOLUTO UNIVERSAL


56:9:1 6443 O Absoluto Inqualificável e o Absoluto da Deidade estão unificados no Absoluto Universal. Os Absolutos são coordenados no Último, condicionados no Supremo, e modificados, no tempo-espaço, em Deus, o Sétuplo. Em níveis subinfinitos, existem três Absolutos, mas na infinitude eles surgem como um. No Paraíso há três personalizações da Deidade, mas na Trindade elas são Uma.

56:9:2 6444 A maior proposta filosófica do universo-mestre é esta: O Absoluto (os três Absolutos feitos um, na infinitude) existe antes da Trindade? E o Absoluto é ancestral da Trindade? Ou é a Trindade antecedente ao Absoluto?

56:9:3 6445 O Absoluto Inqualificável é uma presença de força independente da Trindade? A presença do Absoluto da Deidade conota a função ilimitada da Trindade? E o Absoluto Universal é a função final da Trindade, ou ainda uma Trindade das Trindades?

56:9:4 6446 Num primeiro pensamento, um conceito do Absoluto como ancestral de todas as coisas – mesmo da Trindade – parece oferecer satisfação transitória, de gratificação consistente e de unificação filosófica, mas uma tal conclusão é invalidada pela factualidade da eternidade da Trindade do Paraíso. Aprendemos e acreditamos que o Pai Universal e os seus coligados da Trindade sejam eternos por natureza e existência. Há, então, uma única conclusão filosófica consistente, que é: o Absoluto é, para todas as inteligências do universo, a reação impessoal e coordenada da Trindade (das Trindades) a todas situações espaciais básicas e primárias, intra-universais ou extra-universais. Para todas as personalidades inteligentes do grande universo, a Trindade do Paraíso, continuamente, surge como absoluta em finalidade, eternidade, supremacia e ultimidade; e também como absoluta, para todos os fins e propósitos práticos de compreensão pessoal e de realização da criatura.

56:9:5 6447 Da forma como as mentes das criaturas podem ver essa questão, elas são levadas ao postulado final do EU SOU Universal como a causa primordial e a fonte inqualificável, tanto da Trindade, quanto do Absoluto. Quando, entretanto, aspiramos manter um conceito pessoal do Absoluto, nós nos remetemos às nossas idéias e ideais do Pai do Paraíso. Quando desejamos facilitar a compreensão, ou ampliar a consciência desse Absoluto, que, de outra forma. é impessoal, nós nos remetemos ao fato de que o Pai Universal é o Pai existencial da personalidade absoluta; o Filho Eterno é a Pessoa Absoluta, se bem que não seja, no sentido experiencial, a personalização do Absoluto. E então continuamos a visualizar as Trindades experienciais como culminando na personalização experiencial do Absoluto da Deidade, enquanto concebemos o Absoluto Universal como constituindo os fenômenos, no universo e no extra-universo, da presença manifesta das atividades impessoais das associações da Deidade, unificadas e coordenadas, de supremacia, ultimidade e infinitude – a Trindade das Trindades.

56:9:6 6451 Deus, o Pai, é discernível em todos os níveis, do finito ao infinito, e, ainda que as suas criaturas, desde o Paraíso até os mundos evolucionários, tenham-No percebido de formas variadas, apenas o Filho Eterno e o Espírito Infinito conhecem-No na sua infinitude.

56:9:7 6452 A personalidade espiritual é absoluta somente no Paraíso e o conceito do Absoluto é inqualificável apenas na infinitude. A presença da Deidade é absoluta apenas no Paraíso; e a revelação de Deus deve sempre ser parcial, relativa e progressiva, até que o Seu poder se torne experiencialmente infinito na potência espacial do Absoluto Inqualificável, enquanto a manifestação da sua personalidade torna-se experiencialmente infinita na presença manifesta do Absoluto da Deidade, e enquanto esses dois potenciais de infinitude tornam-se uma realidade unificada no Absoluto Universal.

56:9:8 6453 Mas, para além dos níveis subinfinitos, os três Absolutos são unos e, dessa maneira, a infinitude está realizada por parte da Deidade, independentemente de que qualquer outra ordem de existência, a qualquer momento, se auto-realize em consciência de infinitude.

56:9:9 6454 O status existencial na eternidade implica autoconsciência existencial de infinitude, ainda que outra eternidade possa fazer-se necessária para experienciar a auto-realização das potencialidades experienciais inerentes a uma eternidade em infinitude – uma infinitude eterna.

56:9:10 6455 E Deus, o Pai, é a fonte pessoal de todas as manifestações da Deidade e da realidade, para todas as criaturas inteligentes e seres dotados de espírito, em todo o universo dos universos. Enquanto personalidades, agora, ou nas sucessivas experiências no universo do futuro eterno, não importa que vós alcanceis a aproximação de Deus, o Sétuplo, que compreendais a Deus, o Supremo, que encontreis a Deus, o Último; nem que tenteis alcançar o conceito de Deus, o Absoluto; vós descobrireis, para a vossa satisfação eterna, que, na consumação de cada aventura em novos níveis experienciais, tereis redescoberto o Deus eterno – o Pai do Paraíso de todas as personalidades do universo.

56:9:11 6456 O Pai Universal é a explicação da unidade universal; pois esta deve ser, supremamente, e, em ultimidade mesmo, realizada na unidade pós-ultimizada dos valores e dos significados absolutos – a Realidade inqualificável.

56:9:12 6457 Os Mestres Organizadores da Força saem para o espaço e mobilizam as suas energias, com o fito de se tornarem responsivas gravitacionalmente à atração do Paraíso, do Pai Universal; e subseqüentemente vêm os Filhos Criadores, que organizam essas forças, de resposta à gravidade, como universos habitados nos quais evoluem as criaturas inteligentes, que recebem em si mesmas o espírito do Pai do Paraíso e que, subseqüentemente, ascendem ao Pai, para tornarem-se como Ele em todos os atributos possíveis de divindade.

56:9:13 6458 A marcha incessante e expansiva das forças criativas do Paraíso, através do espaço, parece ser um presságio do domínio todo-extensivo da atração da gravidade, exercida pelo Pai Universal, e da multiplicação sem fim dos tipos variados de criaturas inteligentes, que são capazes de amar a Deus e de serem por Ele amadas e que, por tornarem-se conhecedoras assim de Deus, podem escolher ser como Ele, podem eleger alcançar o Paraíso e encontrar Deus.

56:9:14 6461 O universo dos universos é completamente unificado. Deus é um, em poder e personalidade. Há coordenação em todos os níveis de energia e em todas as fases da personalidade. Filosófica e experiencialmente, em conceito e em realidade, todas as coisas e seres são centrados no Pai do Paraíso. Deus é tudo e está em tudo e nada e nenhum ser existe fora Dele.

10. VERDADE, BELEZA E BONDADE


56:10:1 6462 À medida que os mundos estabelecidos em luz e vida progridem, do estágio inicial até a sétima época, eles sucessivamente se esforçam para apreender, para compreender a realidade de Deus, o Sétuplo, indo da adoração do Filho Criador à adoração do seu Pai do Paraíso. Através da sétima etapa contínua da história de tal mundo, os mortais, sempre em progressão, crescem no conhecimento de Deus, o Supremo, enquanto vão discernindo vagamente a realidade do ministério sobrepujante de Deus, o Último.

56:10:2 6463 Por toda essa idade gloriosa, a luta principal dos mortais, sempre em avanço, é a busca da percepção mais plena e do entendimento mais amplo dos elementos compreensíveis da Deidade – a verdade, a beleza e a bondade. Isso representa um esforço do homem para discernir Deus, na mente, na matéria e no espírito. E à medida que o ser mortal prossegue nessa busca, ele vê a si próprio crescentemente absorvido pelo estudo experiencial da filosofia, da cosmologia e da divindade.

56:10:3 6464 De alguma forma vós entendeis a filosofia; a divindade vós a compreendeis na adoração, no serviço social e na experiência espiritual pessoal, mas a busca da beleza – a cosmologia – muito freqüentemente vós a limitais ao estudo das tentativas cruas da arte dos homens. A beleza e a arte são, em grande parte, uma questão de unificação de contrastes. A variedade é essencial ao conceito de beleza. A suprema beleza, o ponto culminante da arte finita, é o drama da unificação da vastidão dos extremos cósmicos: Criador e criatura. O homem encontrando Deus e Deus encontrando o homem – a criatura tornando-se perfeita como o Criador o é –, essa é a conquista superna do supremamente belo, o atingir do ápice da arte cósmica.

56:10:4 6465 Daí, o materialismo e o ateísmo serem a maximização da fealdade, o clímax da antítese finita do belo. A mais elevada beleza consiste no panorama da unificação das variações que surgiram da realidade harmoniosa preexistente.

56:10:5 6466 O alcance de níveis cosmológicos do pensamento inclui:

56:10:6 6467 1. A curiosidade. A fome de harmonia e a sede de beleza. Tentativas persistentes para descobrir novos níveis de relações cósmicas harmoniosas.

56:10:7 6468 2. A apreciação estética. O amor do belo e a apreciação, que avança sempre, do valor do toque artístico de todas as manifestações criativas, em todos os níveis de realidade.

56:10:8 6469 3. A sensibilidade ética. Por intermédio da compreensão da verdade, a apreciação da beleza leva ao senso de adequação eterna daquelas coisas que, nas relações da Deidade, conduzem ao reconhecimento da bondade divina para com todos os seres; e assim a própria cosmologia encaminha a busca dos valores da realidade divina – a consciência de Deus.

56:10:9 64610 Os mundos estabelecidos em luz e vida estão, assim, inteiramente preocupados com a compreensão da verdade, da beleza e da bondade, porque esses valores de qualidade abrangem a revelação da Deidade para os domínios do tempo e do espaço. Os significados da verdade eterna têm um apelo combinado à natureza intelectual e espiritual do homem mortal. A beleza universal abrange as relações harmoniosas e os ritmos da criação cósmica; e isso é mais claramente o apelo intelectual que leva a uma compreensão unificada e sincronizada do universo material. A bondade divina representa a revelação dos valores infinitos para a mente finita, que daí são percebidos e elevados até o próprio umbral, em nível espiritual, da compreensão humana.

56:10:10 6471 A verdade é a base da ciência e da filosofia e apresenta-se como o fundamento intelectual da religião. A beleza é madrinha da arte, da música e dos ritmos significativos de toda experiência humana. A bondade abrange o senso de ética, a moralidade e a religião – a fome de perfeição experiencial.

56:10:11 6472 A existência da beleza implica a presença de uma mente apreciativa na criatura, tão certamente quanto o fato da evolução progressiva indica a predominância da Mente Suprema. A beleza é o reconhecimento intelectual da síntese harmoniosa de tempo-espaço, da enorme diversificação da realidade fenomênica, que se origina toda ela da unicidade preexistente e eterna.

56:10:12 6473 A bondade é o reconhecimento mental dos valores relativos dos diversos níveis da perfeição divina. O reconhecimento da bondade implica uma mente de status moral, em uma mente pessoal com habilidade de discriminar entre o bem e o mal. Mas a posse da bondade, da grandeza, é a medida do alcançar real da divindade.

56:10:13 6474 O reconhecimento de relações verdadeiras implica uma mente competente que discrimine entre a verdade e o erro. O Espírito da Verdade outorgado, dádiva que se investe nas mentes humanas de Urântia, é inequivocamente responsivo à verdade – a relação do espírito vivo entre todas as coisas e todos os seres, à medida que são coordenados na eterna ascensão em direção a Deus.

56:10:14 6475 Cada impulso de cada elétron, pensamento ou espírito, é uma unidade atuando no universo inteiro. Apenas o pecado é isolado e o mal resiste à gravidade nos níveis mentais e espirituais. O universo é um todo; nenhuma coisa ou ser existe ou vive em isolamento. A auto-realização é potencialmente um mal, se é anti-social. É literalmente verdade: “Nenhum homem vive por si mesmo”. A socialização cósmica constitui a mais alta forma de unificação da personalidade. Disse Jesus: “Aquele entre vós que quiser ser o maior, que se torne o servidor de todos”.

56:10:15 6476 Mesmo a verdade, a beleza e a bondade – a abordagem intelectual feita pelo homem ao universo da mente, da matéria e do espírito – devem ser combinadas, em um conceito unificado de um ideal divino e supremo. Assim como a personalidade mortal unifica a sua experiência humana com a matéria, a mente e o espírito, também esse ideal divino e supremo torna-se poder-unificado, na Supremacia, e então é personalizado como um Deus de amor paterno.

56:10:16 6477 Todo entendimento interior das relações, entre as partes de qualquer todo, requer um esforço de compreensão da relação de todas as partes com aquele todo; e, no universo, isso significa a relação das partes criadas com o Todo Criador. Assim a Deidade torna-se a meta transcendental e mesmo infinita de realização universal e eterna.

56:10:17 6478 A beleza universal é o reconhecimento do reflexo da Ilha do Paraíso na criação material, enquanto a verdade eterna é um ministério especial dos Filhos do Paraíso, que não apenas outorgam a si próprios às raças mortais, mas também vertem o seu Espírito da Verdade sobre todos os povos. A bondade divina é mais totalmente demonstrada no ministério pleno de amor das personalidades múltiplas do Espírito Infinito. Mas o amor, a soma total dessas três qualidades, é a percepção que o homem tem de Deus como o seu Pai espiritual.

56:10:18 6481 A matéria física é a sombra, no tempo-espaço, da resplandecente energia paradisíaca das Deidades Absolutas. Os significados da verdade são as repercussões no intelecto mortal da palavra eterna da Deidade – a compreensão no tempo-espaço dos conceitos supremos. Os valores de bondade da divindade são os ministérios misericordiosos das personalidades espirituais do Universal, do Eterno e do Infinito, para as criaturas finitas do tempo-espaço nas esferas evolucionárias.

56:10:19 6482 Esses valores significativos da realidade da divindade estão combinados na relação que o Pai tem com cada criatura pessoal, na forma de amor divino. Eles são coordenados no Filho, e nos seus Filhos, como misericórdia divina. Eles manifestam as suas qualidades por meio do Espírito e dos filhos espirituais como ministério divino, o retrato do amor-misericórdia para os filhos do tempo. Essas três divindades são primordialmente manifestadas pelo Ser Supremo, como sínteses do poder-personalidade. Elas são mostradas de formas variadas por Deus, o Sétuplo, em sete associações diferentes de significados divinos e de valores, em sete níveis ascendentes.

56:10:20 6483 Para o homem finito a verdade, a beleza e a bondade abrangem toda a revelação da realidade divina. À medida que esse amor-compreensão da Deidade encontra expressão espiritual, nas vidas dos mortais cientes de Deus, os frutos da divindade são alcançados: paz intelectual, progresso social, satisfação moral, alegria espiritual e sabedoria cósmica. Os mortais avançados, em um mundo na sétima etapa de luz e vida, aprenderam que o amor é a maior entre todas as coisas do universo – e sabem que Deus é amor.

56:10:21 6484 O amor é o desejo de fazer o bem aos outros.

56:10:22 6485 [Apresentado por um Mensageiro Poderoso em visita a Urântia, por solicitação do Corpo Revelador de Nebadon e em colaboração com um certo Melquisedeque, o Príncipe Planetário vice-regente de Urântia.]

56:10:23 6486 Este documento sobre a Unidade Universal é o vigésimo quinto de uma série de apresentações feitas por vários autores, os quais foram auspiciados, como um grupo, por uma comissão de personalidades de Nebadon, em número de doze, e agindo sob a direção de Mantutia Melquisedeque. Ditamos estas narrativas e as colocamos na língua inglesa, por uma técnica autorizada pelos nossos superiores, no ano de 1934 do tempo de Urântia.

DOCUMENTO 57

A ORIGEM DE URÂNTIA
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AO OFERECER, para os anais de Urântia, estes excertos dos arquivos de Jerusém a respeito dos antecedentes e da história inicial deste planeta, fomos orientados a considerar o tempo em termos de uso corrente – segundo o calendário bissexto em uso, com 365¼ dias por ano. Via de regra, não será feita nenhuma tentativa de fornecer os anos com exatidão, embora isso esteja nos registros. Usaremos os números inteiros mais próximos como o melhor método de apresentar os fatos históricos.

57:0:2 6512 Quando nos referirmos a um evento como tendo acontecido um ou dois milhões de anos atrás, temos a intenção de datar tal ocorrência com um número de anos a contar das primeiras décadas do século vinte da Era Cristã. Iremos, assim, descrever esses acontecimentos, distantes no tempo, como tendo ocorrido em períodos exatos, ou seja, em milhares, milhões e bilhões de anos.

1. A NEBULOSA DE ANDRONOVER


57:1:1 6513 Urântia tem a sua origem no vosso sol, e o vosso sol é um dos produtos múltiplos da nebulosa de Andronover, que foi outrora organizada como sendo uma parte componente do poder físico e da substância material do universo local de Nebadon. E essa grande nebulosa, por sua vez, teve sua procedência na carga-força universal do espaço, no superuniverso de Orvonton, em uma época remota, bastante remota mesmo.

57:1:2 6514 Esta narrativa inicia-se em um momento no qual os Mestres Primários Organizadores da Força do Paraíso já estavam, havia muito, com o pleno controle das energias-espaço, que mais tarde seriam organizadas para gerar a nebulosa de Andronover.

57:1:3 6515 Há 987 bilhões de anos, o organizador da força associado, o inspetor de número 811 307 da série de Orvonton, então em exercício e que vinha de Uversa, reportou aos Anciães dos Dias que as condições do espaço eram favoráveis ao começo dos fenômenos de materialização em um certo setor do então segmento oriental de Orvonton.

57:1:4 6516 Há 900 bilhões de anos, atestam os arquivos de Uversa, o Conselho de Equilíbrio de Uversa, emitiu uma permissão para o governo do superuniverso, autorizando-o a despachar um organizador de força com a sua assessoria para a região previamente designada pelo inspetor de número 811 307. As autoridades de Orvonton encarregaram o descobridor original desse universo potencial da execução do mandato dos Anciães dos Dias, que convocava a organização de uma nova criação material.

57:1:5 6521 O registro dessa autorização significa que o organizador da força e seus assessores já haviam partido de Uversa na longa jornada até aquele setor espacial, no lado leste, onde eles, subseqüentemente, dedicar-se-iam às atividades prolongadas que culminariam na emergência de uma nova criação física em Orvonton.

57:1:6 6522 Há 875 bilhões de anos, a enorme nebulosa de Andronover, de número 876 926, foi devidamente iniciada. Apenas a presença do organizador da força, e do seu pessoal de ligação, foi requisitada para desencadear o turbilhão de energia que finalmente se transformou nesse vasto ciclone de espaço. Subseqüentemente ao início dessas circunvoluções nebulares, os organizadores da força viva simplesmente se retiraram, saindo perpendicularmente ao plano do disco em circunvolução e, desse momento em diante, as qualidades inerentes da energia passaram a assegurar a evolução progressiva e ordenada desse novo sistema físico.

57:1:7 6523 Nessa época, aproximadamente, a narrativa volta-se para o funcionamento das personalidades do superuniverso. Na realidade, a história tem o seu começo de verdade nesse ponto, justamente quando os organizadores da força do Paraíso preparam-se para a retirada, tendo deixado prontas as condições da energia-espaço para a ação dos diretores de potência e dos controladores físicos do superuniverso de Orvonton.

2. O ESTÁGIO PRIMÁRIO DA NEBULOSA


57:2:1 6524 Todas as criações materiais evolucionárias nascem de nebulosas circulares e gasosas, e todas essas nebulosas primárias são circulares durante a primeira parte da sua existência gasosa. À medida que vão envelhecendo, elas geralmente adquirem a forma espiral e quando a sua função de formação solar chega ao fim, freqüentemente, elas terminam como acumulações de estrelas ou como enormes sóis cercados de um número variável de planetas, de satélites e de grupos menores de matéria, os quais, de muitos modos, se assemelham ao vosso diminuto sistema solar.

57:2:2 6525 Há 800 bilhões de anos, a criação de Andronover estava bem estabelecida como uma das magníficas nebulosas primárias de Orvonton. Quando os astrônomos de universos próximos olharam para esse fenômeno do espaço, puderam notar pouco que chamasse a sua atenção. Os cálculos estimativos da gravidade, feitos em criações adjacentes, indicaram que materializações de espaço estavam ocorrendo nas regiões de Andronover, mas isso era tudo.

57:2:3 6526 Há 700 bilhões de anos, o sistema de Andronover estava assumindo proporções gigantescas, e outros controladores físicos foram despachados para nove criações materiais circunvizinhas, a fim de propiciarem o apoio e a cooperação aos centros de potência desse novo sistema material, que estava evoluindo tão rapidamente. Nessa época longínqua, todo o material legado às criações subseqüentes estava sendo mantido dentro dos confins dessa gigantesca roda de espaço, que continuava sempre a girar e que, após alcançar o máximo do seu diâmetro, novia-se cada vez mais rapidamente enquanto continuava a condensar-se e a contrair-se.

57:2:4 6527 Há 600 bilhões de anos, foi atingido o apogeu da mobilização de energia em Andronover; a nebulosa havia adquirido a sua massa máxima. Nessa época, ela era uma nuvem circular gigantesca de gás, com um formato como o de um esferóide achatado. Esse foi o período inicial de formação da massa diferencial e da velocidade variável de circunvolução. A gravidade e as outras influências estavam para iniciar o seu trabalho de conversão dos gases do espaço em matéria organizada.

3. O ESTÁGIO SECUNDÁRIO DA NEBULOSA


57:3:1 6531 A enorme nebulosa agora começa gradualmente a assumir a forma de uma espiral e torna-se claramente visível, mesmo para os astrônomos de universos distantes. E a história natural da maioria das nebulosas é esta; antes de iniciarem o arrojamento sóis e o empreendimento do trabalho de construção de um universo, essas nebulosas espaciais secundárias em geral são vistas como fenômenos espirais.

57:3:2 6532 Quando os estudantes de astronomia, de sistemas vizinhos, naquela era longínqua, observaram essa metamorfose da nebulosa de Andronover, eles divisaram exatamente o mesmo que os astrônomos do século vinte divisam quando, estes apontaram os seus telescópios para o espaço, e vêem as nebulosas espirais da idade presente no espaço exterior adjacente.

57:3:3 6533 Por volta da época do alcance da sua massa máxima, o controle da gravidade do conteúdo gasoso começou a enfraquecer e sobreveio o estágio da fuga do gás; o gás escapava como dois braços gigantescos e distintos, tendo origem em lados opostos da massa-mãe. As rápidas revoluções desse enorme núcleo central logo conferiram uma aparência espiral a essas duas correntes de gás projetadas para fora. O resfriamento e a condensação subseqüente de partes desses braços protuberantes finalmente conferiram a eles a sua aparência nodosa. Essas partes mais densas eram vastos sistemas e subsistemas de matéria física girando no espaço em meio à nuvem gasosa da nebulosa, enquanto esta se mantinha seguramente dentro da atração da gravidade da roda-mãe.

57:3:4 6534 Contudo, a nebulosa havia começado a contrair-se, e o acréscimo da sua velocidade de rotação reduzia ainda mais o controle da gravidade. Pouco tempo depois, as regiões gasosas exteriores começaram finalmente a escapar do abraço imediato do núcleo da nebulosa, passando ao espaço em circuitos de contornos irregulares, retornando às regiões nucleares para completar os seus circuitos, e assim sucessivamente. Mas isso foi apenas um estágio temporário de progressão nebular. A velocidade de giro, sempre crescente, logo fez com que enormes sóis fossem atirados ao espaço, em circuitos independentes.

57:3:5 6535 E foi isso o que aconteceu com Andronover, em idades extremamente longínquas. A roda de energia cresceu mais e mais, até atingir a sua expansão máxima, e então, quando sobreveio a contração, ela girou cada vez mais rápido, até que, finalmente, o estágio centrífugo crítico foi alcançado e teve início a grande desagregação.

57:3:6 6536 Há 500 bilhões de anos, nasceu o primeiro sol de Andronover. Este, como um raio flamejante, desprendeu-se da atração da gravidade materna e precipitou-se no espaço, em uma aventura independente no cosmo da criação. A sua órbita ficou determinada pela sua trajetória de escape. Esses jovens sóis rapidamente tornam-se esféricos e iniciam as suas carreiras longas e cheias de acontecimentos como estrelas do espaço. Excetuando-se aqueles vindos dos núcleos nebulares terminais, a grande maioria dos sóis de Orvonton teve um nascimento análogo. Esses sóis, que escapam desse modo, passam por períodos variados de evolução e de serviço posterior no universo.

57:3:7 6537 Há 400 bilhões de anos, a nebulosa de Andronover iniciou o seu período de recaptação. Muitos dos sóis vizinhos e menores foram recapturados, como resultado do crescimento gradual e da condensação posterior do núcleo materno. Logo foi inaugurada a fase terminal da condensação nebular, período que sempre precede à desagregação final dessas imensas acumulações espaciais de energia e de matéria.

57:3:8 6541 Foi cerca de um milhão de anos depois dessa época que Michael de Nebadon, um Filho Criador do Paraíso, escolheu essa nebulosa em desintegração como local para a sua aventura de construção de um universo. Quase imediatamente, foram iniciados os mundos arquitetônicos de Salvington e os cem grupos de planetas-sede das constelações. Quase um milhão de anos foram necessários para completar esses agrupamentos de mundos especialmente criados. Os planetas-sedes dos sistemas locais foram construídos durante um período que perdurou daquela época até cerca de cinco bilhões de anos atrás.

57:3:9 6542 Há 300 bilhões de anos, os circuitos solares de Andronover achavam-se bem estabelecidos, e o sistema nebular estava passando por um período transitório de relativa estabilidade física. Nessa época, o corpo de assessores de Michael chegou a Salvington e o governo de Orvonton, em Uversa, deu reconhecimento à existência física do universo local de Nebadon.

57:3:10 6543 Há 200 bilhões de anos, presenciou-se a progressão de contrações e de condensações com enorme geração de calor no agrupamento central de Andronover, ou da massa do seu núcleo. Um espaço relativo surgiu até mesmo nas regiões próximas da roda do sol materno central. As regiões exteriores estavam ficando mais estabilizadas e mais bem organizadas; alguns planetas, girando em torno dos sóis recém-formados, haviam resfriado-se suficientemente para tornarem-se adequados à implantação da vida. Os mais antigos planetas habitados de Nebadon datam dessas épocas.

57:3:11 6544 Então, o mecanismo completo do universo de Nebadon começa a funcionar pela primeira vez, e a criação de Michael é registrada em Uversa, como um universo para ser habitado e para a ascensão mortal progressiva.

57:3:12 6545 Há 100 bilhões de anos, o ápice nebular da tensão de condensação foi atingido; o ponto de tensão máxima de aquecimento alcançado. Esse estágio crítico de contenção do aquecimento-gravidade perdura por idades, algumas vezes, porém, mais cedo ou mais tarde, o calor vence a luta com a gravidade e o período espetacular de dispersão do sol tem início. E isso marca o fim da carreira secundária de uma nebulosa do espaço.

4. OS ESTÁGIOS TERCIÁRIO E QUATERNÁRIO


57:4:1 6546 O estágio primário de uma nebulosa é circular; o secundário é espiral; o estágio terciário é o da primeira dispersão solar; enquanto o quaternário abrange o segundo e o último ciclo da dispersão solar, com o núcleo-mãe terminando como um agrupamento globular ou como um sol solitário que funciona tal qual um centro de um sistema solar terminal.

57:4:2 6547 Há 75 bilhões de anos, essa nebulosa havia alcançado o apogeu do seu estágio de família solar. Foi então o ponto culminante do primeiro período de perdas solares. A maioria desses sóis, desde então, apoderou-se de vastos sistemas de planetas, satélites, ilhas escuras, cometas, meteoros e nuvens de pó cósmico.

57:4:3 6548 Há 50 bilhões de anos, completava-se esse primeiro período de dispersão solar; a nebulosa terminava rapidamente o seu ciclo terciário de existência, durante o qual deu origem a 876 926 sistemas solares.

57:4:4 6549 Há 25 bilhões de anos, presenciou-se o completar do ciclo terciário da vida da nebulosa, o que acarretou a organização e uma relativa estabilização dos vastos sistemas estelares derivados dessa nebulosa matriz. Todavia, o processo de contração física e produção crescente de calor continuou na massa central da nebulosa remanescente.

57:4:5 6551 Há dez bilhões de anos, teve começo o ciclo quaternário de Andronover. A temperatura máxima da massa nuclear havia sido atingida; o ponto crítico de condensação aproximava-se. O núcleo materno original encontrava-se em convulsões, sob a pressão combinada da sua própria tensão de condensação de calor interno e da atração crescente da maré gravitacional do enxame de sistemas de sóis liberados. As erupções nucleares que estavam para inaugurar o segundo ciclo solar da nebulosa eram iminentes. O ciclo quaternário da existência nebular estava para começar.

57:4:6 6552 Há oito bilhões de anos, uma imensa erupção terminal teve início. Apenas os sistemas exteriores ficaram a salvo no momento de um tal cataclismo cósmico. E esse foi o começo do fim da nebulosa. Por um período de quase dois bilhões de anos estendeu-se a fase final de emissão de sóis.

57:4:7 6553 Há sete bilhões de anos, presenciou-se o ponto máximo da desagregação terminal de Andronover. Esse foi o período do nascimento de sóis terminais maiores e do ápice das perturbações físicas locais.

57:4:8 6554 Há seis bilhões de anos, ficaram assinalados o fim da desagregação terminal e o nascimento do vosso sol, o qüinquagésimo sexto antes do último sol da segunda família solar de Andronover. Essa erupção final do núcleo nebular deu nascimento a 136 702 sóis, a maioria dos quais é de globos solitários. O número total de sóis e de sistemas solares a se originarem da nebulosa de Andronover foi de 1 013 628. O número do sol do vosso sistema solar é 1 013 572.

57:4:9 6555 Na época atual, a grande nebulosa de Andronover já não existe mais, mas está presente nos muitos sóis e nas suas famílias planetárias que se originaram daquela nuvem-mãe do espaço. O remanescente nuclear final daquela nebulosa magnífica ainda arde com um brilho avermelhado e continua a emitir luz e calor moderados para as suas famílias planetárias remanescentes de cento e sessenta e cinco mundos, os quais agora giram em torno dessa mãe venerável de duas gerações poderosas de monarcas de luz.

5. ORIGEM DE MONMATIA – O SISTEMA SOLAR DE URÂNTIA


57:5:1 6556 Há cinco bilhões de anos, o vosso sol era um globo em chamas, relativamente isolado, tendo atraído para si a maior parte da matéria que circulava na sua proximidade no espaço, resíduos do cataclismo recente que lhe havia dado origem.

57:5:2 6557 Hoje, o vosso sol alcançou uma estabilidade relativa, mas os seus ciclos de onze anos e meio de manchas solares comprovam que foi uma estrela variável na sua juventude. Durante os tempos primitivos do vosso sol, as contrações continuadas e o aumento gradual conseqüente da temperatura deram início a convulsões tremendas na sua superfície. Tais alterações, de proporções titânicas, necessitaram de três dias e meio para completar um ciclo de brilho variável. Esse estado variável, essa pulsação periódica, tornou o vosso sol altamente sensível a certas influências exteriores, as quais ele iria em breve enfrentar.

57:5:3 6558 Assim, ficou estabelecido o cenário do espaço local, para a origem singular de Monmatia, sendo este o nome da família planetária do vosso sol, o sistema solar ao qual o vosso mundo pertence. Menos de um por cento dos sistemas planetários de Orvonton teve uma origem similar.

57:5:4 6559 Há quatro bilhões e meio de anos, o enorme sistema de Angona começou a aproximar-se da vizinhança do vosso sol, então solitário. O centro daquele grande sistema era um gigante escuro de espaço, sólido, altamente carregado e possuindo uma tremenda força de atração gravitacional.

57:5:5 6561 À medida que Angona se aproximava mais do vosso sol, em momentos de expansão máxima, e durante as pulsações solares, correntes de material gasoso eram atiradas no espaço, como línguas solares gigantescas. Inicialmente, essas línguas flamejantes de gás invariavelmente caíam de volta no sol, mas, no momento em que Angona se aproximava mais e mais, a atração da gravidade do gigantesco visitante tornou-se tão intensa que essas línguas de gás quebravam-se em certos pontos, e as suas raízes caíam novamente no sol, enquanto as partes mais externas destacavam-se, formando corpos independentes de matéria, de meteoritos solares, que imediatamente começaram a girar em volta do sol, em suas órbitas elípticas próprias.

57:5:6 6562 E à medida que o sistema de Angona se aproximava, as extrusões solares tornavam-se cada vez maiores; mais e mais matéria era retirada do sol e transformava-se em corpos circulantes, independentes, no espaço circunvizinho. Esse estado desenvolveu-se por cerca de quinhentos mil anos, até que Angona aproximou-se ao máximo do sol. Depois dessa aproximação, o sol, em conjunção com uma das suas periódicas convulsões internas, experimentou uma quebra parcial; e enormes volumes de matéria desprenderam-se simultaneamente de lados opostos dele. Do lado de Angona, foi sendo atraída uma vasta coluna de gases solares, pontiaguda em ambas as extremidades e com um bulbo protuberante no centro, que se destacou permanentemente do controle imediato da gravidade do sol.

57:5:7 6563 Essa grande coluna de gases solares, que assim separou-se do sol, posteriormente converteu-se nos doze planetas do sistema solar. Os gases ejetados, por repercussão, do lado oposto do sol, devido à maré, que correspondeu à extrusão desse ancestral gigantesco do sistema solar, desde então se condensaram em meteoros e em poeira do espaço, no sistema solar, se bem que uma grande parte dessa matéria tivesse sido recapturada posteriormente por gravidade solar, à medida que o sistema de Angona foi afastando-se no espaço remoto.

57:5:8 6564 Embora tenha conseguido êxito em extrair do sol o material ancestral dos planetas do sistema solar e o enorme volume de matéria que agora circula em volta do sol, como asteróides e meteoros, o sistema de Angona não assegurou, para si mesmo, nada dessa matéria solar. O sistema visitante não chegou perto o bastante para roubar de fato nada da substância do sol, mas aproximou-se o suficiente para atrair para o espaço intermediário todo o material que compreende o atual sistema solar.

57:5:9 6565 Os cinco planetas internos e os cinco planetas mais externos logo se formaram, ainda em tamanho reduzido, da matéria resfriada e dos núcleos condensados nas extremidades de massa menor e mais afilada, do gigantesco bulbo provocado pela gravidade, que Angona conseguiu destacar do sol, enquanto Saturno e Júpiter formaram-se das partes centrais e de maior massa do bulbo. A poderosa atração da gravidade de Júpiter e de Saturno logo captou a maior parte do material roubado de Angona, o que é testemunhado pelo movimento retrógrado de alguns dos seus satélites.

57:5:10 6566 Júpiter e Saturno, que são derivados do centro mesmo da enorme coluna de gases solares superaquecidos, continham tanto material solar altamente aquecido que brilharam com uma luz reluzente e emitiram enormes volumes de calor; eles foram, na realidade, sóis secundários, durante um curto período posterior às suas formações, como corpos separados no espaço. Esses dois planetas maiores do sistema solar permaneceram altamente gasosos até os dias atuais, não se tendo ainda resfriado até o ponto da completa condensação ou solidificação.

57:5:11 6567 Os núcleos de contração de gás dos outros dez planetas logo atingiram o estágio de solidificação e, assim, começaram a atrair para si próprios quantidades cada vez maiores da matéria meteórica que circulava no espaço vizinho. Os mundos desse sistema solar, desse modo, tiveram uma dupla origem: núcleos de condensação de gás, mais tarde aumentados pela captação de quantidades enormes de meteoros. De fato, ainda continuam a captar meteoros, mas em quantidade bem mais reduzida.

57:5:12 6571 Os planetas não giram em torno do sol no plano equatorial da sua mãe solar, o que fariam se houvessem sido expelidos na rotação do sol. Na verdade, eles circulam no plano da extrusão solar de Angona, que formava um ângulo considerável com o plano do equador do sol.

57:5:13 6572 Embora Angona tivesse sido incapaz de captar qualquer coisa da massa solar, o vosso sol acrescentou à sua família planetária, em metamorfose, uma parte da matéria do sistema visitante que circulava no espaço. Devido ao intenso campo gravitacional de Angona, a sua família planetária tributária mantinha órbitas a distâncias consideráveis do gigante escuro; e pouco depois da extrusão da massa ancestral do sistema solar, enquanto Angona ainda estava na vizinhança do sol, três dos planetas maiores do sistema de Angona giravam tão próximos do maciço ancestral do sistema solar, que a sua atração gravitacional, aumentada pela do sol, foi suficiente para contrabalançar a atração da gravidade de Angona e para destacar permanentemente esses três tributários do visitante celeste.

57:5:14 6573 Todo o material do sistema solar derivado do sol estava dotado de uma direção homogênea de giro orbital e, não fora pela intrusão desses três corpos espaciais estrangeiros, todo esse material do sistema solar estaria ainda mantendo a mesma direção de movimento orbital. O que aconteceu foi que o impacto dos três tributários de Angona injetou novas forças direcionais exteriores ao sistema solar emergente, com o resultante aparecimento de um movimento retrógrado. Um movimento retrógrado, em qualquer sistema astronômico, é sempre acidental e surge sempre como resultado do impacto de colisão com corpos espaciais vindos de fora. Tais colisões podem nem sempre produzir o movimento retrógrado, mas nenhum movimento retrógrado jamais aparece, a não ser em um sistema que contenha massas de origens diversas.

6. O ESTÁGIO DO SISTEMA SOLAR – A ERA DE FORMAÇÃO DO PLANETA


57:6:1 6574 Depois do nascimento do sistema solar, seguiu-se um período de diminuição do derrame solar. Decrescentemente, durante outros quinhentos mil anos, o sol continuou a derramar volumes sempre mais reduzidos de matéria no espaço adjacente. Mas, durante essas etapas primordiais de órbitas erráticas, quando os corpos circundantes aproximaram-se ao máximo do sol, o sol-mãe foi capaz de recapturar uma grande porção desse material meteórico.

57:6:2 6575 Os planetas mais próximos do sol foram os primeiros a ter as suas rotações desaceleradas pela fricção devida ao efeito maré-da-gravidade. Essas influências gravitacionais contribuem também para a estabilização das órbitas planetárias, pois atuam como um freio sobre a velocidade de rotação em torno do eixo planetário, levando um planeta a girar sempre mais devagar, até que essa rotação axial cesse, deixando um hemisfério do planeta sempre voltado para o sol ou para o corpo maior, como é ilustrado pelo planeta Mercúrio e pela Lua, que sempre giram com a mesma face voltada para Urântia.

57:6:3 6576 Quando as fricções do tipo maré, tornarem-se uniformizadas na Terra e na Lua, a Terra irá sempre voltar o mesmo hemisfério para a Lua e o dia e o mês serão análogos – com uma duração em torno de 47 dias. Ao atingir essa estabilidade de órbitas, as fricções do tipo maré reverterão a sua ação, não mais tendendo a afastar a Lua da Terra, mas gradualmente atraindo o satélite na direção do planeta. E então, naquele futuro distante, quando a Lua chegar à distância de cerca de dezoito mil quilômetros da Terra, a ação da gravidade desta última provocará um colapso da Lua, pois uma explosão causada pela maré-da-gravidade levará a Lua a despedaçar-se em pequenas partículas, que poderão reunir-se em torno do mundo, como anéis de matéria, semelhantes aos de Saturno, ou então, talvez, caindo gradualmente na Terra, como meteoros.

57:6:4 6581 Se os corpos espaciais tiverem tamanhos e densidades semelhantes, poderão ocorrer colisões. Contudo, se dois corpos espaciais de densidades semelhantes forem relativamente desiguais em tamanho, e o menor aproximar-se progressivamente do maior, a ruptura do corpo menor ocorrerá quando o raio da sua órbita tornar-se duas vezes e meia menor que o raio do corpo maior. As colisões entre os gigantes do espaço, na verdade, são raras; contudo as explosões de corpos menores causadas pela maré-da-gravidade são muito comuns.

57:6:5 6582 As estrelas cadentes ocorrem em enxames, porque elas são os fragmentos de corpos maiores de matéria deslocados pela maré-da-gravidade exercida por corpos circunvizinhos ainda maiores. Os anéis de Saturno são os fragmentos de um satélite pulverizado. Uma das luas de Júpiter, no presente, está aproximando-se perigosamente da zona crítica de fraturamento, por causa do efeito da maré, e, dentro de uns poucos milhões de anos, ou será absorvida pelo planeta, ou será submetida aos efeitos fragmentadores da maré-da-gravidade. O quinto planeta do sistema solar, em um tempo muito remoto, viajava em uma órbita irregular, periodicamente aproximando-se mais e mais de Júpiter, até que entrou na zona crítica de fragmentação, por causa da maré-da-gravidade, e foi fragmentado, rapidamente, convertendo-se no atual cinturão de asteróides.

57:6:6 6583 Há quatro bilhões de anos, presenciou-se a organização dos sistemas de Júpiter e de Saturno, quase como são observados hoje, à exceção das suas luas, que continuaram a ter o seu tamanho aumentado durante vários bilhões de anos. De fato, todos os planetas e satélites desse sistema solar estão ainda crescendo, por causa de uma contínua captação de meteoros.

57:6:7 6584 Há três bilhões e meio de anos, os núcleos de condensação dos outros dez planetas estavam bem formados, e os núcleos da maioria das luas estavam intactos, embora alguns dos satélites menores se hajam unido, mais tarde, para formar as luas atuais maiores. Essa idade pode ser considerada a era da formação planetária.

57:6:8 6585 Há três bilhões de anos, o sistema solar estava funcionando quase como o faz hoje. Os seus membros continuavam a aumentar em tamanho, à medida que, em um ritmo prodigioso, os meteoros do espaço afluíam aos planetas e aos seus satélites.

57:6:9 6586 Por volta dessa época, o vosso sistema solar estava colocado no registro físico de Nebadon e tinha já o seu nome, Monmatia.

57:6:10 6587 Há dois bilhões e meio de anos, os planetas haviam aumentado imensamente o seu tamanho. Urântia era uma esfera bem desenvolvida, com cerca de um décimo da sua massa atual e estava ainda crescendo rapidamente por absorção de meteoros.

57:6:11 6588 Toda essa tremenda atividade é uma parte normal da edificação de um mundo evolucionário da ordem de Urântia e constitui a parte preliminar astronômica para o estabelecimento do cenário que é o começo da evolução física dos mundos do espaço, na preparação para as aventuras da vida no tempo.

7. A ERA METEÓRICA – A ERA VULCÂNICA – A ATMOSFERA PLANETÁRIA PRIMITIVA


57:7:1 6589 Durante esses tempos primitivos, as regiões do espaço do sistema solar estavam repletas de corpos diminutos, de fragmentações e condensação, e, na ausência de uma atmosfera protetora de combustão, esses corpos do espaço colidiam diretamente com a superfície de Urântia. Tais impactos incessantes mantinham a superfície do planeta mais ou menos aquecida, e isso, junto com a ação crescente da gravidade, à medida que a esfera ficava maior, começou a colocar em operação aquelas influências que gradualmente levaram os elementos mais pesados, como o ferro, a acumularem-se mais e mais no centro do planeta.

57:7:2 6591 Há dois bilhões de anos, a Terra, decididamente, começou a avantajar-se em relação à Lua. O planeta sempre tinha sido maior do que o seu satélite, mas não havia tanta diferença entre os seus tamanhos até por volta dessa época, quando enormes corpos espaciais foram captados pela Terra. Urântia, então, tinha um quinto do seu tamanho atual e tornava-se grande o suficiente para manter a atmosfera primitiva que havia começado a surgir, como resultado do confronto elementar entre o interior aquecido e a crosta exterior que se resfriava.

57:7:3 6592 A atividade vulcânica definida data desses tempos. O calor interno da Terra continuava a aumentar pelo mergulho cada vez mais fundo dos elementos radioativos, ou mais pesados, trazidos do espaço pelos meteoros. O estudo desses elementos radioativos revelará que Urântia, na sua superfície, tem mais de um bilhão de anos de idade. O relógio radioativo é o vosso indicador temporal mais confiável para obter as estimativas científicas da idade do planeta, mas todos esses cálculos resultam por demais superficiais, porque os materiais radioativos, disponíveis para a vossa pesquisa, derivam completamente da superfície terrestre e, portanto, representam aquisições relativamente recentes desses elementos por parte de Urântia .

57:7:4 6593 Há um bilhão e meio de anos, a Terra possuía dois terços do seu tamanho atual, enquanto a Lua estava próxima da massa que hoje apresenta. Se comparado ao da Lua, o rápido aumento da Terra, em tamanho, capacitou-a a começar a roubar aos poucos a escassa atmosfera que o seu satélite possuía originalmente.

57:7:5 6594 A ação vulcânica nesse período atinge o seu apogeu. Toda a Terra, então, é um verdadeiro inferno de fogo; a superfície assemelha-se ao seu estado de fusão anterior, antes que os metais mais pesados tivessem ido para o centro por força da gravidade. Essa é a idade vulcânica. Contudo, uma crosta constituída principalmente de granito, relativamente mais leve, forma-se aos poucos. O cenário vai sendo estabelecido para que o planeta possa um dia sustentar a vida.

57:7:6 6595 A atmosfera primitiva do planeta evolui vagarosamente, agora contendo um pouco de vapor de água, monóxido de carbono, dióxido de carbono e cloreto de hidrogênio; mas com pouco ou nenhum nitrogênio e oxigênio livres. A atmosfera de um mundo na idade vulcânica apresenta um espetáculo estranho. Além dos gases acima mencionados, ela é pesadamente carregada pelos numerosos gases vulcânicos, e, à medida que o cinturão de ar amadurece, também é carregada pelos produtos da combustão de pesadas chuvas meteóricas que constantemente se abatem sobre a superfície do planeta. Essa combustão meteórica mantém o oxigênio atmosférico em um nível de quase exaustão e o bombardeamento meteórico ainda é tremendo.

57:7:7 6596 Com o tempo, a atmosfera tornou-se mais estabilizada e resfriada o suficiente para dar início à precipitação de chuva sobre a superfície rochosa quente do planeta. Durante milhares de anos, Urântia permaneceu envolvida por uma imensa e contínua camada de vapor. E nessas idades, o sol nunca brilhou sobre a superfície da Terra.

57:7:8 6597 Uma grande parte do carbono da atmosfera consistiu no substrato para formar os carbonatos dos vários metais que abundavam nas camadas superficiais do planeta. Mais tarde, quantidades maiores desses gases carbônicos foram consumidos pela vida vegetal primitiva que proliferava.

57:7:9 6601 Os fluxos contínuos de lava e os meteoros que caíam, mesmo nos períodos ulteriores, esgotavam quase completamente o oxigênio do ar. E, inclusive, os primeiros depósitos dos oceanos primitivos, logo depois de surgidos não continham nenhuma pedra colorida, nem xistos. Durante um longo tempo após o surgimento do oceano não havia virtualmente nada de oxigênio livre na atmosfera; e não surgiu em quantidades significativas até ter sido mais tarde gerado pelas algas marinhas e outras formas de vida vegetal.

57:7:10 6602 A atmosfera planetária primitiva da idade vulcânica oferece pouca proteção contra os impactos por colisão dos enxames meteóricos. Milhões e milhões de meteoros são capazes de penetrar nesse cinturão de ar, esmagando-se contra a crosta do planeta como corpos sólidos. À medida que passa o tempo, porém, um número cada vez menor de meteoros revela-se de tamanho suficiente para resistir ao escudo de fricção, cada vez mais forte, da atmosfera sempre mais rica em oxigênio nessas eras mais recentes.

8. A ESTABILIZAÇÃO DA CROSTA TERRESTRE


57:8:1 6603 Há um bilhão de anos, deu-se o começo efetivo da história de Urântia. O planeta havia atingido aproximadamente o seu tamanho atual. E, por volta dessa época, foi colocado nos registros físicos de Nebadon e lhe foi dado o seu nome: Urântia.

57:8:2 6604 A atmosfera, junto com uma contínua precipitação de umidade, facilitava o resfriamento da crosta terrestre. A ação vulcânica logo equalizou a pressão do calor interno e a contração da crosta; e, quando a atividade vulcânica decresceu rapidamente, os terremotos surgiram, enquanto isso progredia o período de resfriamento e de ajustamento da crosta.

57:8:3 6605 A história geológica efetiva de Urântia começa quando a crosta terrestre se resfria suficientemente para permitir a formação do primeiro oceano. A condensação do vapor de água na superfície em resfriamento da Terra, uma vez iniciada, continuou virtualmente até completar-se. Ao fim desse período, o oceano recobria todo o planeta com uma profundidade média de quase dois quilômetros. As marés movimentavam-se então quase como o que se observa atualmente, mas esse oceano primitivo não era salgado; praticamente consistia numa cobertura de água doce por todo o mundo. Naqueles dias, a maior parte do cloro estava combinada com vários metais, mas havia o suficiente, em combinação com o hidrogênio, para tornar essa água levemente ácida.

57:8:4 6606 No princípio dessa era longínqua, Urântia deve ser vista como um planeta coberto de água. Mais tarde, fluxos de lava mais profundos e, portanto, mais densos afloraram do fundo do que é o oceano Pacífico atual, e essa parte da superfície coberta de água tornou-se uma depressão considerável. A primeira massa de terra continental emergiu do oceano mundial em um ajuste que restabelecia o equilíbrio da crosta terrestre, a qual se tornava gradativamente mais espessa.

57:8:5 6607 Há 950 milhões de anos, Urântia apresenta o quadro de um grande continente de terra, cercado por uma vasta extensão de água, o oceano Pacífico. Os vulcões ainda são numerosos e os terremotos tão freqüentes quanto graves. Os meteoros continuam a bombardear a Terra, mas vão diminuindo, quanto à freqüência e tamanho. A atmosfera se limpa, mas a quantidade de dióxido de carbono continua elevada. A crosta terrestre estabiliza-se gradativamente.

57:8:6 6608 Por volta dessa época Urântia foi designada para o sistema de Satânia, quanto à administração planetária, tendo sido colocada no registro de vida de Norlatiadeque. Então começou o reconhecimento administrativo da pequena e insignificante esfera, destinada a ser o planeta no qual, subseqüentemente Michael engajar-se-ia no empreendimento estupendo da auto-outorga mortal, participando das experiências que levaram Urântia a tornar-se localmente conhecida desde então como o "mundo da cruz".

57:8:7 6611 Há 900 milhões de anos Urântia presenciou a chegada do primeiro grupo de exploração de Satânia, enviado de Jerusém, para examinar o planeta e elaborar um relatório sobre a sua adaptabilidade de transformar-se numa estação de vida experimental. Essa comissão constituída de vinte e quatro membros, abrangia Portadores da Vida, Filhos Lanonandeques, Filhos Melquisedeques, serafins e outras ordens de vida celeste, vinculadas à organização e administração inicial dos planetas.

57:8:8 6612 Após efetuar uma pesquisa cuidadosa no planeta, essa comissão retornou a Jerusém e apresentou um relatório favorável ao Soberano do Sistema, recomendando que Urântia fosse colocada no registro de vida experimental. O vosso mundo foi, desse modo, registrado em Jerusém como um planeta decimal, e os Portadores da Vida foram notificados de que lhes seria dada a permissão para instituir novos modelos de mobilização mecânica, química e elétrica, assim que, em um momento subseqüente, eles chegassem com os mandatos de transplantação e implantação da vida.

57:8:9 6613 No tempo devido, as medidas para a ocupação planetária foram tomadas pela comissão mista dos doze de Jerusém e aprovadas pela comissão planetária dos setenta de Edêntia. Esses planos, propostos pelos conselheiros assessores dos Portadores da Vida, finalmente foram aceitos em Salvington. Logo depois, as teledifusões de Nebadon divulgaram o anúncio de que Urântia tornar-se-ia um cenário onde os Portadores da Vida iriam executar o seu sexagésimo experimento em Satânia, destinado a ampliar e a melhorar o tipo Satânia de modelos de vida de Nebadon.

57:8:10 6614 Pouco tempo depois de Urântia haver sido reconhecida pela primeira vez por intermédio das transmissões universais a todo Nebadon, foi-lhe conferido o status pleno de aceitação no universo. Logo depois, foi registrada nos arquivos dos planetas-sedes do setor menor e do setor maior do superuniverso; e, antes que essa idade terminasse, Urântia havia entrado no registro da vida planetária em Uversa.

57:8:11 6615 Toda essa idade ficou caracterizada por tempestades freqüentes e violentas. A crosta inicial da Terra estava em um estado de fluência contínua. O resfriamento superficial alternava-se com imensos fluxos de lava. Em nenhum lugar podia ser encontrado, superficialmente, nada que fosse da crosta original do planeta. Tudo estava sendo misturado, muitas vezes, às lavas de origens profundas em extrusão e de novo juntado aos depósitos subseqüentes do oceano primitivo, que abrangia todo o mundo.

57:8:12 6616 Em nenhum lugar, na superfície do mundo, serão encontradas mais das remanescentes modificadas dessas antigas rochas pré-oceânicas, do que no nordeste do Canadá, perto da baía de Hudson. Aquela extensa elevação granítica é composta de pedra que pertence às idades pré-oceânicas. As suas camadas de rocha foram aquecidas, dobradas, torcidas e, de novo recurvadas e, ainda uma vez mais, se submetendo a todas essas experiências metamórficas de deformação.

57:8:13 6617 Ao longo das idades oceânicas, depositaram-se enormes camadas de pedra estratificada, livre de fossilizações, sobre esse antiqüíssimo fundo de oceano (a pedra calcária pode formar-se como resultado de uma precipitação química; nem todo o calcário mais antigo foi produzido por depósito de vida marinha). Em nenhuma dessas antigas formações rochosas serão encontradas evidências de vida; elas não contêm fósseis, a não ser que, por acaso, depósitos mais recentes, da idade das águas, se hajam misturado a essas camadas mais antigas, anteriores à vida.

57:8:14 6621 A crosta inicial da Terra era altamente instável, mas as montanhas não estavam em processo de formação. O planeta contraiu-se sob a pressão da gravidade enquanto se formava. As montanhas não são o resultado do colapso da crosta em resfriamento, em uma esfera em contração; elas surgem mais tarde, como resultado da ação da chuva, da gravidade e da erosão.

57:8:15 6622 A massa continental terrestre dessa era foi aumentando, até que cobriu quase dez por cento da superfície da Terra. Os terremotos graves só tiveram início depois que a massa continental de terra emergiu até bem acima do nível da água. Uma vez iniciados, eles aumentaram em freqüência e severidade, por idades sucessivas. Durante milhões e milhões de anos, os terremotos foram diminuindo, mas Urântia ainda apresenta uma média de quinze tremores por dia.

57:8:16 6623 Há 850 milhões de anos, teve início a primeira época de estabilização real da crosta da Terra. A maior parte dos metais mais pesados se havia assentado na direção do centro do globo; a crosta em resfriamento havia deixado de recalcar-se em uma escala tão extensa quanto nas idades anteriores. Ficou estabelecido um melhor equilíbrio entre a extrusão de terra e o leito mais pesado do oceano. O fluxo do leito de lava sob a camada da crosta tomou quase uma dimensão mundial, e isso compensou e estabilizou as flutuações causadas ao resfriamento, contração e deslizamentos superficiais.

57:8:17 6624 A freqüência e a severidade das erupções vulcânicas e dos terremotos continuaram a diminuir. A atmosfera estava limpando-se dos gases vulcânicos e do vapor de água, mas a porcentagem de dióxido de carbono ainda era alta.

57:8:18 6625 As perturbações elétricas no ar e na terra também diminuíam. Os fluxos de lava haviam trazido à superfície uma mistura de elementos que diversificavam a crosta e isolavam melhor o planeta, de algumas das energias do espaço. E tudo isso foi muito útil para facilitar o controle da energia terrestre e estabilizar o seu fluxo, o que é revelado pelo funcionamento dos pólos magnéticos.

57:8:19 6626 Há 800 milhões de anos, presenciou-se a inauguração da primeira grande época do solo firme, a idade da emergência crescente dos continentes.

57:8:20 6627 Desde a condensação da hidrosfera terrestre, inicialmente em um oceano mundial e subseqüentemente no oceano Pacífico, deve-se ter em conta que este último corpo de água então cobria nove décimos da superfície da Terra. Os meteoros, caindo no mar, acumularam-se no fundo dos oceanos; e, de um modo geral, os meteoros são compostos de materiais pesados. Aqueles que caíam em terra eram, em boa medida, oxidados e subseqüentemente desgastados pela erosão e, ainda, arrastados como aluviões até as bacias do oceano. Assim, o fundo do oceano tornou-se cada vez mais pesado e, acrescentado a isso havia o peso de um corpo de água de cerca de quinze quilômetros de profundidade, em alguns pontos.

57:8:21 6628 O crescente peso do oceano Pacífico continuou a agir no sentido de levantar a massa continental de Terra. A Europa e a África começaram a emergir das profundezas do Pacífico e, concomitantemente, também emergiram aquelas massas atualmente chamadas de Austrália, América do Norte e do Sul, e o continente da Antártida; enquanto o leito do oceano Pacífico iniciou mais um afundamento compensatório. Ao fim desse período, quase um terço da superfície do planeta consistia em terras, todas em um único corpo continental.

57:8:22 6629 Com esse aumento na elevação das terras, apareceram as primeiras diferenças climáticas no planeta. A elevação das terras, as nuvens cósmicas e as influências oceânicas foram as causadoras principais das flutuações climáticas. A espinha dorsal da massa de terra asiática alcançou uma altitude de quase quinze mil metros, na época da emergência máxima das terras. Tivesse havido muita umidade no ar, flutuando sobre essas regiões sumamente elevadas, e enormes capas de gelo ter-se-iam formado; a idade do gelo teria chegado muito antes. Centenas de milhões de anos se passariam antes que tanta terra de novo surgisse acima da água.

57:8:23 6631 Há 750 milhões de anos, surgiram as primeiras fendas na massa de terra continental, como a grande fenda separando o norte e o sul, a qual mais tarde foi preenchida pelas águas do oceano e preparou o caminho para o movimento no sentido oeste dos continentes da América do Norte, inclusive a Groenlândia e da América do Sul. A longa falha leste-oeste separou a África da Europa, distanciando do continente asiático as massas de terra da Austrália, das ilhas do Pacífico, e da Antártida.

57:8:24 6632 Há 700 milhões de anos, Urântia estava aproximando-se da maturidade em termos de condições necessárias à manutenção da vida. Os movimentos dos continentes continuavam; o oceano penetrava cada vez mais nas terras, formando longos dedos de mar e criando aquelas águas rasas e abrigadas, das baías, que são tão adequadas como habitat da vida marinha.

57:8:25 6633 Há 650 milhões de anos, presenciou-se mais uma separação das massas terrestres e, como conseqüência, mais uma expansão dos mares continentais. E essas águas estavam rapidamente atingindo aquele grau de salinidade essencial à vida de Urântia.

57:8:26 6634 Esses mares e os seus sucessores estabeleceram os registros de vida em Urântia, como foi subseqüentemente descoberto em páginas de pedra bem conservadas, volume sobre volume, à medida que uma era sucedeu à outra era, e uma idade à outra idade. Na realidade esses mares internos das épocas remotas foram os berços da evolução.

57:8:27 6635 [Apresentado por um Portador da Vida, membro do Corpo original de Urântia e, atualmente, observador residente.]

DOCUMENTO 58

O ESTABELECIMENTO DA VIDA EM URÂNTIA
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Em todo o Satânia, há apenas sessenta e um mundos semelhantes a Urântia, planetas de modificação da vida. Os mundos habitados, na sua maioria, são povoados de acordo com técnicas estabelecidas; e, em tais esferas, os Portadores da Vida têm pouca liberdade para fazer variar os seus planos de implantação da vida. Todavia, um mundo, entre dez, é designado como planeta decimal, e destinado ao registro especial dos Portadores da Vida; e, nesses planetas, é-nós permitido efetuar certos experimentos de vida, em um esforço para modificar ou possivelmente aperfeiçoar o padrão dos tipos de seres vivos no universo.

1. OS PRÉ-REQUISITOS PARA A VIDA FÍSICA


58:1:1 6642 Há 600 milhões de anos, a comissão de Portadores da Vida, enviada de Jerusém, chegou em Urântia e começou o estudo das condições físicas preparatórias, para dar início à vida no mundo de número 606, do sistema de Satânia. Essa seria a nossa sescentésima sexta experiência de iniciação da vida nos padrões de Nebadon, em Satânia, e a nossa sexagésima oportunidade de efetuar alterações e de instituir modificações no projeto básico e padrão da vida do universo local.

58:1:2 6643 Deve ficar claro que os Portadores da Vida não podem iniciar a vida até que uma esfera esteja madura para a inauguração do ciclo evolucionário. E também não podemos promover um desenvolvimento mais rápido da vida do que aquele que pode ser suportado e acomodado pelo progresso físico do planeta.

58:1:3 6644 Os Portadores da Vida de Satânia haviam projetado um padrão de vida fundado no cloreto de sódio; e, portanto, nenhum passo poderia ser dado, no sentido de plantar essa vida, antes que as águas dos oceanos se houvessem tornado suficientemente salgadas. O tipo urantiano de protoplasma pode funcionar apenas em uma solução salina adequada. Toda a vida ancestral – vegetal e animal – evoluiu em um habitat com essa solução salina. E mesmo os animais terrestres mais altamente organizados não poderiam continuar a viver, se essa mesma solução salina essencial não circulasse nos seus corpos, na corrente sangüínea, que livremente banha e que literalmente submerge cada pequena célula viva nessa “profundidade marinha salgada”.

58:1:4 6645 Os vossos ancestrais primitivos circulavam livremente no oceano salgado; hoje, essa mesma solução salina oceânica circula livremente nos vossos corpos, banhando cada célula individual com um líquido químico comparável, em essência, à água salgada que estimulou as primeiras reações protoplasmáticas das primeiras células que funcionaram com vida no planeta.

58:1:5 6646 Contudo, quando essa idade tem início, Urântia está, em todos os sentidos, evoluindo para um estado favorável à sobrevivência das formas iniciais de vida marinha. De modo seguro e vagarosamente, os desenvolvimentos físicos na Terra e nas regiões espaciais adjacentes preparam o cenário para as futuras tentativas de implantar formas de vida tais que, conforme havíamos decidido, seriam as mais adaptáveis ao ambiente físico que despontava – tanto terrestre, quanto aéreo.

58:1:6 6651 Subseqüentemente, a comissão de Portadores da Vida de Satânia retornou a Jerusém, preferindo esperar a posterior quebra da massa continental de terra, o que proporcionaria um número ainda maior de mares avançando terra adentro e de baías abrigadas, antes de começarem de fato a implantação da vida.

58:1:7 6652 Num planeta em que a vida tem uma origem marinha, as condições ideais para a implantação da vida são providas por um grande número de braços de mares, por linhas extensas de praias de águas rasas, cheias de baías abrigadas; e essa distribuição das águas na Terra era, exatamente, a que se estava desenvolvendo com rapidez. Esses antigos mares interiores raramente excediam a profundidade de cento e cinqüenta a duzentos metros; e a luz do sol pode penetrar na água do oceano por mais de duzentos metros.

58:1:8 6653 E foi a partir dessas baías de climas amenos e regulares, de uma idade posterior, que a vida vegetal primitiva encontrou o seu caminho para a terra. Ali, o alto grau de carbono da atmosfera proporcionou às novas variedades de vida terrestre a oportunidade para um crescimento rápido e luxuriante. Embora essa atmosfera fosse, então, a ideal para o crescimento das plantas, continha um grau tão alto de dióxido de carbono que nenhum animal, e o homem menos ainda, poderia ter vivido na face da Terra.

2. A ATMOSFERA DE URÂNTIA


58:2:1 6654 A atmosfera planetária filtra para a Terra cerca de dois bilionésimos da luz total emanada do sol. Se a luz que cai sobre a América do Norte fosse taxada, a uma tarifa de dois centavos por quilowatt-hora, a conta de luz anual subiria a 800 quatrilhões de dólares. A conta de Chicago, da luz do sol, chegaria à soma considerável de mais de 100 milhões de dólares por dia. E deveria ser lembrado que vós recebeis do sol outras formas de energia – a luz não é a única contribuição solar que alcança a vossa atmosfera. Muitas energias solares derramam-se sobre Urântia, abrangendo comprimentos de ondas tanto acima quanto abaixo do alcance de reconhecimento da visão humana.

58:2:2 6655 A atmosfera da Terra é quase opaca para muitas das radiações solares no extremo ultravioleta do espectro. A maioria dessas ondas de comprimentos curtos é absorvida por uma camada de ozônio que existe até um nível de dezesseis quilômetros acima da superfície da Terra, e que se estende por mais outros dezesseis quilômetros no espaço. O ozônio que permeia essa região, nas condições que prevalecem na superfície da Terra, formaria uma camada de apenas dois milímetros e meio de espessura; essa quantidade relativamente pequena, e aparentemente insignificante, de ozônio, contudo, protege os habitantes de Urântia dos excessos das radiações ultravioletas, perigosas e destrutivas, presentes na luz do sol. Todavia, se essa camada de ozônio fosse ligeiramente mais espessa, vós estaríeis sendo privados dos raios ultravioleta, altamente importantes e provedores de saúde, que agora alcançam a superfície da Terra e que são os ancestrais de uma das vossas vitaminas mais essenciais.

58:2:3 6656 E, ainda assim, alguns dos menos imaginativos entre os vossos mecanicistas mortais insistem em ver a criação material e a evolução humana como um acaso. Os seres intermediários de Urântia reuniram cerca de cinqüenta mil fatos da física e da química que eles julgam ser incompatíveis com as leis das probabilidades do acaso, os quais, segundo eles defendem, demonstram inequivocamente a presença de propósito inteligente na criação material. E tudo isso não leva em conta o seu catálogo das mais de cem mil descobertas fora do domínio da física e da química, que eles sustentam serem uma prova da presença da mente no planejamento, na criação e na manutenção do cosmo material.

58:2:4 6661 O vosso sol derrama um verdadeiro dilúvio de raios mortais, e a vossa vida agradável em Urântia é devido à influência “fortuita” de mais de quarenta operações protetoras, aparentemente acidentais, semelhantes à ação dessa camada singular de ozônio.

58:2:5 6662 Não fora pelo efeito “cobertor” da atmosfera, à noite o calor perder-se-ia por irradiação tão rapidamente que seria impossível manter a vida, exceto por dispositivos artificiais.

58:2:6 6663 A camada dos primeiros oito ou dez quilômetros inferiores da atmosfera da Terra é a troposfera; é a região dos ventos e correntes de ar que causam os fenômenos meteorológicos. Acima dessa região, está a ionosfera interna, e, mais acima, está a estratosfera. Subindo da superfície da Terra, a temperatura cai constantemente por dez ou doze quilômetros, altitude em que é registrada a temperatura de cerca de 56 graus Celsius abaixo de zero. Essa faixa de temperatura, entre 54 e 56 graus abaixo de zero, permanece sem alterações até uma altitude de mais de sessenta e cinco quilômetros; essa região de temperatura constante é a estratosfera. A uma altitude de setenta ou oitenta quilômetros, a temperatura começa a aumentar, e esse aumento continua até que, no nível das auroras boreais, uma temperatura de 650 graus Celsius é atingida, e é esse intenso calor que ioniza o oxigênio. No entanto, a temperatura nessa atmosfera rarefeita não pode ser comparável à sensação de calor na superfície da Terra. Lembrai-vos de que a metade de toda a vossa atmosfera está concentrada nos primeiros cinco mil metros. A altitude da atmosfera da Terra é indicada pelos arcos luminosos, os da mais elevada altitude, das auroras boreais – de cerca de seiscentos e cinqüenta quilômetros.

58:2:7 6664 Os fenômenos das auroras boreais estão diretamente relacionados com as manchas solares, aqueles ciclones solares que turbilhonam em direções opostas acima e abaixo do equador solar, tal como o fazem os furacões terrestres tropicais. Tais perturbações atmosféricas giram em sentidos opostos, quando ocorrem acima ou abaixo do equador.

58:2:8 6665 O poder que têm as manchas solares de alterar as freqüências da luz mostra que esses centros de tempestades solares funcionam como enormes magnetos. Esses campos magnéticos são capazes de arrastar as partículas carregadas, das crateras das manchas solares, arrojando-as no espaço até a atmosfera externa da Terra, onde a sua influência ionizante produz os desdobramentos espetaculares da aurora boreal. Por isso, tendes os maiores fenômenos de auroras quando as manchas solares estão no seu apogeu – ou estarão, logo em seguida –, momento este em que as manchas estão em geral situadas perto do equador.

58:2:9 6666 Mesmo as agulhas das bússolas são sensíveis a essa influência solar, pois elas inclinam-se ligeiramente para o leste quando o sol se levanta, e ligeiramente para o oeste quando o sol está preste a se pôr. Isso acontece todos os dias, mas, durante o apogeu do ciclo das manchas solares, a variação da bússola é duas vezes maior. Esses desvios diurnos da bússola ocorrem por reação ao aumento da ionização da atmosfera superior, que é produzida pela luz solar.

58:2:10 6667 É a presença de dois níveis diferentes, de regiões eletrificadas condutoras, na superestratosfera, que permite a transmissão, a longa distância, das vossas emissões radiofônicas de ondas curtas e longas. As vossas transmissões radiofônicas são, algumas vezes, perturbadas pelas terríveis tempestades que ocasionalmente assolam os domínios dessas ionosferas externas.

3. O MEIO AMBIENTE ESPACIAL


58:3:1 6668 Durante os primeiros tempos da materialização do universo, as regiões do espaço estão intercaladas com vastas nuvens de hidrogênio, muito semelhantes às nuvens astronômicas de poeira que agora caracterizam muitas regiões no espaço remoto. Uma grande parte da matéria organizada, que os sóis abrasadores reduzem e dispersam como energia radiante, originalmente era composta dessas nuvens espaciais primitivas de hidrogênio. Sob certas condições inusitadas, a desintegração dos átomos também ocorre no núcleo das massas maiores de hidrogênio. E todos esses fenômenos de constituição e desintegração do átomo, como nas nebulosas altamente aquecidas, são seguidos pela emergência de fluxos de marés de raios de energia radiante de comprimento curto. Acompanhando essas radiações diversas, há uma forma de energia-espaço desconhecida em Urântia.

58:3:2 6671 Essa carga de energia de raios curtos do espaço, no universo, é quatrocentas vezes maior do que todas as outras formas de energia radiante que existem nos domínios do espaço organizado. A emissão de raios espaciais curtos, originários seja das nebulosas abrasadoras ou de tensos campos elétricos, seja do espaço exterior ou das vastas nuvens de pó de hidrogênio, é modificada, qualitativa e quantitativamente, pelas flutuações e pelas súbitas mudanças nas tensões, na temperatura, na gravidade e nas pressões eletrônicas.

58:3:3 6672 Essas eventualidades, nas origens dos raios do espaço, são determinadas por muitas ocorrências cósmicas, bem como pelas órbitas de matéria circulante, que podem variar, de círculos modificados a elipses extremas. As condições físicas podem também ser grandemente alteradas, porque os elétrons algumas vezes giram no sentido oposto ao do comportamento da matéria mais grosseira, ainda que na mesma zona física.

58:3:4 6673 As imensas nuvens de hidrogênio são verdadeiros laboratórios cósmicos de química, abrigando todas as fases da energia em evolução e da matéria em metamorfose. Atividades energéticas instensas também ocorrem nos gases marginais das grandes estrelas binárias, que com tanta freqüência se sobrepõem e, como conseqüência, se misturam profundamente. Contudo, nenhuma dessas atividades energéticas, tremendas e extensas, do espaço exerce a menor influência sobre os fenômenos da vida organizada – o plasma germinador das coisas e dos seres vivos. Essas condições da energia de espaço são inerentes ao meio ambiente essencial ao estabelecimento da vida, todavia não são efetivas nas modificações subseqüentes dos fatores de herança do plasma da germinação, como o são alguns dos raios mais longos de energia radiante. A vida implantada pelos Portadores da Vida resiste plenamente a toda essa torrente assombrosa de raios curtos de espaço da energia do universo.

58:3:5 6674 Todas essas condições cósmicas essenciais tinham que evoluir até um estado favorável, antes que os Portadores da Vida pudessem, de fato, iniciar o estabelecimento da vida em Urântia.

4. A ERA DA AURORA DA VIDA


58:4:1 6675 Não vos deixeis confundir pelo fato de sermos chamados de Portadores da Vida. Podemos transportar a vida, e nós a transportamos aos planetas, mas não transportamos nenhuma vida para Urântia. A vida de Urântia é única, e original com o planeta. Esta esfera é um mundo de modificação da vida; toda a vida que surgiu aqui foi formulada por nós, aqui mesmo, no planeta; e não há outro mundo em todo o Satânia, e mesmo em todo o Nebadon, que tenha uma existência de vida igual a essa de Urântia.

58:4:2 6676 Há 550 milhões de anos, o corpo de Portadores da Vida retornou a Urântia. Em cooperação com os poderes espirituais e as forças suprafísicas, nós organizamos e iniciamos os modelos originais de vida desse mundo e os plantamos nas águas hospitaleiras do reino. Toda a vida planetária (excluindo as personalidades extraplanetárias) até os dias de Caligástia, o Príncipe Planetário, teve sua origem nas nossas três implantações originais, idênticas e simultâneas de vida marinha. Essas três implantações de vida foram designadas como sendo: a central ou eurasiana-africana, a oriental ou australásica, e a ocidental que abrange a Groenlândia e as Américas.

58:4:3 6681 Há 500 milhões de anos, a vida marinha vegetal primitiva estava bem estabelecida em Urântia. A Groenlândia e a massa de terra do Ártico, junto com as da América do Norte e da América do Sul, estavam começando a sua longa e lenta derivação para leste. A África moveu-se ligeiramente para o sul, criando uma depressão a leste e a oeste, a bacia do Mediterrâneo, entre ela própria e o corpo-mãe. A Antártida, a Austrália e a terra marcada pelas ilhas do Pacífico desprenderam-se ao sul e a leste, e derivaram para mais longe desde aquela época.

58:4:4 6682 Havíamos plantado a forma primitiva de vida marinha nas baías tropicais abrigadas dos mares centrais da segmentação leste-oeste da massa continental de terra que se desprendia. O nosso propósito, ao fazer três implantações de vida marinha, era assegurar que cada uma dessas massas grandes de terra tivesse nela essa vida, nas suas águas marinhas quentes, quando a terra posteriormente se separasse. Previmos, na era seguinte, quando surgisse a vida terrestre, que grandes oceanos de água separariam essas massas continentais de terra que estavam derivando.

5. A DERIVA CONTINENTAL


58:5:1 6683 A deriva da terra continental continuou. O núcleo da Terra havia-se tornado tão denso e rígido quanto o aço, estando sujeito à pressão de quase 3 500 toneladas por centímetro quadrado, e, devido à enorme pressão da gravidade, foi e ainda é muito quente no seu interior profundo. A temperatura cresce, da superfície para dentro, até que, no centro, está ligeiramente acima da temperatura da superfície do sol.

58:5:2 6684 Os mil e seiscentos quilômetros exteriores da massa da Terra consistem principalmente em espécies diferentes de rocha. Por baixo, ficam os elementos metálicos mais densos e pesados. Nas primeiras idades pré-atmosféricas, o mundo estava, no seu estado altamente aquecido e de fusão, tão perto do estado fluido, que os metais mais pesados afundavam pesadamente para o interior. Aqueles que hoje se encontram próximos da superfície representam as exsudações de vulcões antigos, fluxos de lava posteriores e extensos, e depósitos meteóricos mais recentes.

58:5:3 6685 A crosta externa tinha cerca de sessenta e cinco quilômetros de espessura. Essa casca externa estava apoiada e repousava diretamente sobre um mar de basalto fundido, de espessura variável, uma camada móvel de lava fundida, mantida sob alta pressão, mas sempre tendendo a fluir, aqui e ali, para equalizar as flutuações das pressões planetárias, tendendo, desse modo, a estabilizar a crosta da Terra.

58:5:4 6686 Mesmo hoje, os continentes continuam a flutuar sobre essa almofada não cristalizada que é o mar de basalto fundido. Não fosse essa condição protetora, os terremotos mais severos fariam literalmente o mundo em pedaços. Os terremotos são causados por deslizamentos e pelos deslocamentos da crosta externa sólida, e não pelos vulcões.

58:5:5 6687 As camadas de lava da crosta da Terra, quando esfriadas, formam granito. A densidade média de Urântia é um pouco maior do que cinco vezes e meia a da água; a densidade do granito é de menos do que três vezes a da água. O núcleo da Terra é doze vezes mais denso do que a água.

58:5:6 6688 Os fundos dos mares são mais densos do que as massas de terra, e é isso que mantém os continentes acima da água. Quando o fundo dos mares é expelido até um nível acima do mar, verifica-se que consiste em uma parte maior de basalto, uma forma de lava consideravelmente mais pesada do que o granito das massas de terra. E, por outro lado, se os continentes não fossem mais leves do que os fundos dos oceanos, a gravidade arrastaria as bordas dos oceanos até acima das terras, mas tais fenômenos não acontecem.

58:5:7 6689 O peso dos oceanos é também um fator que aumenta a pressão sobre os fundos dos oceanos. As camadas mais profundas e relativamente mais pesadas, dos fundos dos oceanos, mais o peso exercido pela água que está por cima, aproximam-se do peso dos continentes mais elevados, mas bem menos pesados. Todos os continentes, porém, tendem a deslizar lentamente para os oceanos. A pressão continental no nível do fundo do oceano é de cerca de 1 300 quilogramas por centímetro quadrado. Quer dizer, esta seria a pressão de uma massa continental que se elevasse a 5 000 metros acima do fundo do oceano. A pressão de água no fundo do oceano é de cerca de apenas 350 quilogramas por centímetro quadrado. Essas pressões diferenciais tendem a fazer os continentes deslizarem na direção dos leitos dos oceanos.

58:5:8 6691 A depressão do fundo dos oceanos, durante as idades anteriores à vida, havia elevado uma massa continental solitária a uma altura tal que a sua pressão lateral tendia a fazer com que as bordas orientais, ocidentais e sulinas deslizassem para baixo, sobre os leitos subjacentes da lava semiviscosa, até as águas do oceano Pacífico, que rodeavam a massa continental. Isso compensava a pressão continental tão completamente, que não ocorreu nenhuma ruptura maior na margem oriental do continente asiático anterior, mas, desde então, essa linha costeira oriental tem estado suspensa sobre o precipício das profundezas oceânicas adjacentes, ameaçando deslizar para dentro de um túmulo marinho.

6. O PERÍODO DE TRANSIÇÃO


58:6:1 6692 Há 450 milhões de anos, aconteceu a transição da vida vegetal para a vida animal. Essa metamorfose teve lugar nas águas rasas das lagoas e das baías tropicais, abrigadas ao longo das linhas costeiras extensas dos continentes que se separavam. E esse desenvolvimento, todo ele inerente aos padrões originais da vida, deu-se gradativamente. Havia muitos estágios de transição entre as formas iniciais primitivas de vida vegetal e os organismos animais posteriores bem definidos. E, ainda hoje, persistem as formas de limos de transição, e elas não podem ser classificadas, seja como plantas, seja como animais.

58:6:2 6693 Ainda que a evolução da vida vegetal em vida animal possa ser determinada, e embora hajam sido encontradas séries graduais de plantas e de animais que progressivamente se desenvolveram dos mais simples aos mais complexos e avançados organismos, vós não sereis capazes de encontrar esses elos de ligação entre as grandes divisões do reino animal, nem entre o mais elevado dos tipos de animais pré-humanos e o alvorecer dos homens das raças humanas. Esses chamados “elos perdidos” permanecerão para sempre perdidos, pela simples razão de que nunca existiram.

58:6:3 6694 De era para era, aparecem espécies radicalmente novas de vida animal. Elas não evoluem como conseqüência da acumulação gradual de pequenas variações; surgem como ordens de vida plenamente desenvolvidas e aparecem subitamente.

58:6:4 6695 O aparecimento súbito de novas espécies e de ordens diversificadas de organismos vivos é totalmente biológico, estritamente natural. Nada há de sobrenatural ligado a essas mutações genéticas.

58:6:5 6696 No grau apropriado de salinidade nos oceanos, a vida animal evoluiu, e foi relativamente simples permitir que as águas salgadas circulassem nos corpos animais de vida marinha. Quando, porém, os oceanos se contraíram e a porcentagem de sal aumentou consideravelmente, esses mesmos animais desenvolveram a capacidade de reduzir a salinidade dos fluidos dos seus corpos, exatamente como aqueles organismos que aprenderam a viver na água doce adquiriram a capacidade de manter o grau adequado de cloreto de sódio nos fluidos dos seus corpos, por meio de técnicas engenhosas de conservação desse sal.

58:6:6 6697 O estudo das fossilizações de vida marinha dentro de rochas revela as lutas iniciais dos ajustamentos desses organismos primitivos. As plantas e os animais nunca deixaram de efetuar tais experimentos de ajustes. O ambiente mantém-se em constante alteração e os organismos vivos estão sempre lutando para acomodar-se a essas flutuações sem fim.

58:6:7 6701 O equipamento fisiológico e a estrutura anatômica de todas as ordens novas de vida respondem continuamente à ação das leis físicas, mas o dom subseqüente da mente é uma dádiva dos espíritos ajudantes da mente, de acordo com a capacidade inata do cérebro. A mente, ainda que não seja proveniente da evolução física, é integralmente dependente da capacidade do cérebro, proporcionada por desenvolvimentos puramente físicos e evolucionários.

58:6:8 6702 Durante ciclos quase sem fim de ganhos e perdas, de ajustes e reajustes, todos os organismos vivos progridem e regridem de uma idade para outra. Aqueles que alcançam a unidade cósmica perduram, enquanto aqueles que perdem essa meta cessam de existir.

7. O LIVRO DA HISTÓRIA GEOLÓGICA


58:7:1 6703 O vasto grupo de sistemas de rochas que constituiu a camada externa da crosta do mundo durante a era do alvorecer da vida, ou era Proterozóica, não aparece atualmente em muitos pontos na superfície da Terra. E, quando de fato emergem de baixo de todos os sedimentos das idades subseqüentes, serão encontrados apenas os remanescentes fósseis de vegetais e da vida animal muito primitiva. Algumas dessas rochas mais antigas, depositadas pela água, estão misturadas a camadas posteriores, e algumas vezes elas apresentam restos fósseis de algumas das formas anteriores de vida vegetal, enquanto, ocasionalmente, nas camadas mais superficiais podem ser encontradas algumas formas mais antigas de organismos marinhos animais primitivos. Em muitos locais, essas camadas mais antigas de rocha estratificada, que contêm os fósseis de vida marinha primitiva, tanto animal quanto vegetal, podem ser encontradas diretamente acima da pedra mais antiga e não diferenciada.

58:7:2 6704 Os fósseis dessa era trazem algas, plantas corais, protozoários primitivos e organismos esponjosos de transição. Contudo, a ausência desses fósseis nas camadas mais antigas não prova necessariamente que coisas vivas não existissem em outros locais, na época do seu depósito. A vida era esparsa durante esses tempos iniciais, e apenas vagarosamente fez o seu caminho pela superfície da Terra.

58:7:3 6705 As rochas dessa idade mais antiga estão agora à superfície da Terra, ou muito próximas da superfície, sobre mais de um oitavo da área atual de terras. A espessura média dessas pedras de transição, as mais antigas camadas de rocha estratificada, é de cerca de 2 500 metros. Em alguns pontos, esses antigos sistemas de rochas têm até 6 500 metros de espessura, mas muitas das camadas que têm sido atribuídas a essa era pertencem a períodos mais recentes.

58:7:4 6706 Na América do Norte, essa antiga e primitiva camada de rocha contendo fósseis vem à superfície nas regiões orientais, centrais e setentrionais do Canadá. Também existe uma cordilheira intermitente dessa rocha na direção leste-oeste, que vai do estado da Pensilvânia e das antigas montanhas do Adirondack, a oeste, e atravessa os estados de Michigan, Wisconsin e Minnesota. Outras cordilheiras estendem-se desde as Terras Novas até o estado do Alabama, e do Alasca ao México.

58:7:5 6707 As rochas dessa era estão expostas aqui e ali em todo o mundo, mas nenhuma delas é de interpretação tão fácil como aquelas vizinhas do lago Superior e do Grande Canyon no rio Colorado, onde essas rochas, que contêm fósseis primitivos, existentes em várias camadas, atestam as elevações e flutuações da superfície das terras naqueles tempos bastante remotos.

58:7:6 6708 Essa camada de pedra, o mais antigo estrato com fossilizações, na crosta da Terra, foi desmoronada, dobrada e caprichosamente torcida, pelos solavancos dos terremotos e dos vulcões primitivos. Os fluxos de lava nessa era traziam muito ferro, cobre e chumbo até bem próximo da superfície planetária.

58:7:7 6709 Há poucos lugares na Terra onde essas atividades são mais graficamente visíveis do que no vale de Santa Croix, em Wisconsin. Nessa região, ocorreram cento e vinte e sete fluxos sucessivos de lava no solo, seguidos de submersões pela água, com o conseqüente depósito de rocha. Se bem que grande parte da sedimentação superior da rocha e dos fluxos intermitentes de lava esteja ausente, hoje em dia, e embora a base desse sistema esteja enterrada muito profundamente no solo, ainda assim, cerca de sessenta e cinco ou setenta desses registros estratificados de eras do passado atualmente encontram-se expostos à vista.

58:7:8 6711 Nessas idades iniciais, quando grande parte das terras estava próxima do nível do mar, ocorreram muitas submersões sucessivas e vários levantamentos. A crosta da Terra estava apenas entrando no seu último período de relativa estabilização. As ondulações das massas, as elevações e os mergulhos provocados pelo início da deriva continental contribuíram para a freqüência das submersões periódicas das grandes massas de terra.

58:7:9 6712 Durante esses tempos de vida marinha primitiva, grandes áreas das margens continentais afundaram nos mares a profundidades de um a oitocentos metros. Grande parte dos arenitos mais antigos e de outros conglomerados representa as acumulações sedimentares dessas antigas margens. As rochas sedimentares pertencentes a essa estratificação mais antiga repousam diretamente sobre camadas que datam de muito antes da origem da vida, e remontam ao aparecimento inicial do oceano mundial.

58:7:10 6713 Algumas das camadas mais superficiais desses depósitos de rocha de transição contêm pequenas quantidades de xistos e de ardósias de cores escuras, indicando a presença de carbono orgânico e atestando a existência dos ancestrais das formas de vida vegetal que invadiram a Terra durante a era Carbonífera subseqüente, ou era do carvão. Boa parte do cobre nessas camadas de rochas resulta de depósitos de água. Um pouco desse cobre é encontrado nas fissuras de rochas mais antigas e vem da concentração de águas pantanosas turfosas de alguma antiga linha de costa abrigada. As minas de ferro da América do Norte e da Europa estão localizadas em depósitos e extrusões que repousam, em parte, sobre rochas mais antigas não estratificadas e, em parte, sobre essas rochas estratificadas posteriormente, dos períodos de transição de formação da vida.

58:7:11 6714 Essa era testemunha a disseminação da vida pelas águas do mundo; a vida marinha tornara-se já bem estabelecida em Urântia. O fundo dos mares rasos, mas longos, adentrando nas terras, está sendo gradualmente invadido por um crescimento profuso e luxuriante de vegetação, enquanto as águas da linha costeira encontram-se infestadas das formas simples de vida animal.

58:7:12 6715 Toda essa história está graficamente contada, nas páginas fossilizadas do vasto “livro de pedra” dos arquivos do mundo. E as páginas desse gigantesco registro biogeológico dirão, infalivelmente, a verdade, tão logo vós adquirirdes a capacidade para fazer a interpretação delas. Muitos desses fundos marinhos antigos estão agora elevados bem acima do nível da superfície terrestre e os seus depósitos, de idade sobre idade, contam a história das lutas pela vida naqueles dias iniciais. Como disse o vosso poeta, é literalmente verdade que “o pó sobre o qual pisamos esteve vivo outrora”.

58:7:13 6716 [Apresentado por um membro do Corpo de Portadores da Vida de Urântia, atualmente residente neste planeta.]

DOCUMENTO 59

A ERA DA VIDA MARINHA EM URÂNTIA
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Consideramos que a história de Urântia teve o seu começo há cerca de um bilhão de anos, abrangendo cinco eras maiores:

59:0:2 6722 1. A era da pré-vida que se estende pelos primeiros quatrocentos e cinqüenta milhões de anos, aproximadamente desde a época em que o planeta atingiu o seu tamanho atual até o tempo do estabelecimento da vida. Os vossos pesquisadores designaram este período como a era Arqueozóica.

59:0:3 6723 2. A era da aurora da vida que abrange os cento e cinqüenta milhões de anos seguintes. Esta época interpõe-se entre a era precedente, de pré-vida, ou idade dos cataclismos, e o período seguinte, de uma vida marinha mais desenvolvida. Esta é conhecida dos vossos pesquisadores como a era Proterozóica.

59:0:4 6724 3. A era da vida marinha cobre os duzentos e cinqüenta milhões de anos subseqüentes. E é mais conhecida vossa como sendo a era Paleozóica.

59:0:5 6725 4. A era da vida terrestre primitiva estende-se aos cem milhões de anos seguintes e vós a conheceis como a era Mesozóica.

59:0:6 6726 5. A era dos mamíferos ocupa os últimos cinqüenta milhões de anos. Esta era, de tempos recentes, é conhecida chamada era Cenozóica.

59:0:7 6727 A era de vida marinha, assim, cobre cerca de um quarto da vossa história planetária. Pode ser subdividida em seis longos períodos; cada um caracterizado por certos desenvolvimentos bem definidos, tanto nos domínios geológicos quanto nos reinos biológicos.

59:0:8 6728 No início dessa era, o fundo dos mares, as extensas plataformas continentais e as numerosas bacias litorâneas rasas estão cobertas de prolífera vegetação. As formas mais simples e primitivas de vida animal já encontram-se desenvolvidas, a partir dos organismos vegetais precedentes, e os organismos animais mais simples já percorrem seu caminho gradualmente ao longo das linhas costeiras das várias massas de terra e, enfim, os inúmeros mares interiores fervilham de vida marinha primitiva. Como tão poucos desses organismos iniciais tinham carapaças, pouquíssimos são preservados como fósseis. Todavia, o cenário está pronto para os capítulos de abertura daquele grande “livro de pedra” de preservação dos registros da vida, tão metodicamente depositado durante as idades que se sucederam.

59:0:9 6729 O continente da América do Norte é maravilhosamente rico em depósitos contendo fósseis de todas as eras de vida marinha. As primeiríssimas camadas e as mais antigas estão separadas, dos últimos estratos do período precedente, por grandes depósitos erosivos que nitidamente distinguem esses dois estágios do desenvolvimento planetário.

1. A VIDA MARINHA PRIMITIVA NOS MARES RASOS


59:1:1 6731 Por volta da aurora desse período de relativa quietude, na superfície da Terra, a vida está confinada aos vários mares interiores e à linha oceânica do litoral, pois não evoluiu ainda nenhuma forma de organismo terrestre. Os animais marinhos primitivos estão bem estabelecidos e preparados para o próximo desenvolvimento evolucionário. As amebas são os sobreviventes típicos desse estágio inicial de vida animal, tendo surgido mais para o final do período precedente de transição.

59:1:2 6732 Há 400 milhões de anos, a vida marinha, tanto a vegetal quanto a animal, está bastante bem distribuída por todo o mundo. O clima do planeta torna-se um pouco mais quente e mais regular. Há uma inundação geral dos litorais dos vários continentes, particularmente dos da América do Sul e do Norte. Novos oceanos aparecem, e as massas mais antigas de água crescem amplamente.

59:1:3 6733 A vegetação, agora, pela primeira vez, avança terra acima e logo faz um progresso considerável de adaptação a um habitat não marinho.

59:1:4 6734 Subitamente, e sem gradação de ancestrais, os primeiros animais multicelulares aparecem. Os trilobitas evoluíram e, durante idades, eles dominam os mares. Do ponto de vista da vida marinha, esta é a idade dos trilobitas.

59:1:5 6735 Na parte mais recente dessa época, grande parte da América do Norte e Europa emergiu dos mares. A crosta da Terra estava temporariamente estabilizada; montanhas, ou melhor, altas elevações de terra, ergueram-se ao longo das costas do Atlântico e do Pacífico, nas Antilhas e no sul da Europa. Toda a região do Caribe estava bastante elevada.

59:1:6 6736 Há 390 milhões de anos, as terras estavam ainda elevadas. Em partes ocidentais e orientais da América e na Europa ocidental, podem ser encontrados os estratos de rocha depositados durante essas épocas, e essas são as rochas mais antigas a conter fósseis dos trilobitas. Havia muitos braços longos de mares, em forma de dedo, projetando-se para dentro das massas de terra, nas quais foram depositadas essas rochas contendo fósseis.

59:1:7 6737 Dentro de uns poucos milhões de anos, o oceano Pacífico começou a invadir os continentes americanos. O afundamento da terra foi devido principalmente ao ajustamento da crosta, embora a movimentação lateral da terra, ou movimentação continental, fosse também um fator.

59:1:8 6738 Há 380 milhões de anos, a Ásia estava afundando, e todos os outros continentes experimentavam uma emersão de pouca duração. À medida, porém, que essa época avançou, o oceano Atlântico, recém-surgido, fazia grandes incursões em toda a costa adjacente. O Atlântico do norte ou os mares árticos estavam então ligados às águas meridionais do Golfo. Quando esse mar do sul invadiu a depressão apalachiana, as suas ondas quebraram-se a leste contra montanhas tão altas quanto os Alpes, mas, em geral, os continentes eram terras baixas e desinteressantes, bastante desprovidas de beleza cênica.

59:1:9 6739 Os depósitos sedimentares dessas idades são de quatro espécies:

67310 1. Os conglomerados – matéria depositada perto das linhas de costa.

67311 2. Os arenitos – depósitos feitos em águas rasas, mas onde as ondas eram suficientes para impedir o depósito de lodo.

67312 3. Os xistos – depósitos feitos em águas mais profundas e mais calmas.

67313 4. O calcário – incluem-se aqui os depósitos de conchas de trilobitas em águas profundas.

59:1:10 67314 Os fósseis de trilobitas dessa época apresentam certas uniformidades básicas, acompanhadas de variações bem marcadas. Os desenvolvimentos animais iniciais das três implantações originais da vida eram característicos; aqueles que apareceram no hemisfério ocidental eram ligeiramente diferentes daqueles do grupo eurasiano e do australásico ou australiano-antártido.

59:1:11 6741 Há 370 milhões de anos, ocorreu uma submersão tremenda, quase total, da América do Norte e da América do Sul, seguida do afundamento da África e da Austrália. Apenas algumas partes da América do Norte permaneceram acima desses mares rasos do Cambriano. Cinco milhões de anos mais tarde, os mares estavam retraindo-se diante da elevação da terra. E todos esses fenômenos de afundamento e de elevação de terras não eram drásticos, acontecendo vagarosamente durante milhões de anos.

59:1:12 6742 Os estratos, contendo fósseis dos trilobitas dessa época, afloram aqui e ali em todos os continentes, exceto na Ásia Central. Em muitas regiões, tais rochas são horizontais, mas, nas montanhas, elas são inclinadas e distorcidas por causa da pressão e das dobras. E tais pressões modificaram, em muitos locais, o caráter original desses depósitos. O arenito transformou-se em quartzo, o xisto transformou-se em ardósia, enquanto o calcário converteu-se em mármore.

59:1:13 6743 Há 360 milhões de anos, as terras ainda estavam emergindo. A América do Norte e a América do Sul encontravam-se bem acima do mar. A Europa ocidental e as Ilhas Britânicas estavam emergindo, exceto partes do País de Gales, que se achavam profundamente submersas. Não havia grandes lençóis de gelo durante essas idades. Os depósitos supostamente glaciais que surgiram por causa desses estratos, na Europa, na África, na China e na Austrália, são devidos a montanhas geladas ou ao deslocamento de detritos glaciais de origem recente. O clima, no todo global, era oceânico, não continental. Os mares do sul então eram mais quentes que atualmente e estendiam-se desde a América do Norte até as regiões polares. A corrente do Golfo corria pela parte central da América do Norte, sendo defletida na direção leste para banhar e aquecer as margens da Groenlândia, fazendo daquele continente, hoje coberto por um manto de gelo, um verdadeiro paraíso tropical.

59:1:14 6744 A vida marinha era mais uniforme, em todo o planeta, sendo constituídas por algas marinhas, organismos unicelulares, esponjas simples, trilobitas e outros crustáceos – camarões, caranguejos e lagostas. Três mil variedades de braquiópodes apareceram, no final desse período, das quais apenas duzentas sobreviveram. Esses animais representam uma variedade de vida primitiva que chegou até o tempo presente praticamente sem se alterar.

59:1:15 6745 Mas os trilobitas eram as criaturas vivas predominantes. Eles eram animais sexuados e existiram em muitas formas; sendo maus nadadores, eles flutuavam preguiçosamente na água ou se rastejavam ao longo do fundo do mar, encolhendo-se por autoproteção, quando atacados pelos seus inimigos, surgidos posteriormente. Eles cresceram em comprimento, de cinco até trinta centímetros, e desenvolveram-se em quatro grupos distintos: os carnívoros, os herbívoros, os onívoros e os “comedores de lodo”. A capacidade de subsistir desse último grupo, em boa parte de matérias inorgânicas – sendo o último animal multicelular com essa capacidade –, explica a sua multiplicação e sobrevivência prolongada.

59:1:16 6746 Esse era o quadro biogeológico de Urântia no final daquele longo período da história do mundo, abrangendo cinqüenta milhões de anos, que oss vossos geólogos como o Cambriano.

2. O PRIMEIRO ESTÁGIO DE INUNDAÇÃO CONTINENTAL


59:2:1 6747 Os fenômenos periódicos de elevação e de afundamento das terras, característicos dessa época, foram bem graduais e não espetaculares, sendo acompanhados de pouca ou de nenhuma atividade vulcânica. Durante todas essas sucessivas elevações e depressões de terras, o continente-mãe asiático não compartilhou totalmente da história das outras extensões de terra. Ele experimentou muitas inundações, mergulhando primeiro em uma direção, e depois em outra, mais particularmente na sua história primitiva, mas não apresenta os depósitos uniformes de rocha que podem ser descobertos nos outros continentes. Em épocas recentes, a Ásia tem sido a mais estável de todas as massas de terra.

59:2:2 6751 Há 350 milhões de anos, presenciou-se o começo da grande inundação de todos os continentes, exceto da Ásia Central. As massas de terra foram repetidamente cobertas de água; apenas as terras altas da costa permaneceram acima dessas oscilações de mares internos rasos, mas espalhados. Três inundações maiores caracterizaram esse período, mas, antes que ele terminasse, os continentes de novo emergiram, sendo que a emersão total de terra era quinze por cento maior que é atualmente. A região do Caribe estava bastante elevada. Esse período não é bem discernido na Europa, porque as flutuações de terra foram menores, enquanto a ação vulcânica foi mais persistente.

59:2:3 6752 Há 340 milhões de anos, ocorreu um outro extenso afundamento de terras, exceto na Ásia e na Austrália. As águas dos oceanos do mundo eram geralmente compartilhadas. Essa foi a grande idade dos depósitos calcários; grande parte das suas rochas foi depositada pelas algas que segregavam calcários.

59:2:4 6753 Uns poucos milhões de anos mais tarde, grandes porções dos continentes americanos e do europeu começaram a emergir da água. No hemisfério ocidental, apenas um braço do oceano Pacífico permaneceu sobre o México e sobre a região das atuais Montanhas Rochosas, mas, perto do fim dessa época, as costas do Atlântico e do Pacífico começaram novamente a afundar.

59:2:5 6754 Há 330 milhões de anos, o mundo assistiu ao início de uma época de relativa calma, com muita terra novamente acima da água. A única exceção desse regime de quietude terrestre foi a erupção do grande vulcão da América do Norte, a leste do Kentucky, em uma das maiores atividades solitárias de vulcões que o mundo jamais conheceu. As cinzas desse vulcão cobriram mil e trezentos quilômetros quadrados, a uma profundidade de cinco a seis metros.

59:2:6 6755 Há 320 milhões de anos, ocorreu a terceira maior inundação desse período. As águas dessa inundação cobriram as terras submergidas pelo dilúvio precedente, ao mesmo tempo que estenderam-se até mais longe, em muitas direções, em todas as Américas e na Europa. A parte leste da América do Norte e o oeste da Europa ficaram entre 3 000 e 4 500 metros sob a água.

59:2:7 6756 Há 310 milhões de anos, as massas de terra do mundo estavam novamente bem elevadas, excetuando-se a parte sulina da América do Norte. O México emergiu, criando assim o mar do Golfo; e, desde então, este manteve a sua identidade.

59:2:8 6757 A vida, nesse período, continua a evoluir. O mundo, uma vez mais, está calmo e relativamente pacífico; o clima permanece suave e uniforme; as plantas das terras estão migrando para distâncias cada vez maiores das linhas litorâneas. Os modelos de vida acham-se bem desenvolvidos, embora poucos fósseis de plantas dessa época sejam encontrados.

59:2:9 6758 Essa foi a grande idade da evolução do organismo animal individual, embora muitas das mudanças básicas, tais como a transição de vegetal para animal, hajam ocorrido anteriormente. A fauna marinha desenvolveu-se até o ponto em que todo tipo de vida abaixo da escala do vertebrado estava representado nos fósseis daquelas rochas, que foram depositadas durante esses tempos. Mas todos esses animais eram organismos marinhos. Nenhum animal terrestre tinha ainda surgido, excetuando-se uns poucos tipos de vermes que escavavam ao longo das linhas da costa; nem as plantas terrestres haviam ainda coberto os continentes; existia então muito dióxido de carbono no ar, para permitir a existência de respiradores de ar. Primariamente, todos os animais, excetuando-se alguns dos mais primitivos, dependiam direta ou indiretamente da vida vegetal para a sua existência.

59:2:10 6761 Os trilobitas ainda eram predominantes. Esses pequenos animais existiam em dezenas de milhares de modelos e foram os predecessores dos modernos crustáceos. Alguns dos trilobitas tinham entre vinte e cinco e quatro mil olhos minúsculos; outros possuíam rudimentos de olhos. Com o término desse período, os trilobitas dividiram o domínio dos mares com várias outras formas de vida invertebrada. Contudo, eles desapareceram totalmente durante o começo do período seguinte.

59:2:11 6762 As algas que segregavam o calcário estavam bastante espalhadas. Existiam milhares de espécies de ancestrais primitivos dos corais. Os vermes do mar eram abundantes, e havia muitas variedades de medusas que depois foram extintas. Os corais e os tipos posteriores de esponjas, então, evoluíram. Os cefalópodes estavam bem desenvolvidos, e sobreviveram como os náutilos perolados, os polvos, as sibas e as lulas dos tempos atuais.

59:2:12 6763 Havia muitas variedades de animais portadores de conchas, mas estas, então, não se faziam tão necessárias para propósitos defensivos, como nas idades subseqüentes. Os gastrópodes estavam presentes nas águas dos antigos mares, e incluíam os caramujos marinhos univalves, os moluscos e os caracóis. Os gastrópodes bivalves atravessaram os milhões de anos, que nos separam daquela época, quase do mesmo modo como existiam então, e abrangem outros moluscos, os mexilhões, as ostras e as vieiras. Os organismos valvulares abrigados em conchas também evoluíram, e esses braquiópodes viviam naquelas águas antigas de um modo bastante semelhante ao de hoje; inclusive, possuíam uma articulação e outras espécies de arranjos de proteção nas suas conchas.

59:2:13 6764 E assim termina a história evolucionária do segundo grande período da vida marinha, que é conhecido pelos vossos geólogos como o Ordoviciano.

3. O ESTÁGIO DA SEGUNDA GRANDE INUNDAÇÃO


59:3:1 6765 Há 300 milhões de anos, um outro grande período de submersão de terras teve início. A invasão dos antigos mares silurianos para o norte e para o sul engolfou a maior parte da Europa e da América do Norte. As terras não estavam muito elevadas acima do mar e, assim, não se produziram muitos depósitos ao longo das margens. Os mares estavam repletos de animais de conchas calcárias, e a queda dessas conchas, para o fundo do mar, gradualmente formou camadas muito espessas de calcário. Este é o primeiro vasto depósito de calcário, e cobre praticamente toda a Europa e a América do Norte, mas só aparece na superfície da Terra em poucos locais. A espessura dessa antiga camada de rocha é, em média, de trezentos metros, mas muitos desses depósitos, desde então, foram grandemente deformados pelos mergulhos, pelas sublevações e pelas falhas, e muitos se transformaram em quartzo, em xisto e em mármore.

59:3:2 6766 Nas camadas de pedra desse período não são encontradas rochas ígneas nem lavas, exceto aquelas dos grandes vulcões do sul da Europa, da parte leste do Maine e dos fluxos de lava de Quebec. A ação vulcânica havia terminado em grande parte. Essa foi uma época de grande depósito de água; pouquíssima ou nenhuma montanha foi produzida.

59:3:3 6767 Há 290 milhões de anos, o mar havia-se afastado consideravelmentee dos continentes, e o fundo dos oceanos vizinhos estava afundando. As massas de terra achavam pouco alteradas, até que submergissem novamente. Os movimentos primitivos das montanhas de todos os continentes estavam começando, e a maior dessas elevações da crosta situava-se nos Himalaias, na Ásia e nas grandes Montanhas da Caledônia, estendendo-se da Irlanda à Escócia e indo até Spitzbergen.

59:3:4 6771 É nos depósitos dessa idade que grande parte dos gases, do petróleo, do zinco e do chumbo são encontrados, o gás e o petróleo derivando-se das enormes acumulações de matéria vegetal e animal depositada na época das submersões anteriores da terra, enquanto os depósitos minerais representam a sedimentação das massas de águas estagnadas. Muitos dos depósitos de sal em rocha pertencem a esse período.

59:3:5 6772 Os trilobitas tiveram um rápido declínio, e o centro do cenário foi ocupado pelos moluscos maiores ou os cefalópodes. Esses animais cresceram até cinco metros de comprimento e cerca de trinta centímetros de diâmetro e tornaram-se os senhores dos mares. Essa espécie de animal apareceu de súbito e dominou a vida no mar.

59:3:6 6773 A grande atividade vulcânica dessa idade deu-se no setor europeu. Durante milhões e milhões de anos, essas erupções vulcânicas extensas e violentas não haviam ocorrido, do modo como o fazem agora, em torno da calha do Mediterrâneo e especialmente na vizinhança das Ilhas Britânicas. Esse fluxo de lava sobre a região das Ilhas Britânicas aparece hoje sob a forma de camadas alternadas de lava e de rocha, em uma espessura de oito mil metros. Essas rochas foram depositadas em fluxos intermitentes de lava, que se espalharam sobre um leito raso de mar, intercalando-se, assim, com os depósitos de rocha, e tudo isso foi subseqüentemente elevado muito acima do nível do mar. Violentos tremores de terra aconteceram na Europa, notadamente na Escócia.

59:3:7 6774 O clima oceânico permaneceu suave e uniforme, e mares quentes banhavam as margens das terras polares. Fósseis de braquiópodes e de outros animais marinhos podem ser encontrados nesses depósitos, até o Pólo Norte. Os gastrópodes, os braquiópodes, as esponjas e os recifes de corais continuaram a crescer.

59:3:8 6775 O fim dessa época testemunha o segundo avanço dos mares silurianos e uma nova mistura das águas dos oceanos do sul e do norte. Os cefalópodes dominam a vida marinha, enquanto formas associadas de vida desenvolveram-se, diferenciando-se progressivamente.

59:3:9 6776 Há 280 milhões de anos, os continentes já haviam emergido, em grande parte, da segunda inundação siluriana. Os depósitos de rocha desse período de submersão são conhecidos na América do Norte como os calcários do Niágara, porque é esse o estrato de rocha sobre o qual as cataratas do Niágara caem agora. Essa camada de rocha estende-se desde as montanhas do leste à região do vale do Mississippi, mas não avança mais para o oeste, exceto no lado sul. Várias camadas estendem-se até o Canadá, até partes da América do Sul, da Austrália e de boa parte da Europa, sendo que a espessura média dessa série do Niágara é de cerca de duzentos metros. Imediatamente por sobre o depósito do Niágara, em muitas regiões, pode ser encontrado um acúmulo de conglomerados, de xistos e rochas de sal. Essa é uma acumulação de sedimentações secundárias. Esse sal precipitou-se em grandes lagoas que se abriram e se fecharam, alternadamente, para o mar, e então ocorreu a evaporação, seguida do depósito de sal junto com outras matérias carreadas na solução. Em algumas regiões, esses leitos de rochas de sal têm vinte metros de espessura.

59:3:10 6777 O clima é regular e suave, e os fósseis marinhos são depositados nas regiões árticas. Todavia, ao final dessa época, os mares estão tão excessivamente salgados que pouquíssimas vidas sobrevivem.

59:3:11 6778 Mais perto do final da submersão siluriana, acontece um grande aumento dos equinodermos – os lírios de pedra –, como fica evidenciado pelos depósitos de calcários crinóides. Os trilobitas quase desapareceram e os moluscos continuam sendo os monarcas dos mares; a formação de recifes de coral aumenta consideravelmente. Durante essa idade, nos locais mais favoráveis, os escorpiões aquáticos primitivos têm a sua primeira evolução. Logo em seguida, e subitamente, os verdadeiros escorpiões – que de fato respiram ar – fazem o seu aparecimento.

59:3:12 6781 Esses desenvolvimentos terminam o terceiro período de vida marinha, cobrindo vinte e cinco milhões de anos, e é conhecido dos vossos pesquisadores como o Siluriano.

4. O ESTÁGIO DA GRANDE EMERGÊNCIA DE TERRAS


59:4:1 6782 Na luta de toda uma idade entre a terra e a água, durante longos períodos o mar tem sido relativamente vitorioso, mas as épocas da vitória da terra estão prestes a chegar. E as derivas continentais até então não haviam acontecido, mas, algumas vezes, praticamente todas as terras do mundo estiveram ligadas por istmos delgados e por pontes estreitas de terra.

59:4:2 6783 À medida que a terra emerge da última inundação siluriana, um período importante para o desenvolvimento do mundo e para a evolução da vida chega ao fim. É a aurora de uma nova idade da Terra. A paisagem nua e sem atrativos das épocas anteriores começa a se cobrir de uma vegetação luxuriante, e as primeiras florestas magníficas irão logo aparecer.

59:4:3 6784 A vida marinha dessa idade estava bastante diversificada, devido à segregação nas espécies primitivas, porém, mais tarde, houve uma mistura e uma associação mais livre entre todos esses tipos diferentes. Os braquiópodes logo alcançaram o seu ápice, sucedidos pelos artrópodes, e os crustáceos cirrípedes fizeram a sua primeira aparição. Contudo, o maior acontecimento, dentre todos, foi o surgimento súbito da família dos peixes. Essa se tornou a idade dos peixes, o período da história do mundo caracterizado pelo tipo vertebrado de animais.

59:4:4 6785 Há 270 milhões de anos, os continentes estavam todos acima da água. Durante milhões e milhões de anos, nunca tanta terra tinha estado acima da água ao mesmo tempo; foi uma das épocas de maior emersão de terras, em toda a história do mundo.

59:4:5 6786 Cinco milhões de anos mais tarde, as áreas de terras da América do Sual e da América do Norte, da Europa, da África, do norte da Ásia e da Austrália estavam ligeiramente inundadas; na América do Norte, a submersão em uma época ou em outra havia sido quase completa, e as camadas resultantes de calcário iam de 150 a 1 500 metros de espessura. Esses vários mares devonianos inicialmente estenderam-se em uma direção e, então, em uma outra, de modo que o imenso mar ártico interior norte-americano encontrou uma saída para o oceano Pacífico pelo lado norte da Califórnia.

59:4:6 6787 Há 260 milhões de anos, ao final dessa época de depressões de terras, a América do Norte estava parcialmente repleta de mares, tendo conexões simultâneas com as águas do Pacífico, do Atlântico, do Ártico e do Golfo. Os depósitos desses últimos estágios da primeira enchente devoniana têm, em média, trezentos metros de espessura. Os recifes de coral que caracterizaram essas épocas indicam que os mares interiores eram claros e rasos. Esses depósitos de coral estão expostos nos bancos do rio Ohio próximos de Louisville, no Kentucky, e têm cerca de trinta metros de espessura, abrangendo mais de duzentas variedades. Essas formações de corais estendem-se até o Canadá e até o norte da Europa, e vão até as regiões árticas.

59:4:7 6788 Em seguida a essas submersões, muitas das linhas litorâneas foram consideravelmente elevadas, de modo que os primeiros depósitos ficaram cobertos por lodo ou xisto. Há também um estrato vermelho de arenito, que caracteriza uma das sedimentações devonianas, e essa camada vermelha estende-se sobre grande parte da superfície da Terra, sendo encontrada na América do Sul e na América do Norte, Europa, Rússia, China, África e Austrália. Tais depósitos vermelhos sugerem condições áridas ou semi-áridas, mas o clima dessa época ainda era suave e regular.

59:4:8 6791 Durante todo esse período, a terra a sudoeste da ilha de Cincinnati permaneceu bem acima da água. Contudo, grande parte da Europa ocidental, incluindo as Ilhas Britânicas, submergiu. No País de Gales, na Alemanha e em outros locais na Europa, as rochas devonianas apresentam mais de 6 000 metros de espessura.

59:4:9 6792 Há 250 milhões de anos, testemunhou-se o aparecimento da família dos peixes, os vertebrados, um dos acontecimentos mais importantes de toda a pré-evolução humana.

59:4:10 6793 Os artrópodes, ou crustáceos, foram os ancestrais dos primeiros vertebrados. Os pioneiros da família dos peixes consistiram em dois ancestrais artrópodes modificados; um tinha um corpo longo conectado à cabeça e à cauda, enquanto o outro era um pré-peixe, sem espinha e sem mandíbulas. Todavia, esses tipos preliminares foram rapidamente destruídos quando os peixes, os primeiros vertebrados do mundo animal, fizeram o seu súbito aparecimento, vindos do norte.

59:4:11 6794 Muitos dos verdadeiros peixes maiores pertencem a essa idade; algumas das variedades com dentes alcançam oito a dez metros de comprimento; os tubarões dos dias atuais são os sobreviventes desses antigos peixes. Os peixes com pulmões e couraças alcançaram o seu ápice evolucionário e, antes que essa época terminasse, os peixes já se haviam adaptado tanto às águas salgadas, quanto à água doce.

59:4:12 6795 Verdadeiros estratos ósseos, com dentes e esqueletos de peixes, podem ser encontrados nos depósitos formados mais para o final desse período, e ricas camadas de fósseis estão situadas ao longo da costa da Califórnia, pois muitas baías abrigadas do oceano Pacífico estendiam-se até as terras daquela região.

59:4:13 6796 A Terra estava sendo rapidamente tomada pelas novas ordens de vegetação terrestre. Até então, poucas plantas havia que cresciam na terra seca; elas apenas cresciam nas proximidades da água. Agora, e de súbito, a prolífica família dos fetos, ou samambaias, apareceu e espalhou-se com rapidez sobre a superfície das terras, e rapidamente cresciam em todas as partes do mundo. Com troncos de sessenta centímetros de diâmetro e doze metros de altura, verdadeiros tipos de árvores logo se desenvolveram; mais tarde, as folhas evoluíram, mas essas variedades primitivas possuíam apenas folhagens rudimentares. Havia muitas plantas menores, mas os seus fósseis não são encontrados, pois,s foram destruídas, em geral, pelas bactérias que haviam surgido ainda mais cedo.

59:4:14 6797 À medida que a terra subia, a América do Norte tornava-se ligada à Europa por pontes de terra que se estendiam até a Groenlândia. Hoje, a Groenlândia mantém os remanescentes dessas plantas terrestres primitivas sob o seu manto de gelo.

59:4:15 6798 Há 240 milhões de anos, partes das terras, não só da Europa como da América do Norte e da América do Sul começaram a afundar. Esse afundamento marcou o aparecimento da última e menos extensa das enchentes devonianas. Os mares do Ártico novamente moveram-se para o sul, sobre grande parte da América do Norte; o Atlântico inundou uma grande parte da Europa e da Ásia ocidental, enquanto o Pacífico sul cobriu a maior parte da Índia. Essa inundação foi lenta no seu surgimento e igualmente lenta na sua retirada. As montanhas Catskill, ao longo da margem oeste do rio Hudson, são um dos maiores monumentos geológicos dessa época e podem ser encontrados na superfície da América do Norte.

59:4:16 6799 Há 230 milhões de anos, os mares continuavam a sua retirada. Grande parte da América do Norte estava acima da água, e atividades vulcânicas intensas ocorreram na região de São Lourenço (Canadá). O monte Royal, em Montreal, é o relevo erodido de um desses vulcões. Os depósitos de toda essa época são bem mostrados nas montanhas apalachianas da América do Norte, nas quais o rio Susquehanna sulcou um vale, expondo tais camadas sucessivas que atingiram uma espessura de mais de 4 000 metros.

59:4:17 6801 A elevação dos continentes continuou, e a atmosfera estava ficando rica em oxigênio. A Terra achava-se recoberta de vastas florestas de fetos com trinta metros de altura e árvores típicas daqueles dias; florestas silenciosas, nas quais nenhum som era ouvido, nem mesmo o farfalhar de uma folha, pois essas árvores não tinham folhas.

59:4:18 6802 E assim chegava ao final um dos períodos mais longos da evolução da vida marinha, a idade dos peixes. Esse período da história do mundo perdurou durante quase cinqüenta milhões de anos e tornou-se conhecido dos vossos pesquisadores como o Devoniano.

5. O ESTÁGIO DA MOVIMENTAÇÃO DA CROSTA


59:5:1 6803 O surgimento dos peixes durante o período precedente marca o ápice da evolução da vida marinha. Desse ponto em diante, a evolução da vida terrestre torna-se cada vez mais importante. E esse período é aberto com o cenário quase que idealmente montado para o surgimento dos primeiros animais terrestres.

59:5:2 6804 Há 220 milhões de anos, uma grande parte das áreas das terras continentais, incluindo a maior parte da América do Norte, estava sobre as águas. A terra estava repleta de uma vegetação luxuriante; essa foi realmente a idade dos fetos. O dióxido de carbono ainda se fazia presente na atmosfera, mas em um grau decrescente.

59:5:3 6805 Pouco depois, a parte central da América do Norte foi inundada, formando-se dois grandes mares interiores. Os planaltos, ao longo das costas do Atlântico e do Pacífico, situavam-se pouco além das linhas costeiras atuais. Esses dois mares uniram-se; em breve as suas águas fazendo com que as diferentes formas de vida ali existentes se entremesclassem; e a união dessas faunas marinhas deu início ao rápido declínio mundial da vida marinha e à abertura do período subseqüente de vida terrestre.

59:5:4 6806 Há 210 milhões de anos, os mares árticos, de águas quentes, cobriram a maior parte da América do Norte e da Europa. As águas polares do sul inundaram a América do Sul e a Austrália, ao passo que tanto a África quanto a Ásia encontravam-se grandemente elevadas.

59:5:5 6807 Quando os mares atingiram o seu nível mais alto, um novo desenvolvimento evolucionário subitamente aconteceu. Abruptamente, os primeiros animais terrestres apareceram. Numerosas espécies desses animais tornaram-se capazes de viver na terra e na água. Esses anfíbios respiravam o ar e desenvolveram-se dos artrópodes, cujas bexigas natatórias transformaram-se em pulmões.

59:5:6 6808 Das águas salgadas dos mares, os caramujos, os escorpiões e as rãs arrastaram-se para a terra. Hoje, as rãs ainda põem os seus ovos na água, e a sua cria ainda tem, no início, a forma de pequenos peixes, os girinos. Esse período bem que poderia ser conhecido como a idade das rãs.

59:5:7 6809 Logo depois, os insetos fizeram a sua primeira aparição e, juntamente com as aranhas, os escorpiões, as baratas, os grilos e os gafanhotos, logo se espalharam pelos continentes do mundo. As libélulas mediam setenta e cinco centímetros de envergadura. Mil espécies de baratas desenvolveram-se, e algumas cresceram até o comprimento de dez centímetros.

59:5:8 68010 Dois grupos de equinodermos tornaram-se especialmente bem desenvolvidos, e são eles na realidade os fósseis-guias dessa época. Os grandes tubarões comedores de conchas também atingiram um alto grau de evolução e, por mais de cinco milhões de anos, eles dominaram os oceanos. O clima era ainda suave e regular; a vida marinha pouco mudou. Os peixes de água doce estavam desenvolvendo-se e os trilobitas encontravam-se muito perto da extinção. Os corais eram escassos e grande parte do calcário estava sendo elaborada pelos crinóides. Os melhores calcários para a construção foram depositados durante essa época.

59:5:9 6811 As águas de muitos dos mares interiores eram tão pesadamente carregadas de cal e de outros minerais, que interferiam grandemente no progresso e no desenvolvimento de muitas espécies marinhas. Finalmente, os mares ficaram limpos por causa de um grande depósito de pedras minerais, contendo, em alguns locais, zinco e chumbo.

59:5:10 6812 Os depósitos dessa primeira idade carbonífera têm a espessura de 150 a 600 metros, consistindo em arenitos, xistos e calcário. Os estratos mais antigos trazem os fósseis de plantas e de animais, tanto marinhos quanto terrestres, e junto, uma grande quantidade de sedimentos de cascalho. Pequenas quantidades de carvão explorável são encontradiças nesses estratos mais antigos. Esses depósitos, em toda a Europa, são bastante similares àqueles da América do Norte.

59:5:11 6813 Mais para o final dessa época, as terras da América do Norte começaram a elevar-se. Houve uma curta interrupção e o mar voltou a cobrir cerca de metade dos seus leitos anteriores. Essa foi uma inundação curta, e a maior parte da terra logo estava bem acima da água. A América do Sul ainda estava ligada à Europa por intermédio da África.

59:5:12 6814 Essa época testemunhou o começo dos Vosges, da Floresta Negra e dos montes Urais. Cotos de outras montanhas mais antigas são encontrados em toda a Grã-Bretanha e na Europa.

59:5:13 6815 Há 200 milhões de anos, os estágios realmente ativos do período carbonífero iniciaram-se. Durante vinte milhões de anos, antes desse tempo, os primeiros depósitos de carvão estavam sendo precipitados, mas agora as atividades de formação do carvão em mais larga escala estavam em processo. A duração real da época de depósito de carvão foi de um pouco mais de vinte e cinco milhões de anos.

59:5:14 6816 As terras estavam periodicamente indo para cima e para baixo, devido à mudança do nível do mar, ocasionada pelas atividades no fundo dos oceanos. Essa instabilidade na crosta – o assentamento e a elevação da terra –, somada à proliferação da vegetação dos pântanos costeiros, contribuiu para a produção de extensos depósitos de carvão, que levaram esse período a ser conhecido como o Carbonífero. E o clima ainda era suave em todo o mundo.

59:5:15 6817 As camadas de carvão alternaram-se com as de xisto, de rocha e de conglomerados. Essas camadas de carvão, na parte central e ocidental dos Estados Unidos, variam entre doze e quinze metros de espessura. Muitos desses depósitos, porém, foram carreados durante as elevações subseqüentes da terra. Em algumas partes da América do Norte e da Europa, o substrato que possui carvão tem 5 500 metros de espessura.

59:5:16 6818 A presença das raízes das árvores, na medida em que elas cresciam na argila que limita as camadas atuais de carvão, demonstra que o carvão foi formado exatamente onde ele agora é encontrado. O carvão, preservado pela água e modificado pela pressão, é o remanescente constituído dos restos da vegetação exuberante que crescia nos lamaçais e nas margens dos pântanos dessa idade longínqua. As camadas de carvão, freqüentemente, contêm gás e petróleo. Camadas de turfa, os remanescentes da vegetação do passado, teriam sido convertidas em um tipo de carvão, quando submetidas a uma pressão apropriada e ao calor. O antracito foi submetido a uma pressão e a um calor maiores do que os outros carvões.

59:5:17 6819 Na América do Norte, os estratos carboníferos apresentam-se em diversas camadas, o que indica o número de vez es que a terra afundou e se elevou. Esse número é variável, desde dez, no Illinois, a vinte, na Pensilvânia, e desde trinta e cinco, no Alabama, a setenta e cinco, no Canadá. Tanto os fósseis de água doce quanto os de água salgada são encontráveis nas camadas de carvão.

59:5:18 6821 Durante toda essa época, as montanhas da América do Norte e da América do Sul estavam em movimento, tanto os Andes quanto as Montanhas Rochosas ancestrais do sul elevavam-se. As grandes regiões de costas elevadas do Atlântico e do Pacífico começaram a afundar, tornando-se, finalmente, tão erodidas e submersas que as linhas da costa de ambos os oceanos afastaram-se até quase alcançar a sua posição atual. Os depósitos dessa inundação têm uma espessura média de trezentos metros.

59:5:19 6822 Há 190 milhões de anos, testemunhou-se um alongamento para oeste do mar carbonífero da América do Norte, sobre a região atual das Montanhas Rochosas, com uma saída para o oceano Pacífico, pelo norte da Califórnia. O carvão continuou a ser depositado em todas as Américas e na Europa, camada sobre camada, à medida que as terras da costa elevavam-se e afundavam-se durante essas idades de oscilação da linha costeira dos mares.

59:5:20 6823 Há 180 milhões de anos, chegou-se perto do fim do período Carbonífero, durante o qual o carvão se havia formado em todo o mundo – na Europa, Índia, China, África do Norte e Américas. Ao final do período de formação do carvão, a parte da América do Norte situada a leste do vale do rio Mississippi elevou-se, e a maior parte dessa região permaneceu, desde então, acima do mar. Esse período de elevação da terra marca o começo das montanhas atuais da América do Norte, tanto na região apalachiana, quanto no oeste. Os vulcões estavam ativos no Alasca e na Califórnia, e nas regiões de formações montanhosas da Europa e Ásia. A parte leste da América e a parte oeste da Europa estavam ligadas pelo continente da Groenlândia.

59:5:21 6824 A elevação das terras começou a modificar o clima marinho das eras precedentes e a substituí-lo por um começo de clima continental menos ameno e mais variável.

59:5:22 6825 As plantas desses tempos eram portadoras de esporos, e o vento era capaz de disseminá-los em todas as direções. Os troncos das árvores carboníferas tinham, em geral, dois metros de diâmetro e trinta e cinco metros de altura. Os fetos modernos são verdadeiras relíquias dessas idades passadas.

59:5:23 6826 Em geral, essas foram as épocas do desenvolvimento de organismos de água doce; pouca mudança ocorreu na vida marinha já existente. Mas o destraque fundamental desse período foi o surgimento súbito das rãs e dos seus muitos primos. Os traço característico da vida da idade do carvão é dado pelos fetos e pelas rãs.

6. O ESTÁGIO DA TRANSIÇÃO CLIMÁTICA


59:6:1 6827 Esse período marca o fim do desenvolvimento evolucionário essencial na vida marinha e a abertura do período de transição que levou às idades subseqüentes dos animais terrestres.

59:6:2 6828 Essa idade foi de grande empobrecimento da vida. Milhares de espécies marinhas pereceram, e a vida mal se havia estabelecido na Terra. E foi uma época de atribulação biológica, foi a idade em que a vida quase desapareceu da face da Terra e da profundeza dos oceanos. Ao se aproximar o final da longa era de vida marinha, havia mais de cem mil espécies de coisas vivas na Terra. Ao fim desse período de transição, menos de quinhentas haviam sobrevivido.

59:6:3 6829 As peculiaridades desse novo período não se deviam tanto ao resfriamento da crosta da Terra nem à longa ausência de atividade vulcânica, mas a uma combinação inusitada de influências corriqueiras e preexistentes – as diminuições dos mares e a crescente elevação de enormes massas de terras. O suave clima marinho das épocas anteriores estava desaparecendo, e o tipo mais rude de clima continental se desenvolvia rapidamente.

59:6:4 6831 Há 170 milhões de anos, grandes mudanças evolucionárias e ajustamentos estavam ocorrendo em toda a face da Terra. As terras estavam elevando-se em todo o mundo, enquanto os fundos dos oceanos afundavam. Espinhaços montanhosos isolados surgiram. A parte leste da América do Norte estava bem acima do mar; a parte oeste elevava-se lentamente. Os continentes estavam cobertos de mares salgados, grandes e pequenos, e de numerosos mares interiores, ligados aos oceanos por estreitos. A espessura dos estratos desse período de transição varia entre 300 e 2 100 metros.

59:6:5 6832 A crosta da Terra dobrou-se consideravelmente durante essas elevações das terras. Esse foi um tempo de emersão continental, excetuando-se o desaparecimento de algumas pontes de terra, que incluem aquelas entre os continentes que há tanto tempo tinham estado ligados, como a América do Sul e a África, e a América do Norte e a Europa.

59:6:6 6833 Gradualmente, os lagos e os mares internos estavam secando em todo o mundo. Montanhas isoladas e geleiras regionais começaram a surgir, especialmente no hemisfério sul, e, em muitas regiões, os depósitos glaciais dessas formações locais de geleiras podem ser encontrados, mesmo entre alguns dos depósitos mais superficiais e mais recentes de carvão. Dois fatores climáticos novos surgiram – a invasão glacial e a aridez. Muitas das regiões mais altas da Terra se haviam transformado em regiões áridas e estéreis.

59:6:7 6834 Durante esses tempos de mudanças climáticas, grandes variações também ocorreram na vida vegetal terrestre. As plantas de sementes tiveram a sua primeira aparição, e proporcionaram um suprimento melhor de alimento para a vida animal terrestre subseqüentemente em progresso. Os insetos passaram por uma mudança radical. Os estágios de repouso evoluíram, até satisfazer às exigências da suspensão da animação, durante o inverno e as secas.

59:6:8 6835 Entre os animais terrestres, as rãs alcançaram o seu apogeu na idade precedente e rapidamente declinaram, mas sobreviveram, porque podiam viver longamente, até mesmo nas poças e nos açudes, que secavam, daqueles tempos longínquos e extremamente difíceis. Durante essa idade do seu declínio, na África, as rãs deram o seu primeiro passo para evoluir, até se transformar em répteis. E, desde que as massas de terra estavam ainda ligadas entre si, essa criatura pré-réptil, respiradora de ar, espalhou-se por todo mundo. Nessa época, a atmosfera estava tão modificada que servia admiravelmente para sustentar a respiração animal. Foi pouco depois da chegada dessas rãs pré-répteis, que a América do Norte ficou temporariamente isolada, de comunicação cortada com a Europa, a Ásia e a América do Sul.

59:6:9 6836 O resfriamento gradual das águas dos oceanos contribuiu muito para a destruição da vida oceânica. Os animais marinhos daquelas idades refugiaram-se temporariamente em três abrigos favoráveis: a atual região do Golfo do México, a baía do Ganges, na Índia, e a baía siciliana da bacia do Mediterrâneo. E foi dessas três regiões que as novas espécies marinhas, nascidas da adversidade, mais tarde partiram para repovoar os mares.

59:6:10 6837 Há 160 milhões de anos, as terras estavam amplamente cobertas pela vegetação adaptada para sustentar a vida animal terrestre, e a atmosfera havia atingido as condições ideais para a respiração animal. Assim termina o período de redução da vida marinha e os tempos de provação, de adversidade biológica, que eliminaram todas as formas de vida, exceto aquelas que tinham um valor de sobrevivência e que, portanto, estavam qualificadas para funcionar como ancestrais da vida de desenvolvimento mais rápido, e mais altamente diferenciada, das idades que se seguiriam, na evolução planetária.

59:6:11 6841 O término desse período de atribulação biológica, conhecido dos vossos estudantes como o Permiano, marca também o fim da longa era Paleozóica, que abrange um quarto da história planetária, ou seja, duzentos e cinqüenta milhões de anos.

59:6:12 6842 O vasto berçário oceânico de vida, em Urântia, havia servido ao seu propósito. Durante as longas idades em que as terras ainda eram inadequadas para sustentar a vida, antes que a atmosfera contivesse oxigênio bastante para sustentar os animais terrestres superiores, o mar foi maternal e nutriu a vida primitiva do reino. Agora a importância biológica do mar diminui progressivamente, enquanto o segundo estágio da evolução começa a desenvolver-se nas terras.

59:6:13 6843 [Apresentado por um Portador de Vida de Nebadon, um daqueles que pertenceram ao corpo originalmente designado para Urântia.]

DOCUMENTO 60

URÂNTIA DURANTE A ERA DA VIDA TERRESTRE PRIMITIVA
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A era de vida exclusivamente marinha terminou. A elevação das terras, o resfriamento da crosta e dos oceanos, a limitação dos mares e o aprofundamento conseqüente, junto com um grande aumento das terras na latitude norte, tudo isso conspirou grandemente para alterar o clima do mundo em todas as regiões mais afastadas da zona equatorial.

60:0:2 6852 A época do fechamento da era precedente, de fato, foi a idade das rãs; mas esses ancestrais dos vertebrados terrestres não predominavam mais, tendo sobrevivido em números bastante reduzidos. Pouquíssimos tipos sobreviveram às rigorosas provas do período precedente de tribulação biológica. Até mesmo as plantas portadoras de esporas estavam quase extintas.

1. A IDADE PRIMITIVA DOS RÉPTEIS


60:1:1 6853 Os depósitos de erosão desse período foram, na sua maioria, de conglomerados, xisto e arenito. A gipsita e as camadas vermelhas, em todas essas sedimentações, tanto na América quanto na Europa, indicam que o clima desses continentes era árido. Esses distritos áridos estavam submetidos à grande erosão das violentas cargas de água periódicas, vindas dos planaltos da vizinhança.

60:1:2 6854 Poucos fósseis são encontrados nessas camadas, mas numerosas pegadas de répteis terrestres podem ser observadas no arenito. Em muitas regiões, os trezentos metros de arenito vermelho depositado nesse período não contêm fósseis. A vida dos animais terrestres era contínua apenas em certas partes da África.

60:1:3 6855 A espessura desses depósitos varia de 900 a 3 000 metros, chegando a 5 500 metros na costa do Pacífico. Posteriormente, a lava foi forçada, por entre muitas dessas camadas. As paliçadas do rio Hudson formaram-se pela extrusão da lava de basalto entre essas camadas de estratos triássicos. A ação vulcânica foi extensa em partes diferentes do mundo.

60:1:4 6856 Na Europa, especialmente na Alemanha e na Rússia, podem ser encontrados depósitos desse período. Na Inglaterra, o novo arenito vermelho pertence a essa época. O calcário ficou depositado nos Alpes do sul, em resultado de uma invasão marítima e pode agora ser visto nas peculiares paredes de calcário dolomítico, nos picos e nos pilares daquelas regiões. Essa camada é encontrada em toda a África e na Austrália. O mármore de Carrara vem desse calcário modificado. Nada desse período será encontrado nas regiões sulinas da América do Sul, pois que essa parte do continente permaneceu imersa, apresentando por isso apenas um depósito marinho em continuidade com as épocas anteriores e posteriores.

60:1:5 6861 Há 150 milhões de anos, começaram os períodos primitivos da vida terrestre da história do mundo. Em geral, a vida não foi bem, mas foi melhor do que durante o fechamento extenuante e hostil da era de vida marinha.

60:1:6 6862 Na abertura dessa era, as partes ocidental e central da América do Norte, a metade norte da América do Sul, a maior parte da Europa, e toda a Ásia estão bem acima do nível do mar. A América do Norte, pela primeira vez, está isolada geograficamente, mas não por muito tempo, pois a ponte de terra do estreito de Behring emerge de novo, logo em seguida, ligando o continente com a Ásia.

60:1:7 6863 Grandes depressões desenvolveram-se na América do Norte, paralelamente às costas do Atlântico e do Pacífico. A grande falha a leste de Connecticut apareceu, um lado afinal afundando três quilômetros. Muitas dessas depressões norte-americanas foram mais tarde preenchidas por depósitos de erosão, como o foram também muitas das bacias de lagos de água doce e salgada das regiões montanhosas. Mais tarde, essas depressões preenchidas de terra elevaram-se grandemente pelos fluxos de lava que se deram subterraneamente. As florestas petrificadas de muitas regiões pertencem a essa época.

60:1:8 6864 A costa do Pacífico, usualmente acima da água, durante as submersões continentais, ficou abaixo, excetuando-se a parte sulina da Califórnia e uma grande ilha que então existia naquilo que é agora o oceano Pacífico. Esse antigo mar da Califórnia era rico em vida marinha e estendia-se para o leste até ligar-se à velha bacia do mar da região do meio-oeste.

60:1:9 6865 Há 140 milhões de anos, subitamente, e com apenas o indício dos dois ancestrais pré-répteis que se desenvolveram na África durante a época precedente, os répteis apareceram na sua forma plenamente evoluída. Eles desenvolveram-se rapidamente logo gerando crocodilos, répteis escamados e, finalmente, tanto as serpentes do mar como os répteis voadores. Os seus ancestrais de transição logo desapareceram.

60:1:10 6866 Esses dinossauros répteis, que evoluíram rapidamente, logo se tornaram os monarcas da sua idade. Eles eram ovíparos e distinguiam-se de todos os animais por causa dos seus pequenos cérebros, que pesavam menos de meio quilo e que controlavam corpos que chegaram, mais tarde, a pesar até quarenta toneladas. Contudo, os répteis anteriores eram menores, carnívoros e caminhavam como os cangurus, nas suas pernas traseiras. Eles tinham os ossos ocos das aves e subseqüentemente desenvolveram apenas três dedos nos pés traseiros, e muitas das suas pegadas fósseis foram confundidas com aquelas dos pássaros gigantes. Mais tarde, os dinossauros herbívoros evoluíram. Eles andavam sobre todas as quatro pernas, e uma ramificação desse grupo desenvolveu uma couraça protetora.

60:1:11 6867 Vários milhões de anos mais tarde, os primeiros mamíferos apareceram. Eles não eram placentários e demonstraram uma ligeira falha: nenhum sobreviveu. Esse era um esforço experimental para melhorar os tipos de mamíferos, mas não teve êxito em Urântia.

60:1:12 6868 A vida marinha desse período era escassa, mas melhorou rapidamente com a nova invasão do mar, que novamente fez surgir longas linhas costeiras de águas rasas. E por que havia mais águas rasas circundando a Europa e a Ásia, as camadas mais ricas de fósseis podem ser encontradas nesses continentes. Hoje, se vós estudardes a vida dessa idade, examinai as regiões do Himalaia, da Sibéria e do Mediterrâneo, bem como da Índia e das ilhas da bacia do Pacífico sul. Um traço importante da vida marinha foi a presença de multidões das belas amonites, cujos remanescentes fósseis são encontrados por todo o mundo.

60:1:13 6869 Há 130 milhões de anos, os mares haviam mudado pouquíssimo. A Sibéria e a América do Norte estavam conectadas pela ponte de terra do estreito de Bering. Uma vida marinha rica e única apareceu na costa californiana do Pacífico, onde mais de mil espécies de amonites desenvolveram-se dos tipos mais elevados de cefalópodes. As mudanças na vida durante esse período foram de fato revolucionárias, não obstante serem transitórias e graduais.

60:1:14 6871 Esse período se estendeu por mais de vinte e cinco milhões de anos e é conhecido como o Triássico.

2. A NOVA IDADE DOS RÉPTEIS


60:2:1 6872 Há 120 milhões de anos, começou uma nova fase da idade dos répteis. O grande acontecimento desse período foi a evolução e o declínio dos dinossauros. A vida animal terrestre alcançou o seu maior desenvolvimento, do ponto de vista do tamanho, e havia virtualmente perecido da face da Terra ao final dessa idade. Os dinossauros evoluíram, em todos os tamanhos, de uma espécie de menos de sessenta centímetros de comprimento, até os imensos dinossauros não carnívoros, de vinte e dois metros de comprimento, que, desde então, nunca foram igualados, em porte, por nenhuma outra criatura viva.

60:2:2 6873 O maior dos dinossauros originou-se na parte oeste da América do Norte. Esses répteis monstruosos estão enterrados em toda a região das Montanhas Rochosas, ao longo de toda a costa do Atlântico na América do Norte, no oeste da Europa, na África do sul e na Índia, mas não na Austrália.

60:2:3 6874 Essas criaturas pesadas tornaram-se menos ativas e fortes quando cresceram demais; e exigiam uma quantidade enorme de alimento, e a terra estava tão infestada por eles que literalmente morreram de fome e tornaram-se extintos – faltava-lhes inteligência para enfrentar a situação.

60:2:4 6875 Nessa época, a maior parte do leste da América do Norte, que desde muito se havia elevado, nivelou-se escoando para dentro do oceano Atlântico, de modo que a costa estendeu-se por várias centenas de quilômetros a mais do que hoje. A parte oeste do continente ainda estava elevada, mas mesmo essas regiões foram mais tarde invadidas, tanto pelo mar do norte quanto pelo oceano Pacífico, que se estendeu para o leste até a região das Montanhas Negras de Dakota.

60:2:5 6876 Essa foi uma idade de água doce, caracterizada por muitos lagos interiores, como é mostrado pelos abundantes fósseis de água doce dos leitos chamados de Morrison, no Colorado, em Montana e no Wyoming. A espessura desses depósitos combinados de água doce e água salgada varia entre 600 e 1 500 metros; mas pouquíssimo calcário está presente nessas camadas.

60:2:6 6877 O mesmo mar polar que se estendeu até tão distante na América do Norte, de igual modo, cobriu toda a América do Sul, excetuando-se as montanhas andinas que surgiram em seguida. A maior parte da China, bem como da Rússia foi inundada, mas a maior invasão de água entre todas deu-se na Europa. Foi durante essa submersão que se depositou a admirável pedra litográfica da Alemanha do sul, aqueles extratos em que os fósseis, entre os quais as asas mais delicadas dos insetos de outrora, estão preservados como se fossem de ontem.

60:2:7 6878 A flora dessa idade foi muito como a da era precedente. Os fetos perduraram, enquanto as coníferas e os pinheiros tornaram-se mais e mais como as variedades dos dias atuais. Algum carvão ainda estava sendo formado nas margens do norte do Mediterrâneo.

60:2:8 6879 O retorno dos mares melhorou o clima. Os corais espalharam-se pelas águas européias, atestando que o clima era ainda suave e regular, mas eles nunca mais apareceram nos mares polares que se resfriavam lentamente. A vida marinha dessa época aperfeiçoou-se e desenvolveu-se bastante, especialmente nas águas européias. Tanto os corais quanto os crinóides, temporariamente, apareceram em maiores quantidades do que as até então existentes, enquanto os amonites dominaram a vida invertebrada dos oceanos, o seu tamanho médio era de sete a dez centímetros, embora uma espécie tenha atingido o diâmetro de dois metros. As esponjas estavam em toda parte, e não só as lulas mas também as ostras continuaram a evoluir.

60:2:9 6881 Há 110 milhões de anos, os potenciais da vida marinha estavam continuando a despontar. O ouriço do mar foi uma das mutações destacadas dessa época. Caranguejos, lagostas, e os tipos modernos de crustáceos amadureciam. Mudanças notáveis ocorriam na família dos peixes, um tipo de esturjão surgiu pela primeira vez, mas as ferozes serpentes do mar, descendentes dos répteis terrestres, ainda infestavam todos os mares e ameaçavam destruir todas as famílias de peixes.

60:2:10 6882 Essa continuou a ser, por excelência, a idade dos dinossauros. Eles devastaram a terra de um tal modo que duas espécies se refugiaram na água para se sustentar durante o período precedente de invasão dos mares. Essas serpentes marinhas representam um retrocesso na evolução. Enquanto algumas espécies novas progrediam, algumas linhagens permaneciam estacionárias e outras pendiam para o retrocesso, revertendo a um estado anterior. E isso foi o que aconteceu quando essas duas espécies de répteis abandonaram a terra.

60:2:11 6883 Com o passar do tempo, as serpentes do mar cresceram até um tal tamanho que se tornaram muito morosas e finalmente pereceram, porque não tinham cérebros grandes o suficiente para permitir que elas protegessem os seus corpos imensos. Os seus cérebros pesavam menos do que sessenta gramas, não obstante o fato de que esses imensos ictiossauros algumas vezes crescessem até quinze metros de comprimento; a maioria sendo maior do que dez metros de comprimento. Os crocodilos marinhos foram também uma reversão do tipo terrestre de réptil, mas, diferentemente das serpentes do mar, esses animais sempre retornavam à terra para porem os seus ovos.

60:2:12 6884 Logo depois que duas espécies de dinossauros migraram para a água, em uma tentativa fútil de autopreservação, outros tipos se lançaram ao ar por causa da amarga competição pela vida na terra. Mas esses pterossauros voadores não foram os ancestrais dos verdadeiros pássaros das idades subseqüentes. Eles evoluíram de dinossauros saltadores de ossos ocos, e as suas asas, com um comprimento de seis a oito metros, tinham o formato das asas dos morcegos. Esses antigos répteis voadores cresceram até três metros de comprimento, e tinham mandíbulas separadas como aquelas das cobras atuais. Durante um certo tempo, esses répteis voadores pareciam ter tido muito êxito, mas eles deixaram de evoluir em linhagens que os capacitassem a sobreviver como navegadores aéreos. Eles representam os grupos de não sobreviventes dos ancestrais dos pássaros.

60:2:13 6885 As tartarugas proliferaram durante esse período, aparecendo primeiro na América do Norte. Os seus ancestrais vieram da Ásia, passando pela ponte de terra do norte.

60:2:14 6886 Há cem milhões de anos, a idade dos répteis estava chegando ao seu fim. Os dinossauros, apesar da sua massa enorme, não passavam de animais sem cérebro, carentes de uma inteligência que lhes possibilitasse prover alimento suficiente para nutrir corpos tão enormes. E, assim, esses preguiçosos répteis terrestres pereceram em números cada vez maiores. Daí em diante, a evolução seguirá o crescimento dos cérebros, não o da massa física, e o desenvolvimento dos cérebros caracterizará cada uma das épocas seguintes de evolução animal e de progresso planetário.

60:2:15 6887 Esse período, abrangendo o apogeu e o começo do declínio dos répteis, estendeu-se por vinte e cinco milhões de anos, aproximadamente, e é conhecido como o Jurássico.

3. THE CRETACEOUS STAGE

THE FLOWERING PLANT PERIOD

THE AGE OF BIRDS


60:3:1 6888 O grande período cretáceo tem o seu nome derivado da predominância, nos mares, dos prolíficos foraminíferos geradores de cal. Este período leva Urântia até quase o fim da longa predominância dos répteis e testemunha o aparecimento das plantas com flores e a presença dos pássaros terrestres. Esses também são os tempos do término da derivação dos continentes para o oeste e para o sul, acompanhados de deformações tremendas da crosta terrestre e do fluxo de lava que se espalha, concomitantemente, por todos os lados, bem como de grandes atividades vulcânicas.

60:3:2 6891 Perto do final do período geológico precedente, grande parte das terras continentais estava acima da água, embora ainda não houvesse picos nas montanhas. Todavia, à medida que a movimentação da terra continental prosseguia, ela encontrou o seu primeiro grande obstáculo no leito profundo do Pacífico. Essa contenção de forças geológicas deu ímpeto à formação de toda a vasta extensão de montanhas ao norte e ao sul, que vão desde o Alasca, descendo pelo México, até o cabo Horn.

60:3:3 6892 Esse período, assim, torna-se o estágio de formação das montanhas modernas da história geológica. Antes dessa época, havia poucos picos nas montanhas, havia meramente protuberâncias de terras de grande extensão. A costa do Pacífico, então, começava a elevar-se, mas estava localizada a 1 100 quilômetros a oeste da linha atual das costas. As Sierras estavam começando a formar-se, o seu estrato de quartzo aurífero sendo um produto dos fluxos de lava dessa época. Na parte leste da América do Norte, a pressão das águas do Atlântico estava trabalhando também para causar a elevação das terras.

60:3:4 6893 Há cem milhões de anos, o continente norte-americano, bem como parte da Europa estavam bem acima da água. O arqueamento dos continentes americanos continuava, resultando na metamorfose dos Andes na América do Sul e na gradual elevação das planícies a oeste na América do Norte. A maior parte do México afundou sob o mar, e o Atlântico sul invadiu a costa leste da América do Sul, finalmente atingindo a linha atual da costa. Os Oceanos Atlântico e Índico, então, estavam aproximadamente como estão hoje.

60:3:5 6894 Há 95 milhões de anos, as massas de terra americanas e européias começaram a afundar novamente. Os mares do sul começaram a invadir a América do Norte e, gradualmente, estenderam-se para o norte, conectando-se com o oceano Ártico, gerando a segunda maior submersão do continente. Quando esse mar finalmente retraiu-se, ele deixou o continente mais ou menos como agora está. Antes que começasse essa grande submersão, os planaltos apalachianos do leste haviam sido quase que completamente desgastados, até o nível da água. As camadas multicoloridas de argila pura, utilizadas atualmente para manufaturar utensílios de cerâmica, foram depositadas nas regiões da costa do Atlântico, durante essa idade; a sua espessura média sendo de cerca de 600 metros.

60:3:6 6895 Grandes atividades vulcânicas ocorreram no sul dos Alpes e ao longo da linha costeira atual de montanhas da Califórnia. A maior deformação da crosta, em milhões e milhões de anos, teve lugar no México. Grandes mudanças também ocorreram na Europa, Rússia, Japão e na parte sul da América do Sul. O clima tornou-se crescentemente diversificado.

60:3:7 6896 Há 90 milhões de anos, as angiospermas emergiram desses mares cretáceos primitivos e logo cobriram o continente. Essas plantas terrestres subitamente apareceram junto com árvores: figueiras, magnólias e árvores com tulipas. Logo depois dessa época, as figueiras, as árvores de fruta-pão e as palmeiras espalharam-se pela Europa e pelas planícies do lado oeste da América do Norte. Nenhum animal terrestre novo apareceu.

60:3:8 6897 Há 85 milhões de anos, o estreito de Bering fechou-se, isolando as águas em resfriamento dos mares do norte. Até então, a vida marinha das águas do golfo do Atlântico e aquelas do oceano Pacífico diferiam grandemente, devido às variações de temperatura dessas duas massas de água, as quais agora se tornavam uniformes.

60:3:9 6898 Os depósitos de calcário glauconito deram nome a esse período. As sedimentações dessas épocas são variegadas, consistindo de giz, xisto, arenito e pequenas porções de calcário, junto com carvão inferior ou lignita, e em muitas regiões elas contêm petróleo. Essas camadas têm uma espessura que varia de 60 metros, em alguns locais, até 3 000 metros, na parte oeste da América do Norte e em numerosas localidades européias. Nas inclinações deformadas das bases do lado leste das Montanhas Rochosas, esses depósitos podem ser observados.

60:3:10 6901 Em todo o mundo, essas camadas são permeadas de giz, e tais camadas porosas semi-rochosas recolhem a água nos seus afloramentos sinuosos, enviando-a para baixo, desse modo fornecendo o suprimento de água de muitas das regiões atualmente áridas da Terra.

60:3:11 6902 Há 80 milhões de anos, grandes perturbações ocorreram na crosta da Terra. O avanço a oeste do movimento continental estava chegando a uma estabilização, e a energia enorme do momentum vagaroso da massa continental interior arremeteu-se sobre a linha da costa do Pacífico, tanto na América do Norte, quanto na América do Sul, e iniciou mudanças de repercussão profunda ao longo da costa do Pacífico, na Ásia. Essa elevação de terras, que circunda o Pacífico, culminou nas linhas atuais de montanhas tendo mais de quarenta mil quilômetros de comprimento. E os solevantamentos de terras que acompanharam o seu nascimento foram as maiores distorções de superfície ocorridas desde o aparecimento da vida em Urântia. Os fluxos de lava, tanto acima quanto abaixo da superfície das terras, eram muito extensos e espalhados.

60:3:12 6903 Há 75 milhões de anos, ficou assinalado o fim das derivações continentais. Do Alasca ao cabo Horn, a longa cordilheira de montanhas que acompanha a costa do Pacífico estava completa, mas havia ainda poucos picos.

60:3:13 6904 O contragolpe da paralisação da derivação continental continuou a elevar as planícies a oeste na América do Norte, enquanto, a leste, as desgastadas montanhas apalachianas, da região da costa do Atlântico, foram projetadas diretamente para o alto, com pouca ou nenhuma inclinação de mergulho.

60:3:14 6905 Há 70 milhões de anos, aconteceram as distorções da crosta, ligadas à elevação máxima da região das Montanhas Rochosas. Um grande segmento de rocha foi empurrado, a vinte e cinco quilômetros, na superfície, até a Colômbia Britânica; e aqui as rochas cambrianas foram arremessadas obliquamente para cima das camadas do Cretáceo. Na declividade leste das Montanhas Rochosas, perto da fronteira canadense, houve um outro empurrão espetacular; neste podem ser encontradas as camadas de pedra, da pré-vida, afastadas por sobre os depósitos cretáceos, então recentes.

60:3:15 6906 Essa foi uma idade de atividades vulcânicas em todo o mundo, dando nascimento a numerosos pequenos cones vulcânicos isolados. Vulcões submarinos irromperam na região submersa do Himalaia. Grande parte do resto da Ásia, incluindo a Sibéria, estava ainda sob as águas.

60:3:16 6907 Há 65 milhões de anos, ocorreu um dos maiores fluxos de lava de todos os tempos. As camadas de depósito desse fluxo e do anterior são encontradiças nas Américas, ao sul e ao norte da África, na Austrália e em partes da Europa.

60:3:17 6908 Os animais terrestres sofreram pouquíssimas mudanças, mas, por causa da imensa emersão continental, especialmente na América do Norte, eles multiplicaram-se rapidamente. A América do Norte foi o grande campo para a evolução dos animais terrestres dessas épocas, a maior parte da Europa estando sob as águas.

60:3:18 6909 O clima era ainda quente e uniforme. As regiões do ártico estavam desfrutando de um clima muito semelhante ao atual da parte central e do sul da América do Norte.

60:3:19 69010 Uma grande evolução da vida vegetal estava acontecendo. Entre as plantas terrestres as angiospermas predominavam, e muitas das árvores atuais tiveram o seu primeiro aparecimento, incluindo a faia, a bétula, o carvalho, a nogueira, o falso plátano, o bordo e as palmeiras modernas. As frutas, as gramíneas e os cereais eram abundantes, e essas gramas com sementes e árvores foram, para o mundo das plantas, o que os ancestrais do homem foram para o mundo animal – os segundos em importância evolucionária apenas em relação ao aparecimento do próprio homem. Subitamente, e sem uma gradação preparatória, a grande família das plantas de flores sofreu mutação. E essa nova flora logo se espalhou pelo mundo inteiro.

60:3:20 6911 Há 60 milhões de anos, embora os répteis terrestres estivessem em declínio, os dinossauros continuaram como os monarcas terrestres, a liderança agora sendo tomada pelos tipos menores, mais ágeis e ativos de dinossauros carnívoros da variedade dos cangurus saltadores. Contudo, algum tempo antes haviam aparecido novos tipos de dinossauros herbívoros, cujo crescimento rápido aconteceu devido ao aparecimento das famílias terrestres das gramíneas. Um desses novos dinossauros, que se alimentava de gramíneas, era um verdadeiro quadrúpede, tendo dois chifres e, nos ombros, uma capa em forma de manto. O tipo terrestre de tartaruga apareceu, com seis metros de diâmetro, como também o moderno crocodilo e as cobras verdadeiras, do tipo moderno. Grandes mudanças estavam também ocorrendo nos peixes e em outras formas de vida marinha.

60:3:21 6912 As aves pernaltas e os pré-pássaros nadadores das idades primevas não haviam tido êxito no ar e, do mesmo modo, os dinossauros voadores também não o tiveram. Elas foram espécies de vida curta, logo se tornando extintas. E também ficaram submetidas à mesma condenação dos dinossauros, ou seja, à destruição, porque tinham pouquíssima massa cerebral em relação ao tamanho do próprio corpo. Falhou essa segunda tentativa de gerar animais, que pudessem navegar pela atmosfera, como falhou também a tentativa abortada de produzir mamíferos durante essa idade e na precedente.

60:3:22 6913 Há 55 milhões de anos, a marcha evolucionária foi marcada pelo aparecimento súbito dos primeiros pássaros verdadeiros; uma pequena criatura semelhante a um pombo foi o ancestral de toda a vida avícola. Esse foi o terceiro tipo de criatura voadora a aparecer na Terra, e originou-se diretamente do grupo dos répteis; não veio dos dinossauros voadores dessa época, nem dos tipos anteriores de pássaros terrestres com dentes. E, assim, essa se tornou conhecida como a idade dos pássaros, bem como a do declínio dos répteis.

4. O FIM DO PERÍODO CRETÁCEO


60:4:1 6914 O grande período Cretáceo estava próximo do seu fechamento, e o seu término assinala o fim das grandes invasões dos mares adentro dos continentes. Isto é verdadeiro particularmente para a América do Norte, onde tinha havido nada menos do que vinte e quatro grandes inundações. E, embora tenha ocorrido submersões subseqüentes menores, nenhuma dessas pode ser comparada às extensas e longas invasões marítimas dessa idade e das precedentes. Esses períodos alternados, de predomínio da terra e do mar, ocorreram em ciclos de milhões de anos. Essas elevações e afundamentos do fundo dos oceanos e dos níveis de terra dos continentes aconteceram segundo ritmos multimilenares. E esses mesmos movimentos rítmicos da crosta continuarão, dessa época em diante, na história da Terra, mas com freqüências e extensões decrescentes.

60:4:2 6915 Esse período também testemunha o fim da deriva continental e da formação das modernas montanhas de Urântia. Todavia, a pressão das massas continentais e do momentum transversal das suas derivações seculares não é a influência exclusiva geradora das montanhas. O fator principal e básico, na determinação da localização de uma cadeia de montanhas, é a planície preexistente, ou a depressão, que se tornou preenchida pelos depósitos relativamente menos pesados de erosão da terra e dos movimentos marinhos das idades precedentes. Essas áreas mais leves de terras, algumas vezes, têm de 4 500 a 6 000 metros de espessura; e, portanto, quando a crosta é submetida à pressão por uma causa qualquer, essas áreas mais leves são as primeiras a dobrar-se para cima, e a subir para permitir o ajustamento compensatório das forças e das pressões em conflito, que trabalham na crosta da Terra ou sob a mesma. Algumas vezes esses levantamentos de terras ocorrem sem dobras. No caso, porém, do levantamento das Montanhas Rochosas, ocorreram grandes dobras e mergulhos, combinados com enormes arrastamentos das várias camadas, tanto subterrâneas quanto superficiais.

60:4:3 6921 As montanhas mais antigas do mundo estão localizadas na Ásia, na Groenlândia e ao norte da Europa, entre as do antigo sistema este-oeste. As montanhas de idade intermediária estão no grupo que circunda o oceano Pacífico e no segundo sistema europeu leste-oeste, que nasceram aproximadamente ao mesmo tempo. Essa gigantesca elevação tem quase dezesseis mil quilômetros de comprimento, estendendo-se desde a Europa até as elevações de terra nas Antilhas. As montanhas mais recentes estão no sistema das Montanhas Rochosas, onde, durante idades, as elevações das terras ocorreram apenas para serem sucessivamente encobertas pelo mar, embora algumas entre as terras mais elevadas hajam permanecido como ilhas. Depois da formação das montanhas de meia-idade, uma cordilheira montanhosa real elevou-se e estaria posteriormente destinada a ser encravada nas atuais Montanhas Rochosas, por toda uma arte combinada dos elementos da natureza.

60:4:4 6922 A região atual das Montanhas Rochosas norte-americanas não é a elevação original daquelas terras; aquela elevação havia sido, tempos atrás, nivelada pela erosão, e depois fora reelevada. A cadeia frontal atual de montanhas é o que restou dos remanescentes da cadeia original, que fora reelevada. Os picos de Pikes e Longs são exemplos notáveis dessa atividade na montanha, estendendo-se a duas ou mais gerações de vidas das montanhas. Esses dois picos mantiveram os seus topos sobre as águas, durante várias das inundações precedentes.

60:4:5 6923 Biologicamente, bem como geologicamente, essa foi uma idade ativa e cheia de acontecimentos na terra e sob as águas. Os ouriços do mar aumentaram em número, enquanto os corais e os crinóides diminuíram. Os amonites, de influência preponderante durante uma idade anterior, também declinaram rapidamente. Nas terras, as florestas de fetos foram amplamente substituídas pela de pinheiros e de outras árvores modernas, incluindo as gigantescas sequóias. Ao final desse período, enquanto os mamíferos placentários ainda não haviam surgido, o estágio biológico foi completamente estabelecido para o aparecimento, em uma idade subseqüente, dos primeiros ancestrais dos futuros tipos de mamíferos.

60:4:6 6924 E assim termina uma longa era de evolução do mundo, estendendo-se desde o primeiro aparecimento da vida terrestre até os tempos mais recentes dos ancestrais imediatos da espécie humana e das suas ramificações colaterais. Este, o período Cretáceo, engloba cinqüenta milhões de anos e encerra a era pré-mamífera da vida terrestre, que se estende por um período de cem milhões de anos, e é conhecido como o Mesozóico.

60:4:7 6925 [Apresentado por um Portador da Vida de Nebadon, designado para Satânia e agora atuando em Urântia.]

DOCUMENTO 61

A ERA DOS MAMÍFEROS EM URÂNTIA
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A era dos mamíferos estende-se desde os tempos da origem dos mamíferos placentários até o fim da idade do gelo, abrangendo um pouco menos de cinqüenta milhões de anos.

61:0:2 6932 Durante essa idade cenozóica a paisagem do mundo apresentou uma aparência atraente – colinas onduladas, vales amplos, rios largos e grandes florestas. Por duas vezes, durante esse espaço de tempo, o istmo do Panamá subiu e desceu; por três vezes, o mesmo aconteceu à ponte de terra do estreito de Behring. As espécies animais eram não só numerosas como variadas. As árvores estavam repletas de pássaros, e todo o mundo era um paraíso animal, não obstante a luta incessante das espécies animais em evolução, pela supremacia.

61:0:3 6933 Os depósitos acumulados de cinco períodos dessa era, que durou 50 milhões de anos, contêm os registros fósseis das dinastias sucessivas dos mamíferos e conduzem diretamente aos tempos do aparecimento factual do próprio homem.

1. O NOVO ESTÁGIO DAS TERRAS CONTINENTAIS


61:1:1 6934 Há 50 milhões de anos, as áreas de terra do mundo estavam, em geral, acima da água ou apenas ligeiramente submersas. As formações e os depósitos desse período são tanto terrestres quanto marinhos, mas principalmente terrestres. Durante um considerável período de tempo, a terra gradualmente elevou-se, mas, simultaneamente, foi carreada pelas águas até os níveis mais baixos, na direção do mar.

61:1:2 6935 No início desse período, na América do Norte, os mamíferos do tipo placentário apareceram subitamente, e eles constituíram o mais importante desenvolvimento evolucionário até essa época. Ordens anteriores de mamíferos não placentários haviam existido, mas esse novo tipo surgiu direta e subitamente de um réptil ancestral preexistente, cujos descendentes haviam sobrevivido até o final dos tempos do declínio dos dinossauros. O pai dos mamíferos placentários foi um dinossauro pequeno, altamente ativo, carnívoro, do tipo saltador.

61:1:3 6936 Os instintos mamíferos básicos começaram a manifestar-se nesses tipos primitivos de mamíferos. Os mamíferos possuem uma vantagem imensa de sobrevivência sobre todas as outras formas de vida animal, pois eles podem:

6937 1. Gerar uma progênie relativamente madura e bem desenvolvida.

6938 2. Nutrir e proteger a sua progênie e cuidar dela com uma atenção afetuosa.

6939 3. Empregar a capacidade superior do seu cérebro para a autoperpetuação.

69310 4. Utilizar maior agilidade para escapar dos inimigos.

69311 5. Aplicar a sua inteligência superior ao ajustamento e à adaptação ambiental.

61:1:4 6941 Há 45 milhões de anos, os espigões continentais foram elevados, em conseqüência de um afundamento bastante generalizado da linha costeira. A vida mamífera estava evoluindo rapidamente. Um réptil pequeno, um mamífero do tipo ovíparo, floresceu, e os ancestrais dos futuros cangurus povoaram a Austrália. Logo surgiram pequenos cavalos, rinocerontes ágeis, tapires com trombas, porcos primitivos, esquilos, lêmures, gambás e várias tribos de animais do tipo dos símios. Eram todos pequenos, primitivos e mais bem adaptados para viver nas florestas das regiões montanhosas. Uma grande ave terrestre, semelhante à avestruz, desenvolveu-se, atingindo uma altura de três metros, e punha um ovo de vinte e três por trinta e três centímetros. Esses foram os ancestrais dos futuros pássaros gigantes dos viajantes e que eram tão altamente inteligentes e que outrora transportaram os seres humanos por via aérea.

61:1:5 6942 Os mamíferos da era Cenozóica primitiva viviam na terra, sob as águas, no ar e nos topos das árvores. Tinham de um a onze pares de glândulas mamárias, e todos eram cobertos por uma quantidade considerável de pêlos. Em comum com as ordens que surgiram posteriormente, eles desenvolveram duas dentições sucessivas e possuíam cérebros grandes, em relação ao tamanho dos seus corpos. Entre eles, contudo, não existia ainda nenhuma das espécies modernas.

61:1:6 6943 Há 40 milhões de anos, as áreas de terra do hemisfério norte começaram a elevar-se, e a isso se seguiram novos depósitos extensos de terras, bem como outras atividades terrestres, incluindo derramamento de lava, depósitos aluviais, formação de lagos e erosão.

61:1:7 6944 Durante a última parte dessa época, quase toda a Europa submergiu. Em seguida a uma ligeira elevação da terra, o continente ficou coberto de lagos e baías. O oceano Ártico, passando pela depressão nos Urais, escorreu para o sul, ligando-se ao mar Mediterrâneo, que então se havia expandido na direção norte; as terras altas dos Alpes, Cárpatos, Apeninos e Pirineus estavam acima das águas, como ilhas em um mar. O istmo do Panamá estava acima da água; os oceanos Atlântico e Pacífico estavam separados. A América do Norte, estava ligada à Ásia por meio da ponte de terra do estreito de Behring, e à Europa por meio da Groenlândia e da Islândia. O circuito das terras, nas latitudes norte, interrompia-se apenas nos estreitos Urais, que ligavam os mares árticos ao Mediterrâneo, então ampliado.

61:1:8 6945 Uma quantidade considerável de calcário foraminífero depositou-se nas águas européias. Hoje, essa mesma pedra foi elevada a uma altitude de 3 000 metros, nos Alpes, a 4 800 metros no Himalaia e a 6 000 metros no Tibete. Os depósitos de giz desse período são encontradiços ao longo das costas da África e Austrália, na costa oeste da América do Sul e nas Antilhas.

61:1:9 6946 Durante toda essa época, chamada Eocena, a evolução dos mamíferos e de outras espécies de vida relacionadas a eles continuou, com pouca ou nenhuma interrupção. A América do Norte, então, estava ligada por terra com todos os continentes, excetuando-se a Austrália, e o mundo foi gradualmente tomado por uma fauna mamífera primitiva de vários tipos.

2. O ESTÁGIO RECENTE DE INUNDAÇÕES


61:2:1 6947 Esta época ficou caracterizada por uma evolução rápida e favorecida dos mamíferos placentários, a forma mais adiantadas de vida mamífera desenvolvida durante essa época.

61:2:2 6948 Embora os primeiros mamíferos placentários tenham tido origem em ancestrais carnívoros, logo as ramificações herbívoras desenvolveram-se e, em breve, as famílias dos mamíferos onívoros também surgiram. Os angiospermas eram o alimento principal dos mamíferos e rapidamente cresciam em número; a flora terrestre moderna, incluindo a maioria das plantas e árvores atuais, aparecera durante épocas anteriores.

61:2:3 6951 Há 35 milhões de anos, fica assinalado o começo da idade da predominância dos mamíferos placentários no mundo. A ponte de terra do sul era abrangente, religando o então enorme continente da Antártida à América do Sul, à África do sul e à Austrália. A despeito da concentração de massas de terra nas latitudes altas, o clima do mundo permaneceu relativamente suave, por causa do aumento enorme no tamanho dos mares tropicais; e também porque as terras não foram elevadas suficientemente a ponto de produzirem geleiras. Grandes fluxos de lava ocorreram na Groenlândia e na Islândia, e uma certa quantidade de carvão foi depositada entre essas camadas.

61:2:4 6952 Mudanças notáveis estavam ocorrendo na fauna do planeta. A vida passava por uma grande modificação; a maior parte das ordens atuais de vida marinha existia, e os foraminíferos continuavam a exercer um importante papel. A vida dos insetos era muito semelhante à dos da era anterior. As camadas dos depósitos fósseis de Florissant, no Colorado, pertencem aos últimos anos dessa época longínqua. A maior parte das famílias dos insetos vivos remonta a esse período, mas muitos que existiam então,atualmente estão extintos, os seus fósseis todavia permanecem.

61:2:5 6953 Em terra firme, essa foi, sobretudo, a idade da renovação e da expansão para os mamíferos. Dentre os mamíferos anteriores e mais primitivos, mais de cem espécies estavam extintas antes do término desse época. Mesmo os mamíferos de grande porte, e de cérebros pequenos, pereceram logo. Os cérebros e a agilidade haviam substituído a couraça e o tamanho, na linha de progresso da sobrevivência animal. E, com a família dos dinossauros em declínio, os mamíferos assumiam lentamente o domínio da terra, destruindo rápida e completamente o remanescente dos seus ancestrais répteis.

61:2:6 6954 Com o desaparecimento dos dinossauros, outras grandes mudanças ocorreram nos vários ramos da família sauriana. Os membros sobreviventes das famílias primitivas de répteis são as tartarugas, as cobras e os crocodilos, junto com a venerável rã, o único grupo remanescente a representar os ancestrais iniciais do homem.

61:2:7 6955 Vários grupos de mamíferos tiveram a sua origem em um único animal, agora extinto. Essa criatura carnívora era algo como um cruzamento de um gato e uma foca; podia viver na terra ou na água e era altamente inteligente e muito ativa. Na Europa, o ancestral da família canina evoluiu, dando logo origem a muitas espécies de pequenos cães. Nessa mesma época, apareceram os roedores, incluindo os castores, os esquilos, os geômis, os camundongos e os coelhos, e logo se transformaram em uma forma notável de vida, e pouca mudança ocorreu nessa família desde então. Os depósitos posteriores desse período contêm os remanescentes fósseis de cães, gatos, guaxinins e doninhas, nas suas formas ancestrais.

61:2:8 6956 Há 30 milhões de anos, os tipos modernos de mamíferos começaram a surgir. Até então, os mamíferos tinham vivido, em grande parte, nas colinas, sendo eles do tipo das montanhas ; subitamente começou a evolução do tipo das planícies, ou o tipo que tem casco, de espécies herbívoras, diferenciadas das com garras, de comedores de carne. Esses herbívoros vieram de um ancestral não diferenciado, que tinha cinco dedos nas patas e quarenta e quatro dentes, e que pereceu antes do fim da idade. A evolução dos dedos não avançou para além do estágio de três dedos durante esse período.

61:2:9 6957 O cavalo, um exemplo notável de evolução, viveu, durante essas épocas, tanto na América do Norte quanto na Europa, embora o seu desenvolvimento não se haja completado totalmente antes do fim da idade do gelo. Se bem que a família dos rinocerontes tenha aparecido no final desse período, ela conseguiu a sua maior expansão só posteriormente. Também se desenvolveu uma criatura pequena, semelhante a um porco, e que se tornou o ancestral de muitas espécies de suínos, queixadas e hipopótamos. Os camelos e as lhamas tiveram a sua origem na América do Norte, por volta da metade desse período, e povoaram as planícies do oeste. Mais tarde, as lhamas migraram para a América do Sul, os camelos para a Europa e logo ambos acabaram sendo extintos na América do Norte, embora uns poucos camelos hajam sobrevivido até a idade do gelo.

61:2:10 6961 Por volta dessa época, uma coisa notável aconteceu no lado oeste da América do Norte: os primeiros ancestrais dos antigos lêmures fizeram a sua primeira aparição. Embora essa família não possa ser considerada como a dos verdadeiros lêmures, o seu surgimento marcou o estabelecimento da linha da qual se originaram, subseqüentemente, os lêmures verdadeiros.

61:2:11 6962 Tal como as serpentes terrestres de uma idade anterior, que se fizeram aos mares, agora, uma tribo inteira de mamíferos placentários desertou a terra e fez dos oceanos a sua residência. E, desde então, permaneceu no mar, gerando as modernas baleias, golfinhos, masorpas, focas e leões-marinhos.

61:2:12 6963 A vida avícola do planeta continuou a desenvolver-se, mas com umas poucas mudanças evolucionárias importantes. A maioria dos pássaros modernos existia, incluindo as gaivotas, garças, flamingos, bútios, falcões, águias, corujas, codornas e avestruzes.

61:2:13 6964 Por volta do fechamento dessa época Oligocena, cobrindo dez milhões de anos, a vida vegetal, junto com a vida marinha e com a dos animais terrestres, desenvolveu-se amplamente e tinha presença na Terra de um modo semelhante ao de hoje. Uma especialização considerável ocorreu subseqüentemente, mas as formas ancestrais da maioria das coisas vivas já existiam então.

3. O ESTÁGIO DAS MODERNAS MONTANHAS


61:3:1 6965 A elevação das terras e a separação dos mares estavam vagarosamente mudando o clima do mundo, resfriando-o gradativamente, mas o clima ainda era suave. As sequóias e as magnólias cresciam na Groenlândia, mas as plantas subtropicais estavam começando a migrar para o sul. No final dessa época, essas plantas e árvores de climas quentes tinham desaparecido, em grande parte, das latitudes ao norte, sendo substituídas por plantas mais robustas e pelas árvores que mudam de folhagem anualmente.

61:3:2 6966 Houve um grande acréscimo nas variedades das gramíneas, e os dentes de muitas espécies de mamíferos alteraram-se gradualmente, para se conformarem aos tipos atuais de pastos e ervas.

61:3:3 6967 Há 25 milhões de anos, aconteceu uma ligeira submersão de terras, que se seguiu à longa época de elevação das terras. A região das Montanhas Rochosas permaneceu altamente elevada, de modo que o depósito feito pelo material de erosão continuou por todas as terras baixas a leste. As Sierras foram bem reelevadas; e, de fato, elas têm subido desde então. A grande falha vertical, de seis quilômetros e meio, na região da Califórnia, data dessa época.

61:3:4 6968 Há 20 milhões de anos, os mamíferos conheceram, de fato, a sua idade de ouro. A ponte de terra do estreito de Behring estava acima das águas, e muitos grupos de animais migraram para a América do Norte, vindos da Ásia, incluindo os mastodontes de quatro presas, os rinocerontes de pernas curtas e muitas variedades da família dos felinos.

61:3:5 6969 O primeiro cervo apareceu, e a América do Norte logo estava povoada de ruminantes – veados, bois, camelos, bisões e várias espécies de rinocerontes –, mas os porcos gigantes, de mais de um metro e oitenta centímetros de altura, extinguiram-se.

61:3:6 6971 Os imensos elefantes dessa época, e da subseqüente possuíam cérebros grandes, bem como corpos imensos, e logo tomaram todo o mundo, exceto a Austrália. Dessa vez, o mundo estava dominado por um animal imenso, com um cérebro suficientemente grande para capacitá-lo a subsistir. Confrontado com a vida altamente inteligente dessas idades, nenhum animal do tamanho de um elefante poderia haver sobrevivido, a menos que possuísse um cérebro de grande porte e de qualidade superior. Pela sua inteligência e adaptabilidade, apenas o cavalo pode ser comparado ao elefante, que é ultrapassado apenas pelo próprio homem. E mesmo assim, das cinqüenta espécies de elefantes em existência, quando da abertura dessa época, apenas duas sobreviveram.

61:3:7 6972 Há 15 milhões de anos, as regiões montanhosas da Eurásia estavam-se elevando, e havia alguma atividade vulcânica em todas essas regiões, mas nada comparável aos fluxos de lava do hemisfério ocidental. Essas condições instáveis prevaleceram em todo o mundo.

61:3:8 6973 O estreito de Gibraltar fechou-se, e a Espanha ficou ligada à África pela antiga ponte de terra, mas o Mediterrâneo fluiu para o Atlântico por meio de um canal estreito, que se estendia através da França; os picos das montanhas e os planaltos apareciam como ilhas por sobre esse antigo mar. Mais tarde, esses mares europeus começaram a retrair-se. Mais tarde ainda, o Mediterrâneo ficou ligado ao oceano Índico, e, ao final dessa época, a região de Suez estava de tal modo elevada, que o Mediterrâneo tornou-se, durante um certo tempo, um mar salgado interior.

61:3:9 6974 A ponte de terra da Islândia submergiu, e as águas árticas misturaram-se às do oceano Atlântico. A costa atlântica da América do Norte rapidamente resfriou-se, mas a costa do Pacífico permaneceu mais quente do que é atualmente. As grandes correntes oceânicas estavam atuando e afetavam o clima do mesmo modo como o fazem hoje.

61:3:10 6975 A vida dos mamíferos continuou a evoluir. Enormes manadas de cavalos juntaram-se às de camelos, nas planícies do oeste da América do Norte; essa foi verdadeiramente a idade dos cavalos, bem como a dos elefantes. O cérebro do cavalo é próximo, em qualidade animal, àquele do elefante, mas, sob um ponto de vista, é decididamente inferior; pois o cavalo nunca venceu completamente a tão sedimentada propensão de fugir quando amedrontado. O cavalo não tem o controle emocional do elefante, enquanto o elefante é, em muito, prejudicado pelo tamanho e pela falta de agilidade. Durante essa época, um animal evoluiu que, de algum modo, era como ambos, o elefante e o cavalo, mas foi logo destruído pela família dos felinos, que crescia rapidamente.

61:3:11 6976 No momento presente, em que Urântia entra em uma idade chamada “idade sem cavalos”, vós devíeis parar para ponderar o que esse animal significou para os vossos ancestrais. Os homens primeiro usaram os cavalos como alimento, depois para viajar e, mais tarde, na agricultura e na guerra. O cavalo tem servido à humanidade há um longo tempo e tem tido um papel importante no desenvolvimento da civilização humana.

61:3:12 6977 Os desenvolvimentos biológicos dessa época contribuíram em muito para o estabelecimento do cenário que permitiu o aparecimento posterior do homem. Na Ásia Central, evoluíram os tipos verdadeiros tanto dos macacos primitivos quanto dos gorilas, tendo um ancestral em comum, agora extinto. Mas nenhuma dessas espécies está ligada à linha dos seres vivos que viriam a tornar-se, mais tarde, os ancestrais da raça humana.

61:3:13 6978 A família canina estava representada por vários grupos, notadamente de lobos e raposas; a tribo dos felinos, pelas panteras e pelos grandes tigres dentes-de-sabre, tendo estes últimos evoluído inicialmente na América do Norte. As famílias modernas de felinos e de caninos cresceram em número, no mundo inteiro. As doninhas, martas, lontras e guaxinins medraram e desenvolveram-se em todas as latitudes norte.

61:3:14 6981 Os pássaros continuaram a evoluir, embora poucas mudanças notáveis hajam ocorrido. Os répteis eram semelhantes aos dos tipos modernos – cobras, crocodilos e tartarugas.

61:3:15 6982 Assim, chegou ao fim uma idade muito cheia de acontecimentos e muito interessante da história do mundo. Essa idade do elefante e do cavalo é conhecida como a época Miocena.

4. O ESTÁGIO RECENTE DAS ELEVAÇÕES CONTINENTAIS


61:4:1 6983 Esta é a época da elevação pré-glacial das terras, na América do Norte, na Europa e na Ásia. A terra foi alterada amplamente na sua topografia. As cadeias de montanhas surgiram, as correntes mudaram os seus cursos e os vulcões isolados irromperam em todo o mundo.

61:4:2 6984 Há 10 milhões de anos, começou uma idade de vastos depósitos localizados de terra, disseminados nas planícies dos continentes; mas a maioria dessas sedimentações foi removida mais tarde. Grande parte da Europa, nessa época, estava ainda sob as águas, incluindo regiões da Inglaterra, da Bélgica e da França; e o mar Mediterrâneo cobria grandes áreas do norte da África. Na América do Norte, extensos depósitos foram feitos nas bases das montanhas, nos lagos e nas grandes bacias terrestres. Esses depósitos têm, em média, apenas 200 metros de espessura, são mais ou menos coloridos e, neles, os fósseis são raros. Dois grandes lagos de água doce existiram na parte oeste da América do Norte. As Sierras estavam elevando-se; Shasta, Hood, e Rainier estavam iniciando as suas carreiras como montanhas. Mas só na idade subseqüente, das geleiras, é que a América do Norte começou o seu deslocamento na direção das profundezas do Atlântico.

61:4:3 6985 Durante um curto espaço de tempo, toda a terra do mundo uniu-se novamente, excetuando-se a Austrália; e a última grande migração mundial de animais aconteceu. A América do Norte estava ligada tanto à América do Sul quanto à Ásia, e havia um intercâmbio livre da fauna animal. Os bichos preguiças, tatus, antílopes e ursos asiáticos entraram na América do Norte, enquanto os camelos norte-americanos foram para a China. Os rinocerontes migraram para todo o mundo, exceto para a Austrália e para a América do Sul, mas se extinguiram no hemisfério ocidental, ao final desse período.

61:4:4 6986 Em geral, a vida do período precedente continuou a evoluir, e a disseminar-se. A família felina dominou a vida animal, e a vida marinha estava quase em compasso de espera. Muitos dos cavalos ainda tinham três dedos, mas os tipos modernos estavam em vias de aparecer; as lhamas e os camelos parecidos com girafas misturavam-se com os cavalos nos pastos das planícies. A girafa apareceu na África, tendo então um pescoço tão comprido quanto agora. Na América do Sul, as preguiças, tatus, tamanduás e o tipo sul-americano de macacos primitivos evoluíram. Antes que os continentes estivessem finalmente isolados, os animais de maior porte, os mastodontes, migraram para todos os lugares, excetuando-se a Austrália.

61:4:5 6987 Há cinco milhões de anos, o cavalo atingiu o seu estado atual de evolução e, da América do Norte, ele migrou para todo o mundo. O cavalo, no entanto, havia-se tornado extinto no continente da sua origem, muito antes que o homem vermelho chegasse.

61:4:6 6988 O clima estava gradativamente ficando mais frio, as plantas terrestres estavam lentamente migrando para o sul. A princípio foi o frio crescente, no norte, que parou com as migrações dos animais para os istmos do norte; subseqüentemente, essas pontes de terra, na América do Norte, desfizeram-se. Logo depois, a ligação de terra entre a África e a América do Sul finalmente submergiu, e o hemisfério ocidental ficou isolado, quase como o é hoje. Dessa época em diante, tipos distintos de vida começaram a desenvolver-se nos hemisférios oriental e ocidental.

61:4:7 6991 E assim, esse intervalo de quase dez milhões de anos de duração chegou a um final, e não apareceu ainda o ancestral do homem. Essa é, em geral, designada por época Pliocena.

5. A PRIMEIRA IDADE GLACIAL


61:5:1 6992 Ao final da época precedente, as terras da parte nordeste da América do Norte e do norte da Europa se haviam elevado em uma escala extensa, na América do Norte vastas áreas subiam a 9 000 metros de altitude e até mais. Os climas suaves haviam prevalecido anteriormente nessas regiões do norte, e as águas do Ártico estavam todas sujeitas à evaporação e continuaram sem se congelar até quase o final do período glacial.

61:5:2 6993 Simultaneamente a essas elevações das terras, as correntes dos oceanos mudaram de direção, e os ventos sazonais modificaram as suas direções. Essas condições finalmente geraram uma precipitação quase que constante de umidade, vinda do movimento da atmosfera pesadamente saturada sobre os planaltos do norte. A neve começou a cair nessas regiões elevadas e, portanto, frias, e continuou caindo até atingir uma profundidade de 6 000 metros. As áreas de maior profundidade de neve, junto com a altitude, determinaram os pontos centrais do fluxo da pressão glacial subseqüente. E a idade glacial perdurou, enquanto essa precipitação excessiva continuou a cobrir esses planaltos do norte com um manto enorme de neve, que logo se metamorfoseou em um gelo sólido, mas movediço.

61:5:3 6994 Os grandes lençóis de gelo desse período estavam todos localizados nos pontos de elevação dos planaltos, não nas regiões montanhosas onde são encontráveis hoje. A metade das formações glaciais situava-se na América do Norte, um quarto na Eurásia, e o outro quarto em locais variados, principalmente na Antártida. A África pouco foi afetada pelo gelo, mas a Austrália foi quase totalmente coberta pela camada antártica de gelo.

61:5:4 6995 As regiões do norte, desse mundo, experimentaram seis invasões glaciais separadas e distintas e, por dezenas de vezes, ainda houve avanços e retrocessos ligados à atividade de cada camada individual de gelo. O gelo, na América do Norte, concentrou-se em duas regiões e, mais tarde, em três regiões. A Groenlândia ficou coberta, e a Islândia completamente enterrada sob o fluxo de gelo. Na Europa, o gelo, em várias épocas, cobriu as Ilhas Britânicas, excetuando a costa ao sul da Inglaterra, e espalhou-se pela Europa oriental até a França.

61:5:5 6996 Há dois milhões de anos, o primeiro congelamento norte-americano começou o seu avanço para o sul. A idade do gelo estava em formação nessa época, e essa invasão glacial consumou-se, durando quase um milhão de anos, desde o seu avanço, dos centros de pressão ao norte, até a sua retirada. O lençol central de gelo estendeu-se ao sul, até o Kansas; os centros glaciais orientais e ocidentais, então, não eram tão extensos.

61:5:6 6997 Há um milhão e meio de anos, a primeira grande geleira estava em retirada, na direção norte. Nesse meio tempo, quantidades enormes de neve haviam caído na Groenlândia e na parte nordeste da América do Norte e, em breve, essa massa de gelo ocidental começou a fluir para o sul. Essa foi a segunda invasão do gelo.

61:5:7 6998 Essas duas primeiras invasões do gelo não abrangeram a Eurásia. Durante essas épocas iniciais da idade do gelo, a América do Norte estava repleta de mastodontes, mamutes peludos, cavalos, camelos, veados, bois almiscarados, bisões, preguiças da terra, castores gigantes, tigres-dente-de-sabre, bichos preguiças tão grandes quanto elefantes, e muitos grupos de famílias de felinos e caninos. Contudo, dessa idade em diante, tiveram todos a sua população reduzida rapidamente, pelo frio crescente do período glacial. Mais para o final da idade do gelo, a maioria dessas espécies animais ficaram extintas na América do Norte.

61:5:8 7001 A vida na terra e na água, livre do gelo, mudou em pouca coisa em todo o mundo. Entre as invasões do gelo, o clima ficava quase tão suave quanto atualmente, talvez um pouco mais quente. As geleiras eram, afinal, fenômenos locais, embora se espalhassem, cobrindo áreas enormes. O clima costeiro variava consideravelmente entre as épocas de inatividade glacial e os tempos em que enormes icebergs, deslizando desde a costa do Maine, iam até o Atlântico ou, escapando pelo Puget Sound, chegavam ao Pacífico, ou, descendo ruidosamente pelos fiordes da Noruega, atingiam o Mar do Norte.

6. O HOMEM PRIMITIVO NA IDADE DO GELO


61:6:1 7002 O grande acontecimento desse período glacial foi a evolução do homem primitivo. Ligeiramente a oeste da Índia, em uma terra agora sob as águas e em meio à progênie de imigrantes asiáticos do tipo norte-americano de lêmures, os mamíferos precursores do homem subitamente apareceram. Esses pequenos animais andavam principalmente com as suas pernas traseiras, e possuíam cérebros grandes em relação ao seu tamanho e em comparação com os cérebros de outros animais. Na septuagésima geração dessa ordem de vida, um novo grupo, mais elevado, de animais, diferenciou-se subitamente. Esses novos mamíferos intermediários – que tinham quase duas vezes o tamanho e a altura dos seus ancestrais e possuíam uma capacidade cerebral proporcionalmente maior – tinham acabado por estabelecer bem a si próprios, quando os primatas, a terceira mutação vital, subitamente apareceram. (Nessa mesma época, um desenvolvimento retrógrado, na linhagem mamífera intermediária, deu origem aos ancestrais simianos; e, daqueles dias para cá, a ramificação humana tem-se adiantado em evolução progressiva, enquanto as tribos simianas permaneceram estacionárias ou de fato até mesmo retrocederam. )

61:6:2 7003 Há um milhão de anos,Urântia foi registrada como um mundo habitado. Uma mutação, na raça dos primatas em progressão. subitamente produziu dois seres humanos primitivos, os ancestrais verdadeiros da humanidade.

61:6:3 7004 Esse acontecimento ocorreu por volta da época do começo do terceiro avanço glacial; assim, pode-se perceber que os vossos primeiros ancestrais nasceram e criaram-se em um meio ambiente estimulante, revigorante e difícil. E os únicos sobreviventes desses aborígines de Urântia, os esquimós, ainda hoje preferem residir nos climas frígidos do norte.

61:6:4 7005 Os seres humanos não estavam presentes no hemisfério ocidental até perto do fim da idade do gelo. Todavia, durante as épocas interglaciais, eles passaram ao ocidente, contornando o Mediterrâneo, e logo tomaram o continente da Europa. Nas cavernas da Europa ocidental, podem ser encontrados ossos humanos misturados aos remanescentes de animais, tanto tropicais quanto árticos, atestando que o homem viveu nessas regiões durante as últimas épocas dos períodos glaciais que avançavam e recuavam.

7. A CONTINUAÇÃO DA IDADE DO GELO


61:7:1 7006 Durante o período glacial, outras atividades estavam em progresso, mas a ação do gelo sobrepujou todos os outros fenômenos nas latitudes norte. Nenhuma outra atividade terrestre deixa evidências tão características na topografia. Os seixos rolados e as clivagens ou rachaduras na superfície são características, bem como os caldeirões, os lagos, as pedras deslocadas e as rochas pulverizadas, que não estão ligados a nenhum outro fenômeno na natureza. O gelo é responsável também por essas suaves intumescências, ou ondulações superficiais, conhecidas como colinas de aluviões. E uma invasão glacial, à medida que avança, desloca os rios e muda toda a face da Terra. Apenas as invasões glaciais deixam atrás de si essas aluviões reveladoras – montes de terra, lateral e frontalmente depositados. Esses depósitos de aluviões, particularmente as morenas de terra, estendem-se ao norte e a oeste, partindo da costa oriental da América do Norte. E são também encontradas na Europa e na Sibéria.

61:7:2 7011 Há 750 mil anos, a quarta camada de gelo, uma união dos campos centrais e orientais de gelo, na América do Norte, estava bem no seu caminho para o sul; no seu apogeu, ela alcançou o sul de Illinois, deslocando o rio Mississipi por oitenta quilômetros para o oeste e, a leste, estendendo-se para o sul, até o rio Ohio e a parte central da Pensilvânia.

61:7:3 7012 Na Ásia, a camada siberiana de gelo fez a sua invasão até o ponto máximo para o sul, enquanto, na Europa, o gelo que avançava parou bem diante da barreira montanhosa dos Alpes.

61:7:4 7013 Há 500 mil anos, durante o quinto avanço do gelo, um novo desenvolvimento acelerou o curso da evolução humana. Subitamente, e em uma geração, as seis raças de cores surgiram por mutação, da linhagem humana aborígine. Essa é uma data duplamente importante, já que assinala também a chegada do Príncipe Planetário.

61:7:5 7014 Na América do Norte, o quinto avanço glacial consistia de uma invasão combinada de três centros de gelo. O lóbulo do leste, contudo, estendeu-se apenas até uma pequena distância abaixo do vale do Saint Lawrence, e a camada de gelo vinda do oeste pouco avançou para o sul. Mas o lóbulo central alcançou o sul, cobrindo a maior parte do estado de Iowa. Na Europa, essa invasão do gelo não foi tão extensa quanto a precedente.

61:7:6 7015 Há 250 mil anos, começou a sexta e última invasão glacial. E, a despeito do fato de que os planaltos do norte haviam começado a afundar-se ligeiramente, esse foi o período de maior depósito de neve nos campos de gelo do norte.

61:7:7 7016 Nessa invasão, as três grandes camadas de gelo aglutinaram-se em uma única vasta massa de gelo, e todas as montanhas do oeste participaram dessa atividade glacial. Essa foi a maior de todas as invasões de gelo na América do Norte; o gelo movimentou-se para o sul a uma distância de mais de dois mil e quinhentos quilômetros dos seus centros de pressão; e a América do Norte experimentou as suas temperaturas mais baixas.

61:7:8 7017 Há 200 mil anos, durante o avanço da última invasão glacial, aconteceu um episódio que teve muito a ver com a marcha dos acontecimentos em Urântia – a rebelião de Lúcifer.

61:7:9 7018 Há 150 mil anos, a sexta e última invasão glacial alcançou os seus pontos mais afastados na extensão sul, a camada de gelo do oeste cruzando a fronteira canadense e a camada central vindo até o Kansas, o Missouri e o Illinois; a camada do leste avançando para o sul e cobrindo grande parte da Pensilvânia e do Ohio.

61:7:10 7019 Essa foi uma invasão glacial que soltou muitas línguas, ou lóbulos de gelo, e que moldou os lagos atuais, grandes e pequenos. Quando da sua retirada, o sistema norte-americano dos Grandes Lagos foi gerado. E os geólogos urantianos, com bastante precisão, deduziram os vários estágios desse desenvolvimento e supuseram, com muita correção, que esses corpos de água, em épocas diferentes, esvaziaram-se primeiro sobre o vale do Mississippi e depois, a leste, dentro do vale do rio Hudson e, finalmente, por uma passagem ao norte, na direção do Saint Lawrence. Agora fazem trinta e sete mil anos desde que o sistema dos Grandes Lagos, ligados entre si, começou a descarregar as suas águas na atual passagem do Niágara.

61:7:11 7021 Há 100 mil anos, durante o recuo da última invasão glacial, as vastas camadas do gelo polar começaram a formar-se, e o centro da acumulação do gelo moveu-se consideravelmente para o norte. E, enquanto as regiões polares continuarem a ser cobertas de gelo, dificilmente será possível ocorrer outra idade glacial, independentemente de futuras elevações de terras ou de modificações nas correntes dos oceanos.

61:7:12 7022 Essa última invasão glacial ficou cem mil anos avançando, e foi necessário um período semelhante de tempo para completar o seu recuo para o norte. As regiões temperadas têm ficado isentas de gelo, durante pouco mais de cinqüenta mil anos.

61:7:13 7023 O rigoroso período glacial destruiu muitas espécies e transformou inúmeras outras radicalmente. Muitas foram sofridamente peneiradas pelo vaivém das migrações, que se fizeram necessárias por causa do avanço e do recuo do gelo. Os animais que seguiram para frente, e os que recuaram com as geleiras sobre a Terra, foram o urso, o bisão, arena, o boi almiscarado, o mamute e o mastodonte.

61:7:14 7024 O mamute buscou as pradarias abertas, enquanto o mastodonte preferiu as bordas abrigadas das regiões de florestas. O mamute, até uma época recente, vagava do México ao Canadá; a variedade siberiana tornou-se coberta de lã. O mastodonte perdurou na América do Norte, até que fosse exterminado pelo homem vermelho, do mesmo modo que o homem branco, mais tarde, eliminou o bisão.

61:7:15 7025 Na América do Norte, durante a última geleira, o cavalo, o tapir, a lhama e o tigre-dentes-de-sabre ficaram extintos. Nos seus lugares, surgiram as preguiças, os tatus e os porcos aquáticos, vindos da América do Sul.

61:7:16 7026 As migrações forçadas da vida, diante do gelo que avança, obrigaram as plantas e os animais a cruzamentos extraordinários e, com o recuo da invasão final do gelo, muitas das espécies árticas de plantas, tanto quanto de animais, ficaram abandonadas no alto de alguns picos de montanhas, aonde tinham ido para escapar da destruição pela invasão glacial. E assim, hoje, essas plantas e animais deslocados podem ser encontrados nos altos dos Alpes da Europa e mesmo nas montanhas apalachianas da América do Norte.

61:7:17 7027 A idade do gelo é o último período geológico completo, a chamada época Pleistocena, cuja duração foi de mais de dois milhões de anos.

61:7:18 7028 Há 35 mil anos, fica demarcado o término da grande idade do gelo, exceto nas regiões polares do planeta. Essa data é também significativa, pois está bem próxima da chegada de um Filho Material e de uma Filha Material, marcando o começo da dispensação Adâmica, correspondendo, grosso modo, ao começo da época Holocena ou pós-glacial.

61:7:19 7029 Esta narrativa, estendendo-se desde o surgimento da vida dos mamíferos até o recuo do gelo e às épocas históricas, cobre um ciclo de quase cinqüenta milhões de anos. Este é o último período geológico – o atual –, que é conhecido pelos vossos pesquisadores como o Cenozóico, ou a era dos tempos recentes.

61:7:20 70210 [Auspiciado por um Portador da Vida Residente.]

DOCUMENTO 62

AS RAÇAS NA AURORA DO HOMEM PRIMITIVO
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Cerca de um milhão de anos atrás os ancestrais imediatos da humanidade fizeram o seu aparecimento por intermédio de três mutações sucessivas e súbitas, descendendo da raça primitiva do tipo lemuriano de mamíferos placentários. Os fatores predominantes nesses lêmures primitivos derivavam do grupo ocidental, ou americano tardio, do plasma da vida evolutiva. Antes, porém, de estabelecer a linha direta de ancestralidade humana, essa descendência foi reforçada por contribuições da implantação central de vida evoluída na África. O grupo de vida oriental, de fato, contribuiu pouco ou nada para a produção da espécie humana.

1. OS TIPOS PRIMITIVOS DE LÊMURES


62:1:1 7032 Os lêmures primitivos vinculados à ancestralidade da espécie humana não eram diretamente relacionados às tribos preexistentes de gibãos e de macacos que então viviam na Eurásia e no norte da África, cuja progênie sobreviveu até a época presente. Nem eram uma progênie do tipo moderno de lêmures, embora vindos de um ancestral comum a ambos, mas há muito extinto.

62:1:2 7033 Enquanto esses lêmures primitivos evoluíam no hemisfério ocidental, o estabelecimento da ancestralidade mamífera direta da humanidade teve lugar no sudoeste da Ásia, na área original da implantação central de vida, mas mais para o lado das fronteiras das regiões a leste. Vários milhões de anos antes dessa época, o tipo norte-americano de lêmures havia imigrado para o oeste, atravessando a ponte de terra sobre o estreito de Behring e havia tomado lentamente o caminho do sul ao longo da costa asiática. Essas tribos migrantes finalmente alcançaram a região salubre que fica entre o então expandido Mediterrâneo e as regiões de montanhas elevadas da península da Índia. Nessas terras, a oeste da Índia, eles uniram-se a outras linhagens favoráveis, estabelecendo assim a ancestralidade da raça humana.

62:1:3 7034 Com o passar do tempo a costa marinha da Índia, a sudoeste das montanhas, gradualmente submergiu, isolando completamente a vida dessa região. Não havia nenhum caminho para se chegar nem para se escapar dessa península da Mesopotâmia ou da Pérsia, a não ser ao norte, e esse lado era repetidamente cortado pelas invasões das geleiras, vindas do norte. E foi, então, nessa área quase paradisíaca, e vindos dos descendentes superiores desse tipo lêmure de mamífero, que surgiram dois grandes grupos, as tribos símias dos tempos modernos e a espécie humana dos dias atuais.

2. OS MAMÍFEROS PRECURSORES DO HOMEM


62:2:1 7035 Há pouco mais de um milhão de anos, os mamíferos pré-humanos da Mesopotâmia, os descendentes diretos dos tipos lemurianos de mamíferos placentários norte-americanos, subitamente apareceram. Eles eram pequenas criaturas bastante ativas, de quase um metro de altura; e, se bem que não andassem habitualmente com as suas duas pernas traseiras, eles podiam facilmente permanecer eretos. Eram peludos e ágeis, e chilreavam à moda dos macacos, mas, diferentemente das tribos símias, eles eram carnívoros. Tinham um polegar primitivo opositivo, bem como um grande dedo do pé altamente útil para agarrar. Desse ponto em diante, as espécies pré-humanas desenvolveram sucessivamente o polegar opositivo, na medida em que perderam progressivamente o poder de agarrar do grande dedo do pé. As tribos posteriores de macacos mantiveram a capacidade preênsil do dedo grande do pé, mas nunca desenvolveram o tipo humano de polegar.

62:2:2 7041 Esses mamíferos precursores atingiam o crescimento pleno aos três ou quatro anos de idade, tendo uma longevidade potencial média de cerca de vinte anos. Em geral a sua progênie era composta de um único filho, embora gêmeos também nascessem ocasionalmente.

62:2:3 7042 Os membros dessa nova espécie tinham os maiores cérebros, em relação ao seu tamanho, entre todos os animais que haviam até então existido na Terra. Eles experimentaram muitas emoções e compartilhavam numerosos instintos, que, mais tarde, caracterizaram os homens primitivos, sendo altamente curiosos e demonstrando uma alegria considerável quando tinham êxito em qualquer ação. O apetite pelos alimentos e o desejo sexual eram bem desenvolvidos, e uma seleção sexual bem definida era manifestada em uma forma tosca de cortejo e de escolha dos companheiros. Eles lutariam ferozmente em defesa dos seus companheiros e eram bastante ternos nas associações de família, possuindo um senso de abnegação e de humildade que beirava a vergonha e o remorso. Eles eram muito afetivos e leais em relação aos seus parceiros, e de um modo tocante, mas, caso as circunstâncias os separassem, eles escolheriam novos parceiros.

62:2:4 7043 Tendo uma estatura pequena e mentes aguçadas para avaliar os perigos do seu habitat na floresta, eles desenvolveram um medo extraordinário que os levou àquelas sábias medidas de precaução que contribuíram tão enormemente para a sua sobrevivência, tais como a construção de toscos abrigos que faziam nos topos altos das árvores, o que eliminava muitos dos perigos da vida no nível do chão. O começo das tendências ao medo que a humanidade possui, data bem especificamente desses dias.

62:2:5 7044 Esses mamíferos precursores desenvolveram um espírito tribal como nunca antes existira. Eles eram, de fato, altamente gregários, sendo, no entanto, excessivamente agressivos, quando de algum modo perturbados nas buscas comuns da sua vida rotineira, e demonstravam temperamentos furiosos se a sua raiva fosse totalmente despertada. As suas naturezas belicosas, contudo, serviram a um bom propósito; grupos superiores não hesitavam em fazer guerra aos seus vizinhos inferiores e, assim, por meio da sobrevivência seletiva, a espécie foi melhorada progressivamente. Muito cedo esses lêmures dominaram a vida das criaturas menores dessa região, e pouquíssimas das tribos mais antigas de símios não carnívoros sobreviveram.

62:2:6 7045 Esses agressivos pequenos animais multiplicaram-se e espalharam-se pela península da Mesopotâmia durante mais de mil anos, aperfeiçoando-se constantemente em tipo físico e inteligência em geral. Exatamente setenta gerações depois que essa nova tribo havia sido originada do mais elevado tipo de ancestral lemuriano, chegou a próxima época de desenvolvimento – a súbita diferenciação dos ancestrais nesse novo passo vital de evolução dos seres humanos de Urântia.

3. OS MAMÍFEROS INTERMEDIÁRIOS


62:3:1 7046 Foi muito cedo, na carreira dos mamíferos precursores dos humanos, na habitação, no topo de uma árvore, de um casal superior dessas criaturas ágeis, que nasceram dois gêmeos, um masculino e um feminino. Comparados aos seus ancestrais, eles eram realmente duas belas pequenas criaturas. Tinham pouco pêlo nos seus corpos, mas isto não era de inconveniente maior, pois eles viviam em um clima quente e uniforme.

62:3:2 7051 Esses filhos cresceram até a altura de um pouco mais de um metro e vinte. Eles eram, sob todos os pontos de vista, maiores do que os seus pais, tendo pernas mais longas e braços mais curtos. Possuíam polegares quase perfeitamente opositivos, quase tão bem adaptados aos trabalhos diversificados quanto o polegar humano atual. Caminhavam eretos, tendo pés quase tão bem adaptados para andar quanto os das raças humanas posteriores.

62:3:3 7052 Os seus cérebros eram inferiores e menores do que os dos seres humanos, mas eram bastante superiores, e relativamente bem maiores do que os dos seus ancestrais. Os gêmeos, muito cedo, demonstraram ter uma inteligência superior e foram também logo reconhecidos como os chefes de toda a tribo de mamíferos precursores do homem, realmente instituindo uma forma primitiva de organização social e uma divisão econômica, ainda que primária, do trabalho. Esses irmãos acasalaram-se e, em breve, desfrutaram da sociedade de vinte e um filhos, muito semelhantes a eles próprios, todos de mais de um metro e vinte de altura e, sob todos os pontos de vista, superiores à espécie ancestral deles. Esse novo grupo formou o núcleo dos mamíferos intermediários.

62:3:4 7053 Quando os números desse grupo novo e superior ficaram bem grandes, a guerra, uma guerra implacável, irrompeu; e então, quando a luta terrível estava terminada, nenhum único indivíduo da raça preexistente e ancestral dos mamíferos precursores havia permanecido vivo. A ramificação menos numerosa, porém mais poderosa e inteligente da espécie, sobrevivera às custas dos seus ancestrais.

62:3:5 7054 E então, por quase quinze mil anos (seiscentas gerações), tal criatura tornou-se o terror dessa parte do mundo. Todos os animais grandes e ferozes, dos tempos anteriores, haviam perecido. Os grandes animais nativos dessas regiões não eram carnívoros, e as espécies maiores da família dos felinos, os leões e os tigres, ainda não haviam invadido esse lugar recôndito particularmente abrigado da superfície da Terra. E, por isso, esses mamíferos intermediários fizeram-se valentes e subjugaram tudo o que estava no seu setor da criação.

62:3:6 7055 Comparados à sua espécie ancestral, os mamíferos intermediários eram mais aperfeiçoados, em todos os sentidos. Até mesmo a duração do seu potencial de vida tornou-se mais longa, sendo de aproximadamente vinte e cinco anos. Inúmeros traços humanos rudimentares surgiram nessa nova espécie. Além das propensões inatas demonstradas pelos seus ancestrais, esses mamíferos intermediários eram capazes de demonstrar o desgosto, em algumas situações repulsivas. Eles possuíam também um instinto bem definido para criar reservas; eles escondiam a comida para o uso posterior e eram muito dados a colecionar seixos redondos e lisos e certos tipos de pedras arredondadas, que se adequavam bem para servir de munições defensivas e ofensivas.

62:3:7 7056 Esses mamíferos intermediários foram os primeiros a demonstrar uma propensão definida para a construção, como fica evidenciado pela rivalidade que tinham quanto a construir tanto as suas casas nos topos das árvores, quanto abrigos subterrâneos de muitos túneis; eles foram a primeira espécie de mamíferos a buscar a segurança em abrigos nas árvores, e nos subterrâneos. Eles renunciaram grandemente às árvores como locais únicos de abrigos, vivendo no chão durante o dia e dormindo no topo das árvores à noite.

62:3:8 7057 Com o passar do tempo, o aumento natural do número deles finalmente resultou em uma competição séria pela comida e em uma rivalidade por causa do sexo, e tudo isso culminou em uma série de batalhas destrutivas, que quase aniquilou toda a espécie. Essas lutas continuaram até que apenas um grupo de menos de cem indivíduos permaneceu vivo. Uma vez mais, porém, a paz prevalecia, e essa única tribo sobrevivente construiu de novo os seus lugares de dormir nos topos das árvores e uma vez mais retomou uma existência normal e semipacífica.

62:3:9 7058 Dificilmente podeis imaginar a margem pequena pela qual os vossos ancestrais pré-humanos, de tempos em tempos, escaparam da extinção. Tivesse a rã, ancestral de toda a humanidade, pulado cinco centímetros a menos em certa ocasião, e todo o curso da evolução teria sido profundamente alterado. A mãe lemuriana imediata da espécie dos mamíferos precursores escapou da morte, por um fio, não menos do que cinco vezes antes de dar nascimento ao pai da nova e mais elevada ordem de mamíferos. Contudo o que aconteceu, de mais próximo do fim, foi quando um relâmpago atingiu a árvore na qual a futura mãe dos gêmeos primatas estava dormindo. Ambos os mamíferos intermediários progenitores ficaram severamente abalados e seriamente queimados; três dos seus sete filhos foram mortos por esse golpe vindo dos céus. Esses animais em evolução eram quase que supersticiosos. O casal, cujo lar no topo de uma árvore tinha sido golpeado, era realmente de líderes do grupo mais adiantado da espécie de mamíferos intermediários; e, seguindo o exemplo deles, mais da metade da tribo, abrangendo as famílias mais inteligentes, mudou-se para um local afastado cerca de três quilômetros dessa localidade e começou a construção de novas moradas nos topos das árvores e de novos abrigos terrestres – os seus abrigos transitórios no caso de perigo súbito.

62:3:10 7061 Logo depois de terminar a sua casa, essa dupla veterana, de tantas lutas, viu-se como progenitora orgulhosa de gêmeos, os mais interessantes e importantes animais que jamais nasceram no mundo até àquela época, pois foram eles os primeiros da nova espécie de primatas que constituiu o próximo passo vital da evolução pré-humana.

62:3:11 7062 Ao mesmo tempo em que esses primatas gêmeos nasciam, uma outra dupla – um macho e uma fêmea, especialmente retardados, da tribo de mamíferos intermediários, uma dupla que era inferior tanto mental quanto fisicamente – também deu nascimento a gêmeos. Esses gêmeos, um macho e uma fêmea, eram indiferentes às conquistas; estavam eles preocupados apenas em obter comida e, já que não comiam carne, logo perderam todo o interesse em procurar as presas. Esses gêmeos retardados tornaram-se os fundadores das tribos modernas de símios. Os seus descendentes buscaram as regiões sulinas mais quentes, com os seus climas suaves e abundância de frutas tropicais, onde eles recomeçaram e, de um modo muito semelhante ao daqueles dias, com exceção daquelas ramificações que se acasalaram com os tipos mais primitivos de gibões e de macacos e que se deterioraram bastante em conseqüência disso.

62:3:12 7063 E, assim, pode ser prontamente percebido que o homem e o macaco estão vinvulados apenas pelo fato de provirem dos mamíferos intermediários, de uma tribo na qual aconteceu o nascimento concomitante de dois pares de gêmeos com a sua subseqüente separação: o par inferior destinou-se a produzir os tipos modernos de macacos, babuínos, chipanzés e gorilas, enquanto o par superior ficou destinado a continuar a linha de ascensão, que evoluiu até o próprio homem.

62:3:13 7064 O homem moderno e os símios vieram da mesma tribo e espécie, mas não dos mesmos pais. Os ancestrais do homem descenderam da linhagem superior dos remanescentes selecionados dessa tribo de mamíferos intermediários, enquanto os símios modernos (excetuando certos tipos preexistentes de lêmures, gibões, macacos e outras criaturas do mesmo gênero) são descendentes do casal inferior desse grupo de mamíferos intermediários; uma dupla que sobreviveu apenas porque se escondeu, em um abrigo subterrâneo com estoque de alimentos, por mais de duas semanas, durante o último combate ferrenho da sua tribo, saindo apenas depois que as hostilidades haviam chegado completamente ao fim.

4. OS PRIMATAS


62:4:1 7065 Remontando agora ao nascimento dos gêmeos superiores, um macho e uma fêmea, aos dois membros líderes da tribo de mamíferos intermediários: esses dois bebês animais eram de uma ordem inusitada; tinham ainda menos pêlos nos seus corpos do que os seus pais e, ainda muito jovens, insistiram em andar eretos. Os seus ancestrais já haviam aprendido a andar com as pernas traseiras, mas esses primatas gêmeos permaneceram eretos desde o princípio. Eles atingiram uma altura de mais de um metro e meio e as suas cabeças resultaram maiores em comparação à de outros na mesma tribo. Se bem que houvessem aprendido desde muito cedo a se comunicar um com o outro, por meio de sinais e de sons, eles nunca foram capazes de fazer o seu povo compreender esses novos símbolos.

62:4:2 7071 Quando tinham cerca de quatorze anos de idade, eles fugiram da tribo, indo para o oeste, para criar a sua própria família e estabelecer a nova espécie de primatas. E essas novas criaturas são, muito apropriadamente, denominadas primatas, já que elas foram os ancestrais animais diretos e imediatos da própria família humana.

62:4:3 7072 Assim foi que os primatas vieram a ocupar uma região a oeste da costa da península da Mesopotâmia, quando então ela se projetava até o mar ao sul, enquanto as tribos menos inteligentes, mas intimamente relacionadas, viviam na ponta da península e até a linha das margens a leste.

62:4:4 7073 Os primatas eram mais humanos e menos animais do que os seus predecessores mamíferos intermediários. As proporções do esqueleto dessa nova espécie eram muito semelhantes às das raças humanas primitivas. Os tipos de mão e de pé humanos haviam-se desenvolvido plenamente, e essas criaturas podiam andar e mesmo correr tão bem quanto qualquer dos seus descendentes humanos posteriores. Eles abandonaram quase completamente a vida nas árvores, embora continuassem a recorrer aos topos das árvores por medida de segurança à noite, pois, como os seus ancestrais primitivos, estavam bastante sujeitos ao medo. O uso crescente das suas mãos muito fez para desenvolver a capacidade cerebral inerente, mas eles ainda não possuíam mentes que podiam ser realmente chamadas de humanas.

62:4:5 7074 Embora pela sua natureza emocional os primatas diferissem pouco dos seus antepassados, eles demonstravam algo como tendências mais humanas em todas as suas propensões. Eram, de fato, animais esplêndidos e superiores, alcançando a maturidade aos dez anos de idade aproximadamente e tendo uma expectativa de vida natural média de cerca de quarenta anos. Isto é, eles podiam ter essa longevidade se tivessem mortes naturais, mas, naqueles dias primitivos, poucos animais tinham uma morte natural; a luta pela existência era de todo muito intensa.

62:4:6 7075 E então, depois de quase novecentas gerações de desenvolvimento, cobrindo cerca de vinte e um mil anos desde a origem dos mamíferos precursores, os primatas subitamente geraram duas criaturas notáveis, os primeiros seres humanos verdadeiros.

62:4:7 7076 Assim foi que os mamíferos precursores, vindos do tipo norte-americano de lêmures, deram origem aos mamíferos intermediários, e esses mamíferos intermediários, por sua vez, produziram os primatas superiores, que se tornaram os ancestrais imediatos da raça humana primitiva. As tribos de primatas eram o último vínculo vital na evolução do homem, mas, em menos de cinco mil anos, nem um único indivíduo dessas tribos extraordinárias sobreviveu.

5. OS PRIMEIROS SERES HUMANOS


62:5:1 7077 Do ano 1934 d. C. até o nascimento dos dois primeiros seres humanos, contam-se exatamente 993 419 anos.

62:5:2 7078 Esses dois seres notáveis eram verdadeiros seres humanos. Possuíam polegares humanos perfeitos, como os tiveram muitos dos seus ancestrais, e tinham pés tão perfeitos quanto as raças humanas atuais. Eles andavam e corriam na vertical, não eram trepadores; a função de agarrar como dedo grande do pé tinha desaparecido completamente. Quando o perigo os levava aos topos das árvores, eles subiam exatamente como os humanos de hoje o fariam. Eles escalariam um tronco de uma árvore como um urso, não como o chipanzé ou o gorila o fariam, pendurando-se e pulando nos galhos.

62:5:3 7081 Esses primeiros seres humanos (e os descendentes deles) alcançavam plena maturidade aos doze anos de idade e possuíam um potencial de longevidade de cerca de setenta e cinco anos.

62:5:4 7082 Muitas emoções novas logo surgiram nesses humanos gêmeos. Eles experimentaram a admiração por objetos, tanto quanto por outros seres, e demonstrariam ter uma vaidade considerável. Mas o avanço mais notável no desenvolvimento emocional foi o aparecimento súbito de um grupo novo de sentimentos realmente humanos, do grupo da adoração, abrangendo o respeito, a reverência, a humildade e até mesmo uma forma primitiva de gratidão. O medo, somado à ignorância quanto aos fenômenos naturais, estava para dar nascimento à religião primitiva.

62:5:5 7083 Não apenas tais sentimentos humanos manifestaram-se nesses humanos primitivos, mas muitos sentimentos mais altamente evoluídos estiveram também presentes, nas suas formas rudimentares. Eles eram levemente conhecedores da piedade, da vergonha e da reprovação, bem como conscientes de um modo mais acentuado do amor, do ódio e da vingança, estando também acentuadamente susceptíveis ao sentimento do ciúme.

62:5:6 7084 Esses primeiros seres humanos – os gêmeos – foram uma grande provação para os seus progenitores primatas. Eles eram tão curiosos e aventureiros que quase perderam as suas vidas, em inúmeras ocasiões, antes dos seus oito anos de idade. E, como não podia deixar de ser, eles estavam já bastante marcados com cicatrizes, na época em que tinham doze anos.

62:5:7 7085 Muito cedo eles aprenderam a fazer a comunicação verbal; na idade de dez anos eles já haviam aperfeiçoado uma linguagem de sinais e de palavras de quase cinqüenta idéias e haviam aperfeiçoado, em muito, e expandido a técnica de comunicação primitiva dos seus ancestrais. Todavia, por mais que tentassem, eles não foram capazes de ensinar senão umas poucas palavras, dos seus novos signos e símbolos, aos seus progenitores.

62:5:8 7086 Quando tinham cerca de nove anos de idade, e passeavam rio abaixo, em um dia luminoso, eles tiveram um relacionamento memorável. Todas as inteligências celestes estacionadas em Urântia, incluindo eu próprio, estavam presentes como observadores das transações desse encontro amoroso ao meio-dia. Nesse dia memorável, eles chegaram ao entendimento de viverem juntos, um para o outro, e essa foi a primeira de uma série desses acordos, que finalmente culminou na decisão de partir, abandonando os seus semelhantes animais inferiores, indo na direção norte, mal sabendo que estavam assim fundando a raça humana.

62:5:9 7087 Embora estivéssemos todos grandemente preocupados com o que aqueles dois pequenos selvagens estavam planejando, nós éramos impotentes para controlar o trabalho das suas mentes; nós não influenciamos – nem poderíamos influenciar – arbitrariamente as suas decisões; todavia, dentro dos limites permissíveis da função planetária, nós, os Portadores da Vida, junto com os nossos colaboradores, todos conspiramos para conduzir os gêmeos humanos para o norte e para muito distante do seu povo peludo e ainda parcialmente habitante das árvores. E assim, em razão da escolha da própria inteligência deles, os gêmeos migraram e, devido à nossa supervisão, eles migraram em direção ao norte, para uma região apartada, onde escaparam da possibilidade da degradação biológica, que viria, caso se miscigenassem com os seus parentes inferiores das tribos primatas.

62:5:10 7088 Pouco antes da partida do seu lar na floresta, eles perderam a sua mãe em um ataque dos gibãos. Ainda que não possuísse a inteligência deles, ela tinha um afeto mamífero condigno e de uma ordem elevada pelos seus filhos e, destemidamente, deu a sua vida na tentativa de salvar o maravilhoso par. E o seu sacrifício não foi em vão, pois ela segurou os inimigos até que o pai chegasse com reforços para pôr a correr os invasores.

62:5:11 7091 Logo depois, esse jovem casal abandonou os seus companheiros para fundar a raça humana; e o seu pai primata ficou desconsolado – e com o coração despedaçado. Recusava-se a comer, mesmo quando a comida era trazida a ele pelos seus outros filhos. Tendo perdidod a sua brilhante progênie, a vida já não parecia digna de ser vivida entre os seus semelhantes comuns; assim, ele vagou pela floresta e foi atacado por gibões hostis, sendo golpeado até a morte.

6. A EVOLUÇÃO DA MENTE HUMANA


62:6:1 7092 Nós, os Portadores da Vida em Urântia passamos por uma longa vigília e uma espera cuidadosa, desde o dia em que primeiro plantamos o plasma da vida nas águas planetárias e assim, naturalmente, até que o aparecimento dos primeiros seres realmente inteligentes e volitivos trouxesse-nos uma grande alegria e uma satisfação suprema.

62:6:2 7093 Acompanhamos o desenvolvimento mental dos gêmeos, por meio da observação do funcionamento dos sete espíritos ajudantes da mente, destinados a Urântia, na época da nossa chegada ao planeta. Durante o longo desenvolvimento evolucionário da vida planetária, esses incansáveis ministradores da mente têm sempre registrado as suas habilidades crescentes de contatar as capacidades dos cérebros, em expansão sucessiva, das criaturas animais progressivamente superiores.

62:6:3 7094 A princípio, apenas o espírito da intuição podia funcionar no comportamento, como instintos e reflexos, da vida animal primordial. Com a diferenciação dos tipos mais elevados, o espírito da compreensão tornou-se capaz de dotar tais criaturas com a dádiva da associação espontânea de idéias. Mais tarde observamos o espírito da coragem entrar em ação; os animais em evolução realmente desenvolviam uma forma incipiente na autoconsciência de proteção. Depois do aparecimento dos grupos de mamíferos, nós observamos o espírito do conhecimento manifestando-se em uma medida crescente. E a evolução dos mamíferos mais elevados trouxe à função o espírito do conselho, com o crescimento resultante do instinto de grupo e com os começos do desenvolvimento social primitivo.

62:6:4 7095 Progressivamente, com o desenvolvimento dos mamíferos precursores e, em seguida, com o dos mamíferos intermediários e dos primatas, tínhamos observado o serviço implementado dos primeiros cinco ajudantes. Mas nunca os dois espíritos ajudantes restantes, os mais elevados ministradores da mente, haviam sido capazes de entrar em função no tipo de mente evolucionária de Urântia.

62:6:5 7096 Imaginai o nosso júbilo, um dia – os dois gêmeos estavam com cerca de dez anos de idade – quando o espírito da adoração fez o seu primeiro contato com a mente da gêmea fêmea e pouco depois com a do macho. Sabíamos que algo muito próximo da mente humana aproximava-se da culminância; e quando, cerca de um ano depois, eles finalmente resolveram, como resultado do pensamento meditativo e de decisão propositada, partir de casa e viajar para o norte, então o espírito da sabedoria começou a atuar em Urântia, nessas duas que são reconhecidas, agora, como mentes humanas.

62:6:6 7097 Houve uma nova e imediata ordem de mobilização dos sete espíritos ajudantes da mente. Estávamos cheios de expectativa; compreendíamos que se aproximava a hora longamente aguardada; sabíamos que estávamos no umbral da realização do nosso esforço prolongado para fazer as criaturas de vontade desenvolverem-se e evoluírem em Urântia.

7. O RECONHECIMENTO DO MUNDO COMO SENDO HABITADO


62:7:1 7098 Nós não tivemos que esperar muito. Ao meio-dia, no dia seguinte ao da fuga dos gêmeos, aconteceu o teste inicial da transmissão dos sinais do circuito universal no foco da recepção planetária de Urântia. Estávamos todos, evidentemente, agitados com a compreensão da iminência de um grande acontecimento; mas, já que este mundo era uma estação de experimento de vida, não tínhamos a menor idéia de como exatamente seríamos informados sobre o reconhecimento de haver vida inteligente no planeta. Mas não permanecemos na expectativa por muito tempo. Ao terceiro dia, depois da fuga dos gêmeos, e antes que o corpo dos Portadores da Vida partisse, chegou o arcanjo de Nebadon para o estabelecimento inicial do circuito planetário.

62:7:2 7101 Foi um dia memorável em Urântia, quando o nosso pequeno grupo reuniu-se perto do pólo planetário de comunicação espacial e recebeu a primeira mensagem de Salvington, sobre o circuito de mente recentemente estabelecido no planeta. E essa primeira mensagem, ditada pelo comandante do corpo dos arcanjos, dizia:

62:7:3 7102 “Aos Portadores da Vida em Urântia – Saudações! Transmitimos a certeza do grande júbilo em Salvington, em Edêntia e em Jerusém, em honra ao registro, nas sedes centrais de Nebadon, do sinal da existência, em Urântia, de mente com a dignidade da vontade. A decisão propositada dos gêmeos, de partir na direção norte e de isolar-se da sua progênie, dos seus ancestrais inferiores, ficou registrada. Essa é a primeira decisão da mente – do tipo humano de mente – em Urântia, e automaticamente se estabelece o circuito de comunicação por meio do qual essa mensagem inicial de reconhecimento está sendo transmitida”.

62:7:4 7103 Em seguida, por esse novo circuito, vieram os cumprimentos dos Altíssimos de Edêntia, contendo instruções para os Portadores da Vida residentes, proibindo-nos de interferir no modelo de vida que tínhamos estabelecido. Fomos instruídos a não intervir nos assuntos do progresso humano. Não deve ser inferido que os Portadores da Vida tenham alguma vez interferido arbitrariamente e mecanicamente na realização natural dos planos evolucionários planetários, pois nós não o fazemos. Contudo, até essa época nos tinha sido permitido manipular o meio ambiente para proteger o plasma vital de um modo especial, e era essa supervisão extraordinária, mas totalmente natural, que devia sofrer descontinuidade.

62:7:5 7104 E tão logo os Altíssimos tinham terminado de falar, a bela mensagem de Lúcifer, então soberano do sistema de Satânia, começou a entrar no planeta. Agora, os Portadores da Vida ouviam as palavras de boas-vindas do seu próprio chefe e recebiam a sua permissão para retornar a Jerusém. Essa mensagem de Lúcifer manifestava a aceitação oficial do trabalho dos Portadores da Vida em Urântia e absolvia-nos de qualquer crítica futura sobre qualquer dos nossos esforços para aperfeiçoar os modelos de vida de Nebadon, do modo como estavam estabelecidos no sistema de Satânia.

62:7:6 7105 Essas mensagens de Salvington, de Edêntia e de Jerusém, marcavam formalmente o término da supervisão dos Portadores da Vida no Planeta, que havia durado toda uma longa época. Durante idades estivéramos a trabalhar, assistidos apenas pelos sete espíritos ajudantes da mente e pelos Mestres Controladores Físicos. E agora, tendo surgido nas criaturas evolucionárias do planeta, a vontade, a capacidade de escolher o poder de adorar e ascender, compreendíamos que o nosso trabalho havia acabado e que o nosso grupo se preparava para partir. Sendo Urântia um mundo de modificação da vida, era dada a permissão para que deixássemos aqui dois Portadores da Vida seniores com doze assistentes, e fui eu um dos escolhidos desse grupo e, desde então, tenho sempre estado em Urântia.

62:7:7 7106 Apenas a partir de 993 408 anos atrás (do ano 1934 d. C. ) Urântia foi formalmente reconhecida como um planeta de residência humana no universo de Nebadon. A evolução biológica, mais uma vez, tinha alcançado os níveis humanos de dignidade de vontade; pois o homem havia chegado ao planeta 606 de Satânia.

62:7:8 7107 [Auspiciado por um Portador de Vida de Nebadon, residente em Urântia.]

DOCUMENTO 63

A PRIMEIRA FAMÍLIA HUMANA
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Urântia foi registrada como um mundo habitado quando os dois primeiros seres humanos – os gêmeos – tinham onze anos de idade, e antes que se houvessem transformado nos pais dos primogênitos da segunda geração de verdadeiros seres humanos. E, nessa ocasião de reconhecimento planetário formal, a mensagem do arcanjo de Salvington terminava com estas palavras:

63:0:2 7112 “A mente humana apareceu no 606 de Satânia, e esses pais da nova raça serão chamados de Andon e Fonta. E todos os arcanjos oram para que essas criaturas possam rapidamente ser dotadas com a dádiva do espírito do Pai Universal, residindo nas suas pessoas”.

63:0:3 7113 Andon é um nome que em Nebadon significa “a primeira criatura, semelhante ao Pai, a demonstrar ter sede humana de perfeição”. Fonta significa “a primeira criatura, semelhante ao Filho, a demonstrar ter fome humana de perfeição. ” Andon e Fonta não conheciam esses nomes até que lhes foram conferidos, quando da época da fusão deles com os seus Ajustadores do Pensamento. Quando da permanência mortal deles em Urântia, chamavam um ao outro de Sonta-an e de Sonta-en; Sonta-an significando “amado pela mãe”, e Sonta-en significando “amada pelo pai”. Eles deram esses nomes a si próprios, e os seus significados retratam a afeição e a consideração mútuas.

1. ANDON E FONTA


63:1:1 7114 Sob muitos aspectos, Andon e Fonta foram o casal mais notável de seres humanos que jamais viveu na face da Terra. Esse par maravilhoso, de progenitores reais de toda a humanidade, sob todos os pontos de vista, fo superior a muitos dos seus descendentes imediatos; e ambos foram radicalmente diferentes de todos os seus ascendentes, tanto imediatos quanto remotos.

63:1:2 7115 Os pais desse primeiro casal humano eram aparentemente pouco diferentes da média da sua tribo, embora estivessem entre os membros mais inteligentes daquele grupo que primeiro aprendeu a atirar pedras e usar a clava para lutar. Eles também faziam uso de lascas pontiagudas de pedras de sílex e de ossos.

63:1:3 7116 Enquanto ainda viviam com os seus pais, Andon tinha amarrado uma lasca aguda de pedra na extremidade da clava, usando tendões animais com essa finalidade, e, em muitas oportunidades, ele fez uso dessa arma para salvar tanto a sua vida quanto a da sua igualmente aventureira e curiosa irmã, que infalivelmente o acompanhava em todas as suas caminhadas para explorações.

63:1:4 7117 A decisão de Andon e Fonta de deixar a tribo de primatas implica uma qualidade de mente muito acima da inteligência grosseira que caracterizava tantos dos seus descendentes, que se rebaixavam cruzando com os seus primos atrasados das tribos simianas. Mas os sentimentos vagos, que eles possuíam, de serem algo mais do que meros animais, eram devidos à outorga da personalidade a qual foi aumentada pela presença residente de Ajustadores do Pensamento.

2. A FUGA DOS GÊMEOS


63:2:1 7121 Depois que Andon e Fonta tinham decidido fugir em direção ao norte, eles sucumbiram ao próprio medo durante um certo tempo, especialmente ao medo de desagradar ao pai e à família mais imediata. Eles viram-se sendo atacados por parentes hostis e, assim, reconheceram a possibilidade de encontrar a morte nas mãos dos seus já ciumentos companheiros de tribo. Enquanto jovens, os gêmeos tinham passado a maior parte do seu tempo em companhia um do outro e, por essa razão, nunca haviam sido muito populares entre os seus primos animais da tribo de primatas. E ainda pioraram a sua posição na tribo ao construírem uma morada isolada, e muito superior, em uma árvore.

63:2:2 7122 E foi nesse novo lar, no meio do alto das árvores, em uma noite em que foram despertados por uma violenta tempestade, ao se abraçarem ternamente, por causa do medo, que eles decidiram final e completamente fugir do habitat tribal e daquele lar no topo das árvores.

63:2:3 7123 Eles haviam já preparado um refúgio tosco nas copas das árvores, a meio dia de viagem para o norte. Esse foi o esconderijo secreto e seguro deles para o primeiro dia longe do lar na floresta. Não obstante os gêmeos compartilharem o medo mortal, comum aos primatas, de estarem no chão no meio da noite, eles aventuraram-se a partir, pouco antes do anoitecer, tomando a sua trilha para o norte. Se bem que fosse necessária da parte deles uma coragem inusitada para empreender essa viagem noturna, mesmo com a lua cheia, eles concluíram corretamente que era menos provável, desse modo, que sentissem a falta deles e que fossem perseguidos pelos companheiros da tribo e pelos parentes. E chegaram a salvo no local previamente preparado, um pouco antes da meia-noite.

63:2:4 7124 Na sua viagem para o norte, descobriram um depósito exposto de sílex e, encontrando muitas pedras com a forma adequada para vários usos, eles juntaram um suprimento para o futuro. Ao tentar lascar essas pedras de modo a que melhor se adaptassem para as várias finalidades, Andon descobriu a sua qualidade de fazer chispas e concebeu a idéia de fazer fogo. Mas essa concepção não se firmou na sua mente naquele momento, pois o clima estava salubre e pouca necessidade havia de fogo.

63:2:5 7125 Mas o sol do outono estava já indo baixo no céu e, ao rumarem para o norte, as noites ficaram cada vez mais frias. E eles já se viam forçados a fazer uso de peles de animais para se aquecer. Antes que se completasse uma lua desde que estavam ausentes de casa, Andon deu a entender à sua companheira que ele podia fazer fogo com as pedras duras. Eles tentaram por dois meses utilizar a faísca da pedra para acender um fogo, mas nada conseguiram. Cada dia, o casal bateria as pedras e tentaria fazer a ignição da madeira. Finalmente, certa tarde, à hora do pôr do sol, o segredo da técnica foi descoberto, quando ocorreu a Fonta subir em uma árvore próxima para apanhar o ninho abandonado de um pássaro. O ninho estava seco e era altamente inflamável e conseqüentemente produziu uma chama abundante quando a chispa lhe caiu em cima. Eles ficaram tão surpresos e assustados com o êxito, que quase perderam o fogo, mas salvaram-no adicionando o estímulo adequado e, então, começou a primeira busca de lenha pelos pais da humanidade.

63:2:6 7126 Esse foi um dos momentos mais jubilosos das suas curtas, mas aventurosas vidas. Durante toda a noite, eles permaneceram vigiando o fogo queimar, compreendendo vagamente que tinham feito uma descoberta que lhes tornaria possível desafiar o clima e, assim, se tornarem para sempre independentes dos seus parentes animais das terras do sul. Depois de três dias de descanso e de desfrute do fogo, eles prosseguiram a sua viagem.

63:2:7 7127 Os primatas ascendentes de Andon haviam sempre mantido vivo o fogo que tinha sido aceso pelos raios, mas nunca antes as criaturas da Terra haviam tido a posse de um método de começar o fogo quando quisessem. Todavia, demorou muito tempo para que os gêmeos ficassem sabendo que o musgo seco e outros materiais serviam para acender o fogo tão bem quanto os ninhos de pássaros.

3. A FAMÍLIA DE ANDON


63:3:1 7131 Quase dois anos transcorreram, desde a noite em que os gêmeos partiram de casa, até que o seu primeiro filho nascesse. Eles o chamaram de Sontad; e Sontad foi a primeira criatura que nasceu, em Urântia, a ser enrolada em uma coberta protetora no momento do nascimento. A raça humana tinha tido o seu início, e com essa nova evolução surgiu o instinto de cuidar devidamente das crianças, que iam nascendo cada vez mais fracas; isso iria caracterizar o desenvolvimento progressivo da mente da ordem intelectual, em contraste com os tipos mais puramente animais.

63:3:2 7132 Andon e Fonta tiveram dezenove filhos ao todo, e viveram para desfrutar do convívio com quase meia centena de netos e meia dúzia de bisnetos. A família domiciliava-se em quatro abrigos contíguos na rocha, ou grutas, três das quais eram interligadas por passagens que tinham sido escavadas no calcário macio, com instrumentos de pedra criados pelos filhos de Andon.

63:3:3 7133 Esses primeiros andonitas evidenciaram um espírito marcante de grupo; caçavam em grupos e nunca se distanciavam muito do local da própria casa. Pareciam compreender que eram um grupo isolado e singular de seres vivos e que, por isso, deviam evitar separar-se. Esse sentimento de parentesco elevado era sem dúvida devido à ministração mental intensificada dos espíritos ajudantes.

63:3:4 7134 Andon e Fonta trabalharam incessantemente para nutrir e para elevar o seu clã. Eles viveram até a idade de quarenta e dois anos, quando ambos foram mortos durante um abalo da terra, com a queda de uma rocha pendente. Cinco dos seus filhos e onze netos pereceram junto com eles, e quase vinte dos descendentes deles sofreram ferimentos sérios.

63:3:5 7135 Com a morte dos seus pais, Sontad, a despeito de estar com um pé seriamente ferido, assumiu imediatamente a liderança do clã e foi habilmente ajudado pela sua mulher, a sua irmã mais velha. A primeira tarefa deles foi rolar as pedras para enterrar definitivamente os seus pais, irmãos, irmãs e filhos mortos. Um significado indevido não deveria estar ligado a esse ato de enterrar. As suas idéias de sobrevivência depois da morte eram muito vagas e indefinidas, derivando-se essencialmente da vida dos sonhos fantásticos e variados que tinham.

63:3:6 7136 Essa família de Andon e Fonta manteve-se unida até a vigésima geração, quando um misto de competição pelos alimentos e de atrito social trouxe o começo da dispersão.

4. OS CLÃS ANDÔNICOS


63:4:1 7137 Os homens primitivos – os andonitas – tinham olhos negros e uma tez bronzeada, algo como um cruzamento de amarelo com vermelho. A melanina é uma substância que dá a cor e que é encontrada nas peles de todos os seres humanos. É o pigmento original da pele andônica. Pela aparência geral e pela cor da pele, esses andonitas primitivos pareciam-se mais com os esquimós atuais do que com qualquer outro tipo vivo de seres humanos. Eles foram as primeiras criaturas a usarem a pele de animais como proteção contra o frio; tinham um pouco mais de pêlos, nos seus corpos, do que os humanos dos dias atuais.

63:4:2 7138 A vida tribal dos ancestrais animais desses homens primitivos deixa antever o começo de numerosas convenções sociais e, com as emoções em expansão e os poderes cerebrais desses seres aumentados, houve um desenvolvimento imediato na organização social e uma nova divisão do trabalho no clã. Eles eram excessivamente imitativos, mas o instinto de jogar estava apenas ligeiramente desenvolvido e o senso de humor estava ainda quase inteiramente ausente. O homem primitivo sorria ocasionalmente, mas nunca se permitia o riso sincero. O humor foi um legado da raça Adâmica posterior. Esses primeiros seres humanos não eram tão sensíveis à dor nem tão reativos a situações desagradáveis como o foram muitos dos mortais evolutivos que surgiram mais recentemente. O parto dos filhos não era uma prova tão dolorosa, nem tão angustiante, para Fonta ou para a sua progênie imediata.

63:4:3 7141 Eles formavam uma tribo maravilhosa. Os homens lutariam heroicamente pela segurança das suas companheiras e da sua progênie; as mulheres eram afetuosamente devotadas aos seus filhos. Mas o seu patriotismo era inteiramente limitado ao clã imediato. Eles eram muito leais às suas famílias; morreriam sem questionar em defesa dos seus filhos, mas não eram capazes de captar a idéia de tentar fazer do mundo um lugar melhor para os seus netos. O altruísmo ainda não havia nascido no coração humano, se bem que todas as emoções essenciais, ao surgimento da religião, estivessem já presentes nesses aborígines de Urântia.

63:4:4 7142 Esses primeiros homens possuíam uma afeição tocante pelos seus companheiros e certamente tinham uma idéia real, se bem que tosca, da amizade. Era uma coisa comum, um pouco mais tarde, durante as suas batalhas constantes e repetidas com as tribos inferiores, ver um desses homens primitivos lutando valentemente com uma das mãos, enquanto, com a outra, tentava proteger e salvar um guerreiro companheiro ferido. Muitos dos traços mais nobres e altamente humanos, típicos do desenvolvimento evolucionário subseqüente, estavam já esboçados de modo tocante nesses povos primitivos.

63:4:5 7143 O clã andonita original manteve uma linha ininterrupta de liderança até a vigésima-sétima geração, quando, não surgindo nenhuma prole masculina entre os descendentes diretos de Sontad, dois possíveis governantes rivais do clã caíram em luta pela supremacia.

63:4:6 7144 Antes da ampla dispersão dos clãs andonitas, uma linguagem bem desenvolvida evoluíra dos seus esforços iniciais para intercomunicar-se. Essa linguagem continuou a progredir e, quase quotidianamente, eram feitos acréscimos a ela por causa das novas invenções e adaptações ao meio ambiente, desenvolvidas por esse povo ativo, incansável e curioso. E essa linguagem tornou-se a palavra de Urântia, a língua da família humana inicial, até o aparecimento posterior das raças coloridas.

63:4:7 7145 À medida que o tempo passou, os clãs andonitas cresceram em número, e o contato das famílias em expansão gerou atritos e mal-entendidos. Apenas duas coisas ocupavam as mentes desses povos: a caça para obter a comida e a luta para vingar-se de alguma injustiça ou de algum insulto, reais ou supostos, da parte das tribos vizinhas.

63:4:8 7146 As contendas familiares cresceram, as guerras tribais irromperam e perdas sérias aconteceram entre os melhores elementos dos grupos mais capazes e avançados. Algumas dessas perdas foram irreparáveis, pois algumas das linhagens de maior valor, em capacidade e inteligência, ficaram para sempre perdidas para o mundo. Essa raça inicial e a sua civilização primitiva foram ameaçadas de extinção por essa guerra sem fim entre os clãs.

63:4:9 7147 É impossível levar tais seres primitivos a viver muito tempo juntos em paz. O homem é descendente de animais lutadores e, quando estreitamente unidos, os povos sem cultura irritam-se e ofendem uns aos outros. Os Portadores da Vida conhecem essa tendência entre as criaturas evolucionárias e, por isso, tomam as suas precauções de separações eventuais entre os seres humanos em desenvolvimento, em pelo menos três, e mais freqüentemente em seis raças distintas e separadas.

5. A DISPERSÃO DOS ANDONITAS


63:5:1 7151 As primeiras raças andonitas não penetraram até muito longe dentro da Ásia e, a princípio, não entraram na África. A geografia daqueles tempos apontava-lhes o norte, e cada vez mais para o norte esses povos viajaram, até que fossem impedidos pelo gelo da terceira invasão glacial que avançava vagarosamente.

63:5:2 7152 Antes que essa imensa camada de gelo alcançasse a França e as Ilhas Britânicas, os descendentes de Andon e Fonta tinham sido empurrados para o oeste na Europa e haviam-se estabelecido em mais de mil locais separadamente, ao longo dos grandes rios que iam até as águas, então quentes, do mar do norte.

63:5:3 7153 Essas tribos andonitas foram as primeiras moradoras das margens dos rios na França; e viveram ao longo do rio Somme por dezenas de milhares de anos. O Somme é o único rio que não mudou durante as eras glaciais, correndo para o mar, naqueles dias, do mesmo modo como o faz hoje. E isso explica por que tantas evidências dos descendentes andonitas são encontradas ao longo do vale do curso desse rio.

63:5:4 7154 Esses aborígines de Urântia não eram moradores das árvores, embora nas emergências eles ainda se refugiassem no topo delas. Eles habitavam regularmente no abrigo das falésias, ao longo dos rios e nas grotas das colinas, as quais lhes permitiam uma boa vista de quem se aproximasse e os abrigava contra os elementos do tempo. Assim, podiam eles desfrutar do conforto das suas fogueiras, sem serem muito incomodados pela fumaça. Eles tampouco eram realmente habitantes das cavernas tampouco, se bem que, em tempos posteriores, as camadas de gelo chegaram até o sul e empurraram os seus descendentes para dentro de cavernas. Eles preferiam acampar perto da borda de uma floresta e ao lado de uma correnteza.

63:5:5 7155 Muito cedo se tornaram notavelmente aptos para camuflar as suas moradas, parcialmente abrigadas, e demonstraram grande habilidade para construir quartos de dormir, de pedra, cabanas em forma de domo, para dentro das quais eles rastejavam à noite. A entrada desse abrigo era fechada, rolando-se uma pedra para a frente dela, uma grande pedra que tinha sido colocada do lado de dentro com esse propósito, antes que as pedras do teto fossem postas nos seus lugares.

63:5:6 7156 Os andonitas eram caçadores destemidos e bem-sucedidos e, à exceção de morangos selvagens e de certas frutas das árvores, viviam exclusivamente de carne. Do mesmo modo como Andon inventou o machado de pedra, também os seus descendentes logo descobriram e tornaram efetivo o uso da lança e do arpão. Afinal uma mente criadora de instrumentos letais funcionava em conjunção com uma mão destra no uso desse implemento, e esses humanos primitivos tornaram-se altamente hábeis na elaboração de ferramentas de pedra. Eles viajavam até bem longe, abrangendo vastos territórios para buscar a pedra dura, do mesmo modo que os humanos de hoje viajam aos confins da Terra em busca de ouro, platina e diamantes.

63:5:7 7157 E, de vários outros modos, essas tribos andonitas manifestaram um grau de inteligência que os seus descendentes retrógrados não atingiram em meio milhão de anos, ainda que, muitas vezes, tenham descoberto e redescoberto vários métodos de fazer o fogo.

6. ONAGAR – O PRIMEIRO A ENSINAR A VERDADE


63:6:1 7158 À medida que a dispersão andonita estendeu-se, o status cultural e espiritual dos clãs retrocedeu por quase dez mil anos, até os dias de Onagar, que assumiu a liderança dessas tribos, trouxe a paz entre elas e, pela primeira vez, conduziu todas à adoração “d’Aquele que dá o alento aos homens e animais”.

63:6:2 7161 A filosofia de Andon tinha sido muito confundida; ele mal havia escapado de tornar-se um adorador do fogo, por causa do grande conforto que se derivava da sua descoberta acidental. A razão, entretanto, desviou-o da sua própria descoberta, orientando-o para o sol como uma fonte superior de calor e de luz e mais inspiradora de temor e reverência; mas por ele estar muito longe também, não se tornou um adorador do sol.

63:6:3 7162 Os andonitas logo desenvolveram um medo dos elementos: trovão, relâmpago, chuva, neve, granizo e gelo. Mas a fome permanecia como o impulso mais constantemente recorrente nesses dias primitivos e, já que subsistiam basicamente de comer animais, finalmente, eles desenvolveram uma forma de adoração aos animais. Para Andon, os maiores animais comestíveis eram símbolos do poder criativo e do poder de sustentação. De quando em quando, vinha o costume de designar vários desses animais maiores como objeto de adoração. Durante o tempo em que estava em voga um animal em particular, contornos toscos dele eram desenhados nas paredes das cavernas e, mais tarde, com o progresso contínuo que se fazia nas artes, esse deus-animal era gravado em vários ornamentos.

63:6:4 7163 Os povos andonitas formaram, muito cedo, o hábito de renunciar a comer a carne do animal da veneração tribal. Brevemente, com a finalidade de impressionar mais fortemente as mentes dos seus jovens, eles estabeleceram uma cerimônia de reverência, que era feita em torno do corpo de um desses animais venerados; e, mais tarde ainda, essa celebração primitiva transformou-se, entre os seus descendentes, em cerimônias mais elaboradas e com sacrifícios. Essa é a origem dos sacrifícios como uma parte da adoração. Essa idéia foi elaborada por Moisés no ritual hebreu e conservada, no seu princípio, pelo apóstolo Paulo, como doutrina de expiação do pecado por meio do “derramamento de sangue”.

63:6:5 7164 Que o alimento tivesse sido uma coisa de importância tão suprema nas vidas desses seres humanos primitivos é mostrado pela prece ensinada a esses homens simples por Onagar, o seu grande educador. E essa prece era:

63:6:6 7165 “Ó Alento da Vida, no dia de hoje, dai-nos a nossa comida diária, livrai-nos da maldição do gelo, salvai-nos dos nossos inimigos da floresta e, com misericórdia recebei-nos no Grande Além”.

63:6:7 7166 Onagar mantinha o seu centro de apoio às margens setentrionais do antigo mar Mediterrâneo, na região onde está o atual mar Cáspio, em uma colônia chamada Oban; esse local de permanência era situado no ponto onde a trilha que vinha do sul da Mesopotâmia, e levava ao norte, fazia uma curva para oeste. De Oban, ele enviou educadores às colônias mais longínquas para disseminar as suas novas doutrinas de uma Deidade única e o seu conceito da vida futura, que ele denominava de Grande Além. Esses emissários de Onagar foram os primeiros missionários do mundo; foram também os primeiros seres humanos a cozinhar a carne, os primeiros a usar regularmente o fogo para o preparo da comida. Eles cozinhavam a carne nas extremidades de espetos e também em pedras quentes; posteriormente, eles tostavam grandes pedaços no fogo, mas os seus descendentes voltaram a usar, quase que inteiramente, a carne crua.

63:6:8 7167 Onagar nasceu há 983 323 anos (contados do ano 1934 d. C. ) e viveu até os sessenta e nove anos de idade. O registro das realizações dessa mente mestra e desse líder espiritual dos dias anteriores ao Príncipe Planetário é uma récita emocionante sobre a organização desses povos primitivos em uma sociedade verdadeira. Ele instituiu um governo tribal eficaz, que continuou sem par durante as gerações seguintes por muitos milênios. Nunca mais, até a chegada do Príncipe Planetário, houve uma civilização tão altamente espiritual na Terra. Esse povo simples tinha uma religião real, ainda que primitiva, mas que foi subseqüentemente perdida com os seus descendentes em decadência.

63:6:9 7171 Ainda que ambos, Andon e Fonta tenham recebido Ajustadores do Pensamento, tal como muitos dos seus descendentes, não foi senão nos dias de Onagar que os Ajustadores e os serafins guardiães vieram em grande número para Urântia. E essa foi, de fato, a idade dourada do homem primitivo.

7. A SOBREVIVÊNCIA DE ANDON E FONTA


63:7:1 7172 Andon e Fonta, os fundadores esplêndidos da raça humana, receberam reconhecimento na época do julgamento de Urântia, quando da chegada do Príncipe Planetário, e no tempo devido eles emergiram, no regime dos mundos das mansões, com status de cidadania em Jerusém. Embora nunca lhes tenha sido permitido voltar a Urântia, são conhecedores da história da raça que fundaram. Eles afligiram-se com a traição de Caligástia, lamentaram-se por causa da falta Adâmica, mas rejubilaram-se sobremaneira quando receberam o anúncio de que Michael havia selecionado o mundo deles como cenário para a sua auto-outorga final.

63:7:2 7173 Em Jerusém, tanto Andon quanto Fonta fusionaram-se aos seus Ajustadores do Pensamento, como o fizeram também vários dos seus filhos, inclusive Sontad, mas a maioria dos seus descendentes, mesmo os imediatos, apenas logrou a fusão com o Espírito.

63:7:3 7174 Andon e Fonta, pouco depois da sua chegada em Jerusém, receberam do Soberano do Sistema permissão para retornarem ao primeiro mundo das mansões e servirem junto com as personalidades moronciais que dão as boas-vindas aos peregrinos do tempo, vindos de Urântia, para as esferas celestes. E foram designados indefinidamente para esse serviço. Eles tentaram enviar saudações a Urântia por meio dessas revelações, mas esse pedido lhes foi sabiamente negado.

63:7:4 7175 E é essa a narração do capítulo mais heróico e fascinante em toda a história de Urântia, a história da evolução, das lutas de vida, da morte e da sobrevivência eterna dos progenitores singulares de toda a humanidade.

63:7:5 7176 [Apresentado por um Portador da Vida residente em Urântia.]

DOCUMENTO 64

AS RAÇAS EVOLUCIONÁRIAS DE COR
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Esta é a história das raças evolucionárias de Urântia desde os dias de Andon e Fonta, há quase um milhão de anos, passando pela época do Príncipe Planetário até o fim da idade glacial.

64:0:2 7182 A raça humana tem quase um milhão de anos, e a primeira metade da sua história corresponde, grosso modo, aos dias anteriores à vinda do Príncipe Planetário para Urântia. A segunda metade da história da humanidade começa na época da chegada do Príncipe Planetário e do aparecimento das seis raças de cor e corresponde, grosso modo, ao período comumente considerado como a Idade da Pedra Lascada.

1. OS ABORÍGINES ANDÔNICOS


64:1:1 7183 O homem primitivo fez o seu aparecimento evolucionário na Terra há pouco menos de um milhão de anos, e teve uma experiência rude. Ele tentou escapar instintivamente dos perigos de reproduzir-se com as tribos de símios inferiores. Contudo, ele não podia migrar para o leste, por causa das elevações tibetanas áridas, a 9 000 metros de altitude acima do nível do mar; nem podia ir para o sul, nem para o oeste, por causa da grande extensão do mar Mediterrâneo, que então se estendia para o leste, até o oceano Índico; e, quando foi para o norte, ele encontrou o gelo que avançava. Porém, ainda que a migração posterior tivesse sido bloqueada pelo gelo e, embora as tribos em dispersão se tivessem tornado cada vez mais hostis, os grupos mais inteligentes nunca alimentaram a idéia de ir para o sul, para viver entre os seus primos peludos de intelecto inferior que habitavam em árvores.

64:1:2 7184 Muitas das primeiras emoções religiosas do homem brotaram dos seus sentimentos de impotência, quanto ao meio ambiente fechado de uma situação geográfica: montanhas à direita, água à esquerda e gelo pela frente. Esses andonitas progressivos, todavia, não queriam voltar para o sul; para junto dos seus parentes inferiores, habitantes de árvores.

64:1:3 7185 Esses andonitas, ao contrário dos hábitos dos seus parentes não humanos, evitavam as florestas. Nas florestas, o homem sempre se deteriorara; a evolução humana fez progresso apenas em terras abertas e nas latitudes mais elevadas. O frio e a fome das terras abertas estimulam a ação, a invenção e o espírito empreendedor. Enquanto essas tribos andonitas produziam os pioneiros da raça humana atual, em meio às rudes provações e privações dos rigorosos climas nórdicos, os seus primos atrasados deleitavam-se nas florestas tropicais sulinas da terra de sua origem primitiva comum.

64:1:4 7186 Esses acontecimentos ocorreram durante os tempos da terceira invasão glacial, que os vossos geólogos consideram como sendo a primeira. Os dois primeiros períodos glaciais não se estenderam à Europa setentrional.

64:1:5 7187 Durante a maior parte da idade glacial, a Inglaterra estava ligada por terra à França, enquanto, ulteriormente, a África esteve ligada à Europa pelo istmo Siciliano. Na época das migrações andônicas, havia uma contínua rota de terras que, passando pela Europa e pela Ásia, ligava a Inglaterra, a oeste, até Java, no leste; mas a Austrália de novo estava isolada, o que acentuava ainda mais o desenvolvimento de uma fauna peculiar sua.

64:1:6 7191 Há 950 mil anos, os descendentes de Andon e Fonta haviam migrado para bem longe, a leste e a oeste. Para irem até o oeste, eles passaram pela Europa, indo para a França e a Inglaterra. Posteriormente, penetraram em direção leste, até Java, onde os seus ossos foram recentemente encontrados – o chamado homem de Java –, e então prosseguiram no seu caminho para a Tasmânia.

64:1:7 7192 Os grupos que foram para o oeste foram menos contaminados pelas linhagens retrógradas, de origem ancestral comum, do que os que foram para o leste, que se miscigenaram livremente com os primos, animais inferiores. Esses indivíduos não progressistas derivaram para o sul e logo se uniram com as tribos inferiores. Mais tarde, um número crescente de descendentes mestiços deles retornou para o norte, para miscigenar-se com os povos andônicos, que se expandiam rapidamente; e essas uniões infelizes infalivelmente deterioraram a raça superior. Os grupos primitivos mantinham cada vez menos a adoração d’Aquele Que Dá o Alento. Essa civilização primitiva, na sua aurora, estava ameaçada de extinção.

64:1:8 7193 E assim tem sido sempre em Urântia. As civilizações mais promissoras são as que têm-se,sucessivamente, deteriorado e, finalmente, se extinguido, devido à loucura de permitir que os superiores procriem livremente com os inferiores.

2. OS POVOS DE FOXHALL


64:2:1 7194 Há 900 mil anos, as artes de Andon e Fonta e a cultura de Onagar estavam em vias de desaparecimento da face da Terra; a cultura, a religião e mesmo a elaboração de trabalhos de pedra estavam na mais plena decadência.

64:2:2 7195 Esses foram tempos em que um grande número de grupos de mestiços inferiores estava chegando à Inglaterra, vindos do sul da França. Essas tribos eram tão misturadas com as criaturas simianas da floresta, que mal podiam ser consideradas humanas. Não tinham nenhuma religião, mas faziam trabalhos toscos de pedra e possuíam inteligência suficiente para fazer o fogo.

64:2:3 7196 Eles foram seguidos, na Europa, por um povo, de um certo modo superior e prolífico, cujos descendentes logo se espalharam por todo o continente, desde as geleiras, ao norte, até os Alpes e o Mediterrâneo, ao sul. Essas tribos são as chamadas raças de Heidelberg.

64:2:4 7197 Durante esse longo período de decadência cultural, os povos de Foxhall, da Inglaterra, e as tribos de Badonan, do nordeste da Índia, continuaram a manter algumas das tradições de Andon e alguns remanescentes da cultura de Onagar.

64:2:5 7198 Os povos de Foxhall estavam no extremo oeste e tiveram êxito em guardar o suficiente da cultura andônica; e também preservaram o seu conhecimento do trabalho na pedra; o qual transmitiram aos seus descendentes, os antigos ancestrais dos esquimós.

64:2:6 7199 Embora os remanescentes dos povos de Foxhall tivessem sido os últimos a serem descobertos na Inglaterra, esses andonitas foram realmente os primeiros seres humanos que viveram naquelas regiões. Naquela época, uma ponte de terra ainda ligava a França e a Inglaterra; e, como a maioria dos primeiros povoados dos descendentes de Andon estava assentada ao longo dos rios e nas costas dos mares daquela época primitiva, esses povoados encontram-se agora sob as águas do canal da Mancha e do mar do Norte, com exceção de uns três ou quatro que estão ainda acima do nível do mar, na costa inglesa.

64:2:7 7201 Muitos dentre os povos de Foxhall, os mais inteligentes e espirituais, mantiveram a sua superioridade racial e perpetuaram os seus costumes religiosos primitivos. E esses povos, à medida que mais tarde se misturaram a linhagens subseqüentes, transladaram-se da Inglaterra para o oeste, depois de uma invasão glacial ulterior, e sobreviveram, constituindo os esquimós atuais.

3. AS TRIBOS BADONAN


64:3:1 7202 Além dos povos de Foxhall, no oeste, outro centro ativo de cultura subsistiu no leste. Esse grupo vivia junto ao pé dos planaltos, no noroeste da Índia, entre as tribos de Badonan, que era um tetraneto de Andon. Esses povos foram os únicos descendentes de Andon que nunca praticaram o sacrifício humano.

64:3:2 7203 Esses badonitas das terras altas ocuparam um platô extenso, cercado de florestas, atravessado por correntezas e abundante em caça. Como alguns dos seus primos no Tibete, eles viviam em abrigos rudes de pedra, em grutas nas encostas e em galerias semi-subterrâneas.

64:3:3 7204 Enquanto as tribos do norte temiam cada vez mais o gelo, os que viviam perto das suas terras de origem tornaram-se excessivamente temerosos da água. Eles presenciaram a península da Mesopotâmia afundando gradativamente no oceano e, embora ela emergisse várias vezes, as tradições dessas raças primitivas cresceram em função dos perigos do mar e do medo de inundações periódicas. E esse temor, junto com a sua experiência de enchentes de rios, explica por que buscavam os planaltos como um local seguro no qual viver.

64:3:4 7205 A leste do domínio dos povos de Badonan, nos montes Siwalik, da Índia do norte, podem ser encontrados fósseis que se aproximam dos tipos de transição entre o homem e os vários grupos pré-humanos, mais do que em quaisquer outros locais na Terra.

64:3:5 7206 Há 850 mil anos, as tribos superiores de Badonan começaram uma guerra de exterminação, dirigida contra os seus vizinhos inferiores e animalizados. Em menos de mil anos, a maior parte dos grupos animais dessas regiões fora destruída ou recuara de volta para as florestas do sul. Essa campanha para a exterminação dos seres inferiores trouxe um ligeiro aperfeiçoamento nas tribos das montanhas daquela idade. E os descendentes miscigenados dessa raça badonita aprimorada apareceram nessa fase do desenvolvimento como um povo aparentemente novo – a raça de Neanderhal.

4. AS RAÇAS DE NEANDERTAL


64:4:1 7207 Os homens de Neandertal eram excelentes lutadores e faziam longas viagens. Gradativamente espalharam-se dos centros dos planaltos, no Noroeste da Índia, para a França, a oeste, para a China, a leste, e mesmo descendo para o norte da África. Eles dominaram o mundo por quase meio milhão de anos, até o tempo da migração das raças evolucionárias de cor.

64:4:2 7208 Há 800 mil anos, a caça era abundante; muitas espécies de cervos, bem como de elefantes e de hipopótamos, perambulavam pela Europa. O gado era abundante; os cavalos e os lobos estavam em todos os lugares. Os homens de Neandertal foram grandes caçadores, e as tribos na França foram as primeiras a adotar a prática de dar aos caçadores de maior êxito o direito dE escolha das esposas.

64:4:3 7211 A rena foi extremamente útil a esses povos de Neandertal, servindo de alimento, de roupa e de instrumentos, pois eles faziam vários usos dos seus chifres e ossos. Tinham pouca cultura, mas melhoraram, em muito, o trabalho de entalhe nas pedras, até que este atingiu quase o nível dos dias de Andon. As pedras maiores, presas a cabos de madeira, voltaram a ser usadas e serviam como machados e picaretas.

64:4:4 7212 Há 750 mil anos, o quarto lençol de gelo avançara para o sul. Com os implementos aperfeiçoados, os homens de Neandertal fizeram buracos no gelo que cobriam os rios do norte e, assim, podiam fisgar o peixe que vinha até esses orifícios. Essas tribos sempre recuavam diante do gelo que avançava e, nessa época, houve a maior invasão glacial na Europa.

64:4:5 7213 Nesses tempos, a glacial siberiana estava fazendo a sua progressão máxima para o sul, compelindo o homem primitivo a deslocar-se mais para o sul, de volta às suas terras de origem. Mas a espécie humana, então, estava tão suficientemente diferenciada que o perigo de miscigenações futuras, com os seus parentes símios atrasados, diminuíra em muito.

64:4:6 7214 Há 700 mil anos, a quarta glacial, a maior de todas na Europa, estava começando a regredir; os homens e os animais estavam retornando para o norte. O clima era fresco e úmido, e o homem primitivo novamente prosperava na Europa e na Ásia ocidental. Gradualmente, as florestas espalharam-se para o norte, sobre a terra que havia sido tão recentemente coberta pelas geleiras.

64:4:7 7215 A vida dos mamíferos tinha mudado pouco, por causa das grandes glaciais. Esses animais subsistiram naquele cinturão estreito de terra entre o gelo e os Alpes e, com o retrocesso das geleiras, de novo espalharam-se rapidamente por toda a Europa. Da África chegaram, passando pela ponte de terra da Sicília, elefantes de presas retas, rinocerontes de imensos focinhos, hienas e leões africanos, e esses novos animais virtualmente exterminaram os tigres-dentes-de-sabre e os hipopótamos.

64:4:8 7216 Há 650 mil anos, presenciou-se a continuação do clima suave. No meio do período interglacial, o tempo havia-se tornado tão quente que os Alpes ficaram quase despidos de gelo e de neve.

64:4:9 7217 Há 600 mil anos, as geleiras haviam-se retraído, então, ao máximo, na direção do norte e, depois de uma pausa de alguns milhares de anos, novamente iam para o sul, na sua quinta incursão. Entretanto, por cinqüenta mil anos, houve pouca modificação de clima. O homem e os animais da Europa modificaram-se pouco. A ligeira aridez do período anterior diminuiu e as geleiras alpinas desceram até muito baixo, nos vales dos rios.

64:4:10 7218 Há 550 mil anos, as geleiras que avançavam novamente empurraram o homem e os animais para o sul. Dessa vez, entretanto, o homem tinha muito espaço no largo cinturão de terra que se estendia para o nordeste, penetrando a Ásia, e que ficava entre a faixa de gelo e o mar Negro, grandemente expandido, então, como um braço do Mediterrâneo.

64:4:11 7219 Essas épocas, da quarta e da quinta glaciais, testemunharam mais outra disseminação da cultura rude das raças do homem de Neandertal. Houve tão pouco progresso, contudo, que realmente parecia que a tentativa de produzir um tipo novo e modificado de vida inteligente em Urântia estava para fracassar. Por quase um quarto de milhão de anos, esses povos primitivos deixaram-se levar, caçando e lutando, por avanços esporádicos em algumas direções, mas, no todo, retrocedendo, certamente, se comparados aos seus ancestrais andônicos superiores.

64:4:12 72110 Durante essas idades de trevas espirituais, a cultura supersticiosa da humanidade decaiu ao seu nível mais baixo. O homem de Neandertal realmente não tinha nenhuma religião além de uma superstição vergonhosa. Eles tinham um medo mortal das nuvens, mais especialmente de nevoeiros e neblinas. Uma religião primitiva de medo das forças naturais desenvolveu-se gradativamente, enquanto a adoração de animais declinava, à medida que o aperfeiçoamento das armas, com a abundância da caça, tornou esse povo capaz de viver com menos ansiedade a respeito da própria alimentação; e as recompensas do sexo, aos melhores caçadores, levaram a um melhoramento nas habilidades da arte da caça. Essa nova religião do medo levou às tentativas de aplacar as forças invisíveis. por trás dos elementos naturais, e culminou, posteriormente, com os sacrifícios de seres humanos para apaziguar essas forças físicas invisíveis e desconhecidas. E essa prática terrível do sacrifício humano tem sido perpetuada pelos povos mais atrasados de Urântia, até o século vinte desta era.

64:4:13 7221 Esses primitivos homens de Neandertal dificilmente poderiam ser chamados de adoradores do sol. Eles viviam mais no medo da escuridão; tinham um pavor mortal do cair da noite. Desde que a lua brilhasse um pouco, eles conseguiam manter o seu sangue-frio, mas, nas noites sem lua, eles chegavam ao pânico e começavam a sacrificar os seus melhores exemplares de homens e mulheres, em um esforço para induzir a lua a brilhar de novo. O sol, eles logo perceberam, voltaria regularmente, mas a lua, eles achavam que ela retornava por causa dos sacrifícios que faziam dos seus semelhantes. À medida que a raça avançou, o objeto e o propósito do sacrifício mudaram progressivamente, mas a oferta do sacrifício humano, como parte de um cerimonial religioso, perdurou ainda por um longo tempo.

5. A ORIGEM DAS RAÇAS COLORIDAS


64:5:1 7222 Há 500 mil anos, as tribos Badonan dos planaltos ao noroeste da Índia viram-se envolvidas em uma outra grande luta racial. Por mais de cem anos, essa guerra impiedosa gerou a violência e, quando a longa luta chegou ao fim, restavam apenas cerca de cem famílias. Esses sobreviventes eram, porém, os mais inteligentes e os mais desejáveis de todos os descendentes de Andon e Fonta, que então estavam vivos.

64:5:2 7223 E, entre esses badonitas dos planaltos, houve então um acontecimento novo e estranho. Um homem e uma mulher que viviam na parte nordeste da região habitada dos planaltos, começaram subitamente a produzir uma família de crianças inusitadamente inteligentes. Essa foi a família sangique, os ancestrais de todas as seis raças coloridas de Urântia.

64:5:3 7224 Essas crianças sangiques, em número de dezenove, não apenas eram mais inteligentes do que os seus semelhantes, mas as suas peles manifestavam uma tendência única de tomar várias cores com a exposição à luz do sol. Dessas dezenove crianças, cinco eram vermelhas, duas alaranjadas, quatro amarelas, duas verdes, quatro azuis e duas índigo. Essas cores tornaram-se mais pronunciadas à medida que as crianças foram ficando mais adultas e, quando, mais tarde, esses jovens se mesclaram aos seus companheiros de tribo, toda a sua progênie tendia para a cor de pele do ascendente sangique.

64:5:4 7225 E, agora, eu interrompo a narrativa cronológica, para chamar a vossa atenção à chegada do Príncipe Planetário, por volta dessa época, enquanto consideramos separadamente as seis raças sangiques de Urântia.

6. AS SEIS RAÇAS SANGIQUES DE URÂNTIA


64:6:1 7226 Num planeta evolucionário normal as seis raças evolutivas de cor aparecem uma a uma; o homem vermelho é o primeiro a evoluir e, durante idades, ele percorre o mundo, antes que as sucessivas raças coloridas apareçam. A emergência simultânea de todas as seis raças em Urântia, e em uma mesma família, foi bastante excepcional.

64:6:2 7231 O aparecimento dos primeiros andonitas, em Urântia, foi também um fato novo em Satânia. Em nenhum outro mundo, no sistema local, essa raça de criaturas volitivas evoluiu antes das raças evolucionárias de cor.

64:6:3 7232 1. O homem vermelho. Esses povos eram espécimes notáveis da raça humana, sob muitos aspectos, superiores a Andon e Fonta. Eles formavam o grupo mais inteligente e foram os primeiros filhos dos sangiques a desenvolverem uma civilização e um governo tribal. Eles sempre foram monógamos; mesmo os seus descendentes mistos raramente praticavam a poligamia.

64:6:4 7233 Em tempos posteriores, eles tiveram problemas sérios e prolongados com os seus irmãos amarelos na Ásia. Foram ajudados pela invenção prematura do arco e da flecha, mas, infelizmente, herdaram uma tendência forte dos seus antepassados, de lutar entre si próprios, e isso os enfraqueceu tanto que as tribos amarelas tornaram-se capazes de expulsá-los do continente asiático.

64:6:5 7234 Há cerca de 85 mil anos, os remanescentes relativamente puros da raça vermelha foram em massa para a América do Norte e, pouco depois disso, o istmo de Behring afundou, isolando-os assim. Nenhum homem vermelho jamais retornou à Ásia. No entanto, em toda a Sibéria, na China, na Ásia central, na Índia e na Europa, eles deixaram para trás muito do seu sangue misturado a outras raças coloridas.

64:6:6 7235 Quando o homem vermelho atravessou para a América, ele trouxe consigo grande parte dos ensinamentos e das tradições da sua origem primitiva. Os seus ancestrais imediatos tinham estado em contato com as últimas atividades da sede central mundial do Príncipe Planetário. Contudo, pouco tempo depois de alcançar as Américas, o homem vermelho começou a perder de vista esses ensinamentos e ocorreu um grande declínio intelectual e espiritual na sua cultura. Logo, esses povos caíram de novo em lutas tão furiosas, entre eles próprios, que parecia que essas guerras tribais resultariam na rápida extinção desses remanescentes relativamente puros da raça vermelha.

64:6:7 7236 Por causa desse grande retrocesso, os homens vermelhos pareciam condenados quando, há cerca de sessenta e cinco mil anos, Onamonalonton surgiu como o seu líder e libertador espiritual. Ele trouxe uma paz temporária entre os homens vermelhos americanos e reavivou a sua adoração do “Grande Espírito”. Onamonalonton viveu até os noventa e seis anos de idade e manteve o seu núcleo central em meio às grandes sequóias da Califórnia. Muitos dos seus últimos descendentes chegaram até os tempos modernos, entre os Índios Pés Negros.

64:6:8 7237 Com o passar dos tempos, os ensinamentos de Onamonalonton transformaram-se em tradições vagas. As guerras fratricidas recomeçaram, e nunca mais, depois dos dias desse grande instrutor, surgiu outro líder que trouxesse uma paz universal entre eles. As raças mais inteligentes pereciam cada vez mais nessas lutas tribais e, não fora isso, uma grande civilização teria sido construída no continente norte-americano por esses homens vermelhos inteligentes e hábeis.

64:6:9 7238 Depois de haver passado para a América, vindo da China, o homem vermelho do norte nunca mais entrou em contato com outras influências do mundo (exceto o esquimó), até que, mais tarde, fosse descoberto pelo homem branco. E foi uma infelicidade que o homem vermelho tenha quase completamente perdido a sua oportunidade de ser elevado por uma mistura com o sangue Adâmico posterior. Como aconteceu, o homem vermelho não podia governar o homem branco, e não queria servir voluntariamente a ele. Nessas circunstâncias, se as duas raças não se misturam, uma ou a outra fica condenada.

64:6:10 7239 2. O homem alaranjado. A característica que mais se destacava nessa raça era a sua necessidade peculiar de construir, de edificar toda e qualquer coisa, ainda que fosse empilhar grandes montes de pedras para ver qual tribo faria a pilha maior. Embora não fosse um povo progressivo, eles beneficiaram-se muito das escolas do Príncipe, enviando representantes para instruir-se ali.

64:6:11 7241 A raça laranja foi a primeira a seguir a linha da costa do Mediterrâneo na direção sul, até a África, quando esse mar afastava-se para o oeste. Entretanto, eles nunca firmaram favoravelmente pontos de apoio na África, e foram exterminados quando da chegada ulterior da raça verde.

64:6:12 7242 Antes do seu fim, esse povo perdeu muito terreno, espiritual e culturalmente; mas houve um grande recrudescimento de um nível superior de vida, em resultado da liderança sábia de Porshunta, a mente mestra dessa desafortunada raça, que trouxe a ela a sua ministração quando o seu centro geral era em Armagedon, há cerca de trezentos mil anos.

64:6:13 7243 A última grande luta, entre os homens alaranjados e os verdes, ocorreu na região do vale do baixo Nilo, no Egito. Essa guerra interminável durou quase cem anos e, no seu final, pouquíssimos representantes da raça alaranjada permaneciam vivos. Os restos dispersos desse povo foram absorvidos pelos homens verdes e, posteriormente, pelos índigos, que chegaram mais tarde. Como raça, contudo, o homem alaranjado deixou de existir há cerca de cem mil anos.

64:6:14 7244 3. O homem amarelo. As tribos amarelas primitivas foram as primeiras a abandonar a caça, a estabelecer comunidades estáveis, e a desenvolver uma vida familiar baseada na agricultura. Intelectualmente, eles eram um pouco inferiores ao homem vermelho, mas, social e coletivamente, eles demonstraram ser superiores a todos os povos sangiques, no que se refere a fomentar a civilização de uma raça. Por haverem desenvolvido um espírito fraternal, com as várias tribos aprendendo a viver juntas em uma paz relativa, eles tornaram-se capazes de ir expulsando a raça vermelha à medida que iam gradualmente expandindo-se pela Ásia.

64:6:15 7245 Eles viajaram para longe das influências da sede central espiritual do mundo e entraram em grandes trevas espirituais, depois da apostasia de Caligástia; mas esse povo teve uma idade brilhante, quando Singlangton, há cerca de cem mil anos, assumiu a liderança dessas tribos e proclamou a adoração da “Verdade Única”.

64:6:16 7246 A sobrevivência de números relativamente grandes de homens da raça amarela é devida ao pacifismo entre as tribos. Desde os dias de Singlangton, aos tempos da China moderna, a raça amarela tem estado entre as nações mais pacíficas de Urântia. Essa raça recebeu um legado pequeno, mas potente, da posterior descendência Adâmica importada.

64:6:17 7247 4. O homem verde. A raça verde foi um dos grupos menos capazes de homens primitivos, e eles foram muito enfraquecidos pelas extensas migrações em várias direções. Antes da sua dispersão, essas tribos conheceram um grande renascimento cultural, sob a liderança de Fantad, há uns trezentos e cinqüenta mil anos.

64:6:18 7248 A raça verde separou-se em três grandes divisões. As tribos do norte foram vencidas, escravizadas e absorvidas pelas raças amarelas e azuis. O grupo do leste foi amalgamado aos povos da Índia daqueles dias, e alguns remanescentes ainda perduram em meio àqueles povos. A nação sulina entrou na África, onde destruiu a raça dos seus primos, quase igualmente inferiores, da raça alaranjada.

64:6:19 7249 Sob muitos aspectos, ambos os grupos estavam equiparadamente dotados para essa luta, pois ambos traziam linhagens da ordem dos gigantes; muitos dos seus líderes tinham entre dois metros e quarenta, e dois metros e sessenta de altura. Essas linhagens de homens verdes gigantes ficaram, na sua maioria, confinadas a essa nação sulina ou egípcia.

64:6:20 7251 Os remanescentes dos homens verdes vitoriosos foram absorvidos, subseqüentemente, pela raça índigo, o último dos povos coloridos a desenvolver-se e a emigrar do centro sangique original de dispersão das raças.

64:6:21 7252 5. O homem azul. Os homens azuis formaram um grande povo. Muito cedo, eles inventaram a lança e, em seguida, elaboraram os rudimentos de muitas das artes da civilização moderna. O homem azul tinha o poder cerebral do homem vermelho, associado à alma e ao sentimento do homem amarelo. Os descendentes Adâmicos preferiam-nos a todas as raças coloridas posteriores que sobreviveram.

64:6:22 7253 Os homens azuis primitivos foram sensíveis às persuasões dos educadores do corpo de assessores do Príncipe Caligástia e foram lançados em uma grande confusão quando os ensinamentos deturpados vieram dos líderes traidores. Como outras raças primitivas, eles nunca se recuperaram plenamente do abalo produzido pela traição de Caligástia, e também nunca conseguiram superar inteiramente a tendência de lutar entre si.

64:6:23 7254 Aproximadamente quinhentos anos depois da queda de Caligástia, ocorreu uma ampla renascença cultural e religiosa de um tipo primitivo – no entanto, real e benéfica. Orlandof tornou-se um grande instrutor da raça azul e conduziu muitas tribos de volta ao culto do Deus verdadeiro, sob o nome de “o Chefe Supremo”. Esse foi o maior avanço do homem azul, até tempos posteriores, quando essa raça foi tão enormemente elevada pelo acréscimo do sangue Adâmico.

64:6:24 7255 As pesquisas e explorações européias, sobre a antiga Idade da Pedra Lascada, têm muito a ver com a escavação de instrumentos, ossos e objetos de artesanato desses antigos homens azuis, pois eles perduraram na Europa até tempos recentes. As chamadas raças brancas, de Urântia, são descendentes desses homens azuis, pois eles foram, primeiro, modificados por uma leve mistura com as raças amarela e vermelha e, mais tarde, foram elevados em muito pela assimilação de porções maiores da raça violeta.

64:6:25 7256 6. A raça índiga. Do mesmo modo que os homens vermelhos foram os mais avançados de todos os povos sangiques, os homens negros foram os de menor progresso. Foram os últimos a migrar dos planaltos da sua origem. Eles foram para a África, tomaram posse do continente e, desde então, permaneceram sempre lá, salvo quando tirados dali à força, de épocas em épocas, como escravos.

64:6:26 7257 Isolados na África, os povos índigos, como o homem vermelho, receberam pouca ou nenhuma elevação racial que se poderia haver derivado da infusão do sangue Adâmico. A sós, na África, a raça índiga fez poucos avanços, até os dias de Orvonon, quando experimentou um grande despertar espiritual. Se bem que, mais tarde, quase se esqueceu do “Deus dos Deuses”, proclamado por Orvonon, não perdeu inteiramente o desejo de adorar o Desconhecido; pelo menos, manteve uma forma de adoração, até uns poucos milhares de anos.

64:6:27 7258 Não obstante o seu atraso, esses povos índigos têm o mesmo status, perante os poderes celestes, de qualquer das outras raças terrenas.

64:6:28 7259 Essas foram idades de lutas intensas entre as várias raças, contudo, próximo à sede central do Príncipe Planetário, os grupos mais esclarecidos e de instrução mais recente viveram juntos em uma relativa harmonia, embora nenhuma grande conquista cultural das raças do mundo tenha sido realizada até o momento em que a eclosão da rebelião de Lúcifer causou uma séria interrupção nesse regime de harmonia.

64:6:29 7261 De tempos em tempos, todos esses diferentes povos conheceram renascimentos culturais e espirituais. Mansant foi um grande educador dos dias pós-Príncipe Planetário. Contudo, estamos fazendo menção apenas aos líderes destacados e educadores que influenciaram e inspiraram de modo marcante uma raça inteira. Com o passar dos tempos, muitos mestres menores surgiram, em regiões diferentes; e, no conjunto, eles contribuíram muito para a soma total das influências salvadoras que impediram um colapso cabal da civilização cultural, especialmente durante as idades longas e obscuras entre a rebelião de Caligástia e a chegada de Adão.

64:6:30 7262 Há razões boas, suficientes e em grande número que justificam o plano de fazer evoluir três ou seis raças coloridas, nos mundos do espaço. Embora os mortais de Urântia possam não estar em posição de saber apreciar todas essas razões, nós gostaríamos de chamar a atenção para as seguintes:

64:6:31 7263 1. A variedade é indispensável, para dar oportunidade a um amplo funcionamento da seleção natural, levando à sobrevivência dos estratos superiores.

64:6:32 7264 2. Raças mais fortes e melhores podem ser obtidas, em conseqüência de cruzamentos de povos diversos, quando essas raças diferentes são portadoras de fatores de uma herança superior. E as raças de Urântia ter-se-iam beneficiado de uma tal miscigenação antecipada, caso o povo resultante pudesse ter sido subseqüentemente elevado, de um modo efetivo, por uma miscigenação cuidadosa com a raça Adâmica superior. Uma tentativa de se efetuar um experimento assim, em Urântia, sob as condições raciais atuais, seria altamente desastrosa.

64:6:33 7265 3. A competição é saudavelmente estimulada pela diversidade de raças.

64:6:34 7266 4. As diferenças no status das raças e dos grupos, dentro de cada raça, são essenciais para o desenvolvimento da tolerância e do altruísmo humano.

64:6:35 7267 5. A homogeneidade da raça humana não é desejável, antes que os povos de um mundo em evolução atinjam níveis relativamente altos de desenvolvimento espiritual.

7. A DISPERSÃO DAS RAÇAS DE COR


64:7:1 7268 Quando os descendentes coloridos da família sangique começaram a multiplicar-se e a buscar oportunidades de expansão nos territórios adjacentes, a quinta glacial, ou a terceira, segundo vossos cálculos geológicos, estava já bem avançada, na sua arremetida para o sul, sobre a Europa e a Ásia. Essas primeiras raças coloridas haviam sido testadas, de um modo extraordinário, pelos rigores e privações da idade glacial da sua origem. Essa glacial foi tão extensa, na Ásia, que, por milhares de anos, a migração para o leste da Ásia ficou interrompida. E não foi possível alcançar a África, antes da última retração do mar Mediterrâneo, conseqüente da elevação da Arábia.

64:7:2 7269 Assim foi que, durante quase cem mil anos, esses povos sangiques espalharam-se pelos sopés das montanhas e misturaram-se, mais ou menos intensamente, não obstante a antipatia peculiar, mas natural, que cedo se manifestou entre as diferentes raças.

64:7:3 72610 Entre a época do Príncipe Planetário e a de Adão, a Índia tornou-se o lar das populações mais cosmopolitas jamais encontradas na face da Terra. Infelizmente, porém, essas misturas vieram a conter elementos excessivos das raças verde, alaranjada e índigo. Esses povos sangiques secundários tiveram uma existência mais facilitada e agradável nas terras do sul, e muitos deles posteriormente migraram para a África. Os povos sangiques primários, as raças superiores, evitaram os trópicos; a vermelha, indo para o nordeste até a Ásia, seguida de perto pelo homem amarelo, enquanto a raça azul mudou-se para o nordeste, ganhando a Europa.

64:7:4 7271 Os homens vermelhos começaram a migrar muito cedo para o nordeste, acompanhando o recuo do gelo, contornando os planaltos da Índia e ocupando todo o nordeste da Ásia. E foram seguidos de perto pelas tribos amarelas, que os expulsaram, subseqüentemente, da Ásia para a América do Norte.

64:7:5 7272 Quando os remanescentes de linhagem relativamente pura, da raça vermelha, abandonaram a Ásia, havia onze tribos, e o número deles era de pouco mais do que sete mil, entre homens, mulheres e crianças. Essas tribos estavam acompanhadas de três grupos pequenos, de ascendência mista, o maior dos quais sendo uma combinação das raças alaranjada e azul. Esses três grupos nunca confraternizaram plenamente com o homem vermelho e logo rumaram na direção sul, para o México e para a América Central, onde a eles se juntou, mais tarde, um pequeno grupo misturado de amarelos e vermelhos. Esses povos casaram-se todos entre si e fundaram uma nova raça miscigenada, muito menos guerreira do que os homens vermelhos de linhagem pura. Em cinco mil anos, essa raça amalgamada dividiu-se em três grupos, estabelecendo respectivamente as civilizações do México, da América Central e da América do Sul. O ramo da América do Sul recebeu um leve toque do sangue de Adão.

64:7:6 7273 Numa certa extensão, os homens vermelhos e amarelos primitivos misturaram-se na Ásia, e a progênie dessa união emigrou para o leste e ao longo do litoral sulino e, finalmente, a raça amarela, que crescia rapidamente, expulsou-os para as penínsulas e as ilhas próximas da costa marítima. São eles os homens morenos de hoje em dia.

64:7:7 7274 A raça amarela continuou a ocupar as regiões centrais da Ásia oriental. De todas as seis raças coloridas, dela foram os que sobreviveram em maior número. Embora os homens amarelos, de quando em quando, entrassem em guerras raciais, eles não levavam adiante as guerras intermináveis e implacáveis de exterminação, como as que faziam os homens vermelhos, os verdes e os alaranjados. Essas três raças, virtualmente, destruíram-se antes que pudessem ser finalmente aniquiladas pelos seus inimigos das outras raças.

64:7:8 7275 Posto que a quinta glacial não se estendeu tanto para o sul, na Europa, o caminho estava parcialmente aberto para que esses povos sangiques migrassem para o noroeste; e, com o recuo do gelo, os homens azuis, junto com outros poucos pequenos grupos raciais, migraram para o oeste, acompanhando as velhas trilhas das tribos andônicas. Eles invadiram a Europa, em ondas sucessivas, ocupando a maior parte do continente.

64:7:9 7276 Na Europa, logo eles encontraram os descendentes de Andon, o homem de Neandertal, da sua ascendência primitiva comum. Esses antigos homens de Neandertal, europeus, haviam sido levados para o sul e para o leste pelas invasões glaciais, e assim estavam em posição de encontrar e de absorver rapidamente os seus primos invasores das tribos sangiques.

64:7:10 7277 Em geral, e desde o princípio, as tribos sangiques foram, sob muitos aspectos, bastante superiores e mais inteligentes do que os deteriorados descendentes dos homens andônicos das planícies; e a mistura dessas tribos sangiques com os homens de Neandertal levou a uma melhora imediata da raça mais antiga. Foi essa infusão do sangue sangique, mais especialmente a dos homens azuis, que produziu aquele desenvolvimento marcante nos povos de Neandertal, demonstrada nas ondas sucessivas de tribos cada vez mais inteligentes que se espalharam pela Europa, vindas do leste.

64:7:11 7278 Durante o período interglacial seguinte, essa nova raça de Neandertal disseminou-se desde a Inglaterra até a Índia. Os remanescentes da raça azul que tinham ficado na velha península Pérsica, posteriormente, miscigenaram-se com alguns outros elementos, sobretudo amarelos; e a mistura resultante, em uma certa medida, elevada subseqüentemente pela raça violeta de Adão, sobreviveu na forma das bronzeadas tribos nômades dos árabes modernos.

64:7:12 7281 Todos os esforços para identificar os ancestrais sangiques, dos povos modernos, deve levar em conta o aprimoramento posterior das linhagens raciais, pelo subseqüente acréscimo do sangue Adâmico.

64:7:13 7282 As raças superiores procuraram os climas do norte ou temperados, enquanto as raças alaranjadas, verdes e índigas, sucessivamente, penderam mais para a África, passando pela ponte recentemente elevada de terra que separava o mar Mediterrâneo, que recuava para o oeste, e o oceano Índico.

64:7:14 7283 O último dos povos sangiques a migrar do seu centro de origem racial foi o homem índigo. Por volta da época em que o homem verde estava eliminando a raça alaranjada, no Egito, e enfraquecendo muito a si própria ao fazê-lo, o grande êxodo dos negros começou para o sul, através da Palestina, ao longo da costa; e, mais tarde, quando esses povos índigos, fisicamente fortes, invadiram o Egito, eles extinguiram totalmente os homens verdes, pela simples força numérica. Essas raças índigas absorveram os remanescentes dos homens alaranjados e muito da linhagem do homem verde, e algumas das tribos índigas ficaram consideravelmente aperfeiçoadas com essa amalgamação étnica.

64:7:15 7284 E assim parece que o Egito foi primeiramente dominado pelo homem alaranjado, depois pelo verde, seguido pelo homem índigo (negro) e, mais tarde ainda, por uma raça mestiça de índigo, azul e de homens verdes modificados. Todavia, muito antes da chegada de Adão, os homens azuis da Europa, e as raças mistas, da Arábia, haviam expulsado a raça índiga, do Egito, para pontos mais ao sul do continente africano.

64:7:16 7285 Ao chegar o fim das migrações sangiques, as raças verde e alaranjada já não existiam, o homem vermelho ocupava a América do Norte, o amarelo, a Ásia oriental, o homem azul, a Europa, e a raça índiga pendia para a África. A Índia abrigava uma mistura de raças sangiques secundárias, e o homem moreno, uma mistura do vermelho e do amarelo, mantinha-se nas ilhas da costa asiática. Uma raça miscigenada, com um potencial bastante superior, ocupou os planaltos da América do Sul. Os andonitas mais puros viveram nas regiões do extremo norte da Europa e da Islândia, da Groenlândia e da parte nordeste da América do Norte.

64:7:17 7286 Durante os períodos de maior avanço da invasão glacial, as tribos andonitas do extremo oeste chegaram muito perto de serem empurradas, quase inteiramente, para o mar. Eles viveram durante anos em uma faixa estreita de terra, ao sul da ilha que atualmente é a Inglaterra. E era já uma tradição que essas invasões glaciais repetidas os empurrassem para o mar, quando a sexta e última glacial finalmente surgiu. Eles foram os primeiros aventureiros marítimos. Construíram barcos e começaram a procurar novas terras, que esperavam estar livres daquelas terríveis invasões de gelo. E alguns deles alcançaram a Islândia, outros, a Groenlândia, mas a grande maioria deles pereceu de fome e sede no mar aberto.

64:7:18 7287 Há pouco mais do que oitenta mil anos, pouco depois de o homem vermelho haver entrado no noroeste da América do Norte, o congelamento dos mares do norte e o avanço dos campos locais de gelo sobre a Groenlândia levaram os esquimós, descendentes dos aborígines de Urântia, a buscar uma terra melhor, um novo lar; e eles tiveram êxito, cruzando a salvo os estreitos fechados, que então separavam a Groenlândia das massas de terra do nordeste da América do Norte. Eles alcançaram o continente aproximadamente dois mil e cem anos depois que o homem vermelho chegou ao Alasca. Subseqüentemente, algumas das linhagens mistas dos homens azuis rumaram para o oeste e miscigenaram-se com os esquimós mais recentes, e essa união foi ligeiramente benéfica para as tribos esquimós.

64:7:19 7288 Há cerca de cinco mil anos, um encontro casual aconteceu entre uma tribo indiana e um grupo esquimó solitário, nas praias do sudeste da baía de Hudson.

64:7:20 7291 Essas duas tribos acharam difícil comunicar-se uma com a outra, mas logo casaram entre si, e o resultado foi que esses esquimós foram finalmente absorvidos pelos homens vermelhos, mais numerosos. E isso representa o único contato do homem vermelho norte-americano, com qualquer outra linhagem humana, até aproximadamente mil anos atrás, quando aconteceu pela primeira vez que o homem branco desembarcasse por acaso nas terras da costa Atlântica.

64:7:21 7292 As lutas dessas idades primitivas foram caracterizadas pela coragem, pela bravura, e mesmo, pelo heroísmo. E todos nós lamentamos que tantos desses traços de vigor e de legitimidade dos vossos primeiros ancestrais houvessem sido perdidos nas raças mais recentes. Ainda que apreciemos o valor de muitos refinamentos da civilização que avança, sentimos a falta da persistência magnífica e da devoção soberba dos vossos primeiros ancestrais, que muitas vezes beiravam a grandeza e a sublimidade.

64:7:22 7293 [Apresentado por um Portador da Vida residente em Urântia.]

DOCUMENTO 65

O SUPRACONTROLE DA EVOLUÇÃO
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A vida evolucionária material básica – a vida pré-mental – é formulada pelos Mestres Controladores Físicos e pelos ministérios de implantação da vida dos Sete Espíritos Mestres, juntamente com a ministração ativa dos Portadores da Vida designados. Como resultado da função coordenada dessa criatividade tríplice, desenvolve-se uma capacidade física do organismo para a mente – mecanismos materiais de reação inteligente aos estímulos ambientais externos e, mais tarde, aos estímulos internos, ou influências que têm origem na própria mente do organismo.

65:0:2 7302 Há, então, três níveis distintos de produção e de evolução da vida:

7303 1. O domínio da energia física – produto da capacidade da mente.

7304 2. A ministração da mente, feita pelos espíritos ajudantes – influenciando a capacidade espiritual.

7305 3. A dotação espiritual da mente mortal – culminando no outorgamento dos Ajustadores do Pensamento.

65:0:3 7306 Os níveis mecânicos, não ensináveis, de reação do organismo ao meio ambiente são do domínio dos controladores físicos. Os espíritos ajudantes da mente ativam e regulam os tipos de mente adaptáveis ou ensináveis, não mecânicos – aqueles mecanismos de resposta dos organismos capazes de aprender a partir da experiência. E, à medida que os espíritos ajudantes manipulam, desse modo, os potenciais da mente, também os Portadores da Vida exercem um controle discriminador considerável sobre os aspectos ambientais do processo evolucionário, até o momento do aparecimento da vontade humana – a capacidade de conhecer a Deus e o poder de optar por adorá-Lo.

65:0:4 7307 É o funcionamento coordenado e integrado dos Portadores da Vida, dos controladores físicos e dos espíritos ajudantes o que condiciona o curso da evolução orgânica nos mundos habitados. E é por isso que a evolução – em Urântia, ou em outro lugar – tem um propósito sempre, nunca é acidental.

1. AS FUNÇÕES DOS PORTADORES DA VIDA


65:1:1 7308 Os Portadores da Vida são dotados com um potencial de metamorfose da personalidade que apenas poucas ordens de criaturas possuem. Esses Filhos do universo local são capazes de funcionar em três fases diversas do ser. Geralmente, eles cumprem os seus deveres como Filhos da fase intermediária, sendo esse o estado da sua origem. Todavia, um Portador da Vida, nesse estágio de existência, não poderia possivelmente funcionar sobre os domínios eletroquímicos como um fabricante de energias físicas e de partículas materiais em unidades de existência vivente.

65:1:2 7309 Os Portadores da Vida são capazes de funcionar, e funcionam, nos três seguintes níveis:

73010 1. O nível físico da eletroquímica.

73011 2. A fase intermediária usual de existência quase moroncial.

73012 3. O nível semi-espiritual avançado.

65:1:3 7311 Quando os Portadores da Vida se preparam para empreender a implantação da vida, depois de haverem selecionado os locais para esse trabalho, eles convocam a comissão de arcanjos de transmutação dos Portadores da Vida. Esse grupo consiste de dez ordens de personalidades diversas, incluindo os controladores físicos e os seus colaboradores, e é presidido pelo comandante dos arcanjos, que atua nessa função por mandato de Gabriel e com a permissão dos Anciães dos Dias. Quando esses seres são circuitados adequadamente, eles podem efetuar modificações tais, nos Portadores da Vida, que os capacitam imediatamente para funcionar nos níveis físicos da eletroquímica.

65:1:4 7312 Depois que os modelos da vida houverem sido formulados e que as organizações materiais estiverem devidamente completas, as forças supramateriais envolvidas na propagação da vida tornam-se imediatamente ativas, e então a vida passa a existir. A partir daí, os Portadores da Vida retornam imediatamente à sua meia-fase intermediária normal de existência da personalidade, estado no qual eles podem manipular as unidades vivas e manobrar os organismos em evolução, mesmo estando despojados de toda a capacidade de organizar – de criar – novos padrões de matéria viva.

65:1:5 7313 Depois que a evolução orgânica houver seguido o seu curso, até um certo nível, e o livre-arbítrio do tipo humano houver aparecido nos organismos mais elevados em evolução, os Portadores da Vida devem abandonar o planeta ou então fazer votos de renúncia; quer dizer, eles devem comprometer-se a se abster de quaisquer tentativas de influir posteriormente no curso da evolução orgânica. E, quando esses votos são feitos voluntariamente, pelos Portadores da Vida que escolherem permanecer no planeta como conselheiros futuros para aqueles a quem será confiada a tarefa de proteger as criaturas de vontade recém-evoluídas, é convocada uma comissão de doze, presidida pelo comandante dos Estrelas Vespertinos, atuando com a autoridade do Soberano do Sistema e com a permissão de Gabriel; e, então, esses Portadores da Vida são transmutados para a terceira fase da existência da personalidade – o nível semi-espiritual do ser. E, nessa terceira fase da existência, eu tenho funcionado em Urântia desde os tempos de Andon e Fonta.

65:1:6 7314 Aguardamos ansiosos pela época em que o universo possa estabelecer-se em luz e vida, um possível quarto estágio do ser, no qual seremos integralmente espirituais, mas nunca nos foi revelada a técnica por meio da qual poderemos alcançar esse desejável estado avançado.

2. O PANORAMA EVOLUCIONÁRIO


65:2:1 7315 A história da ascensão do homem, a partir das algas marinhas até que chegasse a ser o senhor da criação terrestre, de fato é uma epopéia de lutas biológicas e de sobrevivência da mente. Os ancestrais primordiais do homem foram, literalmente, o limo e o lodo do fundo do oceano, nas baías e nas lagunas de águas mornas e estagnadas da vasta linha do litoral dos antigos mares interiores, aquelas mesmas águas nas quais os Portadores da Vida estabeleceram as três implantações independentes de vida em Urântia.

65:2:2 7316 Pouquíssimas espécies dos tipos marinhos primitivos de vegetação que participaram daquelas mutações históricas, e que resultaram nos organismos na fronteira da vida animal, existem ainda hoje. As esponjas constituem os sobreviventes de um desses tipos primitivos intermediários, os organismos por meio dos quais se deu a transição gradual do vegetal até o animal. Essas formas primitivas de transição, se bem que não sendo idênticas às esponjas modernas, eram muito semelhantes a elas; eram organismos verdadeiramente na fronteira – nem vegetais, nem animais – e que, finalmente, conduziram ao desenvolvimento das verdadeiras formas animais de vida.

65:2:3 7321 As bactérias, organismos vegetais simples de uma natureza muito primitiva, mudaram pouco desde o alvorecer da vida; elas exibem até mesmo um grau de retroação no seu comportamento parasitário. Muitos dos fungos também representam um movimento retrógrado de evolução, sendo plantas que perderam a sua capacidade de produzir clorofila e tendo transformado-se mais ou menos em parasitas. A maioria das bactérias que causam doenças, e os seus corpos auxiliares de vírus, realmente pertencem a esse grupo de fungos parasitas desertores. Durante idades intermediárias, todo o vasto reino da vida vegetal evoluiu de ancestrais, dos quais as bactérias também descendem.

65:2:4 7322 O tipo mais elevado de vida animal protozoária logo apareceu, e apareceu de repente. E, desses tempos longínquos, veio a ameba, um organismo animal típico, de uma célula, apenas um pouco modificada. Ela age, hoje, do mesmo modo como o fazia quando era ainda a mais recente das mais importantes realizações na evolução da vida. Essa diminuta criatura e os seus primos protozoários são, para a criação animal, o que as bactérias são para o reino vegetal; representam a sobrevivência dos primeiros passos evolucionários primitivos na diferenciação da vida, ao lado do fracasso de desenvolvimentos subseqüentes.

65:2:5 7323 Logo os tipos primitivos de animais unicelulares associaram-se em comunidades, primeiro, em um nível volvoxídeo e, depois, ao longo da linha da hidra e da medusa. E ainda mais tarde evoluíram, resultando em estrelas-do-mar, crinóides, ouriços-do-mar, centopéias, pepinos-do-mar, insetos, aranhas, crustáceos e os grupos correlatos de vermes da terra e sanguessugas, seguidos logo pelos moluscos – ostras, polvo e caracol. Centenas e centenas de espécies surgiram e pereceram; e seja feita menção apenas àqueles que sobreviveram às longuíssimas lutas. Tais espécimes não progressivos, junto com a família dos peixes, que surgiu depois, representam atualmente os tipos estacionários de animais primitivos e inferiores, ramificações da árvore da vida que deixaram de progredir.

65:2:6 7324 O cenário estava desse modo estabelecido para o aparecimento dos primeiros animais vertebrados, os peixes. Dessa família de peixes surgiram duas modificações únicas, a rã e a salamandra. E foi a rã que começou aquela série de diferenciações progressivas da vida animal que culminaram, finalmente, no próprio homem.

65:2:7 7325 A rã é um dos mais antigos ancestrais sobreviventes da raça humana, mas ela também deixou de evoluir, sendo hoje muito semelhante à dos seus tempos remotos. A rã é a única espécie ancestral, das raças iniciais, que ainda vive sobre a face da Terra. A raça humana não tem nenhum ancestral sobrevivente entre a rã e o esquimó.

65:2:8 7326 As rãs deram origem aos répteis, uma grande família animal que está virtualmente extinta, mas que, antes de deixar de existir, deu origem a toda a família de pássaros e às numerosas ordens de mamíferos.

65:2:9 7327 Provavelmente o maior salto, em toda a evolução pré-humana, foi dado quando um dos répteis transformou-se em um pássaro. Os tipos de pássaros de hoje – as águias, os patos, os pombos e as avestruzes – todos descenderam de répteis enormes de muitas eras atrás.

65:2:10 7328 O reino dos répteis, que descendeu da família da rã, é representado hoje por quatro divisões sobreviventes: duas não progressivas, as cobras e os lagartos, junto com os seus primos, os crocodilos e as tartarugas; uma parcialmente progressiva, a família dos pássaros e a quarta, a dos ancestrais dos mamíferos e a linha direta de descendentes da espécie humana. Contudo, ainda que há muito esteja extinta, a enormidade passageira dos répteis encontrou eco nos elefantes e no mastodonte, enquanto as suas formas peculiares ficaram perpetuadas nos cangurus saltadores.

65:2:11 7331 Apenas quatorze filos apareceram em Urântia, os peixes sendo os últimos, e nenhuma classe nova desenvolveu-se desde os pássaros e os mamíferos.

65:2:12 7332 Foi de um pequeno e ágil dinossauro réptil, de hábitos carnívoros, tendo um cérebro relativamente grande, que os mamíferos placentários surgiram subitamente. Esses mamíferos desenvolveram-se rapidamente e de muitos modos diferentes, não apenas dando surgimento às variedades modernas comuns, mas também evoluindo até os tipos marinhos, tais como as baleias e as focas, e os navegadores do ar, como a família dos morcegos.

65:2:13 7333 O homem, assim, evoluiu dos mamíferos mais elevados, derivados principalmente da implantação ocidental da vida nos antigos mares abrigados, que iam de leste para oeste. Os grupos oriental e central de organismos vivos, desde o princípio, progrediram favoravelmente até alcançarem os níveis pré-humanos de existência animal. À medida que as idades passaram, porém, o foco oriental de implantação de vida não alcançou um nível satisfatório de status pré-humano de inteligência, tendo sofrido perdas tão repetidas e irrecuperáveis dos seus tipos mais elevados de plasma de germe, que ficou para sempre destituído do poder de reabilitar as suas potencialidades humanas.

65:2:14 7334 Já que a qualidade da capacidade da mente para o desenvolvimento, nesse grupo oriental, foi definitivamente tão inferior àquela dos outros dois grupos, os Portadores da Vida, com o consentimento dos seus superiores, manipularam o ambiente de tal modo que circunscreveram mais ainda essas linhagens inferiores pré-humanas de vida em evolução. Para todas as aparências externas, a eliminação desses grupos inferiores de criaturas foi acidental, mas na realidade foi intencional.

65:2:15 7335 Mais tarde, no desenvolvimento evolucionário da inteligência, os ancestrais lemurianos da espécie humana estavam muito mais avançados na América do Norte que em outras regiões; e eles foram, por isso, levados a migrar, da arena de implantação ocidental de vida, para o estreito de Behring, e, costa abaixo, para o Sudoeste da Ásia, onde continuaram a evoluir e a beneficiar-se do acoplamento de algumas linhagens do grupo central de vida. O homem evoluiu assim, de algumas linhagens ocidentais e centrais de vida, apenas nas regiões centrais e nas regiões do Oriente-Próximo.

65:2:16 7336 Desse modo, a vida que foi plantada em Urântia evoluiu até a era glacial, quando, pela primeira vez, o próprio homem apareceu e começou a sua movimentada carreira planetária. E esse aparecimento do homem primitivo na Terra, durante a era glacial, não foi puramente acidental; foi intencional. Os rigores e a severidade climáticos da era glacial foram adequados, em todos os sentidos, aos propósitos de fomentar a produção de um tipo vigoroso de ser humano, com uma imensa capacidade de sobrevivência.

3. O ESTÍMULO À EVOLUÇÃO


65:3:1 7337 Dificilmente será possível explicar à mente humana atual muitas das ocorrências estranhas e aparentemente grotescas do progresso evolucionário primitivo. Um plano com um propósito estava em andamento durante todas essas evoluções aparentemente estranhas, das coisas vivas, mas não nos é permitido interferir arbitrariamente no desenvolvimento dos modelos de vida depois que foram colocados em operação.

65:3:2 7338 Os Portadores da Vida podem empregar todos os recursos naturais possíveis e podem utilizar todas e quaisquer circunstâncias fortuitas que irão elevar o desenvolvimento do progresso da vida experimental; mas não nos é permitido intervir mecanicamente, nem manipular arbitrariamente a conduta e o curso da evolução, seja das plantas, seja dos animais.

65:3:3 7339 Vós fostes informados de que os mortais de Urântia evoluíram por meio do desenvolvimento da rã primitiva, e que essa linhagem ascendente, levada em potencial dentro de uma única rã, escapou por pouco da extinção, em uma certa ocasião. Não se deve inferir disso, contudo, que a evolução da humanidade poderia ter sido impedida por um acidente nessa conjuntura. Naquele exato momento estávamos observando e estimulando nada mais do que mil linhagens de vida mutante, diferentes e muito distantes, que poderiam ter sido encaminhadas até vários modelos diferentes de desenvolvimento pré-humano. Essa rã ancestral, em particular, representava a nossa terceira seleção; as duas linhagens de vida anteriores haviam perecido, a despeito de todos os nossos esforços para a sua conservação.

65:3:4 7341 Mesmo a perda de Andon e Fonta, caso ocorresse antes que tivessem tido uma progênie, embora houvesse retardado a evolução humana, não a teria impedido. Depois do aparecimento de Andon e de Fonta, e antes que os potenciais humanos mutantes de vida animal estivessem exauridos, nada menos do que sete mil linhagens favoráveis haviam evoluído e poderiam haver culminado em alguma espécie de tipo humano em desenvolvimento. E muitas dessas raças melhores foram, subseqüentemente, assimiladas pelas várias ramificações das espécies humanas em expansão.

65:3:5 7342 Muito antes de o Filho e a Filha Material, os elevadores biológicos, chegarem ao planeta, os potenciais humanos das espécies animais em evolução haviam-se exaurido. Esse status biológico da vida animal é revelado aos Portadores da Vida por meio do fenômeno da terceira fase da mobilização do espírito ajudante, que, de modo automático, ocorre concomitantemente com a exaustão da capacidade de toda vida animal de dar origem aos potenciais mutantes de indivíduos pré-humanos.

65:3:6 7343 A humanidade em Urântia deve resolver os problemas que tem de desenvolvimento mortal com as raças humanas – nenhuma raça mais irá evoluir de fontes pré-humanas em todo o tempo futuro. Esse fato, todavia, não exclui a possibilidade de se atingir níveis de desenvolvimento humano amplamente mais elevados, por meio de uma estimulação inteligente dos potenciais evolucionários ainda residentes nas raças mortais. Tudo o que nós, os Portadores da Vida, fazemos para fomentar e conservar as linhagens de vida, antes do aparecimento da vontade humana, o homem deve fazer por si próprio, depois de tudo isso e depois que deixarmos a nossa participação ativa na evolução. De modo geral, o destino evolucionário do homem está nas suas próprias mãos, e a inteligência científica deve, mais cedo ou mais tarde, substituir o funcionamento aleatório da seleção natural descontrolada e da casualidade na sobrevivência.

65:3:7 7344 E, ao discutir o estímulo à evolução, não seria impróprio apontar que, no longo futuro adiante, quando em algum momento estiverdes ligados a um corpo de Portadores da Vida, vós tereis oportunidades amplas e abundantes de fazer sugestões para se fazer quaisquer melhoramentos possíveis nos planos e na técnica de transplantar e de conduzir a vida. Sede pacientes! Se tiverdes boas idéias, se as vossas mentes forem férteis de métodos melhores de administração para qualquer parte dos domínios universais, por certo, vós ireis ter uma oportunidade de apresentá-los aos vossos companheiros administradores nas idades que virão.

4. A AVENTURA DE URÂNTIA


65:4:1 7345 Não negligencieis o fato de que Urântia foi designada para nós como um mundo de vida experimental. Nesse planeta, fizemos a nossa sexagésima tentativa de modificar e, se possível, de melhorar a adaptação em Satânia dos projetos de vida de Nebadon, e está nos registros que realizamos numerosas modificações benéficas nos modelos médios da vida. Para ser específico, em Urântia, nós aprimoramos e demonstramos satisfatoriamente nada menos do que vinte e oito particularidades de modificação na vida, que serão de muita utilidade para todo o Nebadon durante todos os tempos futuros.

65:4:2 7351 Todavia, o estabelecimento da vida em nenhum mundo jamais é experimental, no sentido de que algo ainda não tentado e desconhecido seja intentado. A evolução da vida é uma técnica sempre progressiva, diferencial e variável, mas não é nunca fortuita, descontrolada, nem inteiramente experimental, no sentido acidental.

65:4:3 7352 Muitas facetas da vida humana oferecem evidências abundantes de que o fenômeno da existência mortal foi inteligentemente planejado, de que a evolução orgânica não é um mero acidente cósmico. Quando uma célula viva é ferida, ela possui a capacidade de elaborar algumas substâncias químicas que têm o poder de estimular e ativar as células vizinhas normais, para que elas iniciem imediatamente a secreção de certas substâncias que facilitam os processos de cura na ferida; e, ao mesmo tempo, essas células normais e não feridas começam a proliferar – elas de fato começam a trabalhar, criando novas células para repor qualquer célula companheira que possa ter sido destruída por acidente.

65:4:4 7353 Essa ação e essa reação químicas, ligadas à cura de feridas e à reprodução das células, representam a escolha dos Portadores da Vida de uma fórmula que abrange mais de cem mil fases e aspectos de reações químicas possíveis e de repercussões biológicas. Mais de meio milhão de experimentos específicos foram feitos pelos Portadores da Vida nos seus laboratórios, antes que eles finalmente estabelecessem essa fórmula para o experimento de vida em Urântia.

65:4:5 7354 Quando os cientistas de Urântia souberem mais sobre essas substâncias que curam, eles tornar-se-ão mais eficazes no tratamento de lesões e, indiretamente, irão saber mais sobre como controlar certas doenças sérias.

65:4:6 7355 Desde que a vida foi estabelecida em Urântia, os Portadores da Vida têm melhorado essa técnica de cura, a qual, introduzida em um outro mundo de Satânia, ofereceu mais alívio da dor e exerceu um controle melhor sobre a capacidade de proliferação que têm as células normais adjacentes.

65:4:7 7356 Houve muitos aspectos singulares no experimento de vida de Urântia, mas os dois episódios que se destacaram foram o aparecimento das raças andônicas antes da evolução dos seis povos coloridos e, posteriormente, a aparição simultânea dos mutantes sangiques em uma única família. Urântia é o primeiro mundo em Satânia em que as seis raças coloridas surgiram da mesma família humana. Elas geralmente vêm de linhagens diversificadas de mutações independentes, dentro da raça animal pré-humana e, usualmente, aparecem no mundo uma de cada vez e sucessivamente, durante períodos longos de tempo, começando pelo homem vermelho, passando pelas diversas cores, e indo até o índigo.

65:4:8 7357 Uma outra variação destacável de procedimento foi a chegada tardia do Príncipe Planetário. Via de regra, o príncipe aparece em um planeta por volta da época do desenvolvimento da vontade; e, se esse plano houvesse sido obedecido, Caligástia poderia ter vindo para Urântia até mesmo durante a vida de Andon e Fonta, em vez de quase quinhentos mil anos mais tarde, simultaneamente com o aparecimento das seis raças sangiques.

65:4:9 7358 A um mundo habitado normal teria sido concedido logo um Príncipe Planetário, quando solicitado pelos Portadores da Vida, ou seja, quando apareceram Andon e Fonta, ou pouco tempo depois. Todavia, como Urântia havia sido designado como um planeta em que a vida é modificada, foi por causa de um acordo antecipado que os observadores Melquisedeques, em número de doze, foram enviados como conselheiros dos Portadores da Vida, atuando como supervisores do planeta até a chegada subseqüente do Príncipe Planetário. Esses Melquisedeques vieram na época em que Andon e Fonta tomaram as decisões que tornaram possível que os Ajustadores do Pensamento residissem nas suas mentes mortais.

65:4:10 7361 Em Urântia, os esforços dos Portadores da Vida para melhorar os modelos da vida em Satânia necessariamente resultaram na produção de muitas formas aparentemente inúteis de vida transitória. Os ganhos já conquistados, no entanto, são suficientes para justificar as modificações dos modelos do projeto de vida feitas em Urântia.

65:4:11 7362 A nossa intenção era produzir uma manifestação antecipada da vontade na vida evolucionária de Urântia, e tivemos êxito. Em geral, só depois que as raças coloridas têm já algum tempo de existência é que a vontade emerge, usualmente aparecendo primeiro entre os tipos superiores dos homens vermelhos. O vosso mundo é o único planeta de Satânia em que o tipo humano de vontade surgiu em uma raça anterior às raças coloridas.

65:4:12 7363 Contudo, nos nossos esforços para chegar a essa combinação e associação de fatores de hereditariedade que finalmente conduziriam aos ancestrais mamíferos da raça humana, nós deparamos com a necessidade de permitir que acontecessem centenas ou mesmo milhares de outras combinações e associações relativamente inúteis de fatores de hereditariedade. É certo que muitos desses subprodutos aparentemente estranhos dos nossos esforços irão deparar com o vosso espanto quando escavardes para ir até o passado planetário, e eu posso muito bem compreender o quanto algumas dessas coisas possam ser intrigantes para o ponto de vista limitado da mente humana.

5. AS VICISSITUDES DA EVOLUÇÃO DA VIDA


65:5:1 7364 Foi uma fonte de pesar para os Portadores da Vida que os nossos esforços especiais, para modificar a vida inteligente em Urântia, houvessem sido tão prejudicados por perversões trágicas que escaparam ao nosso controle: a traição de Caligástia e a falta Adâmica.

65:5:2 7365 Durante toda essa aventura biológica, todavia, a nossa maior decepção veio da reversão, em uma escala muito extensa e inesperada, de certas vidas vegetais primitivas aos níveis pré-clorofílicos de bactérias parasitárias. Essa eventualidade, na evolução da vida vegetal, provocou muitas doenças desoladoras nos mamíferos mais elevados, particularmente nas espécies humanas mais vulneráveis. Quando deparamos com essa situação de perplexidade, de um certo modo, nós não demos grande importância às dificuldades envolvidas, porque sabíamos que a combinação que viria subseqüentemente, do plasma da vida Adâmica, reforçaria de tal modo os poderes de resistência da mistura resultante de raças, a ponto de torná-la praticamente imune a todas as doenças produzidas pelos tipos vegetais de organismos. As nossas esperanças, porém, estavam fadadas à decepção, devido à infelicidade da falta Adâmica.

65:5:3 7366 O universo dos universos, incluindo esse pequeno mundo chamado Urântia, não está sendo administrado para adaptar-se apenas às nossas conveniências, nem apenas para receber a nossa aprovação, muito menos para gratificar os nossos caprichos ou satisfazer à nossa curiosidade. Os seres sábios e Todo-Poderosos, que são responsáveis pela gestão do universo, sem dúvida sabem exatamente o que fazer; e assim é próprio aos Portadores da Vida e cabe às mentes mortais comportar-se, na espera, com a devida paciência e uma cooperação sincera com as regras da sabedoria, com o reino do poder e a marcha do progresso.

65:5:4 7367 Certas compensações, é claro, advêm para as atribulações, tais como o outorgamento de Michael em Urântia. Independentemente dessas considerações, porém, os supervisores celestes mais recentes deste planeta expressam a sua confiança completa no triunfo último da evolução da raça humana e em que, afinal, vinguem os nossos planos e modelos originais de vida.

6. AS TÉCNICAS EVOLUCIONÁRIAS DE VIDA


65:6:1 7371 É impossível determinar com precisão, simultaneamente, a localização exata e a velocidade de um objeto em movimento; qualquer tentativa de medir uma dessas grandezas acarreta uma alteração inevitável na outra. O homem mortal depara com o mesmo tipo de paradoxo quando efetua a análise química do protoplasma. O químico pode elucidar a composição química do protoplasma morto, mas ele não pode discernir a organização física nem o funcionamento dinâmico do protoplasma enquanto vivo. O cientista chegará mais e mais próximo dos segredos da vida, mas nunca os localizará e por nenhuma outra razão senão a de que tem de matar o protoplasma para analisá-lo. O protoplasma morto pesa tanto quanto o protoplasma vivo, mas já não é o mesmo.

65:6:2 7372 Há um dom original de adaptação nas coisas e seres vivos. Em toda planta ou célula animal, em todo organismo vivo – material ou espiritual –, há um desejo insaciável de alcançar uma perfeição sempre crescente de ajuste ao ambiente, de adaptação do organismo e de aumentar a realização da vida. Esses esforços intermináveis de todas as coisas vivas evidencia a existência, dentro delas, de uma busca inata de perfeição.

65:6:3 7373 O mais importante passo na evolução das plantas foi o desenvolvimento da capacidade de produzir a clorofila, e o segundo maior avanço foi o esporo haver evoluído até uma semente complexa. O esporo é mais eficiente como um agente reprodutor, mas faltam-lhe os potenciais da variedade e da versatilidade inerentes à semente.

65:6:4 7374 Um dos mais úteis e complexos episódios na evolução dos mais elevados tipos de animais consistiu no desenvolvimento da capacidade do ferro, nas células do sangue circulante, de atuar com a dupla função de transportar o oxigênio e de remover o dióxido de carbono. E essa atuação das células vermelhas do sangue ilustra como os organismos em evolução são capazes de adaptar as suas funções ao ambiente variável e alterável. Os animais superiores, incluindo o homem, oxigenam os seus tecidos por meio da ação do ferro das células vermelhas do sangue, que levam o oxigênio até as células vivas e, de um modo também eficiente, retiram o dióxido de carbono. Outros metais, no entanto, podem servir ao mesmo propósito. A lula-choco emprega o cobre nessa função, e a seringa-do-mar utiliza o vanádio.

65:6:5 7375 A continuação desses ajustes biológicos é ilustrada pela evolução dos dentes nos mamíferos superiores em Urântia; os ancestrais distantes do homem tinham trinta e seis, então começou um reajustamento de adaptação, tendo o homem primitivo, e os seus parentes próximos, passado a ter trinta e dois dentes. Agora, a espécie humana tende vagarosamente para vinte e oito dentes. Ativa e adaptativamente, o processo de evolução ainda está em progresso neste planeta.

65:6:6 7376 Todavia, muitos ajustes aparentemente misteriosos dos organismos vivos são puramente químicos, integralmente físicos. A qualquer momento, na corrente sangüínea de qualquer ser humano, há a possibilidade de acontecerem até 15 milhões de reações químicas entre os hormônios de uma dúzia de glândulas endócrinas.

65:6:7 7377 As formas inferiores de vida vegetal são totalmente sensíveis ao meio ambiente físico, químico e elétrico. Entretanto, à medida que se ascende na escala da vida, as ministrações da mente dos sete espíritos ajudantes tornam-se, uma a uma, mais atuantes, e a mente propõe-se cada vez mais ajustar, criar, coordenar e dominar. A capacidade dos animais de adaptar-se ao ar, à água e à terra não é um dom sobrenatural, mas é um ajustamento suprafísico.

65:6:8 7381 A física e a química sozinhas não conseguem explicar como um ser humano evoluiu do protoplasma primevo dos mares primitivos. A capacidade de aprender, a memória e a resposta diferenciada ao ambiente, são dons da mente. As leis da física não reagem ao aperfeiçoamento; elas são invariáveis e imutáveis. As reações da química não são modificáveis pela educação; são uniformes, confiáveis. À parte a presença do Absoluto Inqualificável, as reações elétricas e químicas são previsíveis. Mas a mente pode tirar proveito da experiência, pode aprender de hábitos de reações comportamentais que respondem à repetição de estímulos.

65:6:9 7382 Os organismos pré-inteligentes reagem aos estímulos do ambiente, mas esses organismos que são reativos à ministração da mente podem ajustar e manipular o próprio ambiente.

65:6:10 7383 O cérebro físico, com o seu sistema nervoso associado, possui a capacidade inata de responder à ministração da mente, do mesmo modo que a mente em desenvolvimento de uma personalidade possui uma certa capacidade inata de receptividade do espírito e, portanto, traz em si os potenciais do progresso e da realização espiritual. A evolução intelectual, social, moral e espiritual depende da ministração da mente, feita pelos sete espíritos ajudantes e pelos seus colaboradores suprafísicos.

7. OS NÍVEIS EVOLUCIONÁRIOS DA MENTE


65:7:1 7384 Os sete espíritos ajudantes da mente são os versáteis ministradores da mente para as existências inferiores inteligentes do universo local. Essa ordem de mente é ministrada das sedes centrais do universo local ou de algum mundo conectado a elas, mas as capitais dos sistemas têm uma influência na direção da função das mentes inferiores.

65:7:2 7385 Muitas coisas dependem do trabalho desses sete ajudantes, num mundo evolucionário. No entanto, eles são ministros da mente; eles não se ocupam da evolução física, domínio este que é dos Portadores da Vida. A integração perfeita desses dons do espírito, contudo, com o procedimento ordenado e natural do desdobrar e do regime inerente dos Portadores da Vida, é responsável pela incapacidade dos mortais de discernir, no fenômeno da mente, nada a não ser a mão da natureza e o trabalho de processos naturais, se bem que, ocasionalmente, chegais a ficar um tanto embaraçados para explicar a totalidade das reações ligadas com as reações naturais da mente, naquilo em que é associada à matéria. E, caso Urântia estivesse evoluindo mais de acordo com os planos originais, vós iríeis observar menos fatos ainda a chamar a vossa atenção no fenômeno da mente.

65:7:3 7386 Os sete espíritos ajudantes são mais comparáveis a circuitos do que a entidades e, nos mundos normais, eles estão circuitados com outros funcionamentos ajudantes em todo o universo local. Nos planetas de experimentação de vida, contudo, eles estão relativamente isolados. E, em Urântia, devido à natureza singular dos seus modelos de vida, os ajudantes menos elevados tiveram muito mais dificuldade para contatar os organismos evolucionários do que teriam tido no caso de um tipo mais padronizado de dotação de vida.

65:7:4 7387 Além disso, em um mundo evolucionário mediano, os sete espíritos ajudantes estão muito mais bem sincronizados com os estágios avançados do desenvolvimento animal do que jamais estiveram em Urântia. Com uma única exceção, a dificuldade em contatar as mentes em evolução dos organismos de Urântia foi a maior que os ajudantes já tiveram em todo o seu funcionamento no universo de Nebadon. Nesse mundo, desenvolveram-se muitas formas de fenômenos limítrofes – de combinações confusas dos tipos mecânicos não ensináveis e dos ensináveis não mecânicos de resposta do organismo.

65:7:5 7391 Os sete espíritos ajudantes não fazem contato com as ordens puramente mecânicas de resposta do organismo ao ambiente. Essas respostas pré-inteligentes dos organismos vivos pertencem puramente aos domínios da energia dos centros de potência, dos controladores físicos e dos seus congêneres.

65:7:6 7392 A aquisição do potencial de capacidade para aprender da experiência marca o início do funcionamento dos espíritos ajudantes, e eles funcionam nas mentes desde as mais inferiores das existências primitivas e invisíveis até os mais elevados tipos de mentes na escala evolucionária dos seres humanos. Eles são a fonte e o modelo para os comportamentos que, de outro modo, seriam mais ou menos misteriosos, e para as reações rápidas não completamente compreendidas da mente ao ambiente material. Essas influências, sempre dignas de confiança e fiéis, devem por muito tempo levar adiante as suas ministrações preliminares, antes que a mente animal atinja os níveis humanos de receptividade ao espírito.

65:7:7 7393 Os ajudantes funcionam exclusivamente na evolução da mente experiencial até o nível da sexta fase, o espírito da adoração. Nesse nível, ocorre aquela inevitável sobreposição de ministrações – o fenômeno pelo qual o mais elevado desce para se coordenar com o inferior, em antecipação da realização subseqüente de níveis avançados de desenvolvimento. E ainda uma ministração espiritual adicional acompanha a ação do sétimo e último ajudante, o espírito da sabedoria. Em todos os ministérios do mundo do espírito, os indivíduos nunca experimentam transições abruptas de cooperação espiritual; essas mudanças são sempre graduais e recíprocas.

65:7:8 7394 Os domínios da reação física (eletroquímica), a resposta mental aos estímulos ambientais deveriam sempre ser diferenciados e, por sua vez, devem todos ser reconhecidos como fenômenos à parte das atividades espirituais. Os domínios da gravidade física, mental e espiritual são reinos distintos de realidades cósmicas, não obstante as estreitas inter-relações.

8. EVOLUÇÃO NO TEMPO E NO ESPAÇO


65:8:1 7395 O tempo e o espaço estão indissoluvelmente ligados; há uma associação inata. Os atrasos no tempo são inevitáveis, em presença de certas condições do espaço.

65:8:2 7396 Se os atrasos prolongados, no tempo levado para efetuar as mudanças evolucionárias, de desenvolvimento da vida, deixam-vos perplexos, eu diria que não podemos cronometrar os processos da vida, de modo a fazê-los desdobrarem-se mais rapidamente do que permite a metamorfose física de um planeta. Devemos esperar pelo desenvolvimento físico natural de um planeta; não temos absolutamente nenhum controle sobre a evolução geológica. Se as condições físicas permitissem, arranjaríamos para que acontecesse a completa evolução da vida em muito menos tempo do que um milhão de anos. Mas estamos todos sob a jurisdição dos Governantes Supremos do Paraíso, e o tempo não existe no Paraíso.

65:8:3 7397 O critério individual de medir o tempo é a duração de cada vida. Todas as criaturas são condicionadas, assim, pelo tempo e, portanto, elas consideram a evolução como sendo um processo excessivamente longo. Para aqueles de nós cujo ciclo de vida não é limitado por uma existência temporal, a evolução não parece ser uma transação tão prolongada. No Paraíso, onde o tempo não existe, essas coisas estão todas presentes na mente da Infinitude e nos atos da Eternidade.

65:8:4 7398 Do mesmo modo que a evolução da mente depende do lento desenvolvimento das condições físicas, ou é retardado por ele, também o progresso espiritual depende da expansão mental, e o retardo intelectual atrasa-o infalivelmente. Contudo, isso não quer dizer que a evolução espiritual seja dependente da educação, cultura ou sabedoria. A alma pode evoluir independentemente da cultura mental, mas não na ausência da capacidade mental e do desejo – a escolha da sobrevivência e a decisão de alcançar uma perfeição sempre crescente – de fazer a vontade do Pai no céu. Embora a sobrevivência possa não depender da posse de conhecimento e sabedoria, a progressão muito certamente depende.

65:8:5 7401 Nos laboratórios evolucionários cósmicos, a mente é sempre dominante sobre a matéria, e o espírito está sempre correlacionado à mente. Se essas dotações diversas não se sincronizarem e se coordenarem, isso pode causar atrasos no tempo, mas se o indivíduo realmente é sabedor de Deus e deseja encontrá-Lo e tornar-se como Ele, então, a sobrevivência está assegurada, a despeito dos obstáculos do tempo. O status físico pode prejudicar a mente, e a perversidade mental pode retardar a realização espiritual, mas nenhum desses obstáculos pode derrotar uma escolha feita pela alma com toda a sua vontade.

65:8:6 7402 Quando as condições físicas estão amadurecidas, as evoluções mentais súbitas podem acontecer; quando o status da mente é propício, transformações espirituais súbitas podem ocorrer; quando os valores espirituais recebem o reconhecimento adequado, então os significados cósmicos tornam-se discerníveis; e a personalidade é cada vez mais liberada dos obstáculos do tempo e redimida das limitações do espaço.

65:8:7 7403 [Promovido por um Portador da Vida de Nebadon, residente em Urântia.]

DOCUMENTO 66

O PRÍNCIPE PLANETÁRIO DE URÂNTIA
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O advento de um filho Lanonandeque em um mundo normal significa que a vontade, a capacidade de escolher o caminho da sobrevivência eterna já se desenvolveram na mente do homem primitivo. Contudo, em Urântia, o Príncipe Planetário chegou quase meio milhão de anos depois do surgimento da vontade humana.

66:0:2 7412 Há cerca de quinhentos mil anos, concomitantemente com o aparecimento das seis raças coloridas ou sangiques, Caligástia, o Príncipe Planetário, chegou a Urântia. Havia quase meio bilhão de seres humanos primitivos na Terra, na época em que o Príncipe chegou, e eles estavam bem distribuídos pela Europa, Ásia e África. A sede central do Príncipe, estabelecida na Mesopotâmia, localizava-se mais ou menos no centro da população do mundo.

1. O PRÍNCIPE CALIGÁSTIA


66:1:1 7413 Caligástia era um Filho Lanonandeque, de número 9 344 da ordem secundária. Tinha experiência na administração dos assuntos do universo local em geral e, durante as últimas idades, com a gestão do sistema local de Satânia, em particular.

66:1:2 7414 Antes do reinado de Lúcifer, em Satânia, Caligástia havia pertencido ao comitê dos Portadores da Vida conselheiros em Jerusém. Lúcifer promoveu Caligástia, elevando-o a um posto no seu corpo de assessores pessoais, e ele desempenhou-se satisfatoriamente em cinco compromissos sucessivos de honra e de confiança.

66:1:3 7415 Há muito tempo, Caligástia vinha buscando ser designado como Príncipe Planetário, mas, repetidamente, quando o seu pedido era submetido à aprovação nos conselhos das constelações, ele deixava de receber o assentimento dos Pais da Constelação. Caligástia parecia especialmente desejoso de ser enviado como governador planetário a um mundo decimal ou de modificação da vida. A sua petição tinha já por várias vezes sido indeferida, antes que ele finalmente fosse designado para Urântia.

66:1:4 7416 Caligástia partiu de Jerusém para a sua missão de dirigir um mundo, com uma folha invejável de lealdade e de devoção ao bem-estar do universo de sua origem e permanência, não obstante uma certa característica sua de instabilidade, somada a uma tendência para discordar da ordem estabelecida em certas questões menores.

66:1:5 7417 Eu estava presente em Jerusém quando o brilhante Caligástia partiu da capital do sistema. Nenhum príncipe dos planetas jamais embarcou em uma carreira de governo de um mundo com uma experiência preparatória mais rica ou com melhores perspectivas do que Caligástia, naquele dia memorável, há meio milhão de anos. Uma coisa é certa: enquanto eu executava a minha missão de colocar a narrativa daquele evento nas transmissões do universo local, sequer por um momento, jamais eu alimentei sequer a mais leve idéia de que esse nobre Lanonandeque, dentro de tão pouco tempo, iria trair a sua missão sagrada, de custódia planetária, e mancharia tão horrivelmente o nome honrado da sua elevada ordem de filiação no universo. Eu realmente considerava Urântia como estando entre os cinco ou seis mais afortunados planetas em toda a Satânia, posto que teria uma mente tão experiente, brilhante e original no governo dos seus assuntos mundiais. E eu não compreendi, então, que Caligástia estava insidiosamente morrendo de amor por si próprio; e também, então, eu não compreendia, ainda plenamente, as sutilezas do orgulho da personalidade.

2. O CORPO DE ASSESSORES DO PRÍNCIPE


66:2:1 7421 O Príncipe Planetário de Urântia não foi enviado sozinho na sua missão, mas, sim, acompanhado pelo corpo usual de assistentes e assessores administrativos.

66:2:2 7422 À cabeça desse grupo estava Daligástia, o adjunto ligado ao Príncipe Planetário. Daligástia também era um Filho Lanonandeque secundário, sendo o número 319 407 daquela ordem. Ele tinha a graduação de assistente, na época da sua designação como adjunto de Caligástia.

66:2:3 7423 O corpo de assessores planetários incluía um grande número de cooperadores angélicos e uma hoste de outros seres celestes designados para fazer progredir os interesses e promover o bem-estar das raças humanas. Do vosso ponto de vista, porém, o grupo mais interessante de todos era o dos membros corpóreos do corpo de assessores do Príncipe – chamado algumas vezes de os cem de Caligástia.

66:2:4 7424 Esses cem membros rematerializados do corpo de assessores do Príncipe foram escolhidos por Caligástia entre os mais de 785 000 cidadãos ascendentes de Jerusém que se fizeram voluntários para embarcar na aventura de Urântia. Cada um dos cem escolhidos vinha de um planeta diferente, e nenhum deles era proveniente de Urântia.

66:2:5 7425 Esses voluntários jerusemitas foram trazidos por transporte seráfico diretamente da capital do sistema até Urântia e, ao chegarem, permaneceram enserafinados até que pudessem ser providos com as formas da personalidade da natureza dual de serviço especial planetário: corpos reais constituídos de carne e sangue, mas também em sintonia com os circuitos de vida do sistema.

66:2:6 7426 Algum tempo antes da chegada desses cem cidadãos de Jerusém, os dois Portadores da Vida supervisores, residentes em Urântia, tendo previamente perfeccionado os seus planos, pediram a Jerusém e a Edêntia a permissão para transplantarem o plasma da vida de cem sobreviventes selecionados da raça de Andon e Fonta para os corpos materiais a serem projetados para os membros corpóreos do corpo de assessores do Príncipe. O pedido foi concedido por Jerusém e aprovado em Edêntia.

66:2:7 7427 Conseqüentemente, cinqüenta seres masculinos e cinqüenta femininos, da posteridade de Andon e Fonta, representando os sobreviventes das melhores linhagens daquela raça única, foram escolhidos pelos Portadores da Vida. Com uma ou duas exceções, esses andonitas contribuidores para o avanço da raça eram estranhos uns aos outros. Eles foram reunidos, de locais bastante distantes, sob a direção coordenada de Ajustadores do Pensamento e com a orientação seráfica, nas fronteiras da sede central planetária do Príncipe. Ali, os cem sujeitos humanos foram entregues nas mãos da comissão de voluntários de Avalon, altamente habilitados, que dirigiram a extração material de uma porção do plasma de vida desses descendentes de Andon. Esse material vivo foi então transferido para os corpos materiais, construídos para uso dos cem jerusemitas, membros do corpo de assessores do Príncipe. Nesse meio tempo, esses cidadãos recém-chegados da capital do sistema estavam sendo mantidos adormecidos no transporte seráfico.

66:2:8 7428 Essas transações, junto com a criação literal de corpos especiais para os cem de Caligástia, deu origem a numerosas lendas, muitas das quais subseqüentemente fundiram-se com as tradições posteriores a respeito da instalação planetária de Adão e Eva.

66:2:9 7431 Toda a transação de repersonalização, desde o momento da chegada dos transportes seráficos, trazendo os cem voluntários de Jerusém, até voltarem eles à consciência, já como seres triplos do reino, consumiu exatamente dez dias.

3. DALAMÁTIA – A CIDADE DO PRÍNCIPE


66:3:1 7432 A sede central do Príncipe Planetário estava situada na região do golfo Pérsico daqueles dias, no distrito correspondente à futura Mesopotâmia.

66:3:2 7433 O clima e a paisagem da Mesopotâmia daqueles tempos eram de todo favoráveis aos empreendimentos do corpo de assessores do Príncipe e dos seus assistentes, muito diferentes das condições que algumas vezes prevaleceram desde então. Era necessário ter esse clima favorável como parte do ambiente natural destinado a induzir os urantianos primitivos a realizar certos avanços iniciais na cultura e na civilização. A grande tarefa daquelas idades era transformar o homem, de um caçador que era, em um pastor, com a esperança de que, daí em diante, ele fosse evoluir, transformando-se em um agricultor sedentário e amante da paz.

66:3:3 7434 A sede central do Príncipe Planetário em Urântia era típica desse gênero de instalação em uma esfera jovem e em desenvolvimento. O núcleo do estabelecimento do Príncipe era uma cidade bastante simples, mas bela, envolvida por uma muralha de doze metros de altura. Esse centro de cultura do mundo era chamado de Dalamátia, em honra a Daligástia.

66:3:4 7435 A cidade estava distribuída em dez subdivisões, com as mansões da sede central dos dez conselhos do corpo de assessores corpóreo situadas nos centros dessas subdivisões. No centro mesmo da cidade, estava o templo do Pai não visível. Os centros administrativos do Príncipe e seus adjuntos estavam instalados em doze salas agrupadas na proximidade imediata do próprio templo.

66:3:5 7436 Os edifícios da Dalamátia eram todos de um andar, com exceção da sede dos conselhos, que era de dois andares, e do templo central do Pai de todos, que era pequeno, mas com a altura de três andares.

66:3:6 7437 A cidade apresentava o melhor do que se praticava naqueles dias primitivos em materiais de construção – tijolos. Pouca pedra ou madeira era utilizada. A construção de casas e a arquitetura das cidades dos povos da vizinhança foram muito aperfeiçoadas pelo exemplo dado pela Dalamátia.

66:3:7 7438 Próximo à sede do Príncipe, moravam seres humanos de todas as cores e de todos os níveis. E, nessas tribos vizinhas, foram recrutados os primeiros estudantes das escolas do Príncipe. Embora essas primeiras escolas da Dalamátia fossem rudimentares, elas proviam tudo o que podia ser feito pelos homens e mulheres daquela idade primitiva.

66:3:8 7439 O corpo de assessores corpóreo do Príncipe congregava em torno de si, continuamente, os indivíduos superiores das tribos vizinhas e, depois de formar e de inspirar esses estudantes, enviava-os de volta como instrutores e líderes dos seus respectivos povos.

4. OS PRIMEIROS DIAS DOS CEM


66:4:1 74310 A chegada do corpo de assessores do Príncipe gerou uma impressão profunda. Se bem que quase mil anos tivessem sido necessários para que as novidades se espalhassem até terras longínquas, essas tribos próximas da sede da Mesopotâmia foram tremendamente influenciadas pelos ensinamentos e pela conduta dos cem novos habitantes de Urântia. E muito da vossa mitologia posterior proveio de lendas alteradas desses primeiros dias, quando esses membros do corpo de assessores do Príncipe foram repersonalizados, em Urântia, como supra-homens.

66:4:2 7441 O obstáculo sério à boa influência desses instrutores extraplanetários era a tendência que os mortais tinham de considerá-los como deuses, mas, à parte a técnica pela qual eles apareceram na Terra, os cem de Caligástia – cinqüenta homens e cinqüenta mulheres – não recorreram a métodos supranaturais nem a manipulações supra-humanas.

66:4:3 7442 Entretanto, o corpo de assessores corpóreo era efetivamente supra-humano. Eles começaram a sua missão em Urântia como seres triplos extraordinários:

66:4:4 7443 1. Eles tinham corpos e eram relativamente humanos, pois corporificavam o plasma real da vida de uma das raças humanas, o plasma vital andônico de Urântia.

66:4:5 7444 Esses cem membros do corpo de assessores do Príncipe eram divididos igualmente quanto ao sexo e de acordo com o seu status mortal anterior. Cada pessoa desse grupo era capaz de tornar-se co-progenitora de alguma nova ordem de seres físicos, mas eles haviam sido cuidadosamente instruídos a recorrerem à geração de progênie apenas sob certas condições. É costumeiro, para o corpo de assessores corpóreo de um Príncipe Planetário, procriar os seus sucessores algum tempo antes de retirar-se do serviço especial planetário. Usualmente, isso se dá na época da chegada do Adão e da Eva Planetários, ou pouco depois.

66:4:6 7445 Esses seres especiais, portanto, tinham pouca ou nenhuma idéia do tipo de criaturas materiais que seriam geradas por meio da sua união sexual. E, de fato, eles nunca souberam, pois antes do momento de dar esse passo, na continuação da sua missão no mundo, todo o regime estava transtornado pela rebelião, e aqueles que mais tarde funcionaram no papel de pais haviam sido isolados das correntes de vida do sistema.

66:4:7 7446 Quanto à cor da pele e à língua, esses membros materializados do corpo de assessores de Caligástia pertenciam à raça andônica. Eles nutriam-se como faziam os mortais do reino, com uma diferença: os corpos recriados desse grupo ficavam plenamente satisfeitos com uma dieta sem carne. Isso era uma das considerações que determinaram que residissem em uma região quente, com abundância de tipos de frutos e de nozes. A prática de subsistir de uma dieta sem carne data dos tempos dos cem de Caligástia, pois esse costume espalhou-se nas proximidades, e também até longe; e em muito afetou os hábitos de alimentação de muitas tribos vizinhas, grupos cuja origem vinha de raças evolucionárias que se alimentavam exclusivamente de carne.

66:4:8 7447 2. Os cem eram seres materiais, mas supra-humanos, tendo sido reconstituídos em Urântia como homens e mulheres singulares de uma ordem elevada e especial.

66:4:9 7448 Esse grupo, se bem que desfrutando da cidadania provisória de Jerusém, era ainda de seres não fusionados aos seus Ajustadores do Pensamento; e quando eles se fizeram voluntários e foram aceitos para o serviço planetário de ligação com as ordens descendentes de filiação, os seus Ajustadores foram separados deles. Esses jerusemitas, todavia, eram seres supra-humanos – possuíam almas de crescimento ascendente. Durante a vida mortal na carne, a alma está em estado embrionário; ela nasce (ressuscita) na vida moroncial e experimenta um crescimento, passando pelos sucessivos mundos moronciais. E as almas dos cem de Caligástia haviam-se expandido assim, por meio das experiências progressivas dos sete mundos das mansões, alcançando o status de cidadania de Jerusém.

66:4:10 7449 Em conformidade com as suas instruções, o corpo de assessores não se engajou em reprodução sexual. Contudo eles estudaram minuciosamente as suas constituições pessoais e exploraram cuidadosamente todas as fases imagináveis de enlaces intelectuais (da mente) e moronciais (da alma). E foi durante o trigésimo terceiro ano da sua permanência na Dalamátia, muito antes que a muralha estivesse terminada, que o número dois e o número sete, do grupo dos Danitas, acidentalmente descobriram um fenômeno que acompanhava o enlace dos seus eus moronciais (supostamente não sexuados e não materiais); e o resultado dessa aventura veio a ser a primeira das criaturas intermediárias primárias. Esse novo ser era totalmente visível para o corpo planetário de assessores e para os seus companheiros celestes, mas não era visível para os homens e mulheres das várias tribos humanas. Sob a autorização do Príncipe Planetário, todo o corpo de assessores corpóreo iniciou a produção de seres similares, e todos tiveram êxito, seguindo as instruções do par Danita pioneiro. Assim, finalmente, o corpo de assessores do Príncipe trouxe à vida o corpo original de 50 000 criaturas intermediárias primárias.

66:4:11 7451 Essas criaturas do tipo intermediário foram muito úteis para cuidar dos assuntos da sede central do mundo. Elas eram invisíveis para os seres humanos, mas aos habitantes primitivos da Dalamátia foi ensinado sobre esses semi-espíritos não visíveis e, durante idades, eles se constituíram em todo o mundo espiritual para os mortais em evolução.

66:4:12 7452 3. Os cem de Caligástia eram pessoalmente imortais, ou imperecíveis. Nas suas formas materiais, circulavam os complementos antidotais das correntes vitais do sistema; e se eles não houvessem perdido o contato com os circuitos da vida por causa da rebelião, eles teriam vivido indefinidamente até a chegada de um próximo Filho de Deus, ou até a sua liberação posterior, para reassumirem a viagem ininterrupta até Havona e o Paraíso.

66:4:13 7453 Esses complementos de antídotos das correntes de vida de Satânia eram derivados da fruta da árvore da vida, um arbusto de Edêntia enviado para Urântia pelos Altíssimos de Norlatiadeque, na época da chegada de Caligástia. Nos dias de Dalamátia, essa árvore crescia no jardim da parte central do templo do Pai não visível; e era a fruta da árvore da vida que permitia aos seres materiais do corpo de assessores do Príncipe viverem indefinidamente, enquanto tivessem acesso a ela, pois de outro modo seriam meros mortais.

66:4:14 7454 Embora não fosse de nenhuma valia para as raças evolucionárias, essa supernutrição era completamente suficiente para conferir vida contínua aos cem de Caligástia e também aos cem andonitas modificados que se encontravam associados a eles.

66:4:15 7455 Sobre isso deveria ser explicado que, na época em que os cem andonitas contribuíram com os membros do corpo de assessores do Príncipe, dando o seu plasma germinativo humano, os Portadores da Vida introduziram, nos seus corpos mortais, o complemento dos circuitos do sistema; e, assim, eles tornaram-se capacitados a viver concomitantemente com o corpo de assessores, século após século, desafiando a morte física.

66:4:16 7456 Os cem andonitas foram finalmente informados sobre a contribuição que deram para as novas formas dos seus superiores. Esses mesmos cem filhos das tribos de Andon foram mantidos, nas sedes centrais, como assistentes pessoais do corpo de assessores corpóreo do Príncipe.

5. A ORGANIZAÇÃO DOS CEM


66:5:1 7457 Os cem organizaram-se para o serviço em dez conselhos autônomos de dez membros cada. Quando dois ou mais desses dez conselhos reuniam-se em uma sessão conjunta, essas assembléias de ligação eram presididas por Daligástia. Esses dez grupos eram constituídos do seguinte modo:

66:5:2 7458 1. O conselho de alimentação e do bem-estar material. Este grupo era presidido por Ang. Esse corpo hábil tinha a especialidade de cuidar da comida, da água, das roupas e do avanço material das espécies humanas. Eles ensinavam a escavação de poços, o controle das fontes e da irrigação. Eles ensinavam aos humanos provenientes de regiões mais altas e do norte os métodos mais aperfeiçoados de tratar as peles, para usá-las como vestes, e a tecelagem foi introduzida mais tarde, por instrutores de arte e ciência.

66:5:3 7461 Grandes avanços foram feitos nos métodos de armazenamento de alimentos. Os alimentos eram conservados pelo cozimento, a secagem e a defumação; e, assim, tornaram-se a primeira forma de propriedade. O homem aprendeu a se precaver contra o acaso da escassez, que periodicamente dizimava o mundo.

66:5:4 7462 2. O conselho de domesticação e de utilização de animais. Este conselho dedicava-se à tarefa de selecionar e de criar os animais que melhor se adaptavam a ajudar os seres humanos a carregarem as suas cargas e transportá-los, para fornecimento dos alimentos e, mais tarde, no serviço de cultivar o solo. Esse corpo especialista era dirigido por Bon.

66:5:5 7463 Vários tipos de animais úteis, agora extintos, foram domesticados, junto com alguns que continuaram como animais domesticados até os dias atuais. O homem há muito tinha convivência com o cão, e o homem azul já tinha tido êxito em domesticar o elefante. A vaca estava sendo melhorada, por uma criação cuidadosa, para tornar-se uma fonte utilíssima de alimento; a manteiga e o queijo tornaram-se artigos comuns na dieta humana. Os homens aprenderam a utilizar os bois para transportar cargas, mas o cavalo só foi domesticado algum tempo depois. Os membros desse corpo é que ensinaram inicialmente os homens a usar a roda para facilitar a tração.

66:5:6 7464 Foi nesses dias que os pombos-correio foram usados pela primeira vez, sendo levados em longas viagens, com o propósito de enviar mensagens ou pedidos de ajuda. O grupo de Bon teve êxito em treinar os grandes fandores como aves de transporte. Esses fandores, entretanto, tornaram-se extintos há mais de trinta mil anos.

66:5:7 7465 3. Os consultores encarregados do controle de animais predadores. Não era suficiente que os primeiros homens tentassem domesticar certos animais, deviam, pois, também aprender a proteger a si próprios da destruição, por parte do restante dos animais hostis do mundo. Esse grupo era capitaneado por Dan.

66:5:8 7466 O propósito das muralhas das antigas cidades era proteger contra animais ferozes, e também impedir ataques de surpresa de humanos hostis. Aqueles que moravam fora das muralhas e nas florestas dependiam de habitações nas árvores, de cabanas de pedras, e da manutenção de fogueiras noturnas. Era muito natural, pois, que esses instrutores dedicassem muito tempo a instruir os seus alunos a melhorar as habitações humanas. Com o emprego de técnicas mais aprimoradas e pelo uso de armadilhas, um grande progresso foi feito na subjugação dos animais.

66:5:9 7467 4. O corpo docente encarregado da disseminação e conservação do conhecimento. Esse grupo organizava e dirigia os esforços puramente educacionais daquelas idades primitivas. Era comandado por Fad. Os métodos educacionais de Fad consistiam na supervisão do sistema de empregos, acompanhada da instrução sobre métodos aperfeiçoados de trabalho. Fad formulou o primeiro alfabeto e introduziu um sistema de escrita. Esse alfabeto continha vinte e cinco caracteres. Como material de escrita, esses povos primitivos utilizavam cascas de árvores, tabuletas de argila, placas de pedra, uma forma de pergaminho feito de peles marteladas e uma forma rústica de um material como o papel, feito de ninhos de vespas. A biblioteca da Dalamátia, destruída logo depois da deslealdade de Caligástia, compreendia mais de dois milhões de registros separados, e era conhecida como a “casa de Fad”.

66:5:10 7468 O homem azul teve uma predileção por escrever com o alfabeto e fez o maior progresso nessa direção. O homem vermelho preferiu a escrita pictórica, enquanto as raças amarelas derivaram para o uso de símbolos, como palavras e idéias, de um modo semelhante ao que os empregam atualmente. Contudo o alfabeto e muitas coisas mais ficaram posteriormente perdidas para o mundo, em meio à confusão que acompanhou a rebelião. A apostasia de Caligástia destruiu a esperança mundial de uma língua universal, pelo menos durante idades incontáveis.

66:5:11 7471 5. A comissão da indústria e do comércio. Este conselho era empregado para fomentar a indústria, dentro das tribos, e para promover o comércio entre os vários grupos pacíficos. O seu líder era Nod. Todas as formas de manufaturados primitivos eram estimuladas por esse corpo. Eles contribuíram diretamente para a elevação dos padrões de vida, fornecendo muitas novas mercadorias, para atrair a imaginação dos homens primitivos. Eles expandiram grandemente o comércio do sal beneficiado, produzido pelo conselho de ciência e arte.

66:5:12 7472 Entre esses grupos esclarecidos, educados nas escolas da Dalamátia, é que foi praticado o primeiro crédito comercial. Numa bolsa central de troca de créditos, eles forneciam fichas simbólicas, que eram aceitas em lugar dos objetos reais da troca. O mundo não melhorou esses métodos de negócios por centenas de milhares de anos.

66:5:13 7473 6. O colegiado da religião revelada. Esse corpo era lento no seu funcionamento. A civilização de Urântia era literalmente forjada entre a bigorna da necessidade e os martelos do medo. Esse grupo, porém, tinha feito um progresso considerável nas suas tentativas de substituir o medo do Criador pelo medo da criatura (o culto dos fantasmas), quando os seus trabalhos foram interrompidos pelas desordens que vieram junto com a sublevação da secessão. O dirigente desse conselho era Hap.

66:5:14 7474 Nenhum membro do corpo de assessores do Príncipe apresentaria revelações que complicassem a evolução; eles apresentavam a revelação apenas como uma culminância, depois de se haverem esgotado as forças da evolução. Hap, contudo, cedeu ao desejo dos habitantes da cidade, para o estabelecimento de uma forma de serviço religioso. O seu grupo proveu os dalamatianos com os sete cânticos do culto de adoração e também deu a eles a frase laudatória diária e finalmente ensinou a eles “a oração do Pai”, que era:

66:5:15 7475 “Pai de todos, cujo Filho honramos, olha por nós com favor. Livra-nos do medo de todos, exceto de Ti. Faze com que sejamos um prazer para os nossos mestres divinos e, para sempre, coloca a verdade nos nossos lábios. Livra-nos da violência e da raiva; dá-nos respeito pelos mais velhos e por tudo o que pertença aos nossos vizinhos. Dá-nos pastos verdes, nesta estação, e rebanhos frutíferos para alegrar os nossos corações. Oramos para a rápida chegada do prometido elevador das raças e, pois, queremos fazer a vossa vontade neste mundo, como os outros a fazem em mundos longínquos”.

66:5:16 7476 Embora o corpo de assessores do Príncipe se limitasse a meios naturais e métodos comuns de melhora da raça, ele manteve a promessa da dádiva Adâmica de uma nova raça como meta do crescimento evolucionário, depois que o desenvolvimento biológico houvesse chegado ao seu apogeu.

66:5:17 7477 7. Os guardiães da saúde e da vida. Esse conselho ocupava-se com a introdução de um sistema sanitário e com a promoção de medidas primitivas de higiene, e era liderado por Lut.

66:5:18 7478 Os seus membros ensinaram muitas coisas que foram perdidas durante a confusão das idades subseqüentes, e que nunca foram redescobertas até o século vinte. Eles ensinaram à humanidade que cozinhar, ferver e tostar eram meios de evitar-se a doença; e também que cozinhar reduzia grandemente a mortalidade infantil e antecipava o desmamar.

66:5:19 7479 Muitos dos primeiros ensinamentos dos guardiães de Lut sobre a saúde perduraram entre as tribos da Terra, até os dias de Moisés, embora se hajam tornado muito deturpados e grandemente alterados.

66:5:20 7481 O principal obstáculo contra a promoção da higiene entre esses povos ignorantes consistia no fato de que as causas reais de muitas doenças eram pequenas demais para serem vistas a olho nu, e também porque eles todos encaravam o fogo de um modo supersticioso. Foram necessários milhares de anos para persuadi-los a queimar os detritos. Nesse meio tempo, era necessário obrigá-los quase a enterrar o seu lixo em putrefação. O grande avanço sanitário dessa época veio com a disseminação do conhecimento a respeito da luz do sol, das suas propriedades provedoras de saúde e destruidoras de doenças.

66:5:21 7482 Antes da chegada do Príncipe, o banho tinha sido uma cerimônia exclusivamente religiosa. Era, de fato, difícil persuadir os homens primitivos a lavarem os seus corpos como uma prática saudável. Lut finalmente induziu os instrutores religiosos a incluir a limpeza com a água como parte das cerimônias de purificação a serem praticadas junto com as devoções do meio-dia, uma vez por semana, durante a adoração ao Pai de todos.

66:5:22 7483 Esses guardiães da saúde também buscaram introduzir o aperto de mão em substituição à troca de saliva e do beber sangue, para selar a amizade pessoal e como uma demonstração de lealdade grupal. Todavia, quando fora da pressão compulsiva dos ensinamentos dos seus líderes superiores, esses povos primitivos não hesitavam em voltar às suas antigas práticas ignorantes e supersticiosas, que abalavam a saúde e aumentavam as doenças.

66:5:23 7484 8. O conselho planetário de arte e ciência. Esse corpo muito fez para aperfeiçoar as técnicas industriais do homem primitivo e para elevar os seus conceitos de beleza. O seu líder era Mek.

66:5:24 7485 A arte e a ciência estavam em um nível muito baixo no mundo, mas os rudimentos da física e da química foram ensinados aos dalamatianos. A cerâmica era avançada, as artes decorativas foram todas aperfeiçoadas, e os ideais da beleza humana foram grandemente elevados. A música, entretanto, pouco progrediu antes da vinda da raça violeta.

66:5:25 7486 Esses homens primitivos não consentiriam em experimentar a força do vapor, a despeito das repetidas estimulações dos seus instrutores; eles nunca puderam vencer o seu grande medo do poder explosivo do vapor confinado. Contudo, eles foram finalmente persuadidos a trabalhar com os metais e o fogo, se bem que uma peça de metal rubro de calor fosse um objeto aterrorizante para o homem primitivo.

66:5:26 7487 Mek fez muito para o avanço da cultura dos andonitas e para aprimorar a arte do homem azul. Uma combinação do homem azul com a linhagem de Andon produziu um tipo artisticamente dotado, e muitos deles tornaram-se escultores-mestres. Eles não trabalhavam na pedra nem no mármore, mas os seus trabalhos em argila, endurecidos no forno, adornavam os jardins da Dalamátia.

66:5:27 7488 Um grande progresso foi feito nas artes caseiras, a maioria das quais se perderam nas longas idades de sombras da rebelião, para nunca serem redescobertas até os tempos modernos.

66:5:28 7489 9. Os governadores das relações tribais avançadas. Este era o grupo encarregado do trabalho de levar a sociedade humana ao nível de um estado. O seu chefe era Tut.

66:5:29 74810 Esses líderes contribuíram muito para provocar casamentos intertribais. Eles aconselharam os humanos a cortejar e ao casamento, após a devida liberação para isso, e a oportunidade plena de se conhecerem mutuamente. As danças puramente militares tornaram-se refinadas a ponto de servir a fins sociais preciosos. Muitos jogos competitivos foram introduzidos, mas esses povos antigos eram uma gente circunspecta; e o senso de humor não florescia nessas tribos primitivas. Poucas dessas práticas sobreviveram à desintegração posterior à insurreição planetária.

66:5:30 7491 Tut e os seus adjuntos trabalharam para promover associações grupais de natureza pacífica, para regulamentar e humanizar os assuntos da guerra, para coordenar as relações intertribais e para aprimorar os governos tribais. Na vizinhança da Dalamátia, desenvolveu-se uma cultura mais avançada, e essas relações sociais desenvolvidas em muito colaboraram para influenciar as tribos mais distantes. Todavia, o modelo de civilização que prevalecia na sede central do Príncipe era totalmente diferente da sociedade bárbara que se desenvolvia em outros locais, do mesmo modo que a sociedade da Cidade do Cabo, nesse século vinte, na África do sul, é totalmente diferente da cultura tosca dos bosquímanos diminutos ao norte.

66:5:31 7492 10. A corte suprema de coordenação tribal e de cooperação racial. Este conselho supremo era dirigido por Van e era a corte de apelação para todas as outras nove comissões especiais encarregadas da supervisão dos assuntos humanos. Esse conselho tinha uma função ampla, sendo-lhe confiadas todas as questões terrenas que não eram especificamente designadas aos outros grupos. Esse corpo seleto tinha sido aprovado pelos Pais da Constelação de Edêntia, antes que fossem autorizados a assumir as funções da corte suprema de Urântia.

6. O REINADO DO PRÍNCIPE


66:6:1 7493 O grau de cultura de um mundo é medido pela herança social dos seres nativos, e a rapidez da sua expansão cultural é integralmente determinada pela capacidade dos seus habitantes de compreenderem as idéias novas e avançadas.

66:6:2 7494 A escravidão à tradição produz estabilidade e cooperação, pela ligação sentimental que faz do passado ao presente, mas, ao mesmo tempo, ela reprime a iniciativa e escraviza os poderes criativos da personalidade. Todo o mundo estava imobilizado pela rigidez do apego aos costumes tradicionais, quando os cem de Caligástia chegaram e começaram a proclamação do novo ensinamento da iniciativa individual, em meio aos grupos sociais daquela época. Contudo, essa regra benéfica foi interrompida tão rapidamente que as raças nunca se liberaram inteiramente da escravidão dos costumes; a moda continua ainda dominando Urântia de um modo indevido.

66:6:3 7495 Os cem de Caligástia – graduados dos mundos das mansões de Satânia – conheciam bem as artes e a cultura de Jerusém, mas esse conhecimento é quase sem valor em um planeta bárbaro populado por seres humanos primitivos. Esses seres sábios estavam bem avisados para não empreenderem a transformação, de modo súbito, ou a elevação, em massa, das raças primitivas daqueles dias. Eles bem compreendiam a evolução lenta das espécies humanas, e se abstiveram sabiamente de qualquer tentativa radical de modificar o modo de vida humano na Terra.

66:6:4 7496 Cada uma das dez comissões planetárias pôs-se a fazer progredir lenta e naturalmente os interesses confiados a eles. O seu plano consistia em atrair os seres com as melhores mentes das tribos vizinhas e, após educá-los, enviá-los de volta ao seu povo, como emissários da elevação social.

66:6:5 7497 Jamais foram enviados emissários estrangeiros para uma raça, salvo a pedido específico daquele povo. Aqueles que trabalharam para a elevação e o avanço de uma certa tribo ou raça sempre eram nativos daquela tribo ou raça. Os cem nunca tentavam impor os hábitos e costumes de uma outra raça, ainda que superior. Eles trabalhavam sempre pacientemente, para elevar e avançar os costumes já submetidos à prova do tempo em cada raça. A gente simples de Urântia trouxe seus costumes sociais para a Dalamátia, não para trocá-los por práticas novas ou melhores, mas para tê-los elevados pelos contatos com uma cultura mais aprimorada e pela associação com mentes superiores. O processo era lento, mas muito eficiente.

66:6:6 7501 Os educadores da Dalamátia procuravam acrescentar a seleção social consciente à seleção puramente natural da evolução biológica. Eles não desregraram a sociedade humana, mas aceleraram acentuadamente a sua evolução normal e natural. O seu motivo era o progresso por meio da evolução, e não a revolução por meio da revelação. A raça humana havia demorado idades para adquirir a pouca religião e a moral que tinha e esses supra-homens eram por demais conscientes para tirar da humanidade esses poucos avanços criando a confusão e a consternação que sempre resultam quando seres esclarecidos e superiores têm a intenção de elevar raças atrasadas, dando-lhes ensinamentos e esclarecimentos excessivos.

66:6:7 7502 Quando vão ao coração da África, onde os filhos e filhas devem permanecer sob o controle e a direção dos pais durante toda a vida, os missionários cristãos levam apenas à confusão e à ruptura de toda autoridade, quando buscam, em uma única geração, suplantar aquela prática, ensinando aos filhos que eles deveriam ser livres de toda restrição dos pais, após atingirem a idade de vinte e um anos.

7. A VIDA NA DALAMÁTIA


66:7:1 7503 A sede central do Príncipe era inteiramente modesta, embora de uma rara beleza, e projetada de modo a inspirar o respeito dos homens primitivos daquela época. Os edifícios não eram especialmente grandes, pois os motivos desses educadores importados era encorajar o desenvolvimento ulterior da agricultura por meio da introdução da criação de animais. As reservas de terras, dentro das muralhas da cidade, eram suficientes para comportar os pastos e a horticultura, para abastecerem uma população de cerca de vinte mil habitantes.

66:7:2 7504 O interior do templo central de adoração e das dez mansões dos conselhos dos grupos supervisores de supra-homens eram de fato belas obras de arte. E, ao mesmo tempo em que os prédios residenciais eram modelos de ordem e limpeza, tudo era muito simples e inteiramente primitivo, em comparação com os desenvolvimentos posteriores. Nessa sede central de cultura, não eram empregados métodos que não pertencessem naturalmente a Urântia.

66:7:3 7505 O grupo corpóreo de assessores do Príncipe dispunha de moradas que, sendo simples, mas exemplares, eram mantidas como lares destinados a inspirar e a impressionar favoravelmente os estudantes observadores que estagiavam no centro social e sede educacional do mundo.

66:7:4 7506 A ordem definida da vida familiar, com toda a família vivendo reunida em uma residência, em um local relativamente estabelecido, data dessa época da Dalamátia e veio principalmente devido ao exemplo e aos ensinamentos dos cem e dos seus alunos. O lar como uma unidade social nunca se tornou um sucesso, até que os supra-homens e as supramulheres da Dalamátia houvessem levado a humanidade a amar e planejar, para os seus netos e para os filhos dos seus netos. O homem selvagem ama os seus filhos, mas o homem civilizado ama também os seus netos.

66:7:5 7507 Os assessores do Príncipe viviam juntos, como pais e mães. É verdade que eles não tinham filhos próprios, mas os cinqüenta lares-modelo da Dalamátia nunca abrigaram menos do que quinhentas crianças adotadas, selecionadas junto às famílias superiores das raças andônicas e sangiques; muitas dessas crianças eram órfãs. Elas eram favorecidas com a disciplina e o aperfeiçoamento desses superpais; e então, após três anos nas escolas do Príncipe, onde entravam dos treze aos quinze anos, eles tornavam-se capazes para o casamento e prontos para receber as suas incumbências como emissários do Príncipe junto às tribos necessitadas das respectivas raças.

66:7:6 7511 Fad patrocinou o plano de educação da Dalamátia, executado como uma escola industrial na qual os alunos aprendiam fazendo e, por intermédio da qual, eles se formavam realizando as tarefas diárias necessárias. Esse plano de educação não ignorava o pensar e o sentir para o desenvolvimento do caráter; mas colocava o aperfeiçoamento manual em primeiro lugar. A instrução era individual e coletiva. Os alunos recebiam ensinamentos tanto dos homens quanto das mulheres, e também de uns e outros atuando em conjunto. A metade da instrução desse grupo era separada por sexo; a outra metade era de educação mista. Os estudantes ganhavam destreza manual individualmente e, em grupos ou classes, eles socializavam-se. Eram educados para confraternizar com grupos mais jovens, grupos de adultos e de mais velhos, bem como para fazer trabalhos em equipe com os da mesma idade. Também estavam familiarizados com associações tais como grupos familiares, equipes para jogos e classes escolares.

66:7:7 7512 Entre os últimos estudantes educados na Mesopotâmia para trabalhar com as suas raças respectivas, estavam os andonitas dos planaltos da Índia ocidental, junto com os representantes dos homens vermelhos e dos homens azuis; e, posteriormente, um pequeno número dos da raça amarela foi também recebido.

66:7:8 7513 Hap presenteou as raças primitivas com uma lei moral. Esse código era conhecido como “O caminho do Pai” e consistia dos sete mandamentos seguintes:

66:7:9 7514 1. Não temerás nem servirás a nenhum Deus, senão ao Pai de todos.

66:7:10 7515 2. Não desobedecerás ao Filho do Pai, o governante do mundo, nem faltarás com o respeito aos seus assessores supra-humanos.

66:7:11 7516 3. Não mentirás quando fores chamado perante os juízes do povo.

66:7:12 7517 4. Não matarás nem homens, nem mulheres, nem crianças.

66:7:13 7518 5. Não roubarás nem os bens, nem o gado do teu vizinho.

66:7:14 7519 6. Não tocarás na mulher do teu amigo.

66:7:15 75110 7. Não faltarás com o respeito aos teus pais nem aos mais velhos da tribo.

66:7:16 75111 Essa foi a lei da Dalamátia por quase trezentos mil anos. E muitas das pedras sobre as quais essa lei estava gravada agora repousam sob as águas das margens da Mesopotâmia e da Pérsia. Tornou-se costume ter um desses mandamentos mentalizados a cada dia da semana, usando-o para saudações e ação de graças nas horas das refeições.

66:7:17 75112 A medida de tempo daqueles dias era o mês lunar, sendo esse período considerado como tendo vinte e oito dias. Essa foi, com exceção do dia e da noite, a única medida de tempo que esses povos primitivos conheceram. A semana de sete dias foi introduzida pelos educadores da Dalamátia e surgiu do fato de que sete era um quarto de vinte e oito. O significado do número sete no superuniverso, sem dúvida, ofereceu-lhes a oportunidade de inserir um motivo espiritual no modo comum de considerar o tempo. Contudo, o período de uma semana não tem uma origem na natureza.

66:7:18 75113 O campo em volta da cidade era bem colonizado, em um raio de cento e sessenta quilômetros. Na periferia imediata da cidade, centenas de alunos graduados das escolas do Príncipe empenhavam-se na criação de animais e, por outro lado, aplicavam as instruções que haviam recebido dos seus assessores e dos seus numerosos ajudantes humanos. Uns poucos cuidavam da agricultura e da horticultura.

66:7:19 75114 A humanidade não se dedicou à árdua tarefa da agricultura como um castigo de um suposto pecado. “Comerás dos frutos dos campos criados com o suor da tua fronte” não foi uma sentença de punição pronunciada por causa da participação do homem nas loucuras da rebelião de Lúcifer, sob a liderança do traiçoeiro Caligástia. O cultivo do solo é inerente ao estabelecimento de uma civilização avançada nos mundos evolucionários, e essa injunção foi o centro de toda a educação do Príncipe Planetário e do seu corpo de assessores, durante os trezentos mil anos que se interpuseram entre a sua chegada em Urântia e aqueles dias trágicos; quando Caligástia tomou o partido do rebelde Lúcifer. O trabalho com o solo não é uma maldição; é, antes, a mais alta bênção para todos aqueles a quem é permitido assim desfrutar da mais humana de todas as atividades do homem.

66:7:20 7521 No alvorecer da rebelião, a Dalamátia tinha uma população residente de quase seis mil habitantes. Esse número inclui os estudantes regulares, mas não abrange os visitantes e observadores, cujo número chegava sempre a mais de mil. Vós só podeis ter, contudo, pouca ou nenhuma idéia do progresso maravilhoso daqueles tempos distantes: praticamente todos os benefícios maravilhosos ganhos pela humanidade, naqueles dias, ficaram no esquecimento depois da horrível confusão e da escuridão espiritual abjeta que se seguiu à sedição e ao erro catastrófico de Caligástia.

8. OS INFORTÚNIOS DE CALIGÁSTIA


66:8:1 7522 Ao recordar-nos da longa carreira de Caligástia, encontramos apenas uma característica que se destaca na sua conduta que poderia ser digna de atenção; ele era ultra-individualista. Tinha a tendência de tomar o partido de quase todos os protestos e, em geral, tinha simpatia por aqueles que davam expressão moderada a críticas implícitas. Detectamos o início do aparecimento dessa tendência de inquietude sob qualquer autoridade, de ressentir-se moderadamente de todas as formas de supervisão. Embora ligeiramente ofendido sob o aconselhamento dos mais experientes, e apesar de ficar impaciente de algum modo sob autoridade superior, no entanto, quando teve de ser feito um teste, ele sempre demonstrou lealdade aos governantes do universo e obediência aos mandatos dos Pais da Constelação. Nenhuma falta real foi jamais encontrada nele, até a época da sua vergonhosa traição a Urântia.

66:8:2 7523 Deveria ficar destacado que tanto Lúcifer quanto Caligástia haviam sido pacientemente instruídos e prevenidos afetuosamente sobre as suas tendências para as críticas e sobre o desenvolvimento sutil do orgulho do ego e, conseqüentemente, sobre o sentimento exagerado de auto-importância. Todavia, todos esses esforços para ajudá-los foram interpretados por eles como críticas sem fundamento e como interferências injustificadas nas suas liberdades pessoais. Ambos, Caligástia e Lúcifer julgavam que os seus conselheiros amigáveis estavam animados pelos mesmos motivos repreensíveis que começavam a dominar os seus próprios pensamentos distorcidos e os seus planos desviados. Eles julgaram os seus conselheiros altruístas segundo os seus próprios conceitos, cada vez mais egoístas.

66:8:3 7524 Desde a chegada do Príncipe Caligástia, a civilização planetária progrediu de um modo bastante normal por quase trezentos mil anos. Independentemente de ser uma esfera de modificação de vida e, portanto, sujeita a numerosas irregularidades e episódios inusitados de inconstância evolucionária, Urântia progrediu muito satisfatoriamente na sua carreira planetária até os tempos da rebelião de Lúcifer e da concomitante traição de Caligástia. Toda a história subseqüente foi definitivamente modificada por esse erro catastrófico, bem como pela posterior falta de Adão e Eva ao cumprirem a sua missão planetária.

66:8:4 7525 O Príncipe de Urântia ingressou nas trevas na época da rebelião de Lúcifer, precipitando, assim, uma longa confusão no planeta. E ficou, subseqüentemente, privado da autoridade de soberano pela ação coordenada dos governantes da constelação e de outras autoridades do universo. Ele participou das vicissitudes inevitáveis da isolada Urântia até o tempo da permanência de Adão no planeta, e contribuiu, em parte, para o fracasso do plano de elevar as raças mortais por meio da infusão do sangue vital da nova raça, a violeta – de descendentes de Adão e Eva.

66:8:5 7531 O poder que o Príncipe caído tinha de perturbar os assuntos humanos foi enormemente restringido pela encarnação mortal de Maquiventa Melquisedeque, nos dias de Abraão; e, subseqüentemente, durante a vida de Michael na carne, esse Príncipe traidor foi finalmente despojado de toda a sua autoridade em Urântia.

66:8:6 7532 A doutrina de um diabo pessoal em Urântia, se bem que tenha algum fundamento, por causa da presença planetária do traidor e iníquo Caligástia, é, contudo, totalmente fictícia, quando apregoa que um tal “diabo” poderia influenciar a mente normal humana contra a sua escolha livre e natural. Mesmo antes da auto-outorga de Michael em Urântia, nem Caligástia nem Daligástia jamais foram capazes de oprimir os mortais, nem de coagir nenhum indivíduo normal a fazer qualquer coisa contra a sua vontade humana. O livre-arbítrio do homem é supremo nos assuntos morais; até mesmo o Ajustador do Pensamento residente recusa-se a compelir o homem a ter sequer um único pensamento ou cometer um único ato contra a escolha da vontade própria do ser humano.

66:8:7 7533 E esse rebelde do reino, agora despojado de todo o poder de ser nocivo aos seus anteriores súditos, aguarda o julgamento final, a ser feito pelos Anciães dos Dias de Uversa; julgamento de todos aqueles que participaram da rebelião de Lúcifer.

66:8:8 7534 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 67

A REBELIÃO PLANETÁRIA
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Os problemas relacionados à existência humana em Urântia são impossíveis de ser compreendidos sem um conhecimento de certas grandes épocas do passado, sobretudo a ocorrência da rebelião planetária e suas conseqüências. Embora esse levante não haja interferido seriamente no progresso da evolução orgânica, ele modificou acentuadamente o curso da evolução social e do desenvolvimento espiritual. Toda a história suprafísica do planeta foi profundamente influenciada por essa devastadora calamidade.

1. A TRAIÇÃO DE CALIGÁSTIA


67:1:1 7542 Por trezentos mil anos, Caligástia tinha estado encarregado de Urântia, quando Satã, o assistente de Lúcifer, fez uma das suas visitas periódicas de inspeção. E, quando Satã chegou ao planeta, a sua aparência de nenhum modo assemelhava-se às vossas caricaturas de uma majestade nefasta. Ele era, e ainda é, um Filho Lanonandeque de grande brilho. “E não é de se espantar, pois o próprio Satã é uma brilhante criatura de luz. ”

67:1:2 7543 No decurso dessa inspeção, Satã informou a Caligástia que Lúcifer então propunha uma “Declaração de Liberdade”; e, como sabemos agora, o Príncipe concordou em trair o planeta, quando do anúncio da rebelião. As personalidades leais do universo demonstram ter um desdém peculiar pelo Príncipe Caligástia, pelo motivo da sua traição premeditada da confiança. O Filho Criador falou desse desprezo, quando disse: “Tu és como Lúcifer, o teu líder, pois tu perpetraste a iniqüidade dele de um modo culpável. Ele foi um falsificador desde o princípio, quando se auto-exaltava, porque não estava com a verdade”.

67:1:3 7544 Em todo o trabalho administrativo de um universo local, nenhum cargo é de confiança mais sagrada do que a fidelidade esperada de um Príncipe Planetário, que assume a responsabilidade pelo bem-estar e pela orientação dos mortais em evolução, em um mundo recentemente habitado. E, de todas as formas do mal, nenhuma é mais destrutiva para a constituição da personalidade do que a traição da confiança e a deslealdade à confiança dos amigos. Ao cometer deliberadamente esse pecado, Caligástia distorceu tão completamente a sua personalidade que a sua mente nunca mais foi capaz de recuperar plenamente o equilíbrio.

67:1:4 7545 Há muitas maneiras de ver o pecado, mas, do ponto de vista filosófico do universo, o pecado é a atitude de uma personalidade que está conscientemente resistindo a aceitar a realidade cósmica. O erro poderia ser considerado como uma concepção errônea ou uma distorção da realidade. O mal é uma compreensão parcial das realidades do universo, ou um ajustamento defeituoso a elas. O pecado, porém, é uma resistência proposital à realidade divina – uma escolha consciente de opor-se ao progresso espiritual –, ao passo que a iniqüidade consiste em um desafio aberto e persistente da realidade reconhecida, e significa um tal grau de desintegração da personalidade que beira a insanidade cósmica.

67:1:5 7551 O erro sugere uma falta de agudez intelectual; o mal, uma deficiência de sabedoria; o pecado, uma pobreza espiritual abjeta; a iniqüidade, todavia, indica o desaparecimento do controle da personalidade.

67:1:6 7552 E, quando o pecado, por tantas vezes, é escolhido e tão freqüentemente repetido, ele pode tornar-se habitual. Os pecadores habituais podem facilmente tornar-se iníquos, podem tornar-se rebeldes, com todo o seu ser, contra o universo e todas as suas realidades divinas. Ao mesmo tempo em que todas as formas de pecado podem ser perdoadas, duvidamos que o iníquo estabelecido possa jamais sentir um arrependimento sincero pelos seus erros ou aceitar o perdão pelos seus pecados.

2. O ECLODIR DA REBELIÃO


67:2:1 7553 Pouco depois da inspeção de Satã, e quando a administração planetária estava às vésperas da realização de grandes coisas em Urântia, um dia, no meio do inverno dos continentes nórdicos, Caligástia teve uma conversa prolongada com o seu adjunto, Daligástia, depois da qual este último convocou os dez conselhos de Urântia em uma sessão extraordinária. Essa reunião foi aberta com a declaração de que o Príncipe Caligástia estava prestes a proclamar, a si próprio, o soberano absoluto de Urântia e exigia que todos os grupos administrativos abdicassem, colocando todas as suas funções e poderes nas mãos de Daligástia, designado como responsável, enquanto se fazia a reorganização do governo planetário e a redistribuição posterior desses cargos de autoridade administrativa.

67:2:2 7554 A apresentação dessa exigência surpreendente foi seguida pelo apelo magistral de Van, presidente do conselho supremo de coordenação. Este eminente administrador e jurista de talento qualificou o decorrer da proposta de Caligástia como um ato que beirava a rebelião planetária e exortou os presentes a abster-se de toda participação, até que um apelo pudesse ser levado a Lúcifer, o Soberano do Sistema de Satânia. E ele ganhou o apoio de todo o corpo de assessores. Em conseqüência, o apelo foi levado a Jerusém, de onde vieram ordens que designavam Caligástia como o supremo soberano de Urântia e que demandavam obediência absoluta e inquestionável aos mandatos dele. E foi em resposta a essa surpreendente mensagem que o nobre Van fez o seu memorável discurso de sete horas de duração, no qual ele formalmente fazia a acusação de que Daligástia, Caligástia, e Lúcifer estavam desacatando a soberania do universo de Nebadon; e ele apelava para o apoio e a confirmação dos Altíssimos de Edêntia.

67:2:3 7555 Nesse ínterim, os circuitos do sistema foram cortados; Urântia estava isolada. Todos os grupos de vida celeste no planeta viram-se isolados subitamente e sem aviso, inteiramente privados, portanto, de todo conselho e aviso externo.

67:2:4 7556 Daligástia formalmente proclamou Caligástia o “Deus de Urântia e supremo perante todos”. Diante dessa proclamação, as questões ficavam claramente delineadas; e cada grupo separou-se de per si e deu início a deliberações, a discussões destinadas finalmente a determinar a sorte de cada personalidade supra-humana no planeta.

67:2:5 7557 Serafins, querubins e outros seres celestes estavam envolvidos nas decisões dessa luta amarga, desse conflito longo e pecaminoso. Muitos grupos supra-humanos que estavam em Urântia por acaso, na ocasião desse isolamento, ficaram detidos aqui e, como os serafins e os seus colaboradores, foram obrigados a escolher entre o pecado e a retidão – entre os caminhos de Lúcifer e a vontade do Pai não visível.

67:2:6 7561 Por mais de sete anos, essa luta continuou. E as autoridades de Edêntia não quiseram interferir, nem intervir, enquanto todas as personalidades envolvidas não houvessem ainda tomado a sua decisão final. E Van e os seus leais companheiros só então receberam uma justificativa e foram liberados da sua prolongada ansiedade e expectativa intolerável.

3. OS SETE ANOS CRUCIAIS


67:3:1 7562 O eclodir da rebelião em Jerusém, a capital de Satânia, foi difundido pelo conselho Melquisedeque. Os Melquisedeques emergenciais foram imediatamente despachados para Jerusém; e Gabriel fez-se voluntário para atuar como representante do Filho Criador, cuja autoridade tinha sido desafiada. Junto com a teletransmissão do fato da rebelião, em Satânia, o sistema ficou isolado dos sistemas irmãos, em quarentena. Havia “guerra nos céus”, na sede central de Satânia, e essa se espalhou até todos os planetas no sistema local.

67:3:2 7563 Em Urântia, quarenta membros do corpo dos cem assessores corpóreos (incluindo Van) recusaram-se a se unir à insurreição. Muitos dos assistentes humanos do corpo de assessores (os modificados e outros) foram também defensores bravos e nobres de Michael e do seu governo no universo. Houve uma perda terrível de personalidades, entre os serafins e os querubins. Quase a metade dos serafins administradores e de transição, designados para o planeta, ficou com o seu líder e com Daligástia, em apoio à causa de Lúcifer. Quarenta mil e cento e dezenove das criaturas intermediárias primárias deram as suas mãos a Caligástia, mas o restante desses seres permaneceu fiel à missão a eles confiada.

67:3:3 7564 O Príncipe traidor reuniu as criaturas intermediárias desleais e os outros grupos de personalidades rebeldes e organizou-os para executar as suas ordens, enquanto Van reunia as criaturas intermediárias leais e os outros grupos fiéis e começou a grande batalha para a salvação do corpo planetário de assessores e outras personalidades celestes ilhadas em Urântia.

67:3:4 7565 Durante os tempos dessa luta, os grupos leais moraram em um acantonamento sem muros e mal-protegido, a uns poucos quilômetros a leste de Dalamátia, mas as suas habitações eram guardadas dia e noite pelas criaturas intermediárias leais, sempre vigilantes e alertas, e eles tinham consigo a posse da inestimável árvore da vida.

67:3:5 7566 No eclodir da rebelião, os querubins e os serafins leais, com a ajuda de três criaturas intermediárias fiéis, assumiram a custódia da árvore da vida e permitiram apenas que os quarenta membros leais do corpo de assessores, e os seus companheiros mortais modificados, tivessem acesso à fruta e às folhas dessa planta energética. Era de cinqüenta e seis o número desses andonitas modificados associados ao corpo de assessores leais, pois dezesseis dos assistentes andonitas dos assessores desleais também recusaram-se a entrar na rebelião com os seus mestres.

67:3:6 7567 Durante os sete anos cruciais da rebelião de Caligástia, Van permaneceu totalmente devotado ao trabalho de servir à sua armada leal de homens, criaturas intermediárias e anjos. A clarividência espiritual e a constância moral que capacitaram Van a manter uma atitude tão inabalável de lealdade ao governo do universo foram produto de um pensamento claro, raciocínio sábio, julgamento lógico, motivação sincera, propósito não egoísta, lealdade inteligente, memória experiencial, um caráter disciplinado e uma consagração inquestionável da sua personalidade a cumprir a vontade do Pai no Paraíso.

67:3:7 7568 Essa espera de sete anos foi um tempo de exame de consciência e de disciplina de alma. Crises como essas, nos assuntos de um universo, demonstram a tremenda influência da mente como um fator na escolha espiritual. A educação, o aperfeiçoamento e a experiência são fatores preponderantes para a maioria das decisões vitais de todas as criaturas morais evolucionárias. É, porém, inteiramente possível ao espírito residente fazer contato direto com os poderes determinantes da decisão da personalidade humana, de modo a dotar a vontade totalmente consagrada da criatura com o poder de realizar atos extraordinários de leal devoção à vontade e ao caminho do Pai no Paraíso. E isso foi exatamente o que ocorreu na experiência de Amadon, o humano modificado ligado a Van.

67:3:8 7571 Amadon é o herói humano que se destaca na rebelião de Lúcifer. Este descendente masculino de Andon e Fonta foi um dos cem que contribuíram com o plasma da vida para o corpo de assessores do Príncipe e, desde aquele acontecimento, ele esteve ligado a Van como seu companheiro e assistente humano. Amadon escolheu permanecer com o seu chefe durante a luta prolongada e penosa. E foi uma visão inspiradora contemplar esse filho das raças evolucionárias mantendo-se inarredável diante dos sofismas de Daligástia, pois, durante a luta de sete anos, ele e os seus leais colaboradores resistiram como uma fortaleza inquebrantável a todos os ensinamentos enganosos do brilhante Caligástia.

67:3:9 7572 Caligástia, com um máximo de inteligência e uma vasta experiência nos assuntos do universo, desviou-se – abraçou o pecado. Amadon, com um mínimo de inteligência e totalmente desprovido de experiência do universo, permaneceu firme no serviço do universo e em lealdade ao seu companheiro. Van utilizou tanto a mente quanto o espírito, em uma combinação magnífica e eficiente de determinação intelectual e de clarividência espiritual, alcançando, com isso, um nível experimental de realização de personalidade da ordem mais elevada que se pode atingir. A mente e o espírito, quando totalmente unidos, têm o potencial para a criação de valores supra-humanos, e até mesmo de realidades moronciais.

67:3:10 7573 Sem fim é o recital de acontecimentos sensacionais desses dias trágicos. Afinal, porém, a última personalidade envolvida tomou a decisão definitiva final, e então, mas apenas então, chegou um Altíssimo de Edêntia com os Melquisedeques emergenciais, para assumir a autoridade em Urântia. Os anais panorâmicos do reino de Caligástia em Jerusém foram apagados, e foi inaugurada a era probacionária da reabilitação planetária.

4. OS CEM DE CALIGÁSTIA DEPOIS DA REBELIÃO


67:4:1 7574 Quando foi feita a chamada final, constatou-se que os membros corpóreos do corpo de assessores do Príncipe haviam-se alinhado do modo seguinte: Van e todos os membros da sua corte de coordenação haviam permanecido leais. Ang e três dos membros do conselho de alimentação haviam sobrevivido. A junta de domesticação de animais foi toda arrastada pela rebelião, como foram todos os consultores para as conquistas de animais. Fad e cinco membros da faculdade de educação ficaram a salvo. Nod e todos da comissão de indústria e comércio uniram-se a Caligástia. Hap e todo o colégio da religião revelada permaneceram leais junto com Van e o seu nobre grupo. Lut e todo o conselho de saúde foram perdidos. O conselho de arte e de ciência permaneceu leal na sua totalidade, mas Tut e a comissão de governo tribal desviaram-se. Assim, pois, quarenta dos cem foram salvos e, mais tarde, transferidos para Jerusém, onde retomaram sua carreira até o Paraíso.

67:4:2 7575 Os sessenta membros do corpo planetário de assessores que se uniram à rebelião escolheram Nod como o seu líder. Trabalharam de todo o coração para o Príncipe rebelde, mas logo descobriram que estavam privados da sustentação dos circuitos de vida do sistema. E despertaram para o fato de que se haviam degradado até o status de seres mortais. Eles eram de fato supra-humanos, mas, ao mesmo tempo, materiais e mortais. No esforço para aumentar o número deles, Daligástia ordenou que recorressem imediatamente à reprodução sexual, sabendo muito bem que os sessenta originais e os seus quarenta e quatro colaboradores andonitas modificados estavam condenados a sofrer a extinção por morte, mais cedo ou mais tarde. Depois da queda da Dalamátia, a parte desleal do corpo de assessores migrou para o norte e para o leste. Os seus descendentes ficaram conhecidos por muito tempo como os noditas, e o seu local de morada como “a terra de Nod”.

67:4:3 7581 A presença desses extraordinários supra-homens e supramulheres, abandonados pela rebelião e unindo-se agora aos filhos e filhas da Terra, obviamente deu origem àquelas histórias tradicionais dos deuses descendo para reproduzir-se com os mortais. E assim originaram-se as mil e uma lendas de natureza mítica, mas, fundadas nos fatos dos dias pós-rebelião que, posteriormente, encontraram um lugar nas lendas e tradições folclóricas dos vários povos cujos ancestrais tinham tido esse tipo de contato com os noditas e os seus descendentes.

67:4:4 7582 O grupo dos assessores rebeldes, privado da subsistência espiritual, finalmente teve morte natural. E a idolatria subseqüente das raças humanas, em grande parte, teve a sua origem no desejo de perpetuar a memória desses seres altamente enaltecidos dos dias de Caligástia.

67:4:5 7583 Quando o corpo dos cem assessores veio para Urântia, eles foram temporariamente separados dos seus Ajustadores do Pensamento. Imediatamente depois da chegada dos administradores Melquisedeques, as personalidades leais (excetuando Van) foram reenviadas a Jerusém e foram religadas aos seus Ajustadores, que estavam aguardando. Não conhecemos a sorte dos sessenta assessores rebeldes; os Ajustadores deles ainda permanecem em Jerusém. As questões, sem dúvida, ficarão como estão até que toda a rebelião de Lúcifer seja finalmente julgada e até que seja decretada a sorte de todos os seus participantes.

67:4:6 7584 Foi muito difícil para os seres como os anjos e as criaturas intermediárias conceberem que governantes brilhantes e de confiança como Caligástia e Daligástia pudessem desviar-se – cometendo o pecado da traição. Esses seres que caíram em pecado – não entraram deliberada ou premeditadamente na rebelião – foram desencaminhados pelos seus superiores, enganados pelos líderes em quem confiavam. E do mesmo modo foi fácil ganhar o apoio dos mortais evolucionários de mentalidade primitiva.

67:4:7 7585 A grande maioria dos seres humanos e supra-humanos que foram vítimas da rebelião de Lúcifer em Jerusém e nos vários planetas desviados, há muito já se arrependeram sinceramente da própria loucura; e acreditamos verdadeiramente que todos esses penitentes sinceros serão reabilitados de alguma forma e reintegrados, em alguma fase do serviço no universo, quando os Anciães dos Dias finalmente completarem o recém-iniciado julgamento dos assuntos da rebelião de Satânia.

5. OS RESULTADOS IMEDIATOS DA REBELIÃO


67:5:1 7586 Uma grande confusão reinou na Dalamátia e nas suas imediações, por quase cinqüenta anos depois da instigação da rebelião. Foi feita uma tentativa de reorganização completa e radical de todo o mundo; a revolução tomou o lugar da evolução, como política de avanço cultural e de aperfeiçoamento racial. Surgiu, entre os residentes superiores e parcialmente educados de Dalamátia e nas proximidades, um súbito avanço no status cultural, mas, quando esses métodos novos e radicais foram experimentados nos povos mais distantes, uma confusão indescritível e um pandemônio racial foi o resultado imediato. A liberdade foi rapidamente interpretada como licença, pelos homens primitivos semi-evoluídos daqueles dias.

67:5:2 7587 Logo depois da rebelião, todo o corpo rebelde de assessores engajou-se em uma defesa enérgica da cidade, contra as hordas de semi-selvagens que sitiaram as suas muralhas, em conseqüência das doutrinas de liberdade que lhes haviam sido prematuramente ensinadas. E, anos antes que a magnífica sede central do governo submergisse sob as ondas vindas do sul, as tribos maldirigidas e mal-instruídas do interior da Dalamátia já se haviam abatido em assaltos semi-selvagens sobre a esplêndida cidade, expulsando para o norte o corpo de assessores da secessão e os seus colaboradores.

67:5:3 7591 O esquema de Caligástia para a reconstrução imediata da sociedade humana, de acordo com as suas idéias de liberdade individual e grupal, demonstrou-se um fracasso, de certo modo, rápida e totalmente. A sociedade depressa afundou de volta ao seu nível biológico antigo, e toda a luta pelo progresso começou novamente, sendo retomada não muito adiante de onde estava no começo do regime de Caligástia, pois esse levante havia deixado o mundo em uma confusão ainda pior.

67:5:4 7592 Cento e sessenta e dois anos depois da rebelião, uma onda de maré varreu a Dalamátia, e a sede central do governo planetário afundou sob as águas do mar, e essa terra não emergiu de novo até que houvessem sido apagados quase todos os vestígios da nobre cultura daquelas idades esplêndidas.

67:5:5 7593 Quando a primeira capital do mundo foi tragada, ela abrigava apenas os tipos mais baixos das raças sangiques de Urântia; os renegados haviam já convertido o templo do Pai em um santuário dedicado a Nog, o falso deus da luz e do fogo.

6. VAN – O INQUEBRANTÁVEL


67:6:1 7594 Os seguidores de Van logo se retiraram para os planaltos do oeste da Índia, onde estavam isentos dos ataques das confundidas raças das planícies. Desse local de retiro, eles planejaram a reabilitação do mundo como os seus antigos predecessores badonitas, inconscientemente, certa vez, haviam trabalhado para o bem-estar da humanidade, pouco antes dos dias do nascimento das tribos sangiques.

67:6:2 7595 Antes da chegada dos administradores Melquisedeques, Van colocou a administração dos assuntos humanos nas mãos de dez comissões, cada uma com quatro elementos, grupos idênticos àqueles do regime do Príncipe. Os Portadores da Vida seniores residentes assumiram a liderança temporária desse conselho de quarenta, que funcionou durante os sete anos de espera. Grupos semelhantes de amadonitas assumiram essas responsabilidades, quando os trinta e nove membros leais do corpo de assessores retornaram a Jerusém.

67:6:3 7596 Esses amadonitas descendiam do grupo dos 144 andonitas leais aos quais pertencia Amadon, e que se tornou conhecido pelo seu nome. Esse grupo compreendia trinta e nove homens e cento e cinco mulheres. Cinqüenta e seis deles tinham o status de imortalidade, e todos (exceto Amadon) foram transladados junto com os membros leais do corpo de assessores. O restante desse nobre grupo continuou na Terra, até o fim dos seus dias mortais, sob a liderança de Van e Amadon. Eles foram o fermento biológico que se multiplicou e que continuou a fornecer lideranças ao mundo, durante as longas idades de trevas que se seguiram à rebelião.

67:6:4 7597 Van foi deixado em Urântia até o tempo de Adão, permanecendo como chefe titular de todas as personalidades supra-humanas funcionando no planeta. Ele e Amadon foram sustentados, durante mais de cento e cinqüenta mil anos, pela técnica da árvore da vida, em conjunção com a ministração especializada de vida dos Melquisedeques.

67:6:5 7598 Os assuntos de Urântia foram por um longo tempo administrados por um conselho de administradores planetários, de doze Melquisedeques, confirmado pelo mandato do regente sênior da constelação, o Pai Altíssimo de Norlatiadeque. Interassociado aos administradores Melquisedeques, havia um conselho assessor, que era formado por: um dos ajudantes leais do Príncipe caído, dois Portadores da Vida residentes, um Filho Trinitarizado, fazendo o seu aprendizado de aperfeiçoamento, um Filho Instrutor voluntário, um Brilhante Estrela Vespertino de Avalon (periodicamente), os chefes dos serafins e dos querubins, os conselheiros de dois planetas vizinhos, o diretor geral da vida angélica subordinada, e Van, o comandante-chefe das criaturas intermediárias. E assim Urântia foi governada e administrada até a chegada de Adão. Não é de se estranhar que o corajoso e leal Van haja sido designado para um posto no conselho de administradores planetários que, por tão longo tempo, administrou os assuntos de Urântia.

67:6:6 7601 Os doze administradores Melquisedeques de Urântia fizeram um trabalho heróico. Eles preservaram os remanescentes da civilização, e as suas políticas planetárias foram fielmente executadas por Van. Mil anos depois da rebelião, ele tinha mais de trezentos e cinqüenta grupos avançados espalhados em todo o mundo. Esses postos avançados de civilização consistiam, sobretudo, de descendentes dos andonitas leais, ligeiramente misturados com as raças sangiques, particularmente, os homens azuis e os noditas.

67:6:7 7602 Não obstante o terrível revés da rebelião, havia muitas linhagens boas e biologicamente promissoras na Terra. Sob a supervisão dos administradores Melquisedeques; Van e Amadon continuaram o trabalho de fomentar a evolução natural da raça humana, levando adiante a evolução física do homem até que se alcançasse o ponto culminante que justificasse o envio de um Filho e de uma Filha Material para Urântia.

67:6:8 7603 Van e Amadon permaneceram na Terra até pouco depois da chegada de Adão e Eva. Alguns anos depois, eles foram transladados para Jerusém onde Van foi religado ao seu Ajustador, que aguardava. Van agora serve a Urântia, enquanto espera a ordem de retomar o seu caminho bastante longo na perfeição do Paraíso e para o destino não revelado do Corpo da Finalidade Mortal, ora em formação.

67:6:9 7604 Deveria ficar registrado que, quando Van apelou aos Altíssimos de Edêntia, depois de Lúcifer haver sustentado Caligástia em Urântia, os Pais da Constelação despacharam uma decisão imediata apoiando Van em todos os pontos da contenda. Esse veredicto não conseguiu chegar até Van, porque os circuitos planetários de comunicação foram cortados quando ele estava em trânsito. Só recentemente essa diretiva efetiva foi descoberta, alojada em um relé de transmissão de energia, onde ficara bloqueada desde o isolamento de Urântia. Sem essa descoberta, feita em resultado das investigações de criaturas intermediárias de Urântia, a liberação dessa decisão teria esperado o restabelecimento de Urântia nos circuitos da constelação. E esse acidente aparente, de comunicação interplanetária, pôde ocorrer porque os transmissores de energia podem receber e transmitir informações, mas não podem ter a iniciativa da comunicação.

67:6:10 7605 O status de Van, tecnicamente, nos anais jurídicos de Satânia, não foi finalmente estabelecido de fato, até que essa diretriz dos Pais de Edêntia fosse registrada em Jerusém.

7. AS REPERCUSSÕES REMOTAS DO PECADO


67:7:1 7606 As conseqüências pessoais (centrípetas) da rejeição voluntária e persistente que uma criatura faz da luz são tanto inevitáveis quanto individuais, e não são senão do interesse da Deidade e da própria criatura. Essa colheita de iniqüidade, destruidora da alma, é o fruto interno da criatura volitiva iníqua.

67:7:2 7611 Entretanto, não acontece assim com as repercussões externas do pecado: as conseqüências impessoais (centrífugas) do abraçar do pecado são tão inevitáveis quanto coletivas, sendo do interesse de cada criatura que funciona dentro do raio de ação afetado por tais acontecimentos.

67:7:3 7612 Cerca de cinqüenta mil anos depois do colapso da administração planetária, os assuntos terrenos estavam tão desorganizados e atrasados que a raça humana se havia adiantado pouquíssimo em relação ao status evolucionário geral existente no tempo da chegada de Caligástia, trezentos e cinqüenta mil anos antes. Sob certos aspectos, fora feito algum progresso; em outras direções, muito terreno fora perdido.

67:7:4 7613 O pecado jamais tem efeitos puramente localizados. Os setores administrativos dos universos são como organismos; a condição de uma personalidade deve, em uma certa medida, ser compartilhada por todos. O pecado, sendo uma atitude da pessoa para com a realidade, está fadado a exibir a sua colheita negativa inerente sobre todo e qualquer nível relacionado de valores do universo. Contudo, as conseqüências plenas do pensamento errôneo, das ações más ou dos desígnios pecaminosos são experimentadas apenas no nível da realização propriamente dita. A transgressão de uma lei do universo pode ser fatal, no reino físico, sem envolver seriamente a mente, nem prejudicar a experiência espiritual. O pecado é carregado de conseqüências fatais para a sobrevivência da personalidade, apenas quando é uma atitude do ser por inteiro, quando representa a escolha da mente e a vontade da alma.

67:7:5 7614 O mal e o pecado têm suas conseqüências nos reinos material e social, e podem, algumas vezes, mesmo retardar o progresso espiritual em alguns níveis da realidade no universo, mas o pecado de um ser qualquer nunca rouba de outro a realização do direito divino da sobrevivência da personalidade. A sobrevivência eterna só pode ser colocada em perigo por decisões da mente e da escolha da alma do próprio indivíduo.

67:7:6 7615 O pecado em Urântia pouco fez que retardasse a evolução biológica, mas teve o efeito de privar as raças mortais do benefício pleno da herança Adâmica. O pecado retarda enormemente o desenvolvimento intelectual, o crescimento moral, o progresso social e a realização espiritual em massa. Não impede, todavia, a realização espiritual mais elevada de qualquer indivíduo que escolhe conhecer a Deus e cumprir sinceramente a Sua divina vontade.

67:7:7 7616 Caligástia rebelou-se, Adão e Eva cometeram uma falta, mas nenhum mortal subseqüentemente, nascido em Urântia, jamais sofreu algo na sua experiência espiritual pessoal por causa desses erros. Todos os mortais nascidos em Urântia, desde a rebelião de Caligástia, têm sido de alguma maneira penalizados no tempo, mas o bem-estar futuro dessas almas jamais foi colocado em perigo, no que quer que seja, em relação à sua eternidade. Nenhuma pessoa jamais é levada a sofrer de privação espiritual vital por causa do pecado de uma outra. O pecado é totalmente pessoal, quanto à culpa moral ou às conseqüências espirituais, não obstante possa ter as suas amplas repercussões nos domínios administrativos, intelectuais e sociais.

67:7:8 7617 Ainda que não possamos compreender por que a sabedoria permite essas catástrofes, podemos sempre discernir os efeitos benéficos dessas perturbações locais, quando elas são refletidas sobre o universo como um todo.

8. O HERÓI HUMANO DA REBELIÃO


67:8:1 7618 Muitos seres corajosos resistiram à rebelião de Lúcifer nos vários mundos de Satânia; mas os registros de Salvington retratam Amadon como o caráter mais destacado de todo o sistema, pela sua gloriosa rejeição das marés de sedição e pela sua devoção inquebrantável a Van – eles permaneceram juntos e determinados na sua lealdade à supremacia do Pai invisível e do seu Filho Michael.

67:8:2 7621 No momento desses acontecimentos memoráveis, eu permaneci em um posto em Edêntia, e ainda estou consciente da profunda alegria que provei, quando tomei conhecimento das transmissões de Salvington que contam, dia após dia, sobre toda a firmeza incrível, a devoção transcendente e a lealdade maravilhosa desse que fora anteriormente um semi-selvagem nascido da linhagem experimental e original da raça andônica.

67:8:3 7622 De Edêntia a Salvington, e mesmo até Uversa, por sete longos anos, a primeira pergunta, de toda vida celeste subordinada, a respeito da rebelião de Satânia, era ainda e sempre: “E Amadon, de Urântia, continua inarredável ainda?”

67:8:4 7623 Se a rebelião de Lúcifer prejudicou o sistema local e os seus mundos caídos, se a perda desse Filho e dos seus parceiros desviados obstruiu temporariamente o progresso da constelação de Norlatiadeque, então considerais o efeito imenso da apresentação da atuação inspiradora desse filho da natureza e do seu grupo determinado de 143 camaradas, inquebrantáveis na luta pelos conceitos mais elevados da gestão e da administração do universo, contra a pressão tão tremenda e adversa exercida pelos seus superiores desleais. E permiti-me assegurar-vos de que isSo já trouxe, ao universo de Nebadon e ao superuniverso de Orvonton, um bem tão grande que não poderá jamais ser contrabalançado pela soma total de todo o mal e pesar da rebelião de Lúcifer.

67:8:5 7624 E tudo isso é uma iluminação de beleza tocante e de esplêndida magnificência da sabedoria do plano universal do Pai para mobilizar o Corpo de Finalidade Mortal do Paraíso; recrutando esse vasto grupo de servidores misteriosos do futuro, em sua maior parte vindos da argila comum dos mortais de progressão ascendente – mortais como o inexpugnável Amadon.

67:8:6 7625 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 68

A AURORA DA CIVILIZAÇÃO
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Este é o começo da narrativa da luta extensamente longa que a espécie humana tem travado para progredir, partindo de um status apenas ligeiramente melhor do que o de uma existência animal, passando pelas idades intermediárias e chegando aos tempos mais recentes, em que uma civilização real, ainda que imperfeita, foi desenvolvida entre as raças superiores da humanidade.

68:0:2 7632 A civilização é uma aquisição da raça; não é uma inerência biológica; e por isso é que todas as crianças devem ser criadas em um ambiente de cultura, e cada geração de jovens que se sucede deve receber uma nova educação. As qualidades superiores da civilização – científicas, filosóficas e religiosas – não são transmitidas de uma geração a outra pela hereditariedade direta. Essas realizações culturais são preservadas apenas pela conservação do esclarecimento na herança social.

68:0:3 7633 A evolução social de ordem cooperativa foi iniciada pelos instrutores da Dalamátia e, durante trezentos mil anos, a humanidade foi nutrida na idéia de atividades grupais. O homem azul, mais que todos, tirou proveito desses ensinamentos sociais, o homem vermelho, em uma certa medida, e o homem negro, menos do que todos. Em tempos mais recentes, a raça amarela, bem como a branca têm apresentado o desenvolvimento social mais avançado de Urântia.

1. A SOCIALIZAÇÃO PROTETORA


68:1:1 7634 Quando colocados em contato muito estreito, os homens freqüentemente aprendem a amar-se mutuamente, mas, no homem primitivo, o espírito do sentimento de irmandade e o desejo de contato com os seus semelhantes não fluíam naturalmente. As raças primitivas aprenderam, mais por meio de experiências tristes, que “na união, está a força”; e é essa falta de atração natural pela irmandade que agora constitui um obstáculo no caminho da realização imediata da irmandade dos homens em Urântia.

68:1:2 7635 Muito cedo, a associatividade transformou-se no preço da sobrevivência. O homem solitário era impotente, a menos que trouxesse uma marca tribal que testificasse que pertencia a um grupo que certamente vingar-se-ia de qualquer assalto cometido contra ele. Mesmo nos dias de Caim, era fatal ir até muito longe sozinho, sem alguma marca de associação grupal. A civilização tornou-se a segurança do homem contra a morte violenta, e um alto preço é pago na submissão às inúmeras demandas das leis da sociedade.

68:1:3 7636 A sociedade primitiva era, então, baseada na reciprocidade das necessidades e na maior segurança das associações. E a sociedade humana evoluiu, em ciclos milenares, graças a esse medo do isolamento e por intermédio de uma cooperação relutante.

68:1:4 7637 Os seres humanos primitivos aprenderam, muito cedo, que os grupos são incomensuravelmente maiores e mais fortes do que a mera soma das suas unidades individuais. Cem homens unidos e trabalhando em uníssono podem mover uma grande pedra; duas dúzias de guardiães da paz bem treinados podem conter uma multidão em fúria. E, assim, a sociedade nasceu, não de um mero ajuntamento numérico, antes, porém, como resultado da organização de cooperadores inteligentes. Contudo, a cooperação não é uma característica natural do homem; ele aprende a cooperar, primeiro, por causa do medo e, então, mais tarde, porque ele descobre que um benefício maior, advém de enfrentar assim as dificuldades do tempo e de se proteger contra os perigos supostos da eternidade.

68:1:5 7641 Os povos que se organizaram cedo desse modo, em uma sociedade primitiva, tiveram mais êxito nos seus avanços contra a natureza, bem como para defender-se dos seus semelhantes; eles tinham maiores possibilidades de sobrevivência; e, por isso, a civilização progrediu firmemente em Urântia, não obstante os seus inúmeros contratempos. E, apenas porque o valor da sobrevida ficou elevado, em conseqüência dos agrupamentos, é que os inúmeros erros do homem ainda não conseguiram parar nem destruir a civilização humana.

68:1:6 7642 A sociedade cultural contemporânea é um fenômeno bastante recente, e isso é mostrado, bastante bem, pela sobrevivência, nos dias atuais, de condições sociais tão primitivas como as que caracterizam os nativos australianos, os bosquímanos e os pigmeus da África. Entre esses povos atrasados, pode ser observado algo da hostilidade tribal primitiva, de suspeita pessoal, bem como outras características altamente anti-sociais que foram tão típicas de todas as raças primitivas. Esses remanescentes miseráveis, de povos não sociais de tempos antigos, são uma testemunha eloqüente do fato de que a tendência individualista natural do homem não pode ter êxito ao competir com as organizações e associações mais potentes e poderosas de progresso social. Tais raças atrasadas, cheias de desconfianças anti-sociais, que usam de um dialeto diferente a cada setenta ou oitenta quilômetros, ilustram o mundo no qual vós poderíeis estar vivendo atualmente, não fossem os ensinamentos do corpo de assessores corpóreos do Príncipe Planetário, combinados aos trabalhos posteriores do grupo Adâmico de elevadores raciais.

68:1:7 7643 A frase moderna “de volta à natureza” é um delírio de ignorância, uma crença na realidade de uma antiga “idade dourada” fictícia. A única base para a lenda da idade dourada são as existências históricas da Dalamátia e do Éden. Contudo, essas sociedades, ainda que aperfeiçoadas, estavam longe de ser a realização de sonhos utópicos.

2. FATORES DO PROGRESSO SOCIAL


68:2:1 7644 A sociedade civilizada é resultado dos esforços iniciais do homem para vencer a sua aversão ao isolamento. Isso, porém, não significa necessariamente qualquer afeição mútua, e o estado de turbulência atual de certos grupos primitivos ilustra bem o que as tribos primevas tiveram de enfrentar. Todavia, embora os indivíduos de uma civilização possam ter, entre si, atritos e lutar uns contra os outros, e embora a civilização em si mesma possa parecer uma massa inconsistente de tentativas e de lutas, de fato, essa civilização evidencia um esforço sincero e não uma monotonia mortal de estagnação.

68:2:2 7645 Conquanto o nível da inteligência haja contribuído consideravelmente para o ritmo do progresso cultural, a sociedade tem, essencialmente, a finalidade de minimizar o elemento de risco no modo de vida individual, e tem progredido com a mesma rapidez com que tem tido êxito em reduzir a dor e aumentar o elemento de prazer na vida. Assim, todo o corpo social avança lentamente para uma meta de destino – a extinção ou a sobrevivência – dependendo de essa meta ser a da automanutenção ou autogratificação. A automanutenção origina a sociedade, ao passo que a autogratificação excessiva destrói a civilização.

68:2:3 7646 A sociedade preocupa-se com a autoperpetuação, com a automanutenção e com a autogratificação, mas a auto-realização humana é digna de tornar-se a meta imediata para muitos grupos culturais.

68:2:4 7651 O instinto gregário, no homem natural, dificilmente seria suficiente para explicar o desenvolvimento de organizações sociais tais como as que existem atualmente em Urântia. Embora essa propensão gregária inata seja a base da sociedade humana, grande parte da sociabilidade do homem é adquirida. Duas grandes influências que contribuíram para as primeiras associações de seres humanos foram a fome de alimentos e o amor sexual; o homem tem essas necessidades instintivas em comum com o mundo animal. Duas outras emoções que aproximaram os seres humanos e que os mantiveram unidos foram a vaidade e o medo, mais particularmente, o medo de fantasmas.

68:2:5 7652 A história é apenas o registro da luta milenar do homem pelo alimento. O homem primitivo pensava apenas quando estava faminto; poupar a comida foi o seu primeiro desprendimento e autodisciplina. Com o crescimento da sociedade, a fome de alimento cessou de ser o único incentivo para a associação mútua. Outras inúmeras espécies de fomes, a realização de várias necessidades, todas elas conduziram a humanidade a uma associação mais estreita. Hoje, porém, a sociedade desequilibrou-se com o superacúmulo de necessidades humanas supostas. A civilização ocidental do século vinte geme de cansaço sob a tremenda sobrecarga do fausto e da multiplicação desordenada dos desejos e das aspirações humanas. A sociedade moderna está suportando a pressão de uma das suas mais perigosas fases de interassociação em grande escala e em um nível de interdependência altamente complicado.

68:2:6 7653 A fome, a vaidade e o medo dos fantasmas exerceram uma pressão social contínua, mas a gratificação do sexo foi transitória e espasmódica. Não foi o impulso do sexo por si só que compeliu os homens primitivos e as mulheres a assumirem os pesados encargos da manutenção de um lar. O lar primitivo era fundado na efervescência sexual masculina, privada da gratificação freqüente; e naquele amor materno devotado da fêmea humana, amor esse que, em uma certa medida, ela compartilha com as fêmeas de todos os animais superiores. A presença de uma criança indefesa determinou as primeiras diferenciações entre as atividades masculinas e as femininas; a mulher tinha de manter uma residência estabelecida, onde ela podia cultivar o solo. E, desde os tempos mais antigos, onde estava a mulher, ali, foi sempre considerado o lar.

68:2:7 7654 A mulher, assim, muito cedo se tornou indispensável ao esquema social em evolução, nem tanto por causa da paixão sexual efêmera, como em conseqüência da necessidade de alimento, ela era uma sócia essencial à automanutenção. Era a provedora de alimento, um burro de carga e uma companheira que podia suportar grandes abusos sem ressentimentos violentos e, além de todas essas características desejáveis, ela era um meio sempre disponível de gratificação sexual.

68:2:8 7655 Quase tudo de valor perdurável na civilização tem as suas raízes na família. A família foi o primeiro grupo pacífico de êxito, o homem e a mulher aprendendo a ajustar os seus antagonismos e, ao mesmo tempo, ensinando a busca da paz às suas crianças.

68:2:9 7656 A função do casamento na evolução é assegurar a sobrevivência da raça e não assegurar meramente a realização da felicidade pessoal; a automanutenção e a autoperpetuação são os objetivos reais do lar. A autogratificação é incidental e não essencial, exceto enquanto funciona como um incentivo para assegurar a união sexual. A natureza demanda a sobrevivência, mas as artes da civilização continuam a incrementar os prazeres do casamento e as satisfações da vida familiar.

68:2:10 7657 Se a vaidade for ampliada, abrangendo o orgulho, a ambição e a honra, então podemos discernir não apenas como essas propensões contribuem para a formação das associações humanas, mas também como elas mantêm os homens unidos, pois tais emoções tornam-se fúteis, se não têm uma audiência diante da qual se exibir. E a vaidade logo terá somada a si umas tantas outras emoções e impulsos, que pedem uma arena social na qual possam exibir-se e gratificar-se a si próprias. Esse conjunto de emoções deu origem aos primórdios de todas as artes, às cerimônias e a todas as formas de jogos esportivos e de competições.

68:2:11 7661 A vaidade contribuiu poderosamente para o surgimento da sociedade; mas, à época destas revelações, os impulsos desviados de uma geração cheia de ostentação ameaçam enlodar e submergir toda a estrutura complexa de uma civilização altamente especializada. O desejo do prazer tem, desde muito tempo, suplantado o desejo dos alimentos; as metas sociais legítimas de automanutenção estão transladando-se rapidamente para as formas ordinárias e ameaçadoras da autogratificação. A automanutenção edifica a sociedade; a autogratificação desenfreada, infalivelmente, destrói a civilização.

3. A INFLUÊNCIA SOCIALIZANTE DO MEDO DOS FANTASMAS


68:3:1 7662 Os desejos primitivos produziram a sociedade original, mas o temor dos fantasmas manteve-a unida e conferiu um aspecto extra-humano à sua existência. O medo comum era originalmente fisiológico: o medo da dor física, o medo de não satisfazer à fome, ou o medo de alguma calamidade terrestre; mas o medo dos fantasmas era uma nova e sublime espécie de terror.

68:3:2 7663 Provavelmente, o maior fator isolado para a evolução da sociedade humana haja sido o de sonhar com fantasmas. Se bem que a maior parte dos sonhos haja perturbado profundamente a mente primitiva, os sonhos sobre os fantasmas de fato aterrorizaram os homens primitivos, levando esses sonhadores supersticiosos aos braços uns dos outros, em uma ligação voluntária e sincera de proteção mútua contra os perigos imaginários, vagos e invisíveis do mundo dos espíritos. O sonhar com fantasmas foi uma das primeiras diferenças aparentes entre o tipo animal e o tipo humano de mente. Os animais não visualizam a sobrevivência depois da morte.

68:3:3 7664 Exceto por esse fator, o do fantasma, toda a sociedade alicerçava-se nas necessidades fundamentais e nas premências biológicas básicas. Contudo, o medo dos fantasmas introduziu um fator novo na civilização, um temor que transcende às necessidades elementares do indivíduo e que se eleva muito acima até mesmo das lutas para manter o grupo. O pavor dos espíritos dos mortos trazia à luz uma nova e surpreendente forma de temor, um terror apavorante e poderoso que contribuía para chicotear as ordens sociais então relaxadas, das idades primitivas, levando os grupos primários das tribos antigas a disciplinar-se de um modo mais sério e controlado. Essa superstição sem sentido, um pouco da qual ainda perdura, preparou as mentes dos homens, por intermédio do medo supersticioso do irreal e do supranatural, para a descoberta posterior do “temor do Senhor, que é o início da sabedoria”. Os infundados medos da evolução estão destinados a ser suplantados pelo respeito temeroso da Deidade, inspirado pela revelação. O culto primitivo do medo dos fantasmas tornou-se um elo social poderoso e, desde aqueles dias longínquos, a humanidade tem esforçado-se, às vezes mais, às vezes menos intensamente, para alcançar a espiritualidade.

68:3:4 7665 A fome e o amor aproximaram os homens uns dos outros; a vaidade e o medo dos fantasmas mantiveram-nos unidos. Todavia, essas emoções por si sós, sem a influência de revelações que promovem a paz, são incapazes de suportar as tensões das suspeitas e das irritações nas interassociações humanas. Sem a ajuda de fontes supra-humanas, a tensão da sociedade atinge a ruptura, ao atingir certos limites, e as próprias influências geradoras da mobilização social – fome, amor, vaidade e medo – conspiram para fazer a humanidade mergulhar na guerra e no derramamento de sangue.

68:3:5 7666 A tendência da raça humana para a paz não é um dom natural; ela deriva dos ensinamentos da religião revelada, da experiência acumulada pelas raças progressivas, porém, mais especialmente, dos ensinamentos de Jesus, o Príncipe da Paz.

4. EVOLUTION OF THE MORES




68:4:1 7671 Todas as instituições sociais modernas provêm da evolução dos costumes primitivos dos vossos ancestrais selvagens; as convenções de hoje são os costumes de ontem, modificados e ampliados. O que o hábito é para o indivíduo, o costume é para o grupo; e os costumes grupais desenvolvem-se, formando os usos populares e as tradições tribais – o convencional massificado. Nesses começos primevos, todas as instituições da sociedade humana dos dias atuais tiveram uma origem humilde.

68:4:2 7672 Deve ter-se em mente que os costumes originaram-se de um esforço para ajustar a vida grupal às condições da coexistência de massa; os costumes foram a primeira instituição social do homem. E todas essas reações tribais nasceram do esforço para evitar a dor e a humilhação, buscando, ao mesmo tempo, desfrutar do prazer e do poder. A origem dos usos populares, tanto quanto a origem das línguas, é sempre inconsciente e não intencional e, portanto, sempre envolvida em mistério.

68:4:3 7673 O medo de fantasmas levou o homem primitivo a visualizar o sobrenatural e, assim, com segurança, foram assentadas as bases para aquelas influências sociais poderosas da ética e da religião, que, por sua vez, preservaram inviolados os costumes e as tradições da sociedade, de geração em geração. Uma coisa que logo estabeleceu e cristalizou os costumes foi a crença de que os mortos zelavam pelo modo segundo o qual eles tinham vivido e morrido; e, por isso, eles infligiriam punições severas aos mortais vivos que ousassem tratar com desdém e descuido as regras de vida que eles honraram, quando na carne. Tudo isso é mais bem ilustrado pela reverência atual que a raça amarela tem pelos seus ancestrais. As religiões primitivas, que surgiram mais recentemente, reforçaram muito o medo dos fantasmas, ao darem estabilidade às tradições, mas a civilização em avanço tem liberado cada vez mais a humanidade do cativeiro do medo e da escravidão da superstição.

68:4:4 7674 Antes da libertação e da liberalização trazidas pelos ensinamentos dos mestres da Dalamátia, o homem antigo foi mantido como uma vítima indefesa do ritual das tradições; o selvagem primitivo era prisioneiro de um sem fim de cerimoniais. Tudo o que ele fazia, desde o momento em que acordava de manhã até a hora em que adormecia, na sua caverna, à noite, devia ser feito de uma única maneira, ou seja, de acordo com os usos e costumes da tribo. Ele era um escravo da tirania dos costumes; a sua vida nada continha de livre, de espontâneo ou de original. Não havia nenhum progresso natural, no sentido de uma existência mental, moral ou social mais elevada.

68:4:5 7675 O homem primitivo foi poderosamente dominado pelo costume; o selvagem era um verdadeiro escravo dos usos; mas, de tempos em tempos, surgiam aquelas personalidades diferentes que ousaram inaugurar modos novos de pensar e métodos aperfeiçoados de vida. A inércia do homem primitivo constitui, contudo, um freio de segurança biológica contra a precipitação demasiadamente súbita e os desajustes desastrosos que teria uma civilização de avanços excessivamente rápidos.

68:4:6 7676 Todavia, esses costumes não são, de todo, um mal não mitigado; a sua evolução deveria continuar. Seria quase fatal à continuação da civilização, se tentássemos modificá-los globalmente por meio de uma revolução radical. Os costumes têm sido o fio da continuidade a manter a civilização unida. O trajeto da história humana está repleto de vestígios, de costumes descartados e de práticas sociais obsoletas; mas nenhuma civilização que haja abandonado as suas tradições sobreviveu, a não ser adotando costumes melhores e mais adequados.

68:4:7 7677 A sobrevivência de uma sociedade depende principalmente da evolução progressiva dos seus costumes. O processo da evolução dos costumes surge do desejo da experimentação; novas idéias são levadas adiante – e a competição decorre daí. Uma civilização progressiva abraça as idéias avançadas e perdura; o tempo e as circunstâncias, afinal, determinam o grupo mais apto para sobreviver. Isso não significa, entretanto, que cada mudança, diferente e isolada, na composição da sociedade humana haja sido para melhor. Não! De fato, não! Pois tem havido muitos e vários retrocessos na longa luta da civilização de Urântia no sentido do progresso.

5. AS TÉCNICAS DA TERRA – AS ARTES PARA A MANUTENÇÃO


68:5:1 7681 A terra é o palco da sociedade; os homens são os atores. E o homem deve sempre ajustar as suas atuações de modo a adequar-se à situação das terras. A evolução dos costumes depende sempre da relação homem-terra; e ainda que seja difícil estabelecer tal relação, isso é verdadeiro. A técnica do homem para lidar com a terra, ou as artes da manutenção, somada aos seus padrões de vida, iguala-se à soma total dos usos populares, dos costumes. E a soma da adaptabilidade do homem às exigências da vida iguala-se à sua civilização cultural.

68:5:2 7682 As culturas humanas iniciais surgiram ao longo dos rios do hemisfério oriental, e houve quatro grandes passos na marcha progressiva da civilização. Eles foram:

68:5:3 7683 1 . O estágio da colheita. A coerção da alimentação, a fome, levou à primeira forma de organização industrial: as filas primitivas de colheita de alimentos. Algumas vezes, a marcha dessas filas de fome tinha quinze quilômetros de comprimento, quando passava pela terra, recolhendo o alimento. Esse foi o estágio nômade primitivo de cultura e é o modo de vida que os bosquímanos da África atualmente seguem.

68:5:4 7684 2. O estágio da caça. A invenção das armas capacitou o homem a tornar-se um caçador e, assim, conseguir libertar-se consideravelmente da escravidão da nutrição. Um andonita, que refletia, havia ferido seriamente o pulso, em um combate violento, e redescobriu a idéia de usar um longo pedaço de ripa como braço e uma peça de pedra dura amarrada à sua extremidade com tendões, substituindo o pulso. Muitas tribos fizeram descobertas isoladas dessa espécie, e essas várias formas de martelos representavam um dos grandes passos para o progresso da civilização humana. Ainda hoje, alguns nativos australianos progrediram pouquíssimo além desse estágio.

68:5:5 7685 Os homens azuis tornaram-se hábeis na caça e nas armadilhas; e, fazendo barragens nos rios, eles pegavam peixes em grande quantidade, secando o excedente para usar no inverno. Muitas formas de ciladas e de armadilhas engenhosas eram empregadas na captura da caça, mas as raças mais primitivas não caçavam os animais de maior porte.

68:5:6 7686 3. O estágio pastoral. Essa fase da civilização tornou-se possível pela domesticação dos animais. Os árabes e os nativos da África estão entre os mais recentes povos de pastores.

68:5:7 7687 A vida pastoral ofereceu um alívio maior para a escravidão da fome; o homem aprendeu a viver da renda do seu capital, do crescimento do seu rebanho; e isso proporcionou mais tempo livre para a cultura e para o progresso.

68:5:8 7688 A sociedade pré-pastoral fora uma sociedade de cooperação sexual, mas a difusão da criação de animais rebaixou as mulheres ao nível mais baixo da escravidão social. Em tempos mais primitivos, o dever do homem era assegurar o alimento animal, o trabalho da mulher sendo o de prover o alimento vegetal. Portanto, quando o homem ingressou na era pastoral da sua existência, a dignidade da mulher caiu grandemente. Ela continuava tendo de trabalhar para produzir os alimentos vegetais necessários à vida, enquanto o homem apenas precisava ir aos seus rebanhos para prover alimento animal em abundância. O homem, assim, tornou-se relativamente independente da mulher; durante toda a idade pastoral, o status da mulher declinou ininterruptamente. Ao fim dessa era, ela se havia transformado em pouco mais do que um animal humano, reduzido a trabalhar e a prover a descendência humana, do mesmo modo que se esperava dos animais do rebanho, que trabalhassem e dessem crias. Os homens das idades pastorais tinham um grande amor pelo seu gado; e é bastante lamentável que eles não tenham desenvolvido uma afeição mais profunda pelas suas esposas.

68:5:9 7691 4. O estágio agrícola. Essa era surgiu com a domesticação das plantas, e representa o tipo mais elevado de civilização material. Ambos, Caligástia e Adão, esforçaram-se para ensinar a horticultura e a agricultura. Adão e Eva eram horticultores, não pastores, e a horticultura era uma cultura avançada naqueles dias. O cultivo das plantas exerce uma influência enobrecedora sobre todas as raças da humanidade.

68:5:10 7692 A agricultura fez mais do que quadruplicar a relação homem-solo no mundo. Ela pode ser combinada com as atividades pastorais do estágio cultural anterior. Quando se sobrepõem os três estágios, os homens caçam, e as mulheres cultivam o solo.

68:5:11 7693 Tem sempre havido desentendimentos entre os pastores e os cultivadores do solo. O caçador e o pastor eram militantes do tipo belicoso; o agricultor é um tipo mais amante da paz. A ligação com os animais sugere a luta e a força; a ligação com as plantas instila a paciência, a quietude e a paz. A agricultura e a indústria são as atividades da paz. Mas o ponto fraco de ambas, como atividades sociais do mundo, é que elas carecem de excitação e de aventura.

68:5:12 7694 A sociedade humana tem evoluído do estágio da caça, passando pelo pastoral, indo até o estágio territorial da agricultura. E cada estágio dessa civilização progressiva foi acompanhado por uma dose cada vez menor de nomadismo; cada vez mais, o homem passou a viver nos seus lares.

68:5:13 7695 E, atualmente, a indústria está suplementando a agricultura, com uma urbanização conseqüentemente crescente e com a multiplicação de grupos não agrícolas de classes de cidadania. Entretanto, uma era industrial não pode ter a esperança da sobrevivência se os seus líderes não reconhecem que mesmo os mais elevados desenvolvimentos sociais devem sempre se fundamentar em uma base agrícola sólida.

6. A EVOLUÇÃO DA CULTURA


68:6:1 7696 O homem é uma criatura da terra, um filho da natureza; não importa quão sinceramente ele tente escapar da terra, em última instância, é certo que ele falhará. “Vós sois pó e ao pó ireis retornar” é literalmente verdadeiro sobre toda a humanidade. A luta básica do homem foi, é, e sempre será, pela terra. As primeiras ligações sociais dos seres humanos primitivos aconteceram com o propósito de ganhar essas lutas pela terra. Na relação homem-terra repousa toda civilização social.

68:6:2 7697 A inteligência do homem, por intermédio das artes e das ciências, elevou o rendimento da terra; ao mesmo tempo, o crescimento natural da prole foi, de um certo modo, colocado sob controle e, assim, ficou provido o sustento e o lazer para edificar uma civilização cultural.

68:6:3 7698 A sociedade humana é controlada por uma lei que decreta que a população deve variar diretamente segundo as artes de lidar com o solo e, inversamente, com um determinado padrão de vida. Durante essas idades primevas, até mesmo mais do que no presente, a lei da oferta e da demanda, no que diz respeito aos homens e à terra, determinou o valor estimado de cada qual. Durante os tempos de fartura de terras – de territórios não ocupados – a necessidade de homens era grande e, conseqüentemente, o valor da vida humana ficou bastante enaltecido; e, então, as perdas de vidas eram mais aterrorizantes. Durante os períodos de escassez de terra e da superpopulação correspondente, a vida humana adquiriu um valor relativamente menor e de um modo tal que a guerra, a fome e as epidemias eram encaradas com menos preocupação.

68:6:4 7701 Quando o rendimento da terra é reduzido, ou a população tem um aumento, a luta inevitável é retomada; os piores traços da natureza humana vêm à tona. A melhora no rendimento da terra, a ampliação das artes mecânicas e a redução da população tendem a realimentar o desenvolvimento do melhor aspecto da natureza humana.

68:6:5 7702 A sociedade, durante as épocas limítrofes de pioneirismo, faz desenvolver o lado de pouca habilidade da humanidade; enquanto as belas-artes e o progresso verdadeiramente científico, junto com a cultura espiritual, têm prosperado mais nos centros maiores de vida, todos, quando sustentados por uma população agrícola e industrial ligeiramente abaixo da relação homem-solo. As cidades sempre multiplicam o poder que os seus habitantes têm, seja para o bem, seja para o mal.

68:6:6 7703 O tamanho da família tem sido influenciado sempre pelos padrões de vida. Quanto mais elevado o padrão, tanto menor é a família, até o ponto em que há uma estabilização do crescimento, ou uma extinção gradual.

68:6:7 7704 Através das idades, os padrões de vida têm determinado a qualidade de uma população sobrevivente, em oposição à mera quantidade. Os níveis locais de vida de uma determinada classe dão origem a novas castas sociais, a novos costumes. Quando os padrões de vida tornam-se complicados demais, ou muito altamente luxuosos, rapidamente eles tornam-se suicidas. A casta é o resultado direto da elevada pressão social da competição aguda, produzida por populações densas.

68:6:8 7705 As raças iniciais muitas vezes recorreram a práticas destinadas a restringirem a população; todas as tribos primitivas matavam as crianças deformadas e adoentadas. Antes da época da compra das esposas, freqüentemente matavam-se as crianças femininas. As crianças, algumas vezes, eram estranguladas no nascimento, mas o método favorito era o do abandono. O pai de gêmeos geralmente insistia para que um fosse morto, pois os nascimentos múltiplos eram considerados como causados pela magia ou pela infidelidade. Como regra geral, contudo, os gêmeos do mesmo sexo eram poupados. Embora esses tabus sobre os gêmeos chegassem a ter sido quase universais, nunca foram parte dos costumes andonitas; esses povos sempre consideraram os gêmeos como bons presságios de sorte.

68:6:9 7706 Muitas raças aprenderam a técnica do aborto, e essa prática tornou-se muito comum depois do estabelecimento do tabu do nascimento de crianças entre os não casados. Durante muito tempo, o costume era de que uma jovem solteira matasse as suas crianças e, entre os grupos mais civilizados, esses filhos ilegítimos tornavam-se pupilos da mãe da moça. Muitos clãs primitivos foram virtualmente exterminados por causa da prática tanto do aborto quanto do infanticídio. Todavia, a despeito da tirania dos costumes, pouquíssimas crianças eram destruídas depois de terem sido tomadas no seio – a afeição materna é muito forte.

68:6:10 7707 Mesmo no século vinte, persistem alguns remanescentes dessas práticas primitivas de controle de população. Há uma tribo, na Austrália, cujas mães recusam-se a criar mais de duas ou três crianças. Não há muito tempo, uma tribo de canibais comia cada quinto filho que nascia. Em Madagáscar, algumas tribos ainda destroem todos os filhos nascidos em certos dias de má sorte, resultando na morte de cerca de vinte e cinco por cento de todas as crianças.

68:6:11 7708 De um ponto de vista mundial, a superpopulação nunca foi um problema sério no passado, mas, se as guerras diminuírem e se a ciência controlar cada vez mais as doenças humanas, isso pode tornar-se um problema sério, em um futuro próximo. Em tal momento, então, a grande prova de sabedoria da liderança do mundo se fará presente. Terão os governantes de Urântia o discernimento e a coragem de favorecer a multiplicação do ser

68:6:12 7711 humano mediano ou estabilizado, em vez dos extremos do supranormal e dos grupos enormemente crescentes de subnormais? O homem normal deveria ser favorecido; ele é a espinha dorsal da civilização e a fonte dos gênios mutantes da raça. O homem subnormal deveria ser mantido sob o controle da sociedade; não deveriam ser gerados mais do que o necessário deles, para trabalharem nos níveis mais baixos das indústrias e para as tarefas que requerem uma inteligência pouco acima dos níveis animais; tarefas que fazem um nível tão exíguo de exigências, a ponto de representarem verdadeiras escravidões e subjugação para os tipos mais elevados de seres humanos.

68:6:13 7712 [Apresentado por um Melquisedeque certa vez estabelecido em Urântia.]

DOCUMENTO 69

INSTITUIÇÕES HUMANAS PRIMITIVAS
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Emocionalmente, o homem transcende aos seus ancestrais animais pela sua capacidade de apreciar o humor, a arte e a religião. Socialmente, o homem demonstra a sua superioridade fabricando aparatos, sendo um comunicador e um criador de instituições.

69:0:2 7722 Quando os seres humanos mantêm grupos sociais durante muito tempo, tais agregações sempre resultam na criação de certas tendências de atividades que culminam em uma institucionalização. A maior parte das instituições humanas tem demonstrado fazer uma economia de trabalho, enquanto, ao mesmo tempo, contribuem com algo para melhorar a segurança grupal.

69:0:3 7723 O homem civilizado tem muito orgulho do caráter, da estabilidade e da continuidade das suas instituições estabelecidas, mas todas as instituições humanas são meramente os costumes acumulados do passado como têm sido conservados pelos tabus e dignificados pela religião. Tais legados transformam-se em tradições, e as tradições metamorfoseiam-se, finalmente, em convenções.

1. INSTITUIÇÕES HUMANAS FUNDAMENTAIS


69:1:1 7724 Todas as instituições humanas servem a alguma necessidade social, passada ou presente, não obstante o seu desenvolvimento excessivo diminuir infalivelmente os méritos do valor individual, ofuscando a personalidade e menoscabando a iniciativa. O homem deveria antes controlar as suas instituições mais do que permitir a si próprio ser dominado por essas criações da civilização que avança.

69:1:2 7725 As instituições humanas são de três classes gerais:

69:1:3 7726 1 . As instituições de automanutenção. Estas instituições abrangem aquelas práticas que advêm da fome de alimentos e dos instintos ligados à autopreservação. Elas incluem a indústria, a propriedade, a guerra pelo ganho e todos os dispositivos reguladores da sociedade. Mais cedo ou mais tarde, o instinto do medo leva ao estabelecimento dessas instituições de sobrevivência, por meio de tabus, de convenções e de sanções religiosas. No entanto, o medo, a ignorância e a superstição têm exercido um papel proeminente na origem primitiva e no desenvolvimento subseqüente de todas as instituições humanas.

69:1:4 7727 2. As instituições de autoperpetuação. Estes são os estabelecimentos da sociedade que resultaram do anseio sexual, do instinto maternal e das emoções ternas mais elevadas das raças. Elas abrangem a salvaguarda social do lar e da escola, da vida familiar, da educação, da ética e da religião. Incluem o costume do matrimônio, a guerra pela defesa e a construção dos lares.

69:1:5 7728 3. As instituições de autogratificação. Estas são as práticas que nascem das propensões para a vaidade e das emoções do orgulho; e elas abrangem os costumes dos vestuários e dos adornos pessoais, os usos sociais, a guerra pela glória, as danças, os divertimentos, os jogos e outras formas de gratificação sensual. A civilização, porém, nunca gerou instituições específicas de autogratificação.

69:1:6 7731 Esses três grupos de práticas sociais estão intimamente inter-relacionados e são minuciosamente interdependentes um do outro. Em Urântia, eles representam uma organização complexa que funciona como um único mecanismo social.

2. O ALVORECER DA INDÚSTRIA


69:2:1 7732 A indústria primitiva desenvolveu-se, vagarosamente, como uma forma de seguro contra os terrores da fome. Cedo, na sua existência, o homem começou a tomar o exemplo de alguns dos animais que, durante uma colheita abundante, armazenam o alimento para os dias da escassez.

69:2:2 7733 Antes do alvorecer da frugalidade inicial e da indústria primitiva, o destino comum da tribo comum era a miséria e o sofrimento real. O homem primitivo tinha de competir com todo o mundo animal pelo seu alimento. O peso da competição sempre puxou o homem para baixo, até o nível bestial; a pobreza é o seu estado natural e tirânico. A riqueza não é uma dádiva natural; ela resulta do trabalho, do conhecimento e da organização.

69:2:3 7734 O homem primitivo não demorou a reconhecer as vantagens da associação. A associação levou à organização, e o primeiro resultado da organização foi a divisão do trabalho, com uma imediata economia de tempo e de materiais. Essas especializações do trabalho surgiram como uma adaptação à premência – seguindo o trajeto da menor resistência. Os selvagens primitivos, na realidade, nunca fizeram nenhum trabalho com prazer, nem voluntariamente. Eles agiam conforme a coerção da necessidade.

69:2:4 7735 O homem primitivo não gostava do trabalho pesado, e ele não se apressaria, a menos que fosse para enfrentar algum perigo grave. O elemento do tempo no trabalho, a idéia de se fazer uma determinada tarefa dentro de um certo limite de tempo, é uma noção inteiramente moderna. Os antigos nunca se apressavam. Foi a demanda dupla da luta intensa pela existência e da constante elevação dos padrões de vida que conduziram as raças naturalmente inativas dos homens primitivos ao caminho da industriosidade.

69:2:5 7736 O trabalho, o esforço para a realização de projetos, é o que distingue o homem dos animais, cujos atos são totalmente instintivos. A necessidade do trabalho é a bênção suprema do homem. Todo o corpo de assessores do Príncipe trabalhava; eles fizeram muito para enobrecer o trabalho físico em Urântia. Adão foi um horticultor; o Deus dos hebreus trabalhava – ele era o criador e o sustentador de todas as coisas. Os hebreus foram a primeira tribo a dar um valor supremo à industriosidade; eles foram o primeiro povo a decretar que “aquele que não trabalhar não comerá”. Mas muitas religiões do mundo remeteram-se ao ideal primitivo de ociosidade. Júpiter era um folião, e Buda tornou-se um adepto da reflexão no ócio.

69:2:6 7737 As tribos sangiques eram bastante industriosas quando residiam longe dos trópicos. Mas houve um longo combate entre os devotos preguiçosos da magia e os apóstolos do trabalho – aqueles que eram previdentes.

69:2:7 7738 As primeiras precauções humanas tiveram por objetivo a preservação do fogo, da água e do alimento. O homem primitivo, porém, era um especulador inato; ele sempre queria algo em troca de nada e, muito freqüentemente, nesses tempos antigos, o sucesso que era obtido do trabalho paciente era atribuído aos encantamentos. A magia demorou a ceder caminho à previsão, à abnegação e à indústria.

3. A ESPECIALIZAÇÃO DO TRABALHO


69:3:1 7739 A divisão do trabalho na sociedade primitiva foi determinada antes pelas circunstâncias naturais e, depois, pelos fatores sociais. A seqüência primitiva da especialização no trabalho foi a seguinte:

69:3:2 7741 1. A especialização baseada nos sexos. O trabalho da mulher derivou da presença seletiva de filhos; as mulheres naturalmente amam os bebês mais do que os homens. E assim, a mulher tornou-se uma trabalhadora de rotina, enquanto o homem caçava e combatia, entrando em períodos acentuados de trabalho e outros de repouso.

69:3:3 7742 Ao longo das idades, os tabus têm contribuído para manter a mulher estritamente no seu próprio âmbito. O homem, muito egoisticamente, escolheu o trabalho mais agradável, deixando a rotina pesada para a mulher. O homem sempre se envergonhou de fazer o trabalho da mulher, mas a mulher nunca demonstrou nenhuma relutância em fazer o trabalho do homem. No entanto é estranho registrar que tanto os homens quanto as mulheres têm sempre trabalhado juntos para construir e mobiliar o lar.

69:3:4 7743 2. As modificações devidas à idade e à doença. Essas diferenças determinaram a divisão posterior do trabalho. Os velhos e os aleijados muito cedo foram postos para trabalhar fazendo ferramentas e armas. Posteriormente, foram designados para os trabalhos de irrigação.

69:3:5 7744 3. A diferenciação baseada na religião. Os curandeiros foram os primeiros seres humanos a ficarem isentos do árduo trabalho físico; eles eram uma classe profissional pioneira. Os ferreiros, por serem considerados magos, eram um pequeno grupo que competia com os curandeiros. A sua habilidade em trabalhar com os metais fez com que o povo os temesse. Os “ferreiros brancos” e os “ferreiros negros” deram origem às crenças primitivas na magia branca e na magia negra. E essa crença, mais tarde, relacionou-se com a superstição de bons e maus fantasmas, de espíritos bons e maus.

69:3:6 7745 Os ferreiros foram o primeiro grupo não religioso a desfrutar de privilégios especiais. Eles eram considerados como neutros durante a guerra, e esse ócio suplementar levou-os a tornar-se, como classe, os políticos da sociedade primitiva. Contudo, por causa de crassos abusos desses privilégios, os ferreiros tornaram-se universalmente detestados, e os curandeiros não perderam tempo e fomentaram o ódio aos seus competidores. Nessa primeira disputa entre a ciência e a religião, a religião (a superstição) venceu. Depois de serem expulsos das aldeias, os ferreiros mantiveram os primeiros albergues, casas de alojamento público, nos arredores dos povoados.

69:3:7 7746 4. Os senhores e os escravos. A nova diferenciação no trabalho veio das relações do conquistador e do conquistado, e isso significou o começo da escravidão humana.

69:3:8 7747 5. A diferenciação baseada em dons físicos e mentais diversos. Outras divisões do trabalho foram favorecidas pelas diferenças inerentes aos homens; os seres humanos não nascem iguais.

69:3:9 7748 Os primeiros especialistas na indústria foram os trabalhadores do sílex e os pedreiros; em seguida, vieram os ferreiros. Subseqüentemente, desenvolveu-se a especialização grupal; famílias e clãs inteiros dedicaram-se a determinadas espécies de trabalho. A origem de uma das primeiras castas de sacerdotes, à parte os curandeiros tribais, deveu-se à supersticiosa glorificação de uma família de fabricantes de espadas.

69:3:10 7749 O primeiro grupo de especialistas na indústria foi de exportadores de sal-gema e de cerâmicas. As mulheres faziam a cerâmica simples, e os homens, a decorada. Entre algumas tribos, a tecelagem e a costura eram feitas pelas mulheres, em outras, pelos homens.

69:3:11 77410 Os primeiros comerciantes foram mulheres; eram empregadas como espiãs, praticando o comércio como uma segunda atividade. Em breve, o comércio expandiu-se, as mulheres atuando como revendedoras intermediárias. Em seguida, veio a classe dos mercadores, que cobrava uma comissão, um lucro, pelos seus serviços. O crescimento das trocas fez surgir o comércio; e, em seguida à troca de produtos básicos, veio a troca de mão-de-obra especializada.

4. O INÍCIO DO COMÉRCIO


69:4:1 7751 Do mesmo modo que o casamento por contrato veio em seguida ao casamento pela captura, o comércio pela troca seguiu-se à posse pela força. Todavia, um período longo de pirataria interpôs-se entre as práticas iniciais da simples e silenciosa troca e o comércio posterior pelos métodos modernos de intercâmbio.

69:4:2 7752 As primeiras trocas foram conduzidas por comerciantes armados, que deixavam as suas mercadorias em um local neutro. As mulheres tiveram os primeiros mercados; foram as primeiras comerciantes, e isso aconteceu porque eram elas que carregavam as cargas; os homens eram os guerreiros. Os balcões de venda surgiram muito cedo e eram muros suficientemente altos para impedir que os comerciantes alcançassem uns aos outros com as suas armas.

69:4:3 7753 Um fetiche era usado para manter a guarda nos depósitos de mercadorias para a troca pacífica. Os locais desses mercados eram seguros contra o roubo; nada seria removido, exceto por troca ou compra; com um fetiche guardando-as, as mercadorias estavam sempre a salvo. Os primeiros comerciantes eram escrupulosamente honestos no âmbito das suas próprias tribos, mas considerava-se como certo que trapaceassem com os estrangeiros distantes. Mesmo os hebreus primitivos reconheceram um código diferente de ética nos seus negócios com os gentios.

69:4:4 7754 Durante idades, a troca sem alardes continuou, antes que os homens se encontrassem, desarmados, no local sagrado do mercado. Essas mesmas praças dos mercados transformaram-se nos primeiros locais de santuários e ficaram conhecidos, mais tarde, em alguns países, como as “cidades-refúgio”. Qualquer fugitivo que chegasse ao local do mercado estava abrigado contra ataques.

69:4:5 7755 Os primeiros pesos utilizados foram os grãos de trigo e de outros cereais. A primeira moeda de troca foi um peixe ou uma cabra. Mais tarde, a vaca tornou-se a unidade de troca.

69:4:6 7756 A escrita moderna originou-se nos primeiros registros comerciais; a primeira literatura do homem foi um documento de promoção comercial, uma publicidade de sal. Muitas das guerras primitivas foram feitas pela posse de depósitos naturais, tais como os de pedra, sal e metais. O primeiro tratado tribal formal dizia respeito à intertribalização de um depósito de sal. Esses lugares dos tratados deram oportunidade a intercâmbios amigáveis e pacíficos de idéias e mesmo para que várias tribos se misturassem racialmente.

69:4:7 7757 A escrita progrediu, passando pelos estágios do “bastão mensagem”, de cordas com nós, dos desenhos figurativos, dos hieróglifos e dos colares de conchas, até os alfabetos primitivos, por meio de símbolos. O envio de mensagens evoluiu desde o sinal primitivo de fumaça até o correio por intermédio de corredores, cavaleiros, ferrovias, aviões, bem como telégrafo, telefone e comunicação sem fio.

69:4:8 7758 Idéias novas e métodos melhores eram levados a todo o mundo habitado pelos comerciantes dos povos da antiguidade. O comércio, ligado à aventura, levou à exploração e às descobertas. E tudo isso deu origem aos meios de transporte. O comércio tem sido um grande civilizador, mediante a promoção do intercâmbio cultural.

5. OS PRIMÓRDIOS DO CAPITAL


69:5:1 7759 O capital é o trabalho utilizado como uma renúncia do presente em favor do futuro. As economias representam uma forma de seguro de manutenção e de sobrevivência. O amealhar do alimento desenvolveu o autocontrole e criou os primeiros problemas de capital e trabalho. O homem que tinha comida, desde que pudesse protegê-la dos ladrões, tinha uma vantagem clara sobre o homem que não tinha nenhum alimento.

69:5:2 77510 O banqueiro primitivo era o homem valente da tribo. Ele guardava os tesouros grupais em depósito, e o clã inteiro defenderia a sua tenda em caso de ataque. Assim, a acumulação de capital individual e de riqueza grupal, de um modo imediato, conduziu à organização militar. Inicialmente, tais precauções eram destinadas a defender a propriedade contra a pilhagem estrangeira, porém, mais tarde, tornou-se costume manter a organização militar em forma, lançando ataques sobre a propriedade e a riqueza de tribos vizinhas.

69:5:3 7761 Os impulsos básicos que levaram à acumulação de capital foram:

69:5:4 7762 1. A fome – associada à previsão. . A economia e a preservação do alimento significavam poder e conforto para aqueles que possuíam previsão suficiente para prover às necessidades futuras. A estocagem de alimentos era o seguro adequado contra a fome e as catástrofes. E todo o contexto dos costumes primitivos foi, na realidade, concebido para ajudar o homem a subordinar o presente ao futuro.

69:5:5 7763 2. O amor pela família – o desejo de satisfazer às suas necessidades. O capital representa a poupança da propriedade, a despeito da pressão das necessidades de hoje, a fim de assegurar para as exigências do futuro. Uma parte dessas necessidades futuras pode estar relacionada com a posteridade do poupador.

69:5:6 7764 3. A vaidade – o desejo de exibir as próprias acumulações de propriedade. A posse de muitas roupas era um dos primeiros sinais de distinção. A vaidade do colecionador logo apelou ao orgulho do homem.

69:5:7 7765 4. A posição – o desejo intenso de comprar o prestígio social e político. Logo surgiu a nobreza comercializada, e a admissão a ela dependia da prestação de certos serviços especiais à realeza, ou era concedida abertamente sob o pagamento de dinheiro.

69:5:8 7766 5. O poder – a aspiração de ser o senhor. O empréstimo de tesouros era empregado como um meio de escravização, pois, nesses tempos antigos, os juros de empréstimos eram de cem por cento ao ano. Os emprestadores de dinheiro faziam-se de reis, criando um exército permanente de devedores. Os escravos estavam entre as primeiras formas de propriedade acumulada e, nos dias de antigamente, a escravidão ao débito estendia-se até a posse do corpo após a morte.

69:5:9 7767 6. O medo dos fantasmas dos mortos – um salário pago aos sacerdotes pela proteção. Os homens muito cedo começaram a dar presentes funerários aos sacerdotes, com vistas a terem as suas propriedades usadas para facilitar o seu progresso na próxima vida. O sacerdócio, assim, tornou-se muito rico; eles eram os magnatas entre os antigos capitalistas.

69:5:10 7768 7. O desejo sexual – o desejo de comprar uma ou mais esposas. A primeira forma de comércio entre os homens foi a permuta de mulheres; precedeu em muito ao comércio de cavalos. Todavia, a permuta de escravas do sexo nunca levou a sociedade a avançar; esse tráfico foi e é uma desonra racial, pois, ao mesmo tempo, entorpeceu o desenvolvimento da vida familiar e poluiu as aptidões biológicas dos povos superiores.

69:5:11 7769 8. As inúmeras formas de autogratificação. Alguns homens buscaram a riqueza porque esta lhes conferia poder; outros lutaram pelas propriedades, porque elas significavam facilidades na vida. O homem primitivo (e, posteriormente, outros) tinha a tendência de dilapidar os seus recursos com o luxo. As bebidas e as drogas despertavam a curiosidade das raças primitivas.

69:5:12 77610 À medida que a civilização desenvolveu-se, os homens adquiriram novos incentivos para economizar; novas necessidades foram rapidamente acrescentadas à fome original. A pobreza tornou-se tão abominável que se supunha que apenas os ricos iam diretamente para o céu quando morriam. A propriedade tornou-se tão altamente valorizada que dar uma festa pretensiosa apagava a desonra de um nome.

69:5:13 7771 A acumulação de riquezas tornou-se logo um símbolo de distinção social. Os indivíduos, em certas tribos, acumulariam propriedades durante anos, só para causar impressão, queimando-as durante alguma festa ou distribuindo-as gratuitamente aos seus companheiros de tribo. Isso fazia deles grandes homens. Os próprios povos modernos comprazem-se com uma pródiga distribuição de presentes de Natal, enquanto os homens ricos doam a grandes instituições de filantropia e de ensino. As técnicas do homem variam, mas a sua disposição permanece inalterada.

69:5:14 7772 Todavia, é bom também assinalar que muitos ricaços de antigamente distribuíam parte da sua fortuna, por causa do medo de serem mortos por aqueles que cobiçavam os seus tesouros. Os homens ricos comumente sacrificavam dezenas de escravos para exibir desdém pela riqueza.

69:5:15 7773 Embora o capital haja contribuído para liberar o homem, em grande parte, tem também complicado a sua organização social e industrial. O abuso do capital, por alguns capitalistas injustos, não contradiz o fato de que seja ele a base da sociedade industrial moderna. Por meio do capital e das invenções, a geração atual desfruta de um nível mais elevado de liberdade do que quaisquer das que a tenham precedido na Terra. Isto é registrado aqui como um fato e não como justificativa para os muitos usos errôneos do capital por parte de pessoas inconseqüentes e egoístas.

6. O FOGO EM RELAÇÃO À CIVILIZAÇÃO


69:6:1 7774 A sociedade primitiva com as suas quatro divisões – industrial, reguladora, religiosa e militar – cresceu empregando o fogo, os animais, os escravos e a propriedade.

69:6:2 7775 A capacidade de fazer o fogo separou, de um só golpe e para sempre, o homem do animal; foi a descoberta humana básica. O fogo capacitou o homem a permanecer no solo durante a noite, pelo fato de todos os animais terem medo dele. O fogo encorajou os intercâmbios sociais noturnos; não apenas protegia contra o frio e contra os animais selvagens, mas foi também empregado como segurança contra os fantasmas. A princípio, foi usado mais para fornecer a luz do que aquecimento; muitas tribos atrasadas recusavam-se a dormir, a menos que uma chama queimasse durante toda a noite.

69:6:3 7776 O fogo foi um grande civilizador, provendo o homem com os seus primeiros meios de ser altruísta sem perda, capacitando-o a dar brasas vivas ao seu vizinho, sem privar-se a si mesmo do fogo. O fogo familiar, que era mantido pela mãe ou pela filha mais velha, foi o primeiro educador, pois exigia vigilância e confiabilidade. O lar primitivo não era uma edificação, mas a família reunia-se em torno do fogo na lareira familiar. Quando um filho fundava um novo lar, ele levava um tição da lareira da família.

69:6:4 7777 Embora Andon, o descobridor de como fazer o fogo, evitasse tratá-lo como um objeto de adoração, muitos dos seus descendentes consideraram a chama como um fetiche ou como um espírito. Eles não souberam tirar os benefícios sanitários do fogo, porque não queimavam os detritos. O homem primitivo temia o fogo e sempre buscava mantê-lo para o bom humor, daí o uso dos incensos. Sob circunstância nenhuma, os antigos cuspiriam no fogo, nem passariam entre alguma pessoa e o fogo. Mesmo as piritas de ferro e as pedras de sílex, usadas para acender a chama, eram consideradas sagradas pela humanidade primitiva.

69:6:5 7778 Era um pecado extinguir uma chama; se uma tenda pegasse fogo, permitia-se que queimasse. Os fogos dos templos e dos santuários eram sagrados e nunca se permitia que se apagassem, exceto pelo costume de fazerem um fogo novo anualmente, ou depois de alguma calamidade. As mulheres eram escolhidas como sacerdotisas por serem as custódias dos fogos familiares.

69:6:6 7781 Os mitos primitivos sobre como o fogo veio dos deuses, nasceram da observação do fogo causado pelos relâmpagos. Essas idéias, de origem sobrenatural, conduziram diretamente à adoração do fogo; e o culto do fogo conduziu ao costume de “passar dentro do fogo”, uma prática levada até os tempos de Moisés. E a idéia de passar-se pelo fogo, depois da morte, ainda persiste. O mito do fogo representou um grande cativeiro nos tempos primitivos e ainda perdura no simbolismo dos persas.

69:6:7 7782 O fogo levou a cozinhar os alimentos, e “comer cru” tornou-se um termo de ridicularização. Cozinhar diminuiu o desperdício da energia vital necessária para a digestão dos alimentos e assim deixou ao homem primitivo alguma força para a cultura social; ao mesmo tempo em que a criação de animais, reduzindo o esforço necessário para assegurar o alimento, proporcionava tempo para atividades sociais.

69:6:8 7783 Deveria ser lembrado que o fogo abriu as portas para a metalurgia e levou à descoberta subseqüente da energia do vapor e dos usos atuais da eletricidade.

7. A UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS


69:7:1 7784 No princípio, todo o mundo animal era inimigo do homem; os seres humanos tinham de aprender a proteger a si próprios das bestas. O homem começou por comer os animais, mas posteriormente aprendeu a domesticá-los e a fazer com que eles o servissem.

69:7:2 7785 A domesticação dos animais surgiu acidentalmente. Os selvagens caçavam os rebanhos quase como os índios americanos caçavam o bisão. Cercando o rebanho, podiam manter o controle dos animais, assim habilitando-se a matá-los à medida que necessitassem de alimento. Mais tarde, os currais foram construídos; e rebanhos inteiros seriam capturados.

69:7:3 7786 Era fácil domar alguns animais, mas, como o elefante, muitos deles não se reproduziriam no cativeiro. Descobriu-se logo que algumas espécies de animais submeter-se-iam à presença do homem e que se reproduziriam no cativeiro. A domesticação de animais, assim, foi instaurada por meio da criação seletiva, uma arte que fez muito progresso desde os tempos da Dalamátia.

69:7:4 7787 O cão foi o primeiro animal a ser domesticado, e a experiência difícil de domesticá-lo começou quando um certo cão, depois de seguir um caçador durante todo o dia, finalmente foi para a casa com ele. Durante idades, os cães foram usados como alimento, para a caça, para o transporte e como companhia. No início, os cães apenas uivavam, mais tarde aprenderam a latir. O sentido agudo do seu olfato levou à noção de que podia ver espíritos, e assim surgiram os cultos do cão-fetiche. O uso do cão de guarda fez com que fosse possível a todo o clã dormir à noite. E, então, tornou-se costume empregar cães de guarda para proteger a casa contra os espíritos, tanto quanto contra os inimigos materiais. Quando o cão latia, era porque se aproximava algum homem ou animal; quando o cão uivava, no entanto, significava que os espíritos estavam próximos. E hoje, muitos ainda acreditam que o uivo de um cão, à noite, indica alguma morte.

69:7:5 7788 Quando o homem era caçador, ele era muito gentil para com a mulher, mas após a domesticação dos animais, combinada à confusão gerada por Caligástia, muitas tribos tratavam as suas mulheres de um modo vergonhoso. Eles as tratavam do mesmo modo como tratavam os seus animais. O tratamento brutal do homem para com a mulher constitui um dos capítulos mais negros da história humana.

8. A ESCRAVIDÃO COMO UM FATOR DE CIVILIZAÇÃO


69:8:1 7789 O homem primitivo nunca hesitou em escravizar os seus semelhantes. A mulher foi a primeira escrava, uma escrava da família. As populações pastorais escravizavam as mulheres, fazendo-as de suas companheiras sexuais inferiores. Essa espécie de escravidão sexual surgiu diretamente da independência que o homem foi adquirindo em relação à mulher.

69:8:2 7791 Não faz muito tempo, a escravidão era o que aguardava os presos militares que se recusavam a aceitar a religião do povo conquistador. Nos tempos mais primitivos, os presos eram comidos, torturados até a morte, colocados para lutarem uns contra os outros, sacrificados aos espíritos, ou escravizados. A escravização foi um grande avanço em relação aos massacres e ao canibalismo.

69:8:3 7792 A escravidão foi um passo à frente, de um tratamento mais misericordioso aos prisioneiros de guerra. A emboscada de Ai, seguida do massacre total dos homens, mulheres e crianças, sendo que apenas o rei foi salvo para gratificar a vaidade do vencedor, é um quadro fiel da matança bárbara praticada mesmo por povos supostamente civilizados. O ataque contra Og, o rei de Bashan, foi igualmente brutal e radical. Os hebreus “destruíam completamente” os seus inimigos, tomando todas as suas propriedades como espólios. Eles impunham tributos a todas as cidades sob pena de “destruição de todos os varões”. No entanto, muitas das tribos dessa mesma época, que possuíam menos egoísmo tribal, tinham há muito começado a prática da adoção dos prisioneiros superiores.

69:8:4 7793 O caçador, tanto quanto o homem vermelho americano, não escravizava. Ou ele adotava ou matava os seus prisioneiros. A escravidão não prevaleceu em meio aos povos pastorais, porque eles necessitavam de poucos trabalhadores. Na guerra, os pastores tinham como prática matar todos os homens capturados e levar apenas as mulheres e as crianças como escravas. O código mosaico continha instruções específicas para transformar em esposas as mulheres prisioneiras. Se não satisfizessem, elas seriam mandadas embora, mas aos hebreus não era permitido venderem, como escravas, essas consortes rejeitadas – o que foi, pelo menos, um avanço da civilização. Embora os padrões sociais dos hebreus fossem ainda grosseiros, eles estavam muito à frente das tribos vizinhas.

69:8:5 7794 Os pastores foram os primeiros capitalistas; os seus rebanhos representaram um capital, e eles viviam dos rendimentos – o crescimento natural. E não estavam inclinados a confiar essa riqueza nas mãos, seja de escravos, seja de mulheres. Posteriormente, contudo, eles capturaram homens, e os forçaram a cultivar o solo. Essa é a origem primitiva da servidão – o homem preso à terra. Os africanos aprendiam muito facilmente a cultivar o solo e, por isso, vieram a se tornar a grande raça escrava.

69:8:6 7795 A escravidão foi um elo indispensável na corrente da civilização humana. Foi a ponte sobre a qual a sociedade passou do caos e da indolência à ordem e às atividades civilizadas; compeliu os povos atrasados e indolentes a trabalhar e, assim, a gerar bens e lazer para o avanço social dos seus superiores.

69:8:7 7796 A instituição da escravidão obrigou o homem a inventar o mecanismo regulador da sociedade primitiva; deu origem aos primórdios do governo. A escravidão demanda uma forte regulamentação e, durante a Idade Média européia, ela desapareceu virtualmente, porque os senhores feudais não podiam controlar os escravos. As tribos atrasadas dos tempos antigos, tais como os australianos nativos de hoje, nunca tiveram escravos.

69:8:8 7797 É bem verdade que a escravidão era opressiva, mas foi nas escolas da opressão que o homem aprendeu a indústria. Os escravos afinal compartilharam das bênçãos de uma sociedade mais elevada, a qual tão involuntariamente eles haviam ajudado a criar. A escravidão gera uma organização de realização cultural e social, mas logo ataca insidiosamente a sociedade por dentro, revelando-se a mais grave de todas as doenças sociais destrutivas.

69:8:9 7798 As invenções mecânicas modernas transformaram a escravatura em algo obsoleto. A escravidão, como a poligamia, ficou ultrapassada porque não compensa, mas sempre se tem revelado desastroso libertar subitamente um grande número de escravos; complicações menores adviriam se eles fossem emancipados de um modo gradativo.

69:8:10 7801 Hoje, os homens não são escravos sociais, mas milhares permitem que a ambição os faça escravos das dívidas. A escravidão involuntária abriu caminho para uma nova e mais aperfeiçoada forma de servidão industrial modificada.

69:8:11 7802 Embora o ideal da sociedade seja a liberdade universal, o ócio nunca deveria ser tolerado. Todas as pessoas de corpos aptos deveriam ser forçadas a cumprir ao menos uma quantidade de trabalho suficiente para se auto-sustentar.

69:8:12 7803 A sociedade moderna reverteu a sua marcha. A escravidão quase desapareceu; os animais domesticados estão ultrapassados. A civilização está buscando novamente o fogo – o mundo inorgânico – para conseguir energia. O homem saiu da selvageria por meio do fogo, dos animais e da escravidão; hoje, ele retroage, descartando a ajuda de escravos e de animais, enquanto busca extrair do estoque elementar da natureza os novos segredos e fontes de riqueza e de poder.

9. A PROPRIEDADE PRIVADA


69:9:1 7804 Embora a sociedade primitiva tenha sido virtualmente comunitária, o homem primitivo não aderiu às doutrinas atuais de comunismo. O comunismo desses tempos primitivos não era uma mera teoria social, nem uma doutrina social; era um ajuste automático simples e prático. Esse comunismo impediu a indigência e a miséria; a mendicância e a prostituição eram quase desconhecidas entre essas tribos antigas.

69:9:2 7805 O comunismo primitivo não nivelou o homem especialmente por baixo, nem exaltou a mediocridade, mas premiou a inatividade e a ociosidade, sufocou a indústria e destruiu a ambição. O comunismo foi um patamar indispensável ao crescimento da sociedade primitiva, no entanto cedeu lugar à evolução de uma ordem social mais elevada, porque foi contrário a quatro fortes tendências humanas:

69:9:3 7806 1. A família. O homem não apenas almeja acumular bens; ele deseja legar o seu capital e bens à sua progênie. Na sociedade comunitária primitiva, porém, o capital de um homem, ou era imediatamente consumido, ou distribuído ao grupo, quando da sua morte. Não havia herança de propriedade – o imposto sobre a herança era de cem por cento. Os costumes posteriores, que regeram a acumulação de capital e a herança de propriedades, foram avanços sociais distintos. E isso é verdade, não obstante os abusos grosseiros subseqüentes que acompanharam o mau emprego do capital.

69:9:4 7807 2. As tendências religiosas. O homem primitivo também queria constituir uma propriedade como um núcleo para começar a vida na próxima existência. Esse motivo explica porque prevaleceu, durante tanto tempo, o costume de enterrar-se os pertences pessoais de um homem com ele. Os antigos acreditavam que apenas os ricos sobreviviam à morte com alguma dignidade e prazer imediatos. Aqueles que ensinaram a religião revelada, mais especialmente os instrutores cristãos, foram os primeiros a proclamar que os pobres poderiam ter a salvação nos mesmos termos que os ricos.

69:9:5 7808 3. O desejo de liberdade e de lazer. Nos primeiros tempos da evolução social, a divisão dos ganhos individuais, com o grupo, era virtualmente uma forma de escravidão; o trabalhador tornava-se escravo do mais ocioso. Essa foi a fraqueza suicida do comunismo: os imprevidentes habitualmente vivendo dos que economizavam. Mesmo nos tempos modernos, os imprevidentes dependem do estado (os contribuintes que economizam) para cuidar deles. Aqueles que são desprovidos de capital ainda esperam que os que o têm os alimentem.

69:9:6 7809 4. A necessidade de segurança e de poder. O comunismo foi finalmente destruído pelas fraudes dos indivíduos progressistas e prósperos, que recorreram a subterfúgios diversos no esforço de escapar da escravidão aos preguiçosos incapazes das suas tribos. No princípio, porém, todo o amealhamento era secreto; a insegurança primitiva impedia a acumulação visível de capital. E, mesmo em uma época posterior, ainda era muito perigoso acumular muita riqueza: o rei certamente forjaria alguma acusação para confiscar a propriedade de um homem de fortuna e, quando um homem rico morria, os funerais eram retardados até que a família doasse uma grande soma a uma instituição pública ou para o rei, como um imposto sobre a herança.

69:9:7 7811 Nos primeiros tempos, as mulheres eram uma propriedade da comunidade, e a mãe dominava a família. Os chefes primitivos possuíam toda a terra e eram proprietários de todas as mulheres; o casamento não se realizava sem o consentimento do governante tribal. Com o desaparecimento do comunismo, as mulheres passaram a ser propriedades individuais, e o pai gradualmente assumiu o controle doméstico. Assim, o lar teve o seu início, e os costumes polígamos, que prevaleciam, foram gradualmente dando lugar à monogamia. (A poligamia é a sobrevivência do elemento de escravidão da mulher no casamento. A monogamia é o ideal, livre de escravidão, da associação incomparável entre um homem e uma mulher, no empreendimento admirável da edificação de um lar, da criação de uma progênie, do cultivo mútuo e do auto-aperfeiçoamento. )

69:9:8 7812 Inicialmente, toda a propriedade, inclusive as ferramentas e as armas, eram uma posse comum da tribo. A propriedade privada inicialmente consistia de todas as coisas que eram tocadas de um modo pessoal. Se um estranho bebia em uma xícara, essa xícara pertencia-lhe, a partir desse momento. Em seguida, qualquer lugar em que o sangue fosse derramado tornava-se propriedade da pessoa ou do grupo ferido.

69:9:9 7813 A propriedade privada era originalmente respeitada porque se supunha que estivesse carregada, assim, com alguma parte da personalidade do proprietário. A honestidade em relação à propriedade permanecia a salvo sob esse tipo de superstição; nenhuma polícia era necessária para guardar os pertences pessoais. Não havia furtos dentro do grupo, embora os homens não hesitassem em apropriar-se dos bens de outras tribos. As relações de propriedade não terminavam com a morte; inicialmente, os objetos pessoais eram queimados, depois, enterrados com os mortos e, posteriormente, herdados pela família sobrevivente, ou pela tribo.

69:9:10 7814 Os objetos pessoais do tipo ornamental tiveram a sua origem no uso de amuletos. A vaidade e, mais, o medo dos fantasmas, levaram o homem primitivo a resistir a todas as tentativas de despojá-lo dos seus amuletos favoritos, e tal propriedade era mais valorizada do que as necessidades reais.

69:9:11 7815 O espaço onde se dormia foi uma das primeiras propriedades do homem. Ulteriormente, os locais dos lares eram designados pelos chefes tribais, que detinham consigo a custódia de todos os bens imóveis em nome do grupo. Em breve, a colocação de uma lareira conferia a propriedade; e, mais tarde ainda, um poço constituía o título à terra adjacente a ele.

69:9:12 7816 As nascentes e os poços estavam entre as primeiras propriedades privadas. Toda a prática do fetiche era utilizada para guardar os olhos-d’água, os poços, as árvores, a colheita e o mel. Com a perda da fé nos fetiches, as leis foram desenvolvidas para proteger os pertences privados, mas as leis da caça e o direito a caçar, em muito, precederam às leis da terra. O homem vermelho americano nunca compreendeu a propriedade privada de terras; ele não podia compreender a visão do homem branco.

69:9:13 7817 A propriedade privada foi, muito cedo, marcada pelas insígnias da família, e essa é a origem longínqua da heráldica familiar. O bem imóvel podia também ser colocado sob a guarda dos espíritos. Os sacerdotes “consagrariam” um pedaço de terra, e este então ficaria sob a proteção dos tabus mágicos erigidos nele. Os proprietários dessas terras eram conhecidos como possuidores de uma “escritura sacerdotal de propriedade”. Os hebreus tinham um grande respeito por esses marcos de família: “Maldito seja aquele que retirar o marco da terra do seu vizinho”. Esses marcos de pedra tinham as iniciais do sacerdote. Mesmo as árvores, quando marcadas com as iniciais, tornavam-se propriedade privada.

69:9:14 7821 Primitivamente, apenas as colheitas eram propriedade particular; e as colheitas sucessivas conferiam títulos de propriedade; a agricultura assim foi a origem da propriedade privada de terras. Era dado, inicialmente, o direito de posse apenas vital aos indivíduos; com a morte, a propriedade da terra revertia para a tribo. Os primeiríssimos títulos de propriedade de terras concedidos pelas tribos a indivíduos foram os das sepulturas – a tumba familiar. Posteriormente, as terras pertenceram àqueles que as cercavam, mas as cidades sempre reservaram algumas terras para as pastagens públicas e para o uso em caso de sitiamento; essas “terras comuns” representam a sobrevivência da forma primitiva de propriedade coletiva.

69:9:15 7822 Finalmente, o estado destinava propriedades ao indivíduo, reservando-se o direito de taxação. Tendo assegurado os seus títulos, os donos de terras poderiam receber aluguéis, e a terra tornou-se uma fonte de renda – de capital. Finalmente, a terra tornou-se verdadeiramente negociável: permitindo vendas, transferências, hipotecas e execuções de hipotecas.

69:9:16 7823 A propriedade privada trouxe maior liberdade e mais estabilidade; contudo, somente depois que o controle e a direção da comunidade falharam, uma posse particular da terra passou a ter a sanção social: e isso foi imediatamente seguido por uma sucessão de escravos, de servos e classes de despossuídos de terra. Contudo a maquinaria aperfeiçoada gradualmente foi libertando o homem do trabalho escravo.

69:9:17 7824 O direito à propriedade não é absoluto; é puramente social. Mas do modo como são desfrutados pelos povos modernos, todo o governo, a lei, a ordem, os direitos civis, as liberdades sociais, as convenções, a paz e a felicidade têm crescido em torno da certidão de propriedade privada.

69:9:18 7825 A ordem social atual não é necessariamente certa – não sendo divina, nem sagrada –; todavia, a humanidade procederá bem, caso se mobilize lentamente para fazer modificações. Aquilo que vós tendes é muito melhor do que qualquer sistema conhecido pelos vossos ancestrais. Assegurai-vos, quando fordes fazer alterações na ordem social, de que elas sejam para melhor. Não vos deixeis persuadir a experimentar as fórmulas já descartadas pelos vossos antepassados. Ide, avançai, não retrocedais! Que a evolução prossiga! Que não seja dado um passo para trás.

69:9:19 7826 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

DOCUMENTO 70

A EVOLUÇÃO DO GOVERNO HUMANO
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Tão logo resolveu parcialmente o problema da sua subsistência, o homem defrontou-se com a tarefa de regulamentar as relações humanas. O desenvolvimento das atividades organizadas requeria leis, ordem e ajustamentos sociais; a propriedade privada requeria uma administração.

70:0:2 7832 Num mundo evolucionário, os antagonismos são naturais; a paz é assegurada apenas por alguma espécie de sistema social regulador. Uma regulamentação social é inseparável de uma organização social; a associação implica alguma autoridade controladora. Um governo obriga uma coordenação dos antagonismos das tribos, dos clãs, das famílias e dos indivíduos.

70:0:3 7833 O governo é um desenvolvimento inconsciente; ele evolui por meio de tentativas e de erros. De fato, tem um valor para a sobrevivência; e por isso ele torna-se tradicional. A anarquia aumentou a miséria; e, conseqüentemente, o governo, a lei relativa e a ordem gradualmente emergiram ou estão emergindo. As demandas coercitivas na luta pela existência conduziram literalmente a raça humana por um caminho progressivo até a civilização.

1. A GÊNESE DA GUERRA


70:1:1 7834 A guerra é um estado natural e uma herança do homem em evolução; a paz é o padrão social que mede o avanço da civilização. Antes da socialização parcial das raças em avanço, o homem era excessivamente individualista, extremamente desconfiado, e inacreditavelmente briguento. A violência é a lei da natureza, a hostilidade, a reação automática dos filhos da natureza, enquanto a guerra não é senão essas mesmas atividades praticadas coletivamente. E, no momento em que o tecido da civilização receber a pressão das complicações do avanço da sociedade, e onde isso acontecer, haverá sempre um retrocesso imediato, nocivo àqueles métodos iniciais de ajuste violento das irritações provenientes das interassociações humanas.

70:1:2 7835 A guerra é uma reação animalesca aos desentendimentos e às irritações; a paz acompanha a solução civilizada de todos esses problemas e dificuldades. As raças sangiques, junto com as adamitas, posteriormente deterioradas, e as noditas eram todas beligerantes. Aos andonitas muito cedo foi ensinada a regra de ouro e, ainda hoje, os seus descendentes esquimós vivem em boa medida segundo esse código; o costume é forte entre eles, e estão razoavelmente livres de antagonismos violentos.

70:1:3 7836 Andon ensinou aos seus filhos a decidirem as disputas cada um batendo em uma árvore com um bastão, ao mesmo tempo maldizendo a árvore: aquele que quebrasse o seu bastão primeiro era o vitorioso. Os andonitas posteriores decidiam as suas disputas fazendo um espetáculo público, no qual os disputantes zombavam uns dos outros e ridicularizavam-se mutuamente, enquanto a audiência apontava o vencedor por aclamação.

70:1:4 7837 Mas um fenômeno tal como a guerra não poderia existir antes que a sociedade houvesse evoluído o suficiente a ponto de experimentar, de fato, os períodos de paz e sancionar as práticas belicosas. O próprio conceito de guerra implica algum grau de organização.

70:1:5 7841 Com a emergência dos agrupamentos sociais, as irritações individuais começaram a ficar submersas nos sentimentos grupais, e isso promoveu a tranqüilidade intertribal, às custas, contudo, da paz intertribal. A paz, assim, inicialmente, foi desfrutada dentro do grupo, ou da tribo, que sempre detestava, odiava mesmo, os de fora do grupo ou estrangeiros. O homem primitivo considerava uma virtude derramar o sangue estrangeiro.

70:1:6 7842 Todavia, mesmo isso não funcionou a princípio. Quando os primeiros chefes tentaram resolver os desentendimentos, freqüentemente julgavam necessário, ao menos uma vez por ano, permitir as lutas de pedradas dentro da tribo. O clã dividia-se em dois grupos e tinha início uma batalha que durava todo um dia. E isso, por nenhuma outra razão, a não ser pelo divertimento proporcionado; eles realmente gostavam de lutar.

70:1:7 7843 A guerra perdura, porque o homem evoluiu do animal, tornando-se humano, e todos os animais são belicosos. Entre as causas primitivas da guerra estão:

70:1:8 7844 1. A fome, que leva a surtidas em busca de alimento. A escassez de terras tem sempre trazido a guerra e, durante essas lutas, as primeiras tribos pacíficas praticamente foram exterminadas.

70:1:9 7845 2. A escassez de mulheres – uma tentativa de aliviar a falta de ajuda doméstica. O rapto de mulheres tem sempre sido uma causa de guerra.

70:1:10 7846 3. A vaidade – o desejo de exibir a bravura tribal. Grupos superiores lutavam para impor o seu modo de vida aos povos inferiores.

70:1:11 7847 4. Os escravos – a necessidade de recrutas para as fileiras de trabalho.

70:1:12 7848 5. A vingança era motivo de guerra quando uma tribo acreditava que outra tribo vizinha houvesse causado a morte de um companheiro de tribo. O luto continuava até que uma cabeça era trazida para a tribo. A guerra pela vingança foi considerada justificada, até uma época relativamente moderna.

70:1:13 7849 6. A recreação – a guerra era encarada como uma recreação pelos jovens dessas épocas primitivas. Se não havia nenhum pretexto bom e suficiente para que a guerra surgisse, quando a paz se tornava opressiva, tribos vizinhas costumavam entrar em combates semi-amistosos, em escaramuças, como folguedos, para desfrutarem de um simulacro de batalha.

70:1:14 78410 7. A religião – o desejo de fazer conversões para o próprio culto. As religiões primitivas, todas, aprovavam a guerra. Apenas em tempos recentes a religião começou a reprovar a guerra. Infelizmente, os sacerdócios primitivos, em geral, eram aliados do poder militar. Com o passar do tempo, um grande passo na direção da paz foi o esforço para se separar a igreja do estado.

70:1:15 78411 Essas antigas tribos faziam sempre a guerra sob a ordem dos seus deuses, sob o comando dos seus chefes ou dos seus xamãs. Os hebreus acreditavam num “Deus das batalhas”; e a narrativa do seu ataque aos midianitas é um recital das crueldades atrozes das antigas guerras tribais; esse ataque, com a matança de todos os homens e a posterior matança de todas as crianças do sexo masculino e de todas as mulheres que não eram virgens, teria feito honra às tradições de um chefe tribal de duzentos mil anos atrás. E tudo isso foi executado em “nome do Senhor Deus de Israel”.

70:1:16 78412 E essa é uma narrativa da evolução da sociedade – a solução natural dos problemas das raças –, o homem elaborando o seu próprio destino na Terra. Tais atrocidades não são instigadas pela Deidade, não obstante haver uma tendência do homem de jogar a responsabilidade sobre os seus deuses.

70:1:17 78413 A misericórdia militar tem sido lenta para alcançar a humanidade. Mesmo quando uma mulher, Débora, governou os hebreus, a mesma crueldade global persistiu. O seu general, na vitória sobre os gentios, fez “todas as tropas caírem sob a espada; não sobrou ninguém”.

70:1:18 7851 Muito cedo, na história dessa raça, as armas envenenadas eram usadas. Todas as espécies de mutilações eram praticadas. Saul não hesitou em exigir cem prepúcios de filisteus, como o dote que Davi devia pagar pela sua filha Mical.

70:1:19 7852 As guerras primitivas eram lutadas entre as tribos como um todo, mas, em épocas posteriores, quando dois indivíduos de tribos diferentes tinham uma disputa, em vez de ambas as tribos lutarem, os dois disputantes entravam em um duelo. Tornou-se hábito também que dois exércitos decidissem tudo pelo resultado de uma disputa entre um representante escolhido de cada lado, como no exemplo de Davi e Golias.

70:1:20 7853 O primeiro refinamento da guerra foi a captura de prisioneiros. Em seguida, as mulheres passaram a ser eximidas das hostilidades, e depois veio o reconhecimento dos não-combatentes. As castas militares e os exércitos permanentes logo se desenvolveram, para marcharem de acordo com a crescente complexidade do combate. Esses guerreiros eram proibidos de entrar em contato com mulheres, e estas, havia muito, tinham já deixado de combater, embora houvessem sempre alimentado e cuidado dos soldados e exortassem-nos à batalha.

70:1:21 7854 A prática de declarar guerra representou um grande progresso. Essas declarações de intenção de luta indicavam a consciência do senso de eqüidade, e a isso se seguiu o desenvolvimento gradual das regras do guerrear “civilizado”. Muito cedo se tornou costume não lutar perto de locais religiosos e, um pouco mais tarde, não combater em certos dias santos. Em seguida, veio o reconhecimento geral do direito de asilo; os fugitivos políticos receberam proteção.

70:1:22 7855 Assim, a guerra evoluiu gradualmente, da caçada primitiva ao homem, até o sistema, de um certo modo mais ordeiro, das nações “civilizadas” posteriores. Contudo, apenas lentamente a atitude social da amizade substituiu a inimizade.

2. O VALOR SOCIAL DA GUERRA


70:2:1 7856 Nas idades passadas, uma guerra feroz instituiria mudanças sociais e facilitaria a adoção de idéias novas que, naturalmente, não teriam ocorrido em dez mil anos. O preço terrível, pago por algumas dessas vantagens vindas com as guerras era que a sociedade retrocedesse temporariamente à selvageria; tinha-se de abdicar da razão civilizada. A guerra é um remédio poderoso, de custo muito alto e muito perigoso; ainda que freqüentemente cure algumas desordens sociais, muitas vezes mata o paciente e destrói a sociedade.

70:2:2 7857 A necessidade constante da defesa nacional cria muitos ajustamentos sociais novos e avançados. A sociedade, hoje, desfruta do benefício de uma longa lista de inovações úteis que, a princípio, eram exclusivamente militares; e a sociedade deve à guerra, até mesmo a dança, uma das formas primitivas de exercício militar.

70:2:3 7858 A guerra tem tido um valor social para as civilizações passadas, porque ela:

7859 1. Impunha a disciplina e forçava a cooperação.

78510 2. Premiava a firmeza e a coragem.

78511 3. Fomentava e solidificava o nacionalismo.

78512 4. Destruía os povos fracos e inaptos.

78513 5. Dissolvia a ilusão da igualdade primitiva e estratificava seletivamente a sociedade.

70:2:4 78514 A guerra teve um certo valor evolucionário e seletivo; contudo, como a escravidão, deverá, em algum momento, ser abandonada, à medida que a civilização avança lentamente. As guerras de antigamente promoviam as viagens e o intercâmbio cultural; essas metas estão agora mais bem cumpridas pelos métodos modernos de transporte e de comunicação. As guerras de outrora fortaleciam as nações, mas as lutas modernas alquebram a cultura civilizada. As guerras antigas resultavam na dizimação dos povos inferiores; o resultado líquido do conflito moderno é a destruição seletiva das melhores cepas humanas. As guerras primitivas promoviam a organização e a eficiência, mas agora esta se tornou mais uma das metas da indústria moderna. Durante as idades passadas, a guerra era um fermento social, que impulsionava a civilização para a frente; esse resultado agora é mais bem alcançado pela ambição e pela invenção. A arte da guerra antiga sustentava o conceito de um Deus das batalhas, no entanto, para o homem moderno, foi dito que Deus é amor. A guerra serviu a muitos propósitos valiosos no passado, tem sido um andaime indispensável na construção da civilização, mas está tornando-se, rapidamente, a bancarrota cultural – incapaz de produzir dividendos, de algum ganho social, comensurável, sob qualquer ponto de vista, em comparação com as perdas terríveis que vêm junto.

70:2:5 7861 No passado, os médicos acreditaram na sangria como uma cura para muitas doenças; entretanto, depois, descobriram remédios melhores para a maioria daquelas desordens. E, desse modo, deve a sangria internacional da guerra certamente dar lugar à descoberta de métodos melhores para curar os males das nações.

70:2:6 7862 As nações de Urântia entraram já na luta gigantesca do militarismo nacionalista contra o industrialismo e, de muitos modos, esse conflito é análogo à luta das idades, entre os pastores-caçadores e os agricultores. Se, porém, o industrialismo quiser triunfar sobre o militarismo, então deve evitar os perigos que o envolvem. Os perigos da indústria florescente, em Urântia, são:

70:2:7 7863 1. A forte tendência ao materialismo, a cegueira espiritual.

70:2:8 7864 2. A adoração do poder da riqueza, a distorção dos valores.

70:2:9 7865 3. Os vícios vindos do luxo, a imaturidade cultural.

70:2:10 7866 4. Os perigos crescentes da indolência, a insensibilidade ao senso do servir.

70:2:11 7867 5. O crescimento de uma frouxidão racial indesejável, a deterioração biológica.

70:2:12 7868 6. A ameaça da escravidão industrial padronizada, a estagnação da personalidade; pois se o trabalho é enobrecedor, a lida enfadonha é entorpecedora.

70:2:13 7869 O militarismo é autocrático e cruel – selvagem. Promove a organização social entre os conquistadores, mas desintegra os vencidos. O industrialismo é mais civilizado e deveria ser praticado de modo a promover a iniciativa e encorajar o individualismo. A sociedade deveria, de todos os modos possíveis, fomentar a originalidade.

70:2:14 78610 Não cometais o erro de glorificar a guerra; deveis, antes, discernir o que ela fez à sociedade, de modo tal que possais visualizar, com mais precisão, o que os seus substitutos devem prover, no fito de continuar o avanço da civilização. E, se esses substitutos adequados não forem providos, então vós podeis estar certos de que a guerra irá continuar ainda por muito tempo.

70:2:15 78611 O homem nunca aceitará a paz como um modo normal de vida, antes que tenha sido convencido, profunda e repetidamente, de que a paz é melhor para o seu bem-estar material e até que a sociedade tenha provido, com sabedoria, os substitutos pacíficos, para a gratificação daquela tendência inerente de periodicamente soltar o impulso coletivo destinado a liberar as emoções e as energias que sempre se acumulam, próprias das reações de autopreservação da espécie humana.

70:2:16 78612 Mesmo tendo fim, a guerra deveria, contudo, ser honrada como a escola da experiência que levou uma raça de individualistas arrogantes a submeter-se a uma autoridade altamente concentrada – o dirigente executivo. A guerra à antiga selecionava, para a liderança, os homens inatamente grandes, mas a guerra moderna não faz mais isso. Para descobrir líderes, a sociedade deve agora se voltar para as conquistas da paz: a indústria, a ciência e a realização social.

3. AS ASSOCIAÇÕES HUMANAS INICIAIS


70:3:1 7871 Numa sociedade mais primitiva a horda é tudo; até mesmo as crianças são uma propriedade comum dela. A família em evolução tomou o lugar da horda na educação das crianças, enquanto os clãs e as tribos emergentes substituíram a horda como uma unidade social.

70:3:2 7872 O instinto sexual e o amor materno instauraram a família. Mas o verdadeiro governo surge só quando os grupos das superfamílias começam a formar-se. Nos dias da pré-família, na horda, a liderança era provida por indivíduos informalmente escolhidos. Os bosquímanos da África nunca progrediram além desse estágio primitivo; eles não têm chefes na horda.

70:3:3 7873 As famílias tornaram-se unidas pelos laços de sangue dentro dos clãs, são as agregações de parentes; e os clãs, subseqüentemente, evoluíram, resultando nas tribos, as comunidades territoriais. A guerra e a pressão externa forçaram os clãs de parentesco à organização tribal, mas foram o comércio e o intercâmbio que mantiveram esses grupos primitivos juntos e com algum grau de paz interna.

70:3:4 7874 A paz em Urântia será promovida muito mais pelas organizações de comércio internacional do que pelos sofismas sentimentais de um planejamento visionário de paz. As relações de comércio têm sido facilitadas pelo desenvolvimento da língua e pelos melhores métodos de comunicação, bem como por melhores meios de transporte.

70:3:5 7875 A ausência de uma linguagem comum tem sempre impedido o crescimento de grupos de paz, conquanto o dinheiro se tenha tornado a língua universal do comércio moderno. A sociedade moderna é mantida coesa, em grande parte, pelo mercado internacional. A motivação do ganho é um fator civilizador poderoso, quando potencializado pelo desejo de servir.

70:3:6 7876 Nas idades primitivas, cada tribo era cercada por círculos concêntricos de medo e suspeita crescentes; e, por esse motivo, em épocas passadas, era costume matar todos os desconhecidos e, mais tarde ainda, a tribo passou a escravizá-los. A velha idéia da amizade significava a adoção, pelo clã; e, ser membro do clã, significava a sobrevivência à morte – um dos conceitos mais antigos de vida eterna.

70:3:7 7877 A cerimônia de adoção consistia em beber-se o sangue um do outro. Em alguns grupos, a saliva era trocada em lugar de se beber o sangue, sendo esta a origem antiga da prática social do beijo. E todas as cerimônias de associação, fossem casamento ou adoção, sempre terminavam em festins.

70:3:8 7878 Ulteriormente, usava-se o sangue diluído em vinho tinto e, finalmente, apenas esse vinho era bebido, para selar a cerimônia de adoção, que ficava implícita no tilintar dos copos de vinho e que era consumada quando a bebida era engolida. Os hebreus tinham uma forma modificada dessa cerimônia de adoção. Os seus ancestrais árabes fizeram uso do juramento feito com a mão do candidato repousada sobre o órgão genital do nativo da tribo. Os hebreus tratavam os estrangeiros adotados com amabilidade e fraternidade. “O estranho que mora convosco será como aquele que nasceu entre vós, e vós o amareis como a vós próprios. ”

70:3:9 7879 A “amizade ao hóspede” era uma relação de hospitalidade temporária. Quando os hóspedes convidados partiam, um prato seria quebrado pela metade, um pedaço era dado ao amigo que partia e, desse modo, podia servir de apresentação apropriada para um terceiro conviva que poderia chegar em uma visita posterior. Era costume os hóspedes pagarem a sua estada contando histórias das suas viagens e aventuras. Os contadores de histórias dos tempos antigos tornaram-se tão populares que as tradições finalmente proibiram que eles exercessem os seus talentos, tanto nas estações da caça, quanto nas das colheitas.

70:3:10 7881 Os primeiros tratados de paz foram os “laços de sangue”. Os embaixadores da paz de duas tribos em guerra encontrar-se-iam, prestariam as suas homenagens de honra e, então, começariam a dar picadas na pele, até que sangrassem, depois do que eles engoliriam o sangue um do outro e assim declaravam a paz.

70:3:11 7882 As mais antigas missões de paz consistiam em delegações de homens que traziam as suas mais seletas donzelas para a gratificação sexual dos seus ex-inimigos, o desejo sexual sendo usado para combater o impulso da guerra. A tribo, assim honrada, faria uma visita de volta, oferecendo as suas donzelas; depois do que, a paz estaria firmemente estabelecida. E logo os casamentos entre as famílias dos chefes eram aprovados.

4. OS CLÃS E AS TRIBOS


70:4:1 7883 O primeiro grupo pacífico foi a família, depois o clã, a tribo e, com o tempo, a nação, a qual finalmente tornou-se o estado territorial moderno. O fato de que os grupos pacíficos atuais se hajam expandido, há muito, além dos laços de sangue, abrangendo nações, é bastante encorajador, a despeito do fato de que as nações de Urântia estejam ainda despendendo vastas somas na preparação de guerras.

70:4:2 7884 Os clãs eram grupos unidos pelo sangue, dentro da tribo, e deviam a sua existência a alguns interesses comuns, tais como:

7885 1. A sua origem, podendo ser traçada até um ancestral em comum.

7886 2. A fidelidade a um mesmo totem religioso.

7887 3. O uso de um mesmo dialeto.

7888 4. O compartilhar de um mesmo habitat.

7889 5. O temor aos mesmos inimigos.

78810 6. O fato de terem tido uma experiência militar em comum.

70:4:3 78811 Os chefes dos clãs eram sempre subordinados ao chefe tribal, e os governos tribais primitivos eram uma vaga confederação de clãs. Os australianos nativos nunca desenvolveram uma forma tribal de governo.

70:4:4 78812 Os chefes pacíficos dos clãs, usualmente, governavam por meio da linhagem materna; os chefes tribais guerreiros estabeleciam a linha do pai. As cortes dos chefes tribais e dos primeiros reis consistiam nos chefes dos clãs, e era costume, várias vezes por ano, que eles fossem convidados à presença do rei. Isso o capacitava a vigiá-los e a assegurar melhor a cooperação deles. Os clãs serviam a um propósito valioso, no autogoverno local, mas eles retardaram grandemente o crescimento de nações grandes e fortes.

5. O ALVORECER DO GOVERNO


70:5:1 78813 Toda instituição humana teve um começo, e o governo civil é um produto da evolução progressiva, exatamente como o matrimônio é, tanto quanto a indústria e a religião. Dos primeiros clãs e das tribos primitivas desenvolveram-se gradualmente as ordens sucessivas de governos humanos que surgiram e desapareceram, até chegar-se àquelas formas de regulamentação da ordem civil e social, que caracterizam a segunda terça parte do século vinte.

70:5:2 78814 Com a formação gradual das unidades familiares, as fundações do governo foram estabelecidas na organização do clã, o agrupamento de famílias consangüíneas. O primeiro corpo real de governo foi o conselho dos mais velhos. Esse grupo regulamentador era composto dos anciães que se haviam distinguido de alguma maneira pela sua eficiência. Desde muito cedo, a sabedoria e a experiência foram apreciadas, até mesmo pelo homem bárbaro; e seguiu-se uma longa idade de dominação dos mais velhos. Esse reinado, da oligarquia da idade, gradualmente evoluiu para a idéia patriarcal.

70:5:3 7891 Nos primeiros conselhos de anciães residia o potencial de todas as funções governamentais: a executiva, a legislativa e a judiciária. Quando o conselho interpretava os costumes correntes, era uma corte judicial; quando estabelecia novos modos de uso social, era uma legislatura; à medida que fazia cumprir esses decretos e atos, era o executivo. O presidente do conselho era um dos antecessores, do chefe tribal, a surgir mais tarde.

70:5:4 7892 Algumas tribos tinham conselhos de mulheres e, de tempos em tempos, muitas tribos tinham mulheres governantes. Algumas tribos dos homens vermelhos preservaram os ensinamentos de Onamonalonton, seguindo a regra unânime do “conselho dos sete”.

70:5:5 7893 Foi difícil para a humanidade aprender que nem a paz, nem a guerra podem ser regidas por uma sociedade em debate. O “palavrório” primitivo raramente era útil. A raça aprendeu, muito cedo, que um exército comandado por um grupo de chefes de clãs não tinha a menor chance de vencer um exército forte, de um só comandante. A guerra tem sido sempre uma criadora de reis.

70:5:6 7894 A princípio, os chefes guerreiros eram escolhidos apenas para o serviço militar, e eles renunciavam a uma parte da sua autoridade, durante os tempos de paz, quando os seus deveres eram de uma natureza mais social. Gradativamente, porém, eles começaram a transgredir os intervalos de paz, tendendo a continuar governando de uma guerra até a próxima. Muitas vezes, eles percebiam que uma guerra não demorava a seguir-se à outra. Esses primitivos senhores das guerras não eram amantes da paz.

70:5:7 7895 Em tempos mais recentes, alguns chefes eram escolhidos por outros motivos, além dos serviços militares, sendo selecionados por causa de um físico excepcional ou por habilidades pessoais notáveis. Os homens vermelhos freqüentemente tinham dois grupos de chefes – os sachéns, ou os chefes na paz, e os chefes hereditários da guerra. Os governantes da paz eram também juízes e educadores.

70:5:8 7896 Algumas comunidades primitivas eram governadas pelos xamãs, ou pajés, que freqüentemente atuavam como chefes. Um mesmo homem atuaria como sacerdote, médico e chefe executivo. Muito freqüentemente as insígnias reais haviam sido, originalmente, os símbolos ou emblemas das vestes sacerdotais.

70:5:9 7897 E foi por meio desses passos que o setor executivo do governo gradualmente veio à existência. Os conselhos do clã e da tribo continuaram nas suas funções de consulta e como predecessores dos setores legislativo e judiciário, que surgiriam mais tarde. Na África, hoje, todas essas formas primitivas de governo existem de fato entre as várias tribos.

6. O GOVERNO MONÁRQUICO


70:6:1 7898 O governo efetivo do estado somente se estabeleceu com a adoção de um chefe com autoridade executiva plena. O homem julgou que o governo efetivo só poderia existir se ele conferisse poder a uma personalidade, e não pela adoção de uma idéia.

70:6:2 7899 O poder soberano surgiu do conceito da autoridade ou da riqueza familiar. Quando um pequeno monarca patriarcal tornava-se efetivamente um rei, algumas vezes era chamado de “pai do seu povo”. Ulteriormente, pensava-se que os reis brotassem dos heróis. E mais tarde ainda, o poder tornou-se hereditário, devido à crença na origem divina dos reis.

70:6:3 78910 A realeza hereditária evitou a anarquia, que anteriormente levara a uma grande devastação, entre a morte de um rei e a eleição do seu sucessor. A família tinha um chefe biológico; o clã, um líder escolhido naturalmente; a tribo e, depois, o estado, não tinham um líder natural, e isso foi mais uma razão para tornar hereditária a posição dos chefes-reis. A idéia das famílias reais e da aristocracia foi baseada também nas tradições da “posse de um nome” nos clãs.

70:6:4 7901 A sucessão dos reis acabou por ser encarada como sobrenatural, julgava-se que o sangue real remontava aos tempos da assessoria materializada do Príncipe Caligástia. Assim, os reis tornaram-se personalidades-fetiches, e eram temidos de um modo incomum; uma forma especial de linguagem sendo adotada para uso na corte. Mesmo em épocas recentes, acreditava-se que o toque dos reis poderia curar doenças, e alguns povos de Urântia ainda consideram os seus governantes como tendo uma origem divina.

70:6:5 7902 O rei-fetiche de outrora não raro era mantido em reclusão; ele era encarado como sendo sagrado demais para ser visto, a não ser nos dias de festa e dias santos. Um representante era ordinariamente escolhido para personificá-lo, e essa foi a origem dos primeiros-ministros. O primeiro oficial do gabinete era um administrador da alimentação; outros, em breve, vieram. Os governantes logo apontaram representantes para encarregar-se do comércio e da religião; e o desenvolvimento de um gabinete foi um passo direto para a despersonalização da autoridade executiva. Esses assistentes dos primeiros reis tornaram-se a nobreza aceita, e a esposa do rei elevou-se gradualmente à dignidade de rainha, à medida que as mulheres adquiriram maior estima.

70:6:6 7903 Os governantes inescrupulosos ganharam um grande poder, com a descoberta do veneno. A magia da corte primitiva era diabólica; os inimigos do rei morriam logo. Mas até mesmo o mais despótico tirano estava sujeito a algumas restrições; pelo menos ele era limitado pelo medo sempre presente de assassinato. Os curandeiros, os feiticeiros e os sacerdotes têm sido sempre um poderoso freio para os reis. Mais tarde, os proprietários de terras, considerados a aristocracia, exerceram uma influência restritiva. E, de tempos em tempos, os clãs e as tribos simplesmente se rebelavam e derrubavam os seus déspotas e tiranos. Aos governantes depostos, quando sentenciados à morte, era freqüentemente dada a opção de cometerem suicídio, o que deu origem à antiga moda social do suicídio em certas circunstâncias.

7. CLUBES PRIMITIVOS E SOCIEDADES SECRETAS


70:7:1 7904 A consangüinidade determinou os primeiros grupos sociais; os clãs de parentescos aumentaram por associação. Os casamentos intertribais foram o próximo passo para a amplificação dos grupos, e a tribo complexa resultante foi o primeiro verdadeiro corpo político. O próximo avanço, no desenvolvimento social, foi a evolução dos cultos religiosos e dos clubes políticos. Estes, inicialmente, surgiram como sociedades secretas e, originalmente, eram integralmente religiosos; posteriormente, eles tornaram-se reguladores. A princípio, eles eram clubes de homens; mais tarde, grupos femininos apareceram. E, em breve, eles dividiram-se em duas classes: a político-social e a místico-religiosa.

70:7:2 7905 Havia muitas razões para que essas sociedades fossem secretas, tais como:

7906 1. O medo de cair no desagrado dos governantes, por causa da violação de algum tabu.

7907 2. A finalidade de praticarem ritos religiosos minoritários.

7908 3. O propósito de preservar valiosos segredos do “espírito” ou do comércio.

7909 4. O desfrute de algum talismã ou magia especial.

70:7:3 79010 O fato em si, de serem secretas essas sociedades, conferia a todos os seus membros o poder do mistério sobre o resto da tribo. O que é secreto também tem o atrativo de alimentar a vaidade; os iniciados eram a aristocracia social da sua época. Depois da iniciação, os meninos caçavam com os homens; enquanto antes eles colhiam plantas com as mulheres. E era a humilhação suprema, uma desgraça tribal, fracassar nas provas da puberdade e, assim, ser obrigado a permanecer fora da morada dos homens, ficando com as mulheres e as crianças, e ser considerado afeminado. Além disso, aos não iniciados não era permitido casar.

70:7:4 7911 Os povos primitivos ensinavam muito cedo aos seus adolescentes o controle sexual. Tornou-se costume levar os meninos para longe dos pais, desde a puberdade até o casamento; a educação e o aperfeiçoamento deles eram confiados às sociedades secretas dos homens. E uma das funções primordiais desses clubes era manter o controle dos jovens adolescentes, impedindo, assim, filhos ilegítimos.

70:7:5 7912 A prostituição comercializada começou quando esses clubes de homens pagavam dinheiro pelo uso de mulheres de outras tribos. Contudo, os grupos mais antigos eram notavelmente isentos de licenciosidades sexuais.

70:7:6 7913 A cerimônia de iniciação, na puberdade, em geral durava um período de cinco anos. Muita autotortura e incisões dolorosas faziam parte dessas cerimônias. A circuncisão foi praticada, inicialmente, como um rito de iniciação de uma dessas fraternidades secretas. As marcas tribais eram feitas no corpo como uma parte da iniciação da puberdade; a tatuagem teve a sua origem com essas insígnias de membro da sociedade. Essas torturas, junto com muita privação, tinham o intuito de endurecer esses jovens, de impressioná-los com a realidade da vida e das suas inevitáveis dificuldades. Esse propósito foi mais bem alcançado com os jogos atléticos e as disputas físicas que surgiram posteriormente.

70:7:7 7914 No entanto, as sociedades secretas de fato visavam o aperfeiçoamento da moral do adolescente; um dos propósitos principais das cerimônias da puberdade era fazer os rapazes compreenderem que eles deviam deixar as mulheres dos outros homens em paz.

70:7:8 7915 Seguindo esses anos de disciplina rigorosa e aperfeiçoamento, um pouco antes do casamento, os rapazes em geral eram liberados por um curto período de lazer e liberdade, depois do que voltavam para casar e aceitar toda uma vida de sujeição aos tabus tribais. E esse rito antigo continuou até os tempos modernos, sob a tola desculpa de uma despedida das “loucuras da juventude”.

70:7:9 7916 Muitas tribos posteriores aprovaram a formação de clubes secretos femininos, e o propósito deles era preparar as adolescentes para serem esposas e para a maternidade. Depois da iniciação, as meninas tornavam-se aptas para o casamento e lhes era permitido comparecer à “festa das noivas”, a festa das debutantes daqueles dias. Os grupos femininos contra o casamento logo passaram a existir.

70:7:10 7917 Em breve, os clubes não secretos apareceram, quando grupos de homens solteiros e de mulheres celibatárias formaram as suas organizações separadas. Essas associações realmente foram as primeiras escolas. E, conquanto os clubes de homens e de mulheres fossem freqüentemente dados a perseguir-se uns aos outros, algumas tribos avançadas, depois do contato com os instrutores de Dalamátia, experimentaram a educação mista, tendo escolas para ambos os sexos.

70:7:11 7918 As sociedades secretas contribuíram para a instauração das castas sociais, principalmente por causa do caráter misterioso das suas iniciações. Os membros dessas sociedades usavam máscaras, inicialmente, para afastar os curiosos dos seus rituais de luto – o culto dos ancestrais. Mais tarde, esse ritual transformou-se em pseudo-sessões espíritas, nas quais, segundo se dizia, apareciam fantasmas. As antigas sociedades de “renascimento” usavam emblemas e empregavam uma linguagem secreta especial; e também renegavam certas comidas e bebidas. Atuavam como uma polícia noturna e, assim funcionavam em uma ampla gama de atividades sociais.

70:7:12 7921 Todas as associações secretas impunham um juramento, o guardar do silêncio, e ensinavam a guardar os segredos. Essas ordens impressionavam e controlavam as multidões; e também atuavam como sociedades de vigilância, praticando, assim, a lei do linchamento. Elas foram os primeiros espiões, quando as tribos estavam em guerra, e a primeira polícia secreta, durante os tempos de paz. E, melhor ainda, mantinham os reis inescrupulosos em estado de insegurança. Para contrabalançar, os reis criaram a sua própria milícia secreta.

70:7:13 7922 Essas sociedades deram nascimento aos primeiros partidos políticos. O primeiro governo partidário foi “o forte” versus “o fraco”. Nos tempos antigos, uma mudança na administração só ocorria depois de uma guerra civil, dando, assim, prova abundante de que os fracos se haviam transformado em fortes.

70:7:14 7923 Esses clubes eram utilizados pelos mercadores para cobrar os seus débitos, e pelos governantes, para coletar os impostos. A tributação tem sido uma longa luta, uma das suas primeiras formas foi o dízimo, um décimo da caçada, ou dos espólios. As taxas, originalmente, eram cobradas para manter a casa do rei, mas concluiu-se que eram mais fáceis de ser coletadas se disfarçadas em oferendas para sustentar o serviço do templo.

70:7:15 7924 Pouco a pouco, essas associações secretas transformaram-se nas primeiras organizações de caridade e, posteriormente, nas primeiras sociedades religiosas – as precursoras das igrejas. Finalmente, algumas dessas sociedades tornaram-se intertribais, formando as primeiras fraternidades internacionais.

8. AS CLASSES SOCIAIS


70:8:1 7925 A desigualdade mental e física dos seres humanos assegura o aparecimento de classes sociais. Os únicos mundos sem substratos sociais são os mais primitivos e os mais avançados. Na aurora de uma civilização, a diferenciação de níveis sociais ainda não começou, ao passo que um mundo estabelecido em luz e vida já apagou grandemente essas divisões da humanidade, que são tão características de todos os estágios evolucionários intermediários.

70:8:2 7926 À medida que a sociedade emergiu da selvageria para a barbárie, os seus componentes humanos tenderam a tornar-se agrupados em classes, pelas seguintes razões gerais:

70:8:3 7927 1. Razões naturais – o contato, o parentesco e o casamento; as primeiras distinções sociais foram baseadas no sexo, na idade e no sangue – o parentesco com o chefe.

70:8:4 7928 2. Razões pessoais – o reconhecimento da capacidade, da resistência, da habilidade e da firmeza; logo seguido pelo reconhecimento do domínio da linguagem, do conhecimento e da inteligência geral.

70:8:5 7929 3. Razões de oportunidade – a guerra e a imigração resultaram na separação dos grupos humanos. A evolução das classes foi poderosamente influenciada pelas conquistas, a relação do vitorioso com o vencido, enquanto a escravidão trouxe a primeira divisão geral da sociedade, em livres e cativos.

70:8:6 79210 4. Razões econômicas – os ricos e os pobres. A riqueza e a posse de escravos foi uma base genética para uma classe da sociedade.

70:8:7 79211 5. Razões geográficas – as classes formaram-se em conseqüência do estabelecimento das populações nas regiões urbanas ou rurais. A cidade e o campo, respectivamente, contribuíram para a diferenciação do pastor-agricultor e do comerciante-industrial, com os seus pontos de vista e reações divergentes.

70:8:8 79212 6. Razões sociais – as classes formaram-se gradativamente de acordo com o apreço popular do valor social dos diferentes grupos. Entre as primeiras divisões dessa espécie, estavam as demarcações entre os sacerdotes-professores, os governantes-guerreiros, os capitalistas-comerciantes, os trabalhadores comuns e os escravos. O escravo não podia jamais se transformar em um capitalista, embora algumas vezes o assalariado pudesse optar por juntar-se ao setor capitalista.

70:8:9 7931 7. Razões vocacionais – como as vocações multiplicavam-se, elas tendiam a estabelecer castas e agremiações. Os trabalhadores dividiam-se em três grupos: as classes profissionais, incluindo os curandeiros, depois os trabalhadores qualificados, seguidos dos trabalhadores sem habilitação.

70:8:10 7932 8. Razões religiosas – os primeiros clubes de cultos produziram as suas próprias classes, dentro dos clãs e das tribos, e a piedade e o misticismo dos sacerdotes há muito perpetuaram-nos como um grupo social separado.

70:8:11 7933 9. Razões raciais – a presença de duas ou mais raças, dentro de uma certa nação, ou unidade territorial, resulta nas castas pelas cores. O sistema de castas original, na Índia, era baseado na cor, como também o era no Egito mais antigo.

70:8:12 7934 10. Razões de idade – a juventude e a maturidade. Entre as tribos, o menino permanecia sob o cuidado do seu pai, enquanto o pai estava vivo; ao passo que a menina era colocada sob os cuidados da sua mãe, até que se casasse.

70:8:13 7935 As classes sociais flexíveis e mutáveis são indispensáveis a uma civilização em evolução, mas, quando a classe transforma-se na casta, quando os níveis sociais petrificam-se, o aumento da estabilidade social tem como preço uma diminuição da iniciativa pessoal. A casta social resolve o problema de posicionar um indivíduo nas atividades econômicas, mas também restringe consideravelmente o desenvolvimento individual e impede, virtualmente, a cooperação social.

70:8:14 7936 As classes, na sociedade, tendo sido formadas naturalmente, perdurarão até que o homem gradualmente realize a sua obliteração evolucionária, por intermédio de uma manipulação inteligente dos recursos biológicos, intelectuais e espirituais de uma civilização em progresso, tais como:

70:8:15 7937 1. A renovação biológica das linhagens raciais – a eliminação seletiva das linhagens humanas inferiores. Isso tenderá a erradicar muitas inadequações dentre os mortais.

70:8:16 7938 2. O aperfeiçoamento educativo da capacidade cerebral aumentada, que surgirá desses aperfeiçoamentos biológicos.

70:8:17 7939 3. A estimulação religiosa dos sentimentos de afinidade e de irmandade mortal.

70:8:18 79310 Todavia, essas medidas podem dar os seus verdadeiros frutos apenas em milênios no futuro distante, embora muito aperfeiçoamento social resulte imediatamente da manipulação inteligente, sábia e paciente desses fatores de aceleração do progresso cultural. A religião é uma poderosa alavanca que tira a civilização do caos, mas ela é impotente, se separada do ponto de apoio que é a mente normal e sadia que se baseia na segurança de uma hereditariedade sadia e normal.

9. DIREITOS HUMANOS


70:9:1 79311 A natureza não confere direitos ao homem, apenas a vida; e o mundo no qual se vive. A natureza não confere nem mesmo o direito de viver, como poderia ser deduzido ao considerar-se o que provavelmente aconteceria se um homem desarmado se visse frente a um tigre faminto numa floresta primitiva. A primeira dádiva da sociedade ao homem é a segurança.

70:9:2 79312 Gradualmente, a sociedade afirmou os seus direitos e, na época presente, eles são:

79313 1. A certeza do suprimento de alimentos.

79314 2. A defesa militar – a segurança, por meio da prontidão.

79315 3. A preservação da paz interna – o impedimento da violência pessoal e da desordem social.

7941 4. O controle sexual – o casamento, a instituição da família.

7942 5. A propriedade – o direito de possuir.

7943 6. O fomento à competição individual e grupal.

7944 7. A provisão de meios para educar e capacitar a juventude.

7945 8. A promoção do intercâmbio e do comércio – o desenvolvimento econômico.

7946 9. O aperfeiçoamento das condições de trabalho e da sua remuneração.

7947 10. A garantia da liberdade de práticas religiosas, com o fito de que todas as outras atividades sociais possam ser exaltadas, tornando-se motivadas espiritualmente.

70:9:3 7948 Quando os direitos são mais antigos do que qualquer conhecimento da sua origem, eles, muitas vezes, são chamados de direitos naturais. Contudo, os direitos humanos não são realmente naturais; eles são inteiramente sociais. Eles são relativos e estão sempre mudando, nada mais sendo do que regras de um jogo – os ajustes reconhecidos nas relações que governam os fenômenos sempre mutáveis da competição humana.

70:9:4 7949 O que pode ser considerado como certo, em uma idade, pode não ser visto assim, em uma outra. A sobrevivência de grandes números de deficientes e de degenerados não é devida a qualquer direito natural que tenha sido assim incumbido à civilização do século vinte, mas é que a sociedade dessa época e os costumes simplesmente decretaram-no desse modo.

70:9:5 79410 Poucos direitos humanos foram reconhecidos na Idade Média européia; e, então, todo homem pertencia a algum outro, e os direitos eram nada mais do que privilégios concedidos pelo estado ou pela igreja. E a revolta contra esse erro foi igualmente errônea, por haver levado à crença de que todos os homens nascem iguais.

70:9:6 79411 Os fracos e os inferiores têm sempre lutado por direitos iguais; eles têm sempre insistido em que o estado deve obrigar o forte e o superior a suprir as suas necessidades e também a compensá-los pelas deficiências que muito freqüentemente são o resultado natural da sua própria indiferença e indolência.

70:9:7 79412 Esse ideal de igualdade, porém, é fruto da civilização; não é encontrado na natureza. Mesmo a cultura, por si própria, demonstra conclusivamente a inerente desigualdade dos homens, pela própria capacidade cultural desigual deles. A realização súbita e não evolucionária da suposta igualdade natural levaria o homem civilizado rapidamente de volta aos hábitos rudes das idades primitivas. A sociedade não pode oferecer direitos iguais a todos, mas pode prometer administrar os direitos variáveis dos indivíduos com equanimidade e justiça. É assunto e dever da sociedade prover, ao filho da natureza, uma oportunidade justa e pacífica de buscar a automanutenção, de participar da autoperpetuação e, ao mesmo tempo, de desfrutar, em alguma medida, da autogratificação; e a soma de todas essas três constitui a felicidade humana.

10. A EVOLUÇÃO DA JUSTIÇA


70:10:1 79413 A justiça natural é uma teoria do homem; não é uma realidade. Na natureza, a justiça é puramente teórica, totalmente fictícia. A natureza provê apenas uma espécie de justiça – a da conformidade inevitável entre os resultados e as causas.

70:10:2 79414 A justiça, como concebida pelo homem, significa obter os próprios direitos e tem sido, por isso, uma questão de evolução progressiva. O conceito de justiça pode muito bem ser uma parte constituinte de uma mente dotada com espírito, mas esse conceito não vem à existência, na sua plenitude, nos mundos do espaço.

70:10:3 79415 O homem primitivo atribuía todos os fenômenos a uma pessoa. Em caso de morte, o selvagem perguntava, não o que o matou, mas quem o matou. O assassinato acidental, portanto, não era reconhecido e, na punição do crime, o motivo do criminoso era totalmente desconsiderado; o julgamento era feito de acordo com o dano causado.

70:10:4 7951 Nas sociedades mais primitivas, a opinião pública agia diretamente; não eram necessários oficiais da lei. Não havia privacidade na vida primitiva. Os vizinhos de um homem eram responsáveis pela sua conduta; e daí advinha o direito deles de intrometerem-se nos assuntos pessoais uns dos outros. A sociedade era regulada pela teoria de que o grupo do qual se era membro deveria ter um interesse no comportamento de cada indivíduo e que, em uma certa medida, devia controlá-lo.

70:10:5 7952 Muito cedo se acreditou que os fantasmas administravam a justiça por intermédio dos curandeiros e dos sacerdotes; e isso levou essas ordens a constituirem-se nos primeiros detetives de crimes e oficiais da lei. Os seus primeiros métodos de descobrir sobre os crimes consistiram em conduzir testes com veneno, fogo e dor. Esses testes selvagens nada mais eram do que técnicas rudes para arbitrar; eles não decidiam necessariamente sobre uma disputa com justiça. Por exemplo: quando o veneno era administrado, se o acusado vomitava, ele era inocente.

70:10:6 7953 O Antigo Testamento registra uma dessas provas, um teste de culpa conjugal. Se um homem suspeitava que a sua esposa estava sendo infiel a ele, ele levava-a ao sacerdote e declarava as suas suspeitas, depois do que o sacerdote preparava uma bebida que consistia em água benta e sujeira do chão do templo. Após a cerimônia devida, que incluía maldições ameaçadoras, a esposa acusada era obrigada a beber a poção asquerosa. Se ela fosse culpada, “a água que causa a maldição entraria nela e se tornaria amarga, e o seu ventre se inflamaria, e as suas coxas apodreceriam, e a mulher seria execrada pelo seu próprio povo”. Se, por acaso, uma mulher pudesse engolir essa bebida imunda sem demonstrar sintomas de doença física, ela era absolvida das acusações feitas pelo seu marido ciumento.

70:10:7 7954 Esses métodos atrozes de detectar um crime eram praticados por quase todas as tribos em evolução, em uma época ou outra. Os duelos são resquícios modernos do julgamento por provações.

70:10:8 7955 Não é de se espantar que os hebreus e outras tribos semicivilizadas praticassem essas técnicas primitivas, para ministrar a justiça, há três mil anos; mas é bastante surpreendente que homens de pensamento, posteriormente, tenham inserido esses vestígios de barbarismo nas páginas de uma coleção de escrituras sagradas. O pensamento reflexivo deveria deixar claro que nenhum ser divino jamais deu ao homem mortal tais instruções injustas, a respeito de como descobrir e julgar, nos casos de suspeita de infidelidade conjugal.

70:10:9 7956 Muito cedo, a sociedade adotou a atitude de compensação por retaliação: olho por olho, uma vida por outra vida. As tribos em evolução, todas, reconheceram esse direito de vingança de sangue. A vingança tornou-se uma meta na vida primitiva, mas a religião, desde então, tem modificado bastante essas práticas tribais primitivas. Os instrutores da religião revelada sempre proclamaram: “‘A vingança é minha’, diz o Senhor”. Matar por vingança, nos tempos primitivos, não era de todo diferente dos assassinatos atuais, feitos sob uma pretensa lei não escrita.

70:10:10 7957 O suicídio era um modo comum de retaliação. Se alguém não era capaz de vingar a si próprio, em vida, ele morria alimentando a crença de que retornaria como um fantasma e exerceria a ira sobre o seu inimigo. E, posto que essa crença fosse bastante geral, uma ameaça de suicídio, na porta do inimigo era, via de regra, suficiente para trazê-lo a bons termos. O homem primitivo não era muito apegado à vida; o suicídio, por causa de insignificâncias, era comum; mas os ensinamentos dos dalamatianos em muito reduziram esse costume, ao passo que, em tempos mais recentes, o lazer, o conforto, a religião e a filosofia uniram-se para tornar a vida mais doce e mais desejável. As greves de fome são, contudo, a forma moderna análoga desse método antigo de retaliação.

70:10:11 7961 Uma das expressões mais antigas de progresso na lei tribal era a de assumir a vingança de sangue como sendo uma questão da tribo inteira. Entretanto, é estranho relatar que, mesmo então, um homem podia matar a sua esposa sem sofrer punição, desde que houvesse pagado integralmente por ela. Os esquimós de hoje, contudo, ainda deixam a penalidade de um crime, ainda que seja o de um assassinato, para a família vitimada decidir e ministrar a punição.

70:10:12 7962 Um outro avanço foi a imposição de multas pela violação dos tabus, a instituição de penalidades. Essas multas foram a primeira renda pública. A prática de se pagar “o dinheiro do sangue” também esteve em moda, como uma substituta da vingança sangrenta. Os danos correspondentes eram pagos, em geral, com mulheres ou com o gado; demorou muito tempo para que as multas de fato, as compensações monetárias, passassem a ser a punição de um crime. E, desde que a idéia da punição era essencialmente a de compensação, tudo, inclusive a vida humana, finalmente veio a ter um preço que poderia vir a ser pago por danos causados a ela. Os hebreus foram os primeiros a abolir a prática de pagar com dinheiro o resgate pela vida. Moisés ensinou que eles não deviam “pagar resgate pela vida de um assassino, que é culpado de morte; certamente ele deverá ser posto para morrer”.

70:10:13 7963 A justiça foi exercida assim, primeiro pela família, depois pelo clã, e mais tarde pela tribo. A administração da verdadeira justiça começou ao se retirar a vingança das mãos dos grupos privados e familiares, entregando-a nas mãos do grupo social, o estado.

70:10:14 7964 A punição de queimar a pessoa viva foi, no passado, uma prática comum, reconhecida por muitos governantes antigos, inclusive Hamurabi e Moisés; este último determinou que muitos criminosos, particularmente aqueles cujos crimes eram de natureza sexual grave, fossem punidos, amarrados a um poste e queimados. Se “a filha de um sacerdote”, ou outra cidadã de proeminência, se voltasse para a prostituição pública, o costume hebreu era “queimá-la com fogo”.

70:10:15 7965 A traição – “a venda” ou a traição de um companheiro de tribo – foi o primeiro crime capital. O roubo de gado era universalmente punido com a morte sumária e, mesmo recentemente, o roubo de cavalos tem sido punido de modo semelhante. No entanto, com o passar do tempo, aprendeu-se que a punição do crime tinha um valor mais restringente pela certeza e rapidez, do que pela sua severidade.

70:10:16 7966 Quando a sociedade deixa de punir os crimes, o ressentimento grupal, em geral, afirma-se pela lei do linchamento; o estabelecimento de santuários foi um meio de escapar a essa súbita raiva grupal. O linchamento e o duelo representam a falta de disposição do indivíduo em deixar para o estado a reparação ao dano privado.

11. LEIS E CORTES


70:11:1 7967 É tão difícil fazer distinções nítidas entre costumes e leis, quanto precisar exatamente quando, ao amanhecer, a noite é sucedida pelo dia. Os costumes são leis e regras policiais em gestação. Quando estabelecidos há muito tempo, os costumes indefinidos tendem a cristalizar-se em leis precisas, em regulamentações concretas e em convenções sociais bem definidas.

70:11:2 7968 A lei é, a princípio, sempre negativa e proibitiva; nas civilizações em avanço, ela torna-se cada vez mais positiva e diretiva. A sociedade primitiva operava de forma negativa, concedia ao indivíduo o direito de viver pela imposição a todos os outros do mandamento: “vós não matareis”. Toda a concessão de direitos ou de liberdade a um indivíduo envolve a restrição das liberdades de todos os outros indivíduos, e isso é efetuado pelo tabu, a lei primitiva. Toda a idéia do tabu é inerentemente negativa, pois a sociedade primitiva era totalmente negativa, na sua organização, e a administração primitiva da justiça consistia na obediência aos tabus. Originalmente, porém, essas leis aplicavam-se apenas aos companheiros da tribo, como é mais recentemente ilustrado pelos hebreus, que tinham um código diferente de ética para lidar com os gentios.

70:11:3 7971 O juramento teve origem na época de Dalamátia, em um esforço de tornar os testemunhos mais confiáveis. Esses juramentos consistiam em pronunciar uma praga sobre si próprio. Anteriormente nenhum indivíduo testemunharia contra o seu próprio grupo nativo.

70:11:4 7972 O crime era um assalto aos costumes da tribo, o pecado era a transgressão dos tabus, que tinham a sanção dos espíritos; e havia uma grande confusão decorrente da incapacidade de distinguir entre o crime e o pecado.

70:11:5 7973 O interesse próprio estabeleceu o tabu contra o assassinato; a sociedade santificou-o como um costume tradicional, enquanto a religião consagrou o costume como uma lei moral e, assim, todos os três se uniram para tornar a vida humana mais segura e sagrada. A sociedade não teria conseguido manter-se unida durante os tempos primitivos, caso os direitos não tivessem tido a aprovação da religião; a superstição tinha a força do policiamento moral e social nas longas idades evolucionárias. Os antigos, todos, pretendiam que as suas antigas leis e os tabus tivessem sido dados aos seus ancestrais pelos deuses.

70:11:6 7974 A lei é um registro codificado de uma longa experiência humana, a opinião pública cristalizou-a e legalizou-a. Os costumes foram a matéria-prima da experiência acumulada, a partir da qual as mentes governantes posteriores formularam as leis escritas. O juiz antigo não tinha leis. Quando tomava uma decisão, ele simplesmente dizia: “é o costume”.

70:11:7 7975 A referência a precedentes, nas decisões das cortes, representa um empenho dos juízes em adaptar as leis escritas às condições mutáveis da sociedade. Isso proporcionou uma adaptação progressiva às condições sociais que se alteram, conjugada à influência moral provinda da continuidade tradicional.

70:11:8 7976 As disputas de propriedades foram tratadas de muitos modos, tais como:

7977 1. Pela destruição da propriedade disputada.

7978 2. Pela força – as partes em litígio decidiam por meio do combate.

7979 3. Por arbitragem – uma terceira parte decidia.

79710 4. Por apelo aos mais velhos – e, mais tarde, às cortes.

70:11:9 79711 As primeiras cortes eram como que confrontos regrados entre pugilistas; os juízes eram árbitros, meramente. Eles cuidavam para que a luta fosse travada de acordo com as regras aprovadas. Numa corte, ao entrar em um combate, cada parte fazia um depósito, com o juiz, para poder pagar as custas e a multa, depois que um deles tivesse sido derrotado. “A força ainda era o direito. ” Posteriormente, os argumentos verbais substituíram os golpes físicos.

70:11:10 79712 Toda a idéia da justiça primitiva não era tanto a de ser justo, era mais a de propor a disputa e assim impedir a desordem pública e a violência particular. Todavia, os homens primitivos não se ressentiam muito daquilo que agora seria considerado uma injustiça; era admitido àqueles que tinham o poder, que o usassem egoisticamente. Contudo, o status de qualquer civilização pode ser determinado, com bastante precisão, pela eficácia e eqüidade das suas cortes e pela integridade dos seus juízes.


12. A DEMARCAÇÃO DA AUTORIDADE CIVIL


70:12:1 79713 A grande luta, na evolução do governo, tem sido contra a concentração do poder. Os administradores do universo têm aprendido, da experiência, que os povos evolucionários, nos mundos habitados, são mais bem regulamentados pelo tipo representativo de governo civil, quando é mantido, então, por meio de uma coordenação eficaz do equilíbrio adequado de poder, entre o executivo, o legislativo e o judiciário.

70:12:2 7981 Se bem que a autoridade primitiva tenha sido baseada na força, no poder físico, o governo ideal é o sistema representativo em que a liderança é baseada na capacidade; mas, naqueles dias de barbarismo, havia guerras demais para permitir que o governo representativo funcionasse efetivamente. Na longa luta, entre a divisão da autoridade e a unidade de comando, ganhava o ditador. Os poderes primitivos e difusos dos primeiros conselhos dos mais velhos eram gradualmente concentrados na pessoa do monarca absoluto. Depois, com o advento dos reis de fato, os grupos dos mais velhos persistiram como corpos de assessoria quase legislativo-judiciários; mais tarde, vieram as legislaturas com status de coordenação, e finalmente as cortes supremas de julgamento foram estabelecidas, separadamente das legislaturas.

70:12:3 7982 O rei era o executor dos costumes, da lei original ou da lei não escrita. Mais tarde, ele impôs os atos legislativos, levando à cristalização da opinião pública. Uma assembléia popular, como expressão da opinião pública, se bem que haja demorado a aparecer, marcou um grande avanço social.

70:12:4 7983 Os reis primitivos eram bastante limitados pelos costumes – pela tradição ou pela opinião pública. Nos tempos recentes, algumas nações de Urântia codificaram esses costumes, em uma base documentada, para governar.

70:12:5 7984 Os mortais de Urântia têm direito à liberdade; eles deveriam criar os seus sistemas de governo; deveriam adotar as suas constituições ou outras cartas de autoridade civil e de procedimento administrativo. E, tendo feito isso, eles deveriam selecionar os seus companheiros, os mais competentes e dignos, como chefes executivos. Para representantes no poder legislativo, deveriam eleger apenas aqueles que, intelectual e moralmente, fossem qualificados para arcar com essas responsabilidades sagradas. Como juízes dos seus tribunais mais altos e supremos, deveriam ser escolhidos apenas aqueles que fossem dotados de capacidade natural e que se tornaram sábios por meio de ampla experiência.

70:12:6 7985 Se os homens quiserem manter a sua liberdade depois de haver escolhido a sua carta de direitos, eles devem providenciar a sua interpretação sábia, inteligente e destemida, com o fito de que sejam impedidos:

7986 1. A usurpação injustificada do poder, seja pelo ramo executivo, seja pelo legislativo.

7987 2. As maquinações de agitadores ignorantes e supersticiosos.

7988 3. O retardamento do progresso científico.

7989 4. O impasse gerado pelo predomínio da mediocridade.

79810 5. O predomínio de minorias viciosas.

79811 6. O controle por pretensos ditadores ambiciosos e espertos.

79812 7. As desagregações desastrosas do pânico.

79813 8. A exploração dos inescrupulosos.

79814 9. A escravização do cidadão ao governo, por meio de impostos.

79815 10. As falhas da justiça social e econômica.

79816 11. A união da igreja e do estado.

79817 12. A perda da liberdade pessoal.

70:12:7 79818 São esses os propósitos e metas dos tribunais constitucionais, atuando como governadores sobre as máquinas do governo representativo, em um mundo evolucionário.

70:12:8 7991 A luta da humanidade para aperfeiçoar o governo em Urântia tem a ver com o perfeccionamento dos canais da administração, com a adaptação que se faz deles às sempre mutáveis necessidades do momento, com o aperfeiçoamento da distribuição do poder dentro do governo e, então, com a seleção de líderes administrativos realmente sábios. Conquanto exista uma forma de governo divina e ideal, ela não pode vir por meio da revelação, deve ser, portanto, lenta e laboriosamente descoberta pelos homens e mulheres de cada planeta, em todos os universos do tempo e do espaço.

70:12:9 7992 [Apresentado por um Melquisedeque de Nebadon.]

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